domingo, 30 de novembro de 2014

Lu vira mendigata, Ane apanha e o dia acaba com uma festa de aniversário surpresa

Na última quinta, 27 de novembro, foi meu aniversário. E o dia já começou pra mim com fortes emoções, com a primeira ligação.

Adalberto: Alô, você vai ser a primeira pessoa a me dar parabéns, é?

Marjorie: Vou. E você vai ser o último a saber que a Lu virou mendiga em Niterói?

Adalberto: Oi?

Marjorie: Na verdade, não é bem mendiga. É mendigata, que é a uma nova linhagem de subcelebridade. Uma espécie de mulher-fruta das ruas.

Adalberto: É muita informação a uma hora dessas. Acabei de acordar. Eu tenho que fazer alguma coisa ou você só quis me escandalizar com essa notícia?

Marjorie: A gente precisa tirar ela de lá, primo. Ela pegou o ponto de uma ex-mendigata, que ganhou um dia de princesa num desses programas vespertinos de fofoca, mas, depois dos 15 minutos de fama, voltou pras ruas e deu de cara com a Lu no lugar que ela morava. Parece que tá a maior confusão lá.

Adalberto: Tá. Vou passar aí pra te buscar, e a gente vai lá encontrar com essa maluca.

Eu tinha certeza que essa era mais uma surpresa de aniversário, como elas fazem pra mim todo ano. Essa história estava muito mirabolante. Mas, no caminho, a atuação da Marjorie me confundia.

Marjorie: O que todos os meus amigos vão dizer, se descobrirem que uma prima minha virou mendigata. É capaz até de eu perder cliente, sabia?

Adalberto: Como é que você descobriu que ela virou mendiga?

Marjorie: Mendigata.

Adalberto: Marjorie, eu me nego a usar essa palavra.

Marjorie: Por quê?

Adalberto: Porque eu acho mais digno ser mendiga, do que essa palhaçada.

Marjorie: Ela ligou pra Ane pra contar.

Adalberto: E cadê a Ane?

Marjorie: Estava numa DR com um peguete em Japeri e vai pra lá direto.

Adalberto: A Sara já sabe?

Marjorie: Sabe. A casa dela é perto de onde a Lu tá. Pelo tempo, ela já tá lá com os trigêmeos.

Adalberto: Por que ela levou as crianças pra essa baixaria?

Marjorie: Pra fazer chantagem emocional na Lu.

Quando chegamos, e vimos os trigêmeos da Sara brincando com Lu num colchão, no meio de uma calçada, tive certeza que se tratava de uma surpresa pra mim. A Ane, provavelmente, ia chegar com o bolo, e a festa ia ser no meio da rua. Elas sabem que eu sempre desconfio das surpresas, e, a cada ano, tentam ser mais originais.

Fui correndo falar com as crianças.

Adalberto: Meus amores! O dindo anda tão em falta com vocês.

Sara: Anda mesmo.

Lu: Se veio me tirar daqui, pode tirando o seu cavalinho da chuva.

Adalberto: Por mim, você morre de frio aqui nessa rua.

Não falei nada do meu aniversário, porque sabia que era uma surpresa pra mim. Queria ver até onde ia essa palhaçada.

De repente, da esquina, um monte de gente mal encarada veio na nossa direção.

Sara: Jesus, Maria, José, ela tá vindo com uma gangue te tirar daqui. Bem que ela falou. Vambora agora.

Marjorie: Aquela é a ex-mendigata, primo.

Lu: Quero ver alguém tocar um dedo em mim.

Sara: Eu vou levar os meus filhos daqui agora. Táxi!

Quando a Sara correu pra dentro do táxi, eu me apavorei.

Adalberto: Gente, isso aqui não é uma surpresa de aniversário?

Marjorie: Não.Vambora daqui agora, Lu.

Lu: Me larga. Eu não saio daqui, antes de gravar um programa de televisão. Ela teve a chance dela e não soube aproveitar. Eu quero ter a minha oportunidade. Isso aqui não é dela. Tá escrito o nome dela aqui, em algum lugar?

Peguei a Lu à força no meu colo.

Adalberto: Vambora, sua retardada. Na rua, a lei é do mais forte.

Lu: Me larga!

Adalberto: Segurar os braços dessa maluca, Marjorie. Ela tá me enforcando.

E corremos pro meu carro, com uma doente mental aos berros no meu colo.

Marjorie: Coisa mais feia, hein, dona Lu.

Lu: Por quê? Só porque eu tou correndo atrás de um sonho?

Marjorie: E isso sonho?

Lu: É, ué. Qual o problema?

Adalberto: O problema é que ninguém sonha em ser mendiga.

Lu: Mas eu quero ser mendigata!

Adalberto: Piorou.

Lu: Pra onde vocês vão me levar?

Adalberto: Pra minha casa. Eu mereço ter um aniversário digno.

Mas a Ane estragou os meus planos.

Marjorie: Alô. Oi, Ane. Ai, não acredito. Tá indo pra delegacia? Tá bom, a gente te encontra lá. A Ane chegou lá e não viu a gente, foi perguntar pela Lu e levou uns tapas da ex-mendigata, que acabou de retomar o ponto. Vamos pra delegacia daqui do bairro.

Adalberto: Não tou acreditando nisso.

A Ane estava toda descabelada, prestando queixa. E eu só queria explodir pra ver aquilo tudo acabar da pior maneira. Que desgaste psicológico!

A mendigata foi presa pela agressão. Mas como uma rede de televisão chegou lá poucos minutos depois, se propondo a pagar a fiança, só pra explorar ainda mais a imagem da pobre coitada, ela foi solta e voltou pras ruas.

E eu voltei pra casa. Irado!

Adalberto: Não vou levar ninguém em casa. Se vocês quiserem, dormem lá no meu apartamento ou peguem um táxi até a casa de vocês.

Ane: Eu vou ficar por lá hoje mesmo.

Lu: Eu também.

Marjorie: Vou decidir ainda.

E quando abri a porta de casa, estavam os meus pais, minha irmã, meu cunhado, meu sobrinho, a Sara, o marido e os trigêmeos, catando parabéns pra mim.

Marjorie: Gostou da surpresa?

Adalberto: Adorei.

Respondi sem saber o que foi surpresa de fato. Mas não queria falar das coisas que vivemos até ali na frente dos meus pais. Ele siam ficar preocupados à toa. Mas a curiosidade tomou conta de mim até o terceiro copo de cerveja. Do quarto em diante, eu só queria que aquele dia nunca mais acabasse, já que eu estava com as pessoas que eu mais amo nesse mundo.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Ane faz escova progressiva e, logo em seguida, é vítima do falso desafio do balde de gelo

Eu estava cortando as minhas unhas do pé, quando a Ane entrou esbaforida na minha casa.

Ane: Primo, você precisa me salvar.

Adalberto: Ane, eu vou confiscar essa sua cópia da chave da minha casa. Eu fiz pra você e pras outras primas pra uma situação de emergência.

Ane: Mas é uma emergência. Você tá muito ocupado? Preciso só você pode me salvar.

Adalberto: Eu tou cortando a unha do pé, depois vou cortar da mão, limpar o ouvido, espremer cravo, cortar o cabelinho do nariz... Eu pedi um dia de folga lá no meu trabalho só pra isso.

Ane: Não. Então, para tudo. A minha necessidade é mais urgente.

Adalberto: Quem morreu?

Ane: Ninguém. Mas eu tou desesperada. O Robertlin acabou de me mandar o desafio do balde de gelo pelo Facebook, sendo que eu acabei de fazer a minha escova no salão que a Lu trabalha.

Adalberto: Ficou ótima. Nem tinha reparado.

Ane: E agora, primo?

Adalberto: Qual é questão? Não tou entendendo.

Ane: Eu preciso ficar sem lavar o cabelo por três dias pra escova pegar, mas eu não posso deixar de aceitar o desafio do balde de gelo. Imagina, eu comecei a sair com o cara há duas semanas... Se eu não fizer, ele vai achar que eu sou mí zura.

Adalberto: Faz daqui a três dias, some, diz que tá gripada, com enxaqueca, inventa alguma coisa.

Ane: Primo, eu não posso mentir pro cara, que eu acho que é o homem da minha vida.

Adalberto: Ane, essa papinho de novo, não. Lembra que você já deixou de fazer uma escova marroquina, por causa de um judeu, que no final das contas não valia nada? Não se prejudica por homem...

Ane: Esquece o passado, Adal. Eu não posso julgar o Robertlin pelos outros idiotas que eu conheci.

Adalberto: Ué, mas além dos idiotas, me diz um carinha bacana de verdade, pra casar que você tenha ficado.

Ane: Primo, a questão é a seguinte: eu tenho que encarar esse desafio e tem que ser hoje, porque o Robertlin vai depositar o dinheiro da doação amanhã. E dane-se a escova progressiva.

Adalberto: Ué, mas se você já estava decidida, por que veio me pedir opinião?

Ane: Eu não vim te pedir opinião. Só quero o teu apoio, a tua compreensão e que você me diga que existe um produto inovador, que regenera o cabelo de quem por um descuido lavou a cabeça logo após ter feito uma escova progressiva. 

Adalberto: O que mais que você quer? Um homem perfeito? Ah, esqueci que isso você já tem. Quer café? Por ora, é isso que eu posso te proporcionar. Fiz mais cedo. Ainda deve estar quentinho, quer?

Ane: Não, brigada. Me arruma um balde com água e gelo, por favor.

Adalberto: Você é uma pobre coitada mesmo, Ane. Só falando assim. Vou misturar com água sanitária pra te deixar logo toda estragada.

Ane: Não faça isso!

Adalberto: Você acha que eu vou fazer isso? Só a água gelada já vai fazer um estrago suficiente. Não quero nem ver.

O pior é que eu nunca lembro de encher as forminhas de gelo. E não tinha uma garrafa de água gelada na geladeira. Tive que ir no posto de gasolina comprar gelo. Que raiva. Essa caridade da Ane já estava me dando trabalho.

Adalberto: Pronto, tá aqui o gelo. Pega água lá na bica, enche o balde e vai fazer essa palhaçada lá no banheiro. Não vem inventar de molhar minha casa, não. Respeito a causa, mas vai fazer isso dentro do box.

Ane: Tá bom. Você pode gravar pra mim, primo?

Adalberto: O meu banheiro é minúsculo. Não cabe eu e você lá. Pendura o celular na porta e deixa ele filmando. Depois, você corta.

Ane: Beleza. Me deseja boa sorte.

Adalberto: Boa sorte.

Voltei a corta as minhas unhas do pé, porque esse é o tipo de caridade que ninguém faz por mim. Mas da sala, ou via tudo que a Ane falava.

Ane: Bom, eu fui desafiada pelo meu amor Robertlin. E eu aceitei o desafio do balde de gelo. Eu fiz uma escova progressiva hoje, tinha que ficar sem lavar o cabelo por três dias, mas como o meu bebezão vai depositar o dinheiro amanhã, a vaidade vai ficar em segundo plano. Amor, isso é porque eu te amo muito.

Pelo grito que ela deu, a água devia estar padrão Polo Norte.

Ane: Agora, eu desafio as minhas primas Lu, Sara, Marjorie e o meu primo Adalberto a fazerem o mesmo.

Na hora, me subiu um sangue tão quente que não aguentei nem esperar ela terminar a gravação.

Ane: Primos queridos, espero que vocês...

Adalberto: Ane, sua retardada, abre essa porta. Tá maluca, comeu banana verde? Eu não vou fazer desafio de balde de gelo nenhum. Eu já ajudo um monte de parente, que me pede as coisas. Não tenho mais dinheiro pra ajudar ninguém. Aliás, era isso que você tinha que fazer: ajudar quem tá perto. Não ir na onda dessas modinhas. Eu já comprei o gelo do meu bolso pra você fazer essa palhaçada. Isso já foi a minha ajuda. E eu vou ligar agora pra Marjorie, pra Lu e pra Sara pra falar dessa tua presepada. 

Só se ouvia o choro da Ane. Não sei se era por causa do cabelo, porque eu estraguei a gravação dela ou porque ela tudo se faz de vítima mesmo.

Mas o melhor foi que, quando peguei o meu celular pra ligar pras meninas, tinha um Whatsapp bombástico da Lu, mandando eu ligar a televisão. Estavam transmitindo ao vivo a prisão de uma quadrilha que conseguia dinheiro de inocentes, por meio de caridade. E detalhe: o Robertlin era o chefe do bando.

Adalberto: Ane, corre aqui! 

Ane: Não fala mais comigo! Você morreu pra mim!

Adalberto: Vem ver o Robertlin! Ele tá aqui.

Em um segundo ela chegou na sala. Ficou passada com o que viu e com uma cara de Madalena arrependida.

Ane: Ele não vale nada essa cachorro.

Adalberto: Viu? Eu te preveni... 

Ane: E agora, primo?

Adalberto: Agora? Chora porque você motivo de verdade. Mas chora aqui no meu ombro, porque eu te amo e tou com você pro que precisar.

Tomara que, dessa vez, ela aprende.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Visita à grávida com Marjorie, em Botafogo, termina em trabalho de parto, em Nova Iguaçu

Hoje, acordei com uma ligação da Marjorie, por volta do meio-dia.

Adalberto: Fala, Jojô.

Marjorie: Que voz é essa? Tá tristinho?

Adalberto: Não, tô dormindo mesmo.

Marjorie: Ué, não foi trabalhar hoje?

Adalberto: Não. Ando com uma estafa, prima... Meu chefe até me deu o dia de hoje de folga.

Marjorie: Estafa de quê? Você quase não trabalha, vive inventando que tá com dor de barriga pra ficar em casa... Só se for estafa de coçar o saco.

Adalberto: Cara, eu tenho trabalhado muito. Sério.

Marjorie: Sei...

Adalberto: Para de duvidar de mim.

Marjorie: Você é uma farsa, garoto!

Adalberto: Para!

Marjorie: Olha só, levanta dessa cama e vamos comigo visitar uma menina, que trabalha aqui na fábrica?

Adalberto: Ela tá doente?

Marjorie: Não, tá grávida. Mas ela fica até hoje na casa da mãe, em Botafogo, e, amanhã, já vai pra casa, em Nova Iguaçu, pra esperar o bebê nascer. E eu não sei chegar em Nova Iguaçu. Aí,combinei de vê-la em Botafogo mesmo e, depois que o bebê ficar grandinho, eu marco alguma coisa lá em casa, convido ela e vejo a criança.

Adalberto: Que absurdo!

Marjorie: Ué, vai me levar em Nova Iguaçu?

Adalberto: Lógico que vou. Com o maior prazer. Só que não.

Marjorie: Bobo. Vem logo aqui. Tô te esperando.

Adalberto: Mas Jojô, a Zona Sul, a essa hora, tá toda engarrafada...

Marjorie: Vem pra cá de carro e, daqui, a gente vai de metrô.

Adalberto: Tá bem, sua chata.

Até que gostei de ter um motivo pra sair da cama. Porque, na verdade, o problema nem é sair da cama. Mas se eu ficasse deitado o dia inteiro, à noite, eu não ia conseguir dormir. Foi bom pra dar uma cansada...

Mas só o trajeto do Recreio ao Leblon de carro, já me deixou morto.

Marjorie: Como assim cansado?

Adalberto: Ué, tô cansado. Dirigir do Recreio até aqui cansa. Quero voltar pra casa e dormir mais umas três horas. Me deu estafa.

Marjorie: Ah, garoto, para! Vamos logo!

A Marjorie, que é toda "vida saudável", resolveu ir do Leblon até a Praça General Osório caminhando pela orla.

Adalberto: Que programa de índio, hein!

Marjorie: Índio vive muitos anos, primo. Isso é bom pra saúde!

Adalberto: Prefiro comer chocolate.

Marjorie: É, e, depois, reclama da pochete.

Adalberto: Quem tá com pochete?

Cuidei de encolher bem a barriga, antes de fazer essa pergunta pra ela.

Marjorie: Você! Ou você não se olha no espelho. Olha só essa barriga imensa!

É, não adiantou muito...

Adalberto: Será que, com essa caminhada, eu perco alguma coisa?

Marjorie: Só se for a vergonha na cara, primo. Pra perder essa pança, você tem que correr uma hora por dia, durante um ano inteiro.

Adalberto: Então, vamos pegar um táxi?

Marjorie: Não, cala a boca e aperta o passo. Tá andando muito devagar.

Adalberto: Que saco!

Quando chegamos à Praça General Osório, eu estava esbaforido. Mal conseguia respirar. Pra entrar no metrô, fomos empurrados pela massa. Estava abarrotado, e eu continuava sem conseguir respirar. Quando saí, estava tão fraco, por não ter conseguido respirar direito, que mal consegui respirar também. Ou seja, em coisa de minutos, eu achava que fosse morrer.

Na casa da mãe da funcionária da fábrica da Marjorie, fomos avisados que ela tinha ido pra uma consulta numa clínica na Gávea e, de lá, ia visitar uma amiga lá perto e, depois, ela iria direto pra casa, em Nova Iguaçu. Pegamos o endereço da amiga e seguimos pra Gávea. De ônibus!

Tinha um lugar no fim do ônibus, e eu corri pra sentar.

Marjorie: Adal, eu vou ficar em pé?

Adalberto: Ué, vai. Você não correu. Eu fui mais rápido que você.

Marjorie: E o cavalheirismo?

Adalberto: Marjorie, você é rica, tem uma fábrica de bolsas. A gente podia ter ido de táxi.

Marjorie: Eu ainda tô com trauma de taxista, desde o último assalto que sofri.

Adalberto: Então, fica em pé aí pra ver se passa.

No trajeto, entraram no ônibus um vendedor de todos os doces possíveis e imagináveis, um evangélico fazendo pregação, um rapaz sem uma perna pedindo dinheiro pra comprar remédio, um vendedor de descascador de legumes e um assaltante que foi preso por um policial à paisana, que estava no ônibus.

Depois da tentativa de assalta, a Marjorie estava aos prantos. Uma senhora de mais de 60 anos, que estava sentada ao meu lado, levantou para a Marjorie sentar. Fiquei tão sem graça por isso que esqueci de ser fofo com a minha prima.

Adalberto: Tá com trauma de andar de táxi ainda?

Marjorie: Ai, não fala assim comigo.

Adalberto: Desculpa, deita aqui.

E ela se recostou no meu ombro e dormiu. Eu fiz o mesmo. Só que com a cabeça encostada no vidro da janela do ônibus. Acordamos com o ônibus parado... em Nova Iguaçu!

Adalberto: Jojô, acorda! O ônibus tá parado. Deve ter chegado no ponto final.

Marjorie: Tudo bem. A gente tem que saltar no ponto final mesmo.

Mas a gente não estava no ponto final. Só depois de quase ficarmos sem voz de tanto berrar pra alguém abrir o ônibus pra gente sair, descobrimos que estávamos na garagem da empresa de ônibus, em Nova Iguaçu.

Adalberto: Como assim Nova Iguaçu?

Marjorie: Não pode ser, o ponto final é em Botafogo.

Trocadora: Sim, senhora, mas a gente precisava fazer a troca de turno, e a garagem da empresa fica aqui em Nova Iguaçu.

Adalberto: Que loucura! Não é mais fácil uma garagem em Botafogo?

Trocadora: Com certeza, mas como o senhor sabe, Botafogo é um bairro de passagem e que não tem mais espaço pra nada, né? A empresa bem que queria ter uma garagem lá. Se o senhor achar, avisa pra gente. Vai ser um favor que o senhor vai fazer.

Ainda tive que ouvir isso da trocadora.

Marjorie: Adal, e agora? Como é que a gente vai fazer pra sair daqui?

Adalberto: A gente vai pegar um táxi até a minha casa, e você que vai pagar pra aprender...

Marjorie: Aprender o quê?

Adalberto: Não sei. Mas acho que você tem que tirar alguma coisa disso tudo.

O taxista parecia que estava bêbado. E estava. Tanto que, na primeira blitz da Lei Seca, ele foi parado. E quando o carro ia ser rebocado, um funcionário do Detran chegou desesperado. Um carro que tinha acabado de sofrer um leve acidente estava com uma mulher grávida, que, com a batida, ficou nervosa e o bebê estava começando a entrar em trabalho de parto. Só que o carro não estava mais funcionando.

Me ofereci pra dirigir o táxi do motorista bêbedo pra levá-la no hospital. E eles abriram uma exceção e deixaram. Quando trouxeram a grávida, vimos que se tratava da funcionária da Marjorie.

Marjorie: Caraca, é a Samantha.

Adalberto: Quem é Samantha?

Marjorie: A menina que trabalha lá na fábrica, que a gente ia visitar.

Samnatha: Marjorie! Como assim?

Marjorie: É...

Adalberto: A gente estava indo fazer uma surpresa na sua casa.

Samantha: Mas essa doida falou que não viria me ver aqui, em Nova Iguaçu...

Marjorie: Samantha, para de falar, você tá entrando em trabalho de parto.

No carro, estávamos eu, Marjorie, Samantha e o marido dela. No meio do caminho, tive que parar o carro. O bebê estava nascendo! O marido dela desmaiou ao ver aquela quantidade absurda de sangue, que estava saindo da Samantha.

Marjorie: Adal, vai buscar ajuda,q eu eu fico aqui com ela.

Adalberto: Não, vai você buscar ajuda, que EU fico aqui com ela. Chega de me dar trabalho por hoje. Tô cansado! Desculpa, Samantha, mas a minha cota de paciência com a Marjorie acabou há umas cinco horas mais ou menos.

O tempo que a Marjorie demorou foi o suficiente pra eu ter que fazer o parto do bebê da Samantha. Eu estava nervoso, assustado, com medo, com nojo, impressionado, tremendo, mas com alguma coisa de felicidade, que não cabia em mim. Estava me sentindo um herói. A coragem era tanta que cortei o cordão umbilical com o dente.

O marido da Samantha despertou a tempo de fazer umas imagens com o celular do nascimento do bebê. Vou guardá-las pra vida toda. Foi lindo!

Valeu muito a pena ter feito esse programa de índio com a Marjorie. Depois de um dia tão intenso, eu nem sentia mais estafa. Podia fazer mais uns 30 partos non stop!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Bermuda jeans e camisa bege foram as responsáveis pela derrota do Brasil para a Alemanha na Copa do Mundo

No dia que o Brasil foi humilhado pela Alemanha na  Copa do Mundo, eu pretendia ver o jogo com as minhas. Até então, tínhamos visto todos os jogos juntos, na casa da Ane, com a mesma roupa sem lavar e sentados no mesmo lugar.

Pra esse jogo, não tinha a menor condição de eu ir com a mesma roupa sem lavar. E eu só me dei conta no dia. O cheiro de cecê estava absurdo. Ninguém ia aguentar ficar do meu lado. Fui com uma bermuda jeans e uma camisa bege.

Ane: Adal, como assim?

Adalberto: A minha roupa estava impraticável, prima. Vocês não iam aguentar.

Ane: Não interessa, era o nosso pacto, a nossa roupa-amuleto.

Adalberto: Ah, gente, que besteira. Não vai ser por causa de uma roupa, que o Brasil vai perder.

Marjorie: Claro que vai. Vai pra casa agora trocar de roupa e volta devidamente vestido!

Adalberto: De jeito nenhum! Eu não vou sair do Humaitá pra ir pro recreio pra, depois, voltar pra cá. Gente, o litro da gasolina tá três reais, não pra dá jogar dinheiro fora.

Lu: Nossa, caro, né? Se agora tá assim, imagina na Copa!

Ane: Lu, a questão é que a gente já tá na Copa. E se ele não for trocar de roupa agora, imagina o que vai ser do jogo de hoje.

Adalberto: Gente, é sério que vocês não vão me deixar entrar? É isso mesmo?

Sara: Primo, eu não acho uma boa ideia você ficar aqui com essa camisa bege.

Ane: Gente, claro que não! Quando abri a porta e vi essa garoto de bege, eu fiquei bege!

Lu: Adal, vai-te embora!

Adalberto: Eu tô sendo expulso?

Marjorie: Lógico!

Adalberto: Não acredito nisso. Ane, a casa é sua, você decide. Posso ficar?

Ane: Claro que não. Tchau!

E bateu a porta na minha cara.

Adalberto: Olha só, isso não vai ficar assim! Eu não vou esquecer NUNCA essa falta de respeito de vocês.

E quando já ia pegar o elevador pra ir embora pra casa...

Adalberto: Ah, e tomara que esse jogo seja um fiasco, que o Brasil perca de lavada. Que tome uns sete gols e que vocês sofram muito com essa derrota. Que fiquem desidratadas de tanto chorar! E morram!

Fui assistir ao jogo em casa sozinho. Até o terceiro gol, não parei de andar de um lado pro outro da sala. A partir do quarto, comecei a chorar copiosamente. No sétimo, me caguei todo! Eu não podia ter esse poder! Não podia!

Quando o juiz apitou o fim do jogo, eu já estava com a faca na mão criando coragem pra me matar. Eu sabia que eu não iria fazer isso, mas eu precisava contar pras minhas primas que tinha tentado, pelo menos. Até que resolvi lembrar, que tinha desejado que elas se desidratassem de tanto chorar e morressem em seguida.

Liguei imediatamente pra casa da Ane. Ninguém atendia. Liguei de novo. Nada. Outra vez. nenhuma resposta.

Fui até à casa dela. Eu até tenho a chave da casa de todas as minhas primas, mas saí com tanta pressa que esqueci de levar. Perguntei pro porteiro se tinha alguém em casa, mas ele não sabia. Tinha acabado de render o outro porteiro. Subi correndo pelas escadas, mesmo sabendo que, se esperasse o elevador descer e, depois, subisse até o oitavo andar, seria mais rápido. No quinto andar, estava completamente esbaforido. Decidi parar e pegar o elevador. Quando ele chegou, estava cheio de gente. Não cabia nem metade do meu corpo. Esperei mais três vezes, e ele continuava subindo cheio. Voltei pro térreo pra pegar o elevador vazio e voltar a subir (pra descer, todo santo ajuda!). Deu certo!

Finalmente, no andar da casa da Ane, bati à porta mil vezes. E nada! Perdi todas as forças do corpo. Mal conseguia chorar. Não tinha nem fôlego pra arrombar a porta. Bem que queria. Mas achava que pra botar aquela porta pra baixo, só se fosse o Hulk. Nesse momento, corrigi o meu próprio pensamento e resolvi que pra botar aquela porta no chão, só mesmo o Podolski, o Klose, o Khedira. Ou qualquer outro jogador da Alemanha. Menos o Hulk!

As minhas primas estavam mortas! E eu era o responsável por isso! Chorei, chorei, chorei. Até que já não tinha mais lágrimas. Acho que já estava começando a ficar desidratado, quando desmaiei.

Acordei num quarto de hospital, com as minhas quatro primas em volta da minha maca.

Adalberto: O que você estão fazendo aqui? Onde eu tô? Quem sou eu?

Lu: Gente, ele não sabe nem mais quem é ele!

Adalberto: Não, quem sou eu, eu sei, sim. Estava brincando. Mas onde eu tô e o que vocês estão fazendo aqui eu, realmente, não sei.

Marjorie: Você tá num hospital, recebendo soro na veia, porque estava desidratado.

Ane: O médico disse que, se você perdesse mais água do corpo, poderia até morrer, primo.

Sara: Tadinho do meu Adalzinho!

Reparei que elas estavam com as camisas do Brasil e lembrei do jogo, do fiasco, da minha responsabilidade.

Adalberto: Vocês não estão com raiva de mim?

Lu: Claro.

Ane: Só um pouco.

Sara: Mas vai passar.

Marjorie: Fica bom logo, primo. Quando você sair, a gente te mata.

Adalberto: Brigado.

Era tudo o que eu podia dizer naquele momento.

sábado, 5 de julho de 2014

Marjorie desiste de formar a dupla Clamar e decide se relacionar com cavalos

Anteontem, enquanto eu me arrumava pra ir pro trabalho, a Marjorie ligou sete vezes para o meu celular. Ando sem paciência pra ela. Quem conhece a Marjorie sabe que ela não é de ficar chata, quando tá apaixonada por algum homem. O problema é que, agora, ela se apaixonou por uma mulher e tá mais chata do que menina de 12 anos com o primeiro namoradinho. Só fala de Clarinha, Clarinha, Clarinha...

Ontem, elas iam sair pela primeira vez juntas. A coisa deve ter sido boa. Até agora ela não me ligou...

Caramba, foi só eu falar, que o telefone toca. É ela.

Adalberto: Oi, Jojô.

Marjorie: Tudo bem, primo?

Adalberto: Tudo.

Marjorie: Tá fazendo o que de bom?

Adalberto: Cara, nada. Acho que vou cortar a minha unha do pé. Tá grande. 

Marjorie: Quer ajuda?

Adalberto: Pra quê? Pra cortar a minha unha? Não, né?

Marjorie: Eu corto pra você. Eu sei que você não gosta dessas coisas.

A Marjorie queria me encontrar pessoalmente pra falar alguma coisa. Ela jamais se ofereceria pra cortar a  minha unha, se não existisse um interesse por trás disso.

Adalberto: Vem, então. Aí, você aproveita e corta a da mão também, espreme uns cravos nas minhas costas, limpa o meu ouvido e lixa o meu pé. Tá com aquela crosta grossa, sabe? Eu devo ter crescido uns dois centímetros por causa disso.

Marjorie: Ai, que nojo, primo! Isso eu não vou fazer, não.

Fiz chantagem.

Adalberto: Então, deixa. Eu vou numa dessas clínicas do pé pra fazer uma limpeza. Só não vai dar pra você vir aqui, então. Eu devo demorar na rua. Vem na semana que vem.

Marjorie: Não, eu vou hoje, primo. Preciso falar com você.  Deixa que eu lixo o seu pé.

Adalberto: É? Tá bom.

Em 40 minutos, ela chegou na minha casa. Estava com uma cara de poucos amigos.

Marjorie: Oi.

Adalberto: Que cara é essa?

Marjorie: Ai, Adal, eu não tô bem.

Adalberto: O que foi?

Marjorie: A Clarinha.

Adalberto: Já sei: a noite foi ótima, você tá apaixonada e veio me contar que a Clarinha é a mulher da sua vida. Acertei?

Marjorie: Não. A gente nem chegou a ficar. Quando ela pegou na minha mão, no restaurante em que a gente foi jantar, eu senti nojo. Eu sei que é horrível falar isso, mas não tem nada a ver comigo. Eu não sei de onde eu tirei da cabeça essa coisa de que eu e a Clarinha poderíamos ter alguma coisa.

Adalberto: Eu sei! Da novela, do Big Brother. Hoje em dia, você liga a televisão, e tem alguma mulher pegando uma Clarinha. É a Marina, personagem da Tainá Müller, é a Vanessa, do BBB, é mais não sei quem... Virou moda ser mulher e pegar uma Clarinha. Você foi influenciada. Depois da Clanessa, da Clarina, você achou bonito criar a dupla Clamar. Eu estava achando isso um saco. Pronto, falei.

Marjorie: Ah, primo, eu estava meio carente, tinha acabado de ser sacaneada por aquele idiota, do Bairro de Fátima, que eu estava pegando. E a Clarinha apareceu nesse momento. Sendo carinhosa comigo, me dando apoio, elevando minha autoestima. Era tudo o que eu precisava naquele momento.

Adalberto: E agora?

Marjorie: Agora, ela não para de me ligar, já me mandou 300 mensagens, 500 WhatsApps, deixou sete recados na minha caixa de voz. Eu não aguento mais essa mulher, primo. Fora que, ontem, ela ficou de bico, quando o Marquinho, do colégio, me abraçou e me beijou daquele jeito exagerado dele.

Adalberto: Ele estava no restaurante também?

Marjorie: Estava. Coincidência, né? Continua doido. 

Adalberto: E a outra já com ciúme dele?

Marjorie: Nossa, uma cara de cachorro com fome, sabe? E depois que ele foi embora, ficou pagando geral pra mim, perguntando como eu deixo um homem me pegar pela cintura, ficar agarrado comigo na frente de todo mundo, me enchendo de beijo no rosto... Gente, o Marquinho é meu amigo. A gente tem intimidade.

Adalberto: Você já falou pra ela, que não vai rolar?

Marjorie: Primo, eu tô sem coragem de fazer isso. A Clarinha não vai aceitar, vai discutir comigo, vai dizer que eu a enganei. E hoje, eu não tô com saco pra isso. Quero curtir o meu sábado. Eu já me estresso de segunda a sexta. Hoje, eu não quero.

Adalberto: Então, deixa pra falar com ela na segunda. É bom que você vai estar tão enrolada na tua fábrica que nem vai poder dar ibope pro mimimi dela.

Marjorie: Pra onde a gente vai, então?

Adalberto: Bora encher a cara num pé sujo?

Marjorie: Boa, primo! Quero beber até cair. Estava até pensando em sair pra dançar, mas prefiro beber mesmo. Até ficar engraçada.

E ela conseguiu. Umas duas horas depois que nós chegamos, quando a Marjorie já estava pra lá de Bagdá,  a Clarinha apareceu por lá com uma amiga. Parecia triste. Com certeza, ia fazer o ouvido da pobre coitada de penico, e desabafar as mágoas com a minha prima.

A Marjorie soube aproveitar a ocasião. Levantou, foi até elas e fez a louca.

Marjorie: Como assim? É isso mesmo que eu tô vendo?

Clarinha: O quê? A Marlene é minha amiga.

Marjorie: Eu não quero saber! Você me mandou 800 mensagens, dizendo que não ia fazer nada, que ia ficar em casa, porque estava triste, porque eu não te respondia. E na primeira oportunidade você, com a primeira que te aparece? 

Clarinha: Mas eu...

Marjorie: Eu não quero saber! Olha, eu não te respondi, porque eu estava em conflito comigo mesma. Você sabe que eu nunca fiquei com uma mulher. Era uma decisão muito difícil pra mim. Mas sabe de uma coisa? Eu não quero mais você. Toda a confiança que eu tinha em você acabou. Fica com ela. Sério mesmo. Pega ela, se amassa nela e leva pra casa, meu bem. Porque dessa toca aqui, não sai mais coelho. 

Por uma coincidência assustadora, o Marquinho chegou ao local com um grupo de amigos. E a Marjorie fez a louca.

Marjorie: Não fala mais com os pobres, não, Marquinho? Vem cá me dar um beijo.

E tascou o maior beijo na boca do Marquinho. E Clarinha estava chorando, tadinha. Não sabia se era pelo esporro que levou ou por ciúme da Marjorie com o Marquinho. Fiquei com pena.

Marjorie: Vamos, Adal!

Adalberto: Peraí, a gente tem que pagara  conta.

Marjorie: Depois, a gente volta aqui pra pagar. A gente vem sempre aqui, todo mundo aqui conhece a gente. Não é possível que a gente não possa pagar outro dia. Vamos! Eu tô com pressa.

Fomos pra minha casa e apagamos. No dia seguinte, era o Marquinho que já tinha ligado 15 vezes, mandado 250 mensagens e 457 WhatsApps

Adalberto: Que merda, hein. Trocou seis por meia-dúzia.

Marjorie: Meia-dúzia, não, né? O Marquinho, pelo menos, tem o que eu gosto. Pena que ele é muito grude, tipo mulher, sabe? Por isso que tá sempre sozinho. Mulher nenhuma aguenta uma pessoa que seja mais chata do que ela. Ainda mais quando é um homem. Ah, na boa, eu não vou responder o Marquinho. Cansei do ser humano, primo. Vou me relacionar com cavalos. Eles, sim, vão me tratar do jeito que eu gosto.

Apoiada!

domingo, 29 de junho de 2014

O amor nos tempos da Copa ou Viva o futebol!

Combinei de ir com a Ane ao primeiro jogo da Copa do Mundo no Maracanã. Ela ficou horas numa fila, em que conheceu um carinha que é idêntico ao David Luiz. O rapaz foi o passatempo durante as nove horas de espera pra comprar o ingresso.

No dia do jogo, ela parecia cabisbaixa. Mas eu tentei levantar o astral.

Adalberto: Que bom que deu tudo certo, né?

Ane: Tudo certo pra você, né?

Adalberto: Não. Pra nós dois. Você também vai ao Maracanã.

Ane: Mas quem disse que eu faço questão disso?

Adalberto: Ane, é Copa do Mundo no nosso país! Você ia querer deixar isso passar em branco

Ane: Ai, Adal, ainda tou meio arrasada com o sumiço da David Luiz.

Adalberto: Esquece esse menino! Isso foi um amor de fila.

Bizarro isso. Já tinha ouvido falar em amor de carnaval, de verão... Amor de fila só uma prima minha mesmo pra estrear.

Ane: Mas eu me deixei levar pelo sentimento. Eu nunca imaginei que, a chegada à bilheteria, seria o fim.

Adalberto: Ai, que papo mais novela das oito. Vamos parar! Quero você animada pro jogo.

A partida foi entre Argentina e Bósnia, e nós sequer sabíamos disso. Chegando no Maracanã, fomos surpreendidos. O nosso ingresso não passava na catraca eletrônica. E quanto mais eu tentava, mais eu me irritava. Até que gritei.

Adalberto: Porra, Ane, em qual Paraguai você comprou essa bosta desse ingresso?! Essa bosta só pode ser falsificada.

Intrometido: Mira, yo soy de Paraguai. No me gusta que hable así de mi país.

Adalberto: E daí? Eu não te perguntei nada! É do Paraguai mas entende português?

David Luiz falsificado: Eu traduzi pra ele o que você disse, seu babaca.

Depois que falou, o rapaz se assustou ao ver a Ane.

Ane: Olha, o David Luiz falsificado foi solidário com o amiguinho do país, em que tudo que se vende é falsificado. E se eu contar aqui, pra todo mundo ouvir, que você também é um frouxo, que não dá no couro. O amiguinho vai defender?

David Luiz falsificado: Cala a boca.

Intrometido: Cállete!

Ane: É assim, né? Um amiguinho defende o outro. Ou será que um é namoradinho do outro? Deve ser, né? 

Adalberto: Ane... Menos...

Ane: Legal saber que você me usou pra furar fila, pra comprar ingresso pro teu macho.

Nesse momento, o David Luiz falsificado deu um tapa em um lado do rosto da Ane, e o Intrometido,no outro. Um segurança, imediatamente, foi separar a briga que se iniciava. E, enquanto os casalzinho era levado para fora, eu peguei os ingressos deles, que caíram no chão.

Adalberto: Vamos entrar?

Ane: Ué, passou? 

Adalberto: Depois te explico.

O ingresso dos meninos era VIP. Ficamos num lugar incrível do Maracanã, com tudo liberado.

Adalberto: Gostou de ter vindo?

Ane: Adorei!

Adalberto: Já esqueceu o David Luiz falsificado?

Ane: Há séculos! Já troquei até telefone com o Júlio César do Paraná

Adalberto: Mais um sósia de jogador da seleção. Isso não termina bem.

Ane: Para de ser pessimista, garoto! A nossa história vai ter um final feliz. Ele é o cara. 

Adalberto: E por que ele não tá aqui com a gente?

Ane: A ex-namorada dele, com quem ele terminou há uma semana, tá aqui. Eles compraram os ingressos, quando ainda estavam juntos. Ele prefere não ficar comigo na frente dela pra evitar escândalo. Ele tem pavor de gente escandalosa.

Tadinho. Tá mal parado, então.

Adalberto: Quer uma boa notícia, então? Os ingressos que você comprou não eram pro Maracanã, sua bisonha. Mas pra Arena da Baixada, em Curitiba. Se a sua história com o Júlio César do Paraná tiver mesmo um final feliz, convida ele pra ir com você Irã e Nigéria.

Ane: Ai, que tudo! Viu? Eu não comprei os ingressos errado à toa. Isso não é coincidência. Isso já estava escrito. Esse homem vai ser meu.

E com alguns litros de álcool já no sangue, ela foi até o Júlio César do Paraná e toucou-lhe um beijaço. E dessa vez, o tapa na cara foi da ex-namorada dele, que, na verdade, até aquela altura era atual.

Na nova confusão, eu não consegui tirar proveito. Talvez porque também estava bêbado.

No caminho para casa, tive que aturar a choradeira da Ane.

Adalberto: Não fica assim. Esses caras não prestam. Já, já você encontra alguém legal. A Copa só tá começando.

Eu não sei, exatamente, o que eu quis dizer com esse meu comentário. Mas ele acionou algum sensor na Ane, que a deixou pensativa e, segundo depois, já não derramava mais lágrima alguma.

Ane: Você tá certo, primo. Homem nenhum vale o meu choro. Mas, me diz uma coisa, quando é mesmo o jogo da Nigéria com o Irã?

E viva o futebol!

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Coincidências da vida deixam Ane sem palavras

Hoje, quando eu estava saindo de casa pra ir trabalhar, a Ane me ligou.

Ane: Primo, para tudo!

Adalberto: O que foi, Ane?

Ane: Preciso da sua ajuda. É um caso de vida ou morte.

Essa não! Os casos de vida ou morte das minhas primas NUNCA são casos de vida ou morte.

Adalberto: Fala.

Ane: Sabe o Almiríade?

Adalberto: Não.

Ane: Aquele cara que eu conheci na semana passada e fiquei apaixonada.

Adalberto: O do cabelo do nariz grande?

Ane: Isso. Mas eu cortei no terceiro dia que a gente ficou.

Adalberto: Que bom, era nojento.

Ane: É. Mas antes não tivesse me preocupado com isso.

Adalberto: Por quê?

Ane: Ele estava com a Jane ontem.

Adalberto: A Jane Furacão?

Ane: Essa galinha mesma. Passeando na Praia de Copacabana. Eu preciso ir lá em Irajá agora falar com ela que o homem é meu.

Adalberto: Mas ele não é seu. Vocês só estão ficando. De mais a mais, ele conhece a Jane há mais tempo do que você.

Ane: Mas eu peguei primeiro.

Adalberto: Eu não vou deixar de ir trabalhar pra ir te levar em Irajá, né?

Ane: Vai, sim. Senão, eu vou postar no Facebook aquele seu vídeo fazendo o quadradinho de oito.

Eu nunca mais bebo na frente da Ane!

Adalberto: Eu te levo. Mas você me promete que não vai fazer barraco com a menina?

Ane: Prometo.

Tenho certeza que ela cruzou os dedos escondido. Ela sempre faz isso.

Inventei mais uma dor de barriga pra faltar o trabalho. Levei uma hora pra buscar a Ane e duas pra chegar à casa da Jane, que me recebeu com um abraço forte.

Jane: Que bom ver vocês!

Ane: Sua falsa! Você tá saindo com o MEU homem.

Adalberto: Ane, por favor.

Ane: Ane, por favor, não! Me segura, senão eu vou arrebentar a cara dessa vadia!

Me senti ridículo segurando uma louca aos berros. A Jane fez a fina, fingiu que não era com ela, bateu o portão na nossa cara e deixou a Ane falando sozinha.

Adalberto: Tá bom pra você?

Ane: Eu quero matar essa vadia! Vou tacar uma pedra na casa dela.

E quando ela ia tacar uma pedra na janela da casa da Jane, foi abordada por uma cópia da sua "rival" com o Almiríade.

Iane: Ei, vai tacar pedra onde, hein?

Ane: Jane?

Adalberto: Você se teletransportou?

Iane: Não, eu sou Iane, irmã gêmea da Jane.

Ane e Adalberto: A Jane não tem irmã gêmea.

Iane: Tem, sim. Eu fui roubada na maternidade. Uma louca colocou um bebê morto no meu lugar e me levou pro Acre. Lá, eu passei fome, fiz trabalho escravo pra Nike dos três aos nove anos, vi uma irmã de criação ser estuprada, minha mãe assassinada, meu pai se suicidando, fui estuprada, engravidei, perdi, fui estuprada de novo, engravidei de novo, eram gêmeos, perdi um, o outro nasceu sem os membros, foi comido por um pitbull, eu me joguei de uma ponte, não morri, fui a uma cartomante, ela disse que eu tinha família no Rio, eu vim pra cá sem eira nem beira, o avião caiu no mar, só eu não morri, fui nadando até à praia, o Almiríade me viu caída na areia, achou que era a Jane, me levou pro hospital desacordada e, quando eu acordei, eu disse que tinha uma irmã gêmea no Rio e ele me trouxe até a Jane, a gente se apaixonou e, ontem, ele me levou à Praia de Copacabana, onde ele me encontrou caída pra pedir a minha mão em casamento.

Ane: Ah, tá.

Foi tudo o que Ane pôde dizer. Eu me mantive calado. A história da Iane com o Almiríade é coisa de filme. É ela que merece ser a nova cabeleireira do nariz dele.

Iane: Eu tou muito feliz.

Adalberto: Eu imagino.

Ane: Parabéns pra vocês.

Almiríade: Muito obrigado.

Adalberto: Tchau, gente. Que vocês sejam felizes.

E voltamos pra casa calados. Fiquei refletindo sobre as coincidências na vida, que, definitivamente, não devem existir. E a Ane dormiu até chegar em casa.

terça-feira, 25 de março de 2014

Plano infalível livra as primas de prostituição na Crimeia

Eu estava enchendo a caral, na Lapa, depois de uma sexta-feira de tédio infinito no trabalho, quando uns gringos branquelos vieram na minha direção. Eles falavam inglês. E eu, quando bebo, falo todas as línguas. Eu não sabia exatamente o que eles estavam perguntando. Respondi "yes" pra tudo.

No dia seguinte, apareceram cedo na minha casa para me levar para tirar documentação de viagem. No caminho, descobri que eu estava sendo contratado por três meses pra gerenciar as garotas de programa brasileiras, que foram contratadas para atender aos soldados das tropas russas na Crimeia. No começo, fiquei assustado, mas, quando eles me falaram quanto me pagariam, achei que não custava nada pedir licença no meu trabalho inútil pra ir ali na Ucrânia, ups Rússia, ficar rico.

Dois dias antes de viajar, fiz um chope de despedida com as primas. É óbvio que não contei a verdade para elas. Disse que iria fazer um intercâmbio cultural nos Estados Unidos.

Lu: A gente vai morrer de saudade de você, seu cachorro.

Marjorie: É Adal, três meses é muita coisa.

Adalberto: Vai passar rápido. E outra: eu vou voltar com muito dinheiro pra bancar nossos chopes.

Ane: Como assim dinheiro? Você não tá indo lá pra estudar, garoto?

Quase que eu me entrego!

Adalberto: É, eu estou... Mas sei lá, né? Vai que role algum biquinho de garçom em algum restaurante... Eu não vou dispensar.

Sara: Ai, primo, aproveita o tempo vago pra curtir. Vai nos parques Disney, vai conhecer Nova York, roda tudo por lá, Adal.

Lu: Olha, eu fiz a minha listinha.

Ane: Eu também.

Adalberto: Gente, não dá pra trazer tudo o que vocês querem, não! E eu? Também quero bugiganga americana.

Ane: Mas eu não quero bugiganga. Eu quero roupa, maquiagem, perfume, relógio...

Adalberto: Bugiganga americana, ué.

Lu: Ah, garoto, cala a boca!

No dia seguinte, enquanto eu gastava os tubos, comprando roupas de frio para sobreviver na Crimeia, minha primas estava indo pro batizado do filho do Edemesvaldo, o novo peguete da Lu, que mora em Japeri.

Na Avenida Brasil, o carro da Marjorie, que era a motorista do dia, enguiçou perto de um posto, que parecia funcionar precariamente, onde o quarteto foi pedir ajuda. Elas foram confundidas com umas garotas de programa e foram sequestradas.

Acordaram num quarto sujo, com outra brasileiras... na Crimeia!

Marjorie: Como assim eu tou na Crimeira?

Mulher traficada 1: Tá. Você foi traficada, que nem todo mundo que tá aqui.

Mulher traficada 2: E detalhe: vai ter que trabalhar como garota de programa.

Mulher traficada 3: Que nem todo mundo que tá aqui.

Ane: Gente, eu não tou acreditando. Isso é coisa de novela! Socorro! Alguém me tira daqui!

Lu: Eu vou arrombar aquela porta.

E tomei um chute no rosto da Lu, quando ela foi tentar arrombar a porta.

Adalberto: Ai!

Lu: Adalberto! O que você está fazendo aqui?

Adalberto: Eu?

Marjorie: Primo, você tá metido nisso?

Adalberto: Eu?

Ane: Adal, você acha que a gente não ia descobrir?

Adalberto: Oi?

Sara: Você não tem mesmo vergonha na cara, né?

Adalberto: Hã?

Sara: Não, minha vó! Adal, eu sou casada! O Oswaldo vai te matar. E me matar depois. E aí, eu vou matar você lá no céu.

Adalberto: Então, eu vou pro inferno.

Marjorie: Adal, por que você mentiu pra gente?

Adalberto: Eu não queria falar pra vocês que eu estava vindo gerenciar prostitutas brasileiras na Crimeia.

Só aí eu realizei que havia algo de errado.

Adalberto: Ué, o que vocês estão fazendo aqui? Vocês são...

Lu: Claro que não, garoto! Acha que eu tenho cara de prostituta?

Pior que sim.

Adalberto: Claro que não, Lu.

Marjorie: A gente foi sequestrada, primo.

Sara: Tira a gente daqui, por favor!

Ane: Eu preciso encontrar com o Edemesvaldo. Ele deve estar preocupado comigo.

Adalberto: Eu vou dar um jeito.

Fui contar pro comandante, que estava no bar daquele lugar, que chegaram quatro prostitutas, que fizeram bacanal com o Putin na última visita que ele fez ao Brasil. Ele quis encontrar com elas na hora. Mas na sua casa.

Eu conduzi as quatro num carro separado. No caminho, o plano imbatível. Parecia uma daquelas nossas brincadeiras de infância.

Adalberto: Eu tou adorando essa aventura.

Marjorie: Primo, isso é coisa séria, a gente pode morrer, se não der certo.

Eu não tinha pensado nisso.

Quinze minutos depois, elas já estava no avião do comandante se fingindo de retardadas. Eu já tinha avisado ao piloto, que levaríamos umas prostitutas, com uma doença grave e contagiosa de volta pro Brasil.

No caminho, ele recebeu um chamado e descobriu que era tudo mentira. Mas já era tarde. Com um cortador de una cego, o ameacei de morte. E convenci.

No aeroporto, no Brasil, coincidentemente encontramos com o Oswaldo, que voltava de uma viagem a trabalho de Florianópolis. Ele não entendeu nossas caras de aflitos.

Adalberto: A gente foi passar o fim de semana em São Paulo. Foi ótimo o passeio. Aliás, eu não gostei, não. Não gosto de São Paulo. Essas meninas que adoraram. Não foi, primas?

Sara: Foi legal. Mas eu estava morrendo de saudade de você, amor.

Marjorie: Vamos tomar um chope num barzinho pra desestressar.

Oswaldo: Ué, não foi legal o passeio?

Ane: O passeio foi. Mas a viagem de avião foi bem estressante. Muita criança chorando.

No bar, fomos atendidos por um garçom russo. Ouvi a Lu cochichando com a Sara:

Lu: Será que el não é um espião?

Sara: Meu Deus! Gente, eu tou meio cansada, acho que quero ir pra casa.

Marjorie: Por que a gente não compra cerveja naquele posto de gasolina e bebe lá na sua casa?

Sara: Lá em casa tem cerveja. Não precisa passar no posto de gasolina, não. Pelo menos hoje.

Bebi tanto que, no meio da noite, comecei a fingir que falava russo. Foi quando acabou a cerveja, a graça e a diversão.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Ane perde o amor de (quase) carnaval

Faltando dois dias para eu viajar para passar o carnaval na Bahia, a Ane apareceu inconsolável na minha casa. Eu estava arrumando as malas na hora que ela chegou.

Ane: Primo! Você não vai mais para lugar algum!

Adalberto: Como assim? Tá louca? Veveta, Cladinha e Bell já estão lá me esperando. Os abadás foram muito caros.

Ane: Mas eu quero me matar.

Adalberto: Terminou com quem agora, hein?

Ane: Com o Zilclêmin.

Adalberto: Sabia que tinha homem no meio.

Ane: Mas eu achava que ele era o homem da minha vida.

Adalberto: Você sempre acha isso.

Ane: Mas com ele era diferente. Eu achava de verdade.

Adalberto: Tá bom...

Ane: Ele me trocou por uma passista de escola de samba.

Adalberto: Jura?

Ane: Ele adorava ver a menina sambar. E eu nem desconfiava nada. A menina é menor de idade, achei que tinha maldade da parte dele. Nem da parte dela. Mas fui fuzilada pelas costas.

Adalberto: Pelo que me parece, foi pela frente mesmo. E só você não percebia.

Ane: Sei lá. O que eu sei é eu não tenho cara de pisar mais naquela quadra de escola de samba.

Adalberto: Por quê?

Ane: Porque eu tou me sentindo um lixo.

Adalberto: Quando é o próximo ensaio lá?

Ane: Hoje. 

Adalberto: Vamos?

Ane: De jeito nenhum. Sabe, no fundo, no fundo, acho que é melhor assim. Ele não andava com boa gente. Mas eu amava aquele desgraçado!

Adalberto: Anita, não chora. Assim, você parte o meu coração.

Faço de tudo pra acabar com o sofrimento das minhas primas. TUDO mesmo.

Dei um copo de água, cheio de calmante pra Ane, que dormiu logo em seguida, e fui agir.

Cheguei em casa na hora do Jornal Nacional.

Adalberto: Ane, acorda, olha isso.

O jornal transmitia, ao vivo, a Operação Pedófilo do Samba, que, além de prender o Zilclêmin, apreendia todas as fotos de crianças passistas nuas, que ele tinha feito.

Ane: Esse cara é imundo! Que nojo dele!

Adalberto: Podre, né?

Ane: Ainda bem que esse cara não faz mais parte da minha vida. Olha como Deus é bom! Tá me fazendo ver quem ele é.

Deus, né...

Adalberto: A mãe da menina, que ele tá ficando, estava na delegacia, esperando ele chegar. Estava furiosa. Precisava ver...

Ane: Ué, você viu?

Adalberto: Eu? Eu, não. Eu disse que a mãe da menina devia estar lá. Mas sei lá. Se ela tá lá ou não, só Deus sabe.

Amém!

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Árvore de Natal acaba com o programa de sexta

Ontem, saí do trabalho morto e fui direto pra casa da Sara. Ela disse que precisava de mim pra resolver um caso de vida ou morte.

Eu sabia que não devia ser nada de vida ou morte, mas com certeza era uma besteira de relevância para ela.

Sara: Oi, meu primo lindo!

Adalberto: Pede logo, Sara, eu tou com pressa.

Sara: A árvore de Natal.

Adalberto: O que é que tem?

Sara: Me ajuda a desmontar? O Oswaldo tá uma pilha comigo, por causa disso.

Adalberto: E por que ele não desmonta?

Sara: Ah, você sabe como ele é, né? Ele não gosta dessas coisas.

Adalberto: Então somos iguais. Também não gosto dessas coisas.

Sara: Primo, me ajuda, por favor.

Adalberto: Você sabia que o data certa de desmontar uma árvore de Natal é no Dia de Reis?

Sara: Eu sei. Mas eu sempre confundo o Dia de Reis. Nunca sei se é no dia seis ou vinte e seis.

Adalberto: Aí, você leva vinte dias pra tirar essa dúvida e, mesmo assim, não faz nada. É isso mesmo?

Sara: Ai, primo, você sabe como é a minha vida, né?

Adalberto: Sei. Você fica o dia inteiro em casa, fazendo porra nenhuma com de três crianças.

Sara: Você fala porque não tem trigêmeos.

Graças a Deus!

Adalberto: Antes dos trigêmeos você já reclamava de tempo, Sara, não mete essa!

Sara: Primo, eu não vou discutir comigo? Você vai me ajudar a salvar o meu casamento ou não?

Queria muito responder um "não", berrando na cara dela. Mas não consigo. Sou um fraco.

Adalberto: Sim.

Sara: Por isso que eu te amo.

Adalberto: Falsa. Vamos logo, porque amanhã é sexta-feira, e eu tenho uma festa pra ir. Tenho que dormir cedo pra ir trabalhar bem e, ainda, aguentar até as tantas da madruga na festa.

Sonho meu. Saí da casa da Sara às três da madruga. A árvore de Natal dela tinha mais enfeite do comida na dispensa da minha casa. Fora que ela é alta, e eu precisei subir numa escada pra conseguir desmontar.

Minha coluna ficou completamente torta. Fui pra casa morrendo de dor... E resumindo: não aguentei ir trabalhar hoje e, como a dor persiste, não vou à festa mais tarde.

O pior é ligar a TV por assinatura e ver que tá passando um filme de Natal. Será que eles estão de sacanagem comigo?