quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Eike loucura! ou O real motivo que fez o juiz Flávio Roberto de Souza tirar onda pelas ruas do Rio, com o Porsche do pai de Thor, Olin e Baldur Batista

No domingo passado, resolvi fazer uma visitinha surpresa à Ane. E não imaginava que seria o pontapé inicial pra eu realizar um dos maiores sonhos da minha vida.

Ane: Adal?!

Adalberto: Tô atrapalhando alguma coisa?

Ane: Não. Só um instantinho. Eu tô no telefone. 

Adalberto: Ah, tá, foi mal.

Ane: Fala moco-moco, é o meu plimo que veio aqui me ver. Mas o que eu estava falando mesmo, bebusungo? Ah, lemblei! É que tô com muita saudadinha de vochê. Muita, muita, tá, meu cochincocho?

Cara, uma das coisas que mais me irrita nessa vida é ver gente velha falando que nem bebê.

Adalberto: Ane, você ficou retardada? Desliga essa maldição agora!

Ane: Cala a boca, Adal!

Tomei o celular da mão da Ane e bati com o telefone na cara do imbecil, que estava falando com ela.

Ane: Tem noção do que você fez?

Adalberto: Tenho! Tô te salvando do ridículo, sua idiota! Que palhaçada é essa de ficar falando que nem bebê com homem, Ane? Não lembra daquela pesquisa, que saiu na Marie Claire, que dizia que casais que falam como bebê têm instinto assassino? Esse cara vai acabar te matando!

Ane: Esse cara se chama Flávio Roberto de Souza. Meu futuro marido.

Adalberto: Tá maluca? Isola! Você não vai casar com homem, que alimenta a tua imbecilidade. Eu não vou deixar!

Ane: Vem cá, você ligou o nome à pessoa? Sabe que é o juiz Flávio Roberto de Souza? Titular da 3ª Vara Criminal e responsável pelo processo contra o empresário Eike Barista? Tá bom pra você?

Adalberto: O quê? Garota, você tem que engravidar desse homem agora. Cadê ele? Liga pra ele, pede desculpas por eu ter batido o telefone na cara dele. Implora o perdão desse homem, se rasteja por ele. Anda!

Ane: Calma, Adal. Quando você tomou o telefone de mim, ele tinha dito que precisava desligar mesmo. Ele estava no meio de uma audiência e tinha inventado de ir ao banheiro, só pra dizer me amava. Mas já estava muito tempo fora. Ele não é lindo?

Adalberto: Ele é. Lindo, fofo, maravilhoso, incrível, tudo.

Ane: Mas ele é casado.

Adalberto: Ah, não acredito! Ah, quer saber, vamo parar de caretice? Não vejo problema nenhum nisso.

Ane: Você é um interesseiro!

Adalberto: Não sou.

Ane: É, sim!

Adalberto: Tá bom, eu quero andar de Porsche. Pronto, falei!

Ane: Como assim?

Adalberto: Ele apreendeu o Porsche do Eike Batista, e eu sou louco por esse carro, prima. Realiza o meu sonho?

Ane: Claro que não, tá maluco?

Adalberto: Tô, tô maluco, sim! E se você não conseguir isso pra mim, eu vou botar a boca no trombone. Vou falar pra a imprensa falada, escrita, televisiva, virtual e mais o que existir que você é amante do juiz que tá ferrando com a vida do Eike

Ane: Você não vai fazer isso, né, Adal

Eu bem que ia.

Adalberto: Claro que não, sua boba. Você acha que eu vou fazer isso com você? Tá maluca? Anita, olha só, meu amorzinho, vou falar que nem bebê com vochê pla vê chi vochê me entende melhor.

Ane: Não, para de palhaçada! Acho isso ridículo. O Flá meio que me obriga a falar assim com ele. Mas eu acho um saco.

Adalberto: Então, meu bem, já percebeu que só você tá cedendo pra ele? Você fala como bebê, porque ele gosta... Que mais? Ah, não importa. Eu acho que você tem que testar o amor desse cara por você. Vai que ele só tá te usando? Já pensou nisso? 

Ane: Não.

Adalberto: Aí, é burra! Depois, ele te deixa e você vai ficar toda apaixonadinha, sem eira nem beira, com uma mão na frente e outra atrás.

Ane: Mas eu não tô com ele só por causa de dinheiro, primo. É amor sincero.

Adalberto: Eu acredito em você.

Óbvio que não.

Adalberto: Mas você sabe o que se passa do outro lado? Se ele, realmente, te ama?

Ane: Não.

Adalberto: Então, eu vou te deixar com essa pulguinha atrás da orelha. Passar bem.

E saí de maneira cênica, batendo porta. Foi a melhor coisa que fiz. No dia seguinte, ela já estava chantageando emocionalmente o bebezinho dela. Quando me ligou pra dar a notícia, senti até vontade de chorar.

Ane: Primo, tá tudo certo! Ele vai levar o carro pra casa hoje! E, amanhã, vai trazer aqui pra casa, pra gente dirigir!

Adalberto: Urru! Ganhei na mega-sena! Prima, brigado, tá? Te amo.

Mas pra minha falta de sorte, durante o trajeto pra casa da Ane, o juiz Flávio Roberto de Souza foi flagrado por um infeliz e virou notícia em todos os sites de jornais do país, por estar dirigindo o Porsche do empresário Eike Batista, que ele mesmo havia mandado apreender.

Meu celular tocou um segundo depois de eu ler o título da matéria. Era a Ane. E eu não atendi.

Ela ligou mais 87 vezes. E eu continuei sem atender. 

No fim do dia, após receber vários mensagens desaforadas dela por torpedo, e-mail, WhatsApp e até pombo-correio, resolvi ir num centro de macumba pedir pra fazerem um trabalho forte pra ficar tudo bem com o juiz e, principalmente, entre ele e a minha prima.

Pra minha triste surpresa, a Ane tinha ido lá fazer a mesma coisa. Quando ela me viu, foi um tal de atirar galinha preta, milho, búzios, terra e tudo o que tivesse ao alcance dela em cima de mim, que já estavam achando que eu era um bandido. Teve gente que chamou a polícia e tudo pra me prender. 

O bom foi que os policiais chegaram na hora que a Ane arremessou a imagem de um Exu, que estilhaçou na minha cabeça. Foram eles que me levaram pra emergência do hospital mais próximo.

Parecia que tinham aberto uma bica de sangue na minha cabeça. O pior é que eu desmaio quando vejo sangue. E desmaiei, claro. 

Acordei lindo e belo, com a cabeça toda enfaixada e com a Ane me pedindo desculpas.

Ane: Eu achei que você fosse morrer.

Adalberto: Eu merecia, né?

Ane: Não fala assim. Homem nenhum é digno disso. E eu nem estava curtindo o Flávio tanto assim. Estava achando um porre aquele negócio de ficar falando que nem bebê.

Adalberto: Mas o que estava em jogo não era o Flávio, mas o Porsche, né? Era a minha única chance de dirigir um Porsche nessa vida... Vamos beber pra esquecer? A médica vai me dar alta daqui a pouco.

Ane: Você pode beber?

Adalberto: Não. Mas não tem problema. Se eu não morri com o Exu que você tacou na minha cabeça, não vai ser uma cervejinha que vai me matar.

A gente foi pra uma boate, e eu bebi 30 cervejinhas. E elas quase me mataram. Mas ainda bem que eu não morri. A Ane ficou com o Thor Batista, sem saber quem ele era, eles têm saído direto juntos e, com isso, eu ainda corro o risco de conseguir dirigir um Porsche nessa vida.

Eike coisa boa!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Lu é deportada dos Estados Unidos na Quarta-Feira de Cinzas, a tempo de curtir a rebarba do carnaval

Fiquei o carnaval inteiro em casa assistindo a filmes no Netflix. Na Quarta-Feira de Cinzas, quando eu deveria voltar ao trabalho (depois do meio-dia), liguei pro meu chefe, disse que estava com dor de barriga, ele não acreditou, mas se fingiu de bobo e mandou eu ficar em casa. E eu fui pra um bloco com a Pocahontas, a Fiona e a Rapunzel, digo Ane, Marjorie e Sara. Eu era um lindo Corcunda de Notre Dame. Só que não.

Marjorie: Não conseguiu falar com a Lu, Adal?

Adalberto: Não. Aquela vaca encheu a minha paciência pra comprar tecido branco pra cortina da fantasia dela de bunda da Paolla Oliveira e, agora, some. Que ódio.

Ane: Gente, a Lu é maluca. Deve estar se atracando com o primeiro cara vestido de Minnie que viu pela frente.

Sara: Ah, ela não ia furar com a gente, por causa de homem.

Ane: Oi?

Marjorie: Ela vive fazendo isso.

Adalberto: Gente, que medo, estão me ligando de um número gigantesco.

Marjorie: Não atende. Deve ser aquela gente chata de telemarketing.

Ane: Ah, ninguém merece isso hoje.

Sara: Atende. Vai que é alguma coisa importante. Qualquer coisa finge que tá ruim de área e desliga.

A Sara anda tão espertinha, né?

Adalberto: Alô.

Lu: Adal, sou eu, Lu. Me salva!

Adalberto: Gente, é a Lu. Onde é que você tá, sua maluca.

Lu: Na Disney.

Adalberto: Disney? Gente, a Lu tá na Disney! Para tudo.

Marjorie: Me dá esse telefone aqui. Lu, o que é que você tá fazendo na Disney, pode me falar?

Lu: O Francislúcio vai ter uma convenção do trabalho dele aqui e me chamou pra vir com ele. O cara pagou TUDO, prima!

Marjorie: Então, tá tudo bem com você, né? Ligou só pra botar inveja na gente, é isso mesmo?

Lu: Não, garota, eu tô foragida!

Marjorie: Como assim foragida?

Lu: Eu fui numa loja ver umas calças pra comprar e acabei ficando atolada dentro de uma skinny de stretch. Fui parar no hospital pra tirar essa bosta.

Marjorie: Lu, você é maluca? Como é que vocês experimenta uma calça nos Estados Unidos? Americana não tem coxa. E você tem um saco de boxe em cada perna. Claro que isso não ia prestar.

Adalberto: Me dá esse telefone aqui!

Lu: Eu fui levada de ambulância pra uma emergência.

Adalberto: Sério?

Lu: Arrã. Agora, eles querem me cobrar por uma cirurgia. Só porque usaram bisturi pra cortar a bendita da calça, é mole?

Adalberto: Eu só não consigo entender por que você foi parar na Disney.

Lu: Garoto, a conta da cirurgia foi de 40 mil dólares. Eu não tenho como pagar isso. Saí vestida de enfermeira pela porta dos fundos do hospital e peguei carona num caminhão, que distribui bebida na Disney.

Adalberto: Por que você não pediu pro motorista te deixar no hotel que vocês tá hospedada?

Lu: Porque, da Disney, ele ia pra Miami. Não ia passar perto do hotel.

Adalberto: E agora? Quer que a gente ligue pro teu peguete?

Lu: Não é peguete. Era amor verdadeiro, tá?

Preguiça.

Adalberto: Ai, tá bom. Quer que a gente ligue pra ele, sua mala?

Lu: Não! Já ligaram pra esse cachorro do hospital. Eu ouvi uma assistente social falando com ele, quando eu fui pro quarto. O safado disse que não me conhecia.

Adalberto: Ah, era pra ele o seu amor eterno mesmo? Porque você não tomou o telefone dela e deu esculacho nesse mané?

Lu: Porque eu estava ainda meio grogue, sob o efeito da anestesia, Adal! Tinha acabado de sair de uma cirurgia, esqueceu?

Adalberto: Oi? Eles só cortaram uma calça de você. Pra que te deram anestesia?

Lu: Não sei. Aqui nos Estados Unidos é tudo assim. Povo exagerado... Agora, eu tô sendo procurada pela polícia, acredita? Já apareceu foto minha na televisão e tudo.

Adalberto: Amoreca, a gente não tem muito o que fazer por você, então. Faz o seguinte: se entrega pra polícia e vem linda, deportada pro Brasil de enfermeira. É bom que já vai estar com fantasia pra ir com a gente pra outro bloco amanhã. Já sai direto do aeroporto e pega um táxi pra Laranjeiras. A boa vai lá. Vou até inventar outra dor de barriga pra faltar o trabalho de novo...vai

Lu: Sério que você acha que eu devo me entregar pra polícia, primo?

Adalberto: Lógico! Nem pensa, vai na fé! Ó, em homenagem a você, a gente vai fazer uma selfie. Parece coincidência, mas a gente veio de personagem da Disney, aqui, pro bloco. Vou te mandar por WhatsApp. Tem Wi-Fi aí, né? Que pergunta! Claro que tem Wi-Fi na Disney, dããããããã! Agora, deixa eu ir lá, porque, senão, vou ficar pra trás. As meninas já devem ter bebido umas dez cervejas, enquanto a gente tá aqui conversando, e eu de bico seco. Vou desligar. Beijo. Te amo. Vem com Deus, tá?

Lu: Tá.

E, no dia seguinte, fui para o bloco vestido de médico e as meninas, de enfermeiras. A Lu, quando viu a gente, chorou de emoção. Achou linda a surpresa. A farra no bloco foi maravilhosa. Ela bebeu todas, pegou todos, enfim, foi tudo. Era a deportada mais feliz, que eu já vi na minha vida.