sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Ane perde o amor de (quase) carnaval

Faltando dois dias para eu viajar para passar o carnaval na Bahia, a Ane apareceu inconsolável na minha casa. Eu estava arrumando as malas na hora que ela chegou.

Ane: Primo! Você não vai mais para lugar algum!

Adalberto: Como assim? Tá louca? Veveta, Cladinha e Bell já estão lá me esperando. Os abadás foram muito caros.

Ane: Mas eu quero me matar.

Adalberto: Terminou com quem agora, hein?

Ane: Com o Zilclêmin.

Adalberto: Sabia que tinha homem no meio.

Ane: Mas eu achava que ele era o homem da minha vida.

Adalberto: Você sempre acha isso.

Ane: Mas com ele era diferente. Eu achava de verdade.

Adalberto: Tá bom...

Ane: Ele me trocou por uma passista de escola de samba.

Adalberto: Jura?

Ane: Ele adorava ver a menina sambar. E eu nem desconfiava nada. A menina é menor de idade, achei que tinha maldade da parte dele. Nem da parte dela. Mas fui fuzilada pelas costas.

Adalberto: Pelo que me parece, foi pela frente mesmo. E só você não percebia.

Ane: Sei lá. O que eu sei é eu não tenho cara de pisar mais naquela quadra de escola de samba.

Adalberto: Por quê?

Ane: Porque eu tou me sentindo um lixo.

Adalberto: Quando é o próximo ensaio lá?

Ane: Hoje. 

Adalberto: Vamos?

Ane: De jeito nenhum. Sabe, no fundo, no fundo, acho que é melhor assim. Ele não andava com boa gente. Mas eu amava aquele desgraçado!

Adalberto: Anita, não chora. Assim, você parte o meu coração.

Faço de tudo pra acabar com o sofrimento das minhas primas. TUDO mesmo.

Dei um copo de água, cheio de calmante pra Ane, que dormiu logo em seguida, e fui agir.

Cheguei em casa na hora do Jornal Nacional.

Adalberto: Ane, acorda, olha isso.

O jornal transmitia, ao vivo, a Operação Pedófilo do Samba, que, além de prender o Zilclêmin, apreendia todas as fotos de crianças passistas nuas, que ele tinha feito.

Ane: Esse cara é imundo! Que nojo dele!

Adalberto: Podre, né?

Ane: Ainda bem que esse cara não faz mais parte da minha vida. Olha como Deus é bom! Tá me fazendo ver quem ele é.

Deus, né...

Adalberto: A mãe da menina, que ele tá ficando, estava na delegacia, esperando ele chegar. Estava furiosa. Precisava ver...

Ane: Ué, você viu?

Adalberto: Eu? Eu, não. Eu disse que a mãe da menina devia estar lá. Mas sei lá. Se ela tá lá ou não, só Deus sabe.

Amém!