terça-feira, 29 de maio de 2012

Sara vira bandida em prol do seu relacionamento


Eu estava almoçando na casa da minha mãe no sábado, quando a Sara resolveu incomodar.

Sara: Adal, está podendo falar?

Adalberto: Não, estou almoçando.

Sara: É coisa rápida. Sabe a Dandara, filha da Samira, aqui do sexto andar?

Adalberto: Sei. Aquela menininha linda?

Sara: Menininha? Ela já está com 19 anos.

Adalberto: Meu Deus, como eu estou velho. A gente pegou essa garota no colo, Sara. Parece que foi ontem. Mas fala.

Sara: Ela veio conversar comigo ontem.

Adalberto: E aí?

Sara: Disse que está namorando dois homens casados.

Adalberto: Nossa, essa aí é a versão hardcore da Maria Flor, em “Aline”.

Sara: Pois é, mas o pior é que eu disse que ela devia manter esses relacionamentos.

Adalberto: Como assim? Você disse isso?

Sara: Disse, Adal. Ela perguntou o que eu achava e eu disse isso, sim.

Adalberto: Você é a pessoa que mais condena a traição no mundo.

Sara: Lógico. Vou apoiar pouca vergonha?

Adalberto: E não foi isso que você fez?

Sara: Para toda regra tem uma exceção, primo. Imagina se eu digo para ela separar dos namorados, porque é errado namorar homem casado e, depois, ela muda de ideia e vem ficar com o Oswaldo?

Adalberto: Será?

Sara: Adal, ela disse que começou a sair com os caras, só para implicar com as mulheres deles. Eles são maridos de duas ex-professoras, que pegavam no pé dela.

Adalberto: Ela vingativa.

Sara: Não é? Por isso que eu apoiei a bandidagem dela.

Adalberto: Quem apoia bandidagem também é bandido, hein, Sarita.

Sara: Ai, como eu estou bandida!

A Sara tentando ser engraçada não convence nem a uma criança.

Adalberto: Vai brincando... Vai que, daqui a pouco, ela decide ampliar horizontes? Toma cuidado com o que você fala!

Sara: Você está querendo dizer que eu fiz mal em aconselhar a ela a ficar com os homens casados?

Adalberto: Eu estou querendo dizer que para tudo na vida existe o outro lado da moeda. E isso pode ou não se virar contra você.

Sara: Sério, Adal? Então, o que eu devo fazer? Ligo para ela e digo que eu estava delirando? Que não é certo sair com homem casado? Que ela deve procurar alguém que seja solteiro como ela? E se ela se sentir afrontada e querer se vingar de mim? E se ela roubar o meu Oswaldo? Será que eu vou conseguir viver? O que eu faço primo? Me tira dessa!

Eu não sabia o que responder. Mas sabia que, qualquer coisa que eu falasse, ia render mais duas horas de assunto, e eu não estava mais a fim de conversar com a Sara. Queria voltar a comer.

Adalberto: Amore, posso te ligar daqui a cinco minutos. É só o tempo de eu acabar de comer.

Sara: Ai, primo, responde rapidinho.

Adalberto: Sara, não é assim, rapidinho! Eu preciso pensar, analisar o que você me falou para te dar uma resposta mais bem fundamentada.

Até parece...

Sara: Está bem. Daqui a cinco minutos, então, eu te ligo.

Adalberto: Beleza.

Desliguei o meu celular e jamais voltei a falar com a Sara no fim de semana. Agora, aqui no trabalho, acabei de ligar o telefone e recebi uma notificação de 387 ligações dela, enquanto o aparelho estava fora de serviço.

Mais tarde, eu ligo para ela e digo que ainda não tenho uma opinião formada.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Depressão de Rosanny abala as estruturas de Ane

Ontem, a Ane veio até a minha casa me pedir um favor.

Ane: Dez mil reais.

Adalberto: Hã?

Ane: Adal, eu preciso desse dinheiro urgentemente. Aliás, eu preciso de cinquenta mil. Vou pegar dez com você, dez com a Lu, dez com a Marjorie, dez com a Sara e eu vou dar mais dez.

Adalberto: Mas para que isso tudo, Ane? Onde foi que você se meteu agora?

Ane: Com o Sunshine.

Adalberto: Como assim? Quem é esse cara com nome de luz do sol?

Ane: É aquele que eu te falei, garoto. O que fingiu que me conhecia na fila do mercado, só para pedir o número do meu celular.

Adalberto: Lembro. Foi ele que te pediu essa grana toda?

Ane: Não. Ninguém me pediu.

Adalberto: Então para que é esse dinheiro?

Ane: Adal, você jura que não vai rir?

Putz! quando as minhas primas me pedem para eu não rir, eu já sei que vem bomba.

Adalberto: Juro.

Ane: Esse dinheiro é para patrocinar a turnê da Rosanny pelo interior do estado.

Adalberto: Rosanny é aquela que cantava "Como uma diva"?

Ane: Exatamente! E eu ovulo com essa música até hoje. Me sinto a própria diva.

Adalberto: Mas o que é que tem a ver Rosanny com o Sunshine.

Ane: O Sunshine é ex-marido da Rosanny.

Adalberto: Mentira! Você está ficando com o ex-marido da Rosanny?

E o Santo das Risadas dos Momentos Inoportunos baixou em mim.

Ane: Adal, você jurou que não ia rir.

Adalberto: E você não me falou que ia contar uma piada! Você está ficando com o ex-marido da Rosanny e não quer que eu ria? Conta para mim: você se sente uma diva, quando está com ele?

Não consegui mais levar o assunto a sério.

Ane: Para, Adal. A coisa é séria. Eu não consegui nem beijar o Sunshine, depois que ele me contou isso. Eu adoro ela, tenho todos os LPs dela, você sabe disse. Eu fui sósia dela na época do colégio.

Adalberto: Jamais me esquecerei de você sendo carregada por aqueles dois negões na apresentação de fim de ano do colégio, cantando "Como uma diva". O teu pai quase teve um treco.

Ane: Eu arrasei naquele dia!

Adalberto: Arrasou com a harmonia da nossa família. Você era muito nova para ficar fazendo dancinha sensual com dois armários, Ane.

Ane: Ah, eu não estava nem aí para vocês. Eu era uma diva!

Adalberto: Eu sei disso. Mas me fala o por quê dos cinquenta mil.

Ane: Cara, a Rosanny ficou deprimida, depois que terminou com o Sunshine. Ele gosta dela mas como amiga. Não quer mais relacionamento com ela.

Adalberto: E você está querendo patrocinar a turnê da Rosanny para impressionar o peguete?

Ane: Adal, ele não é meu peguete. Tem noção de que a gente foi para um motel e não transamos?

Adalberto: Por quê?

Ane: Eu não consegui. Travei. A Rosanny está mal por causa do cara. É muita falta de respeito. Eu sou fã número zero dela, primo. Quando o Sunshine me contou essa história, eu só fazia chorar. Chorei copiosamente por pena da Rosanny.

Adalberto: Azar o seu. Eu não sou fã número zero da Rosanny e não vou te dar dinheiro para patrocinar a tunê dela pelo interior do estado.

Ane: Mas o Sunshine disse que ela quer se matar. E essa turnê seria uma oportunidade para ela sair da depressão. Você precisa ajudar.

Adalberto: Eu ajudo. Manda a Rosanny vir aqui em casa, que eu ajudo. Tem tanta louça aqui para ela lavar., que logo, logo, essa depressão dela vai embora e, assim quem sabe, ela volta a se sentir "Como uma deusa"...

Ane: Ridículo você! Tchau!

Adalberto: Tchau.

A Ane é assim: sem classe. Nunca será uma diva...

terça-feira, 8 de maio de 2012

Bomba: Lu está por trás do caso "Laptop Carolina Dieckman"

A Lu me ligou ontem com um certo desespero na voz.

Adalberto: O que foi que aconteceu?

Lu: Promete não contar para ninguém?

Adalberto: Algum dia eu traí a sua confiança?

Lu: Adal, o babado agora é sério. caso de polícia.

Adalberto: Ai, meu Deus. Não sei se eu quero saber.

Mentira. Eu estava morrendo de curiosidade, mas me utilizei de métodos da Psicologia.

Lu: Como assim? Só você pode me ajudar, primo.

Adalberto: Será? Você mesma estava com dúvidas se ia me contar ou não. Acho melhor deixar para lá.

Lu: Não, Adal. Eu preciso falar isso com você agora.

Essa foi a deixa para eu parar de me fazer de difícil.

Adalberto: Então, fala agora.

Lu: Eu estou por trás do caso "Laptop Carolina Dieckman".

Adalberto: Ã?

Lu: Isso mesmo que você ouviu.

Adalberto: Como assim?

Lu: Eu coloquei o meu laptop para consertar no mesmo lugar que ela. E detalhe: eles são idênticos. Têm os mesmos adesivos da Hello Kitty, escondendo a marca do computador, inclusive.

Adalberto: E por que você enviou as fotos dela para o tal site inglês? Eu sei que você acha a pobre coitada metida a besta, mas isso também é golpe baixo.

Lu: Está maluco, garoto? Eu jamais faria isso com ela. Até porque ela pode fazer bem pior comigo. Você não tem ideia do que tem no meu laptop.

Adalberto: O seu laptop está com ela?

Lu: Não. Está comigo. Eu destroquei os computadores no mesmo dia, mas acabei salvando as fotos dela no meu pen drive.

Adalberto: E quem mandou para o site inglês?

Lu: O Italvino.

Adalberto: Aquele do New Beatle preto?

Lu: Não. O Italvino é o do New Beatle prata.

Adalberto: Como ele fez isso?

Lu: Eu contei para ele das fotos nuas e ele me roubou.

Adalberto: Como?

Lu: Não sei. Eu não vi, primo. Ele mesmo disse que não queria ver nenhuma Carolina Dieckman nua, porque eu sou bem melhor que ela.

Adalberto: E você acreditou?

Lu: Que Vai à merda, primo. O meu homem tem que me achar melhor do que a Carolina Dieckman, que a Juliana Paes, que a Deborah Secco e que a Taís Araújo juntas!

Adalberto: Eu não estou falando disso, sua desligada. Como você pode confiar num cara que só pensa em dinheiro? E que tem fama de que não vele nada! E que sacaneou todas as ex-mulheres! É claro que ele ia querer ver as fotos da Carolina Dieckman para ter noção do suborno, que ele fazer para a garota.

Lu: Agora, ele está ferrado.

Adalberto: E você também.

Lu: Eu sei, Adal. Me ajuda. Me tira dessa.

Adalberto: Tiro. Vamos agora tomar um chope e relaxar.

Lu: Como assim? Eu estou quase sendo presa e você me chama para tomar um chope, primo?

Adalberto: Ué, o que não tem remédio, remediado está, baby. Vamos encher a cara até conseguir rir disso tudo.

Lu: Sabe que não é uma má ideia. Me pega aqui em casa?

Adalberto: Em quinze minutos.

Lu: Estou te esperando, então. Beijo.

No terceiro chope, a gente já estava fazendo piada disso tudo. A Lu teve até a cara de pau de dizer que acha que tem o corpo parecido com o da Carolina Dieckman. Coitada. O que umas doses de álcool no sangue não fazem com a pessoa...

Essa história, no entanto, ainda não tem um fim. O caso ainda corre na Justiça. A boa notícia é que, ontem, a atriz foi prestar depoimento na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) e, em nenhum momento, citaram o nome da Lu. Nem o do Italvino.

Por ora, a única coisa que podemos fazer é rezar. E beber, claro!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Credibilidade do carioca arruina Projeto Pegação de Ane

Na terça-feira, foi feriado do Dia do Trabalhador e choveu pacas no Rio. Mesmo assim, fui com a Ane à praia.

Ane: Adal, não é muita loucura nossa ir à praia, debaixo desse temporal?

Adalberto: Loucura é esse tempo, que discrimina o trabalhador.

Ane: Primo, a Natureza sabe o que faz.

Eu concordo com essa máxima. Mas, como eu estava de ovo virado, quis discordar de tudo o que vinha pela frente.

Adalberto: Ane, a Natureza não sabe de bosta nenhuma!

Ane: Ih, que pessoa amarga.

Chegamos à praia e constatamos que não éramos os únicos loucos. Havia dois loucos se banhando no mar gélido de Ipanema.

Ane: Aquele lá não é o seu amigo espanhol, que veio morar no Brasil há pouco tempo?

Adalberto: O Miguel?

Ane: Isso.

Adalberto: Ih, é ele mesmo. Vamos lá.

Ane: Mas a água não está gelada?

Adalberto: Melhor essa água gelada do que ficar dentro de casa.

Mergulhamos. E quase morremos congelados.

Adalberto: Ane, você está se afogando?

Ane: A minha batata da perna ficou dura, e eu estou sentindo muita dor.

Adalberto: Isso é cãibra.

Ane: Então, me tira daqui! Eu não estou conseguindo me mexer!

O Miguel e o outro espanhol, que eu não conhecia, me ajudaram a salvar a Ane de um princípio de afogamento. Enquanto carregávamos a minha prima para a areia, o Miguel cuidou das apresentações.

Miguel: Adal, esse é o meu amigo José Luis Fernández, de Madri. Veio passar férias no Rio.

Adalberto: Muito prazer, querido. Depois que a gente terminar de carregar a minha prima, eu aperto a sua mão.

José Luis: Claro.

Colocamos a minha prima deitada na areia e uma pergunta mudou todo o rumo da prosa.

José Luis: Ela está afogada? Eu sei fazer respiração boca-a-boca.

Adalberto: Não. É só uma cãibra.

Levei um beliscão e mudei o discurso.

Adalberto: Olha, José Luis, acha que ela se afogou, sim.

O Miguel ficou me olhando com cara de "como assim, ela não está com cãibra?", mas eu o ignorei solenemente e continuei com a ajuda à prima necessitada.

Adalberto: Você tem como fazer uma respiraçãozinha boca-a-boca nela? Coisa rápida.

Quando eu minto, apelo para os diminutivos. Não sei, parece que ameniza.

José Luis: Claro.

A Ane, inexperiente em receber respiração boca-a-boca, acabou colocando a língua onde não devia. E o espanhol espertinho não demonstrou o mínimo de estranheza. Afogou a minha prima de saliva madrilenha.

Miguel: Eles estão se beijando?

Adalberto: Parece que sim, Miguel.

Quando deu por si que a cena do beijo já estava ficando meio over, José Luis resolveu disfarçar.

José Luis: Acho que, agora, ela está bem.

Adalberto: Você acha? Eu tenho certeza.

Ane: Mi español, você salvou a minha vida. Eu te amo.

Adalberto: Como assim? Gente, ela fica doida depois que se afoga e fala coisas sem sentido. Vamos embora, Ane.

Ane: Mentira. Gente, eu não estou louca. Miguel, passa lá em casa depois para tomar um cafezinho. vai com ele José Luis.

José Luis: Claro.

Miguel: Pode deixar, queridinha. A gente vai, sim. Em duas horas estaremos na sua casa.

Passou-se duas, três, quatro e nada dos espanhóis.

Adalberto: Estranho... Os espanhóis são tão cartesianos. Se você marca com eles às oito e dezessete, você pode ter certeza que eles vão estar às oito e dezessete no lugar combinado.

Ane: Então, será que o José Luis não gostou de mim?

Adalberto: Não sei. Pode ser tudo, Ane.

Depois de meia-hora, ouvindo as possibilidades que saíam da cabeça neurótica da Ane, resolvi ligar para o Miguel, para saber o que aconteceu.

Miguel: Alô.

Adalberto: Miguel, a gente está esperando vocês até agora aqui na casa da Ane. Você disse que iam chegar em duas horas, e até agora nada.

Miguel: Ah, dessa vez era verdade?

Adalberto: Como assim?

Miguel: Eu já fui convidado para uns dez cafezinhos, desde que vim morar no Brasil. Mas, quando chegava na casa das pessoas no horário combinado, ou não tinha ninguém pronto muito menos cafezinho ou não tinha ninguém em casa. Não confio mais nos cariocas.

Adalberto: E o José Luis.

Miguel: Foi sair com uma menina.

Adalberto: Ah, está ok.

E desliguei o telefone, assim, sem contestá-lo à altura.

Quem ele pensa que é? E quem ele pensa que eu sou? E a minha prima? Esse tal de José Luis pensa que é fácil sair beijando, assim, na praia e depois desaparece?

Eu devia ter enumerado um monte de defeitos dos espanhóis. Mas nada me veio à cabeça. Vai ver eles não têm defeitos. Ou os defeitos deles são tão pequenos que passam despercebido.

Adalberto: Ane, eu devia ter dito alguma coisa nesse sentido! Que eles são tão insignificantes, tão pequenos, que não se destacam nem pelos seus defeitos.

Ane: Adal, mas isso é bem coisa de carioca, primo. Achar que é O CARA, porque tem defeitos maiores que os outros. Isso é um erro, primo.

Pior é que mais uma vez, eu concordo com a Ane. Mas, como eu ainda estava de ovo virado, respondi como um carioca, no maior sentido pejorativo, que essa palavra pode ter.

Adalberto: Verdade. É um erro. Mas eu não tenho dúvidas que nós cariocas somos OS CARAS.

E não me apedrejem por isso! Eu só estava fora de mim...

Adoro todas as naturalidades do Brasil e do mundo.