sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ane, Lu e Marjorie tiram proveito do sofrimento alheio

Recebi as minhas primas na quarta-feira passada aqui em Magé, onde vou ficar por um tempo a trabalho. Estávamos falando alguma merda, quando, de repente, alguém bateu à porta. Era a Aline Gonzalez, minha amiga do trabalho:

Adalberto: Garota, que galo enorme é esse na sua cabeça?

Ela não conseguia falar uma palavra sequer.

Adalberto: Fala alguma coisa! Não me deixa nervoso!

Lu: Adal, não tá vendo que a garota tá em estado de choque?

Marjorie: Manda ela entrar.

Ane: Será que ela quer tomar alguma coisa?

Sara: Vou fazer uma água com açúcar pra ela.

Depois de passado um pouco o estado de choque da Aline e a minha falta de atitude, cumpri à ordem de etiqueta de apresentá-la às minhas primas pra, logo em seguida, conseguir evoluir na minha investigação:

Adalberto: Mas o que é que houve? Quem te bateu?

Aline: Ninguém. Eu estava na academia. Me abaixei pra pegar uma anilha e... Sabe aquele cara fortão, que parece que tem um cabide pendurado nas costas?

Adalberto: Sei, o Cabide.

Aline: Então, foi na hora que ele se abaixou pra pegar um alter. Tomei uma cotovelada dele. Foi sem querer, mas o cara é tão forte, que me deixou com esse galo na cabeça.

Lu: Nossa, ele deve ser muito forte mesmo.

Aline: Lu, o cara é imenso. Dá até medo.

Lu: Adoro.

Marjorie: Mas só por causa de uma cotovelada você ficou assim?

Aline: Não, calma. Eu saí da academia meio tonta, desnorteada e acabei indo pro lado oposto do caminho pra casa.

Sara: Tadinha.

Ane: Deixa ela falar!

Aline: Aí, na sei como, mas fui parar num beco escuro horrendo.

Adalberto: Meu Deus!

Aline: Detalhe: tinha um tarado fedorento lá, tá?

Lu: E aí?

Aline: Ele colocou a mão no meu braço e eu gritei. Nisso, ele tentou me agarrar e eu corri desordenadamente, sem saber pra onde.

Adalberto: Aline, que loucura!

Marjorie: Bizarro.

Sara: E o cara? Fez alguma coisa contigo?

Aline: A minha sorte foi uma locadora na esquina da rua, que estava aberta. O menino que atende lá, um fofo, quebrou uma televisão de LCD na cabeça do tarado.

Lu: Que idiota! Não tinha uma coisa mais barata pra quebrar na cara do ladrão, não?

Adalberto: Lu! Você chamaram a polícia?

Aline: Eu queria chamar, mas o menino da locadora disse que podia ser perigoso pra mim. Adal, eu quero ir embora daqui. Não quero mais ficar nessa cidade.

Adalberto: Amore, fica tranquila. Isso foi só um susto. Aqui, não é tão perigosos assim.

Aline: Quero voltar pro Rio. Sem o Miguel, me sinto desprotegida.

Adalberto: Você vai contar pra ele?

Aline: Vou, claro.

Marjorie: Miguel é o marido dela?

Adalberto: É.

Ane: Mas eles não moram juntos.

Aline: A gente mora, Ane. Mas eu também to ficando aqui em Magé de segunda a sexta, por causa do trabalho. Igual ao Adal.

Lu: Ah, entendi.

Sara: Ah, mas eu não sei se vale a pena você ficar longe do teu marido, não. O Oswaldo não ia permitir, que eu trabalhasse em outra cidade.

Aline: Mas a minha relação com o Miguel é de muita confiança. Ele me dá muito apoio e quer o meu sucesso profissional.

Adalberto: E tem que ser assim.

Aline: Adal, eu vou subir. Brigadão pela força, amigo.

Adalberto: Ai, amore, imagina. Desculpa pela falta de atitude. Mas, quando eu te vi em estadão de choque, eu fiquei em estado de choque também.

Aline: Tadinho. Meninas, vou indo essa, tá? Um prazer conhecer vocês. Brigada pela força também.

Ane, Lu e Marjorie não perderam tempo com formalidades. Foram direto ao ponto de interesse:

Ane, Lu e Marjorie: Onde fica essa academia?

Aline: É a mesma que o Adal malha, aqui na rua, mais pra frente um pouco, do lado do mercado Redeconomia.

Putz... A Aline podia ter sido menos precisa.

Adalberto: Meninas, tem um carro lá embaixo. Acho que é o Oswaldo que chegou pra buscar a Sara. Alguém vai aproveitar o bonde?

Marjorie: Eu vim com o meu carro. Acho que vou ficar, Adal.

Adalberto: É? Mesmo depois desse episódio com a Aline, você vai ficar aqui nessa cidade?

Ane: Ué, você mesmo disse que aqui não é tão perigoso assim. Eu também quero ficar.

Lu: Eu também.

Sara: Eu vou indo, Adal. Adorei sua casinha. Você fica aqui sozinho?

Adalberto: Não. Divido com o Léo, que inclusive trabalha na equipe da Aline.

Lu: E cadê ele?

Adalberto: Tirou uns dias de folga e foi visitar a família em Minas.

Ane: Adoro mineirinho.

Adalberto: Mas ele é casado. E tem filho!

Ane: Ih, garoto, não tô falando nada.

Adalberto: Arrã.

Marjorie: Gente, vamos dormir?

Lu: Partiu.

Sara: Eu vou descendo, então. Tchau, minhas lindas. Tchau, Adal.

Adalberto: Eu te levo lá embaixo.

Quando voltei pra casa e abri a porta, Ane, Lu e Marjorie estava cochichando. Pararam quando me viram, claro. Só no dia seguinte, à noite, quando cheguei em casa do trabalho, fui descobrindo o que aconteceu. Não tinha ninguém em casa. Ok. Já esperava.

Fui pra academia malhar. O Cabide não estava por lá. Caralho! Saí da academia e saí pelo lado oposto, assim como fez a Aline. Realmente, tem um beco escuro e, aparentemente, perigoso. Mas não tinha nenhum tarado. Putz!

Fui até a esquina, pedir informação ao carinha da locadora, mas fui atendido por uma menina. Ela me confirmou que por ali mora um tarado. Eu perguntei se ela não tinha medo de trabalhar ali sozinho, tentando apurar por que o cara fofo que salvou a Aline não estava lá. E acertei o alvo. Ela disse que o irmão mais velho trabalha com ela, mas que não tinha ido trabalhar, por causa de um compromisso. Merda!

Ok. Eu tenho, sim, um pouco de ciúme das minhas primas. Mas, sobretudo, tenho muito carinho e cuidado por elas. Já tinha matado a questão. Não sou burro. Só me faltava saber quem pegou quem. Se bem que eu já consigo imaginar: a Marjorie, que é dá mais valor à gentileza, deve ter ficado com o cara da locadora; a Ane, que dá mais valor a um corpo, ficou com o Cabide; e a Lu, que dá mais valor a uma boa pegada, ficou com o tarado. Mas no fundo, no fundo não quero acreditar que isso seja verdade. E tenho esperança de estar enganado.

Elas não voltaram pra casa. Fiquei preocupadíssimo. À meia-noite, a Sara me ligou.

Adalberto: Amore, eu to desesperado. Nem consigo dormir.

Sara: Calma, Adal. As meninas voltaram pra casa. Disseram que tentaram te ligar, mas não conseguiram. A Marjorie teve que vir às pressas pra uma reunião com um estilista e a Ane e a Lu aproveitaram a carona.

Adalberto: Ah, tá.

Mentira. O meu celular me manda mensagens com todas as chamadas perdidas. Tortuei a Sara Psicologicamente. Ela já é frágil, mas, agora, com pouco mais de quatro meses de gravidez, ficou ainda pior. O que facilitou o meu trabalho:

Sara: Tá bom. E conto. Elas foram atrás dos caras lá da Aline. A Ane ficou com o tal do Cabide, a Lu ficou com o tarado e a Marjorie, com o atendente fofo da locadora.

Viu, só? Até na escolha, elas não me surpreenderam.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Consolo para sogra pirata acaba com o relacionamento da Marjorie

Saí do trabalho, ontem, correndo para levar a Marjorie, que estava bem pertinho da empresa onde trabalho, ao hospital em que a mãe do Solisvaldo, a dona Lequinha, foi internada às pressas.

Adalberto: Calma, amore, ela vai ficar bem.

Marjorie: Adal, eu nem faço questão de que ela sobreviva. Mas queria que ela aguentasse um pouquinho, pelo menos, até me conhecer.

Adalberto: Como assim, Marjorie? Por que isso?

Marjorie: Porque o Solisvaldo disse que só namora as mulheres que a mãe dele aprova.

Adalberto: E você não achou isso ridículo?

Marjorie: Achei. Mas eu estou gamada nesse filha da mãe. Por isso que eu me submeto a essa palhaçada.

Adalberto: E ela sabe que você está indo lá para vê-la?

Marjorie: Sabe. Ele ligou para ela, avisando que ia sair do trabalho tarde e disse que eu ia ficar a noite toda com ela.

Quando chegamos ao hospital, tive que correr para alcançar a Marjorie. Ela tinha pressa em pegar a mãe do Solisvaldo viva. Que horror.

Marjorie: É aqui.

Adalberto: Vai lá que eu te espero aqui fora.

Marjorie: Não. Você vai comigo. Quero impressionar a minha sogra com meu primo inteligente.

Adalberto: Até parece. É mais fácil você chocar a sua sogra com a minha presença.

Marjorie: Cala a boca e vem.

A dona Lequinha estava sentada na maca chorando muito, mas, aparentemente com boa saúde. Nos aproximamos para fazer um primeiro contato.

O barulho do salto da Marjorie, que me irrita profundamente, não chamou a menor atenção da dona Lequinha. Ela parecia muito concentrada.

Marjorie: Olá.

Lequinha: Oi, minha filha.

Marjorie: Eu estava na rua e vim direto para cá. Esse aqui é o meu primo, o Adalberto.

Odeio quando me apresentam para uma pessoa que está passando por um momento difícil. Tenho sempre o ímpeto de perguntar se tá tudo bem.

Adalberto: Oi, tudo bem?

Não falei?

Lequinha: Não, meu filho. Não está nada bem comigo, não.

Marjorie: Mas vai melhorar.

Adalberto: É.

Lequinha: Eu não sei, não. Estou muito descrente. Toda vez que isso acontece eu fico assim. Muito mal. Muito mal mesmo. Acho que dessa vez, eu vou embora, não vai ter jeito.

Marjorie: Ai, não fala assim.

Lequinha: Não tem jeito, não, minha filha.

Adalberto: Tem, sim. É só a senhora acreditar. Pensar positivo vai fazer bem para sua saúde.

Marjorie: Também acho.

Lequinha: Obrigada, meninos. Mas eu também quero ir. Vai ser melhor para mim. Eu estou sofrendo muito.

Marjorie: Não fala assim que eu vou chorar.

Lequinha: Chora, não, minha filha. Eu posso voltar de vez em quando.

Morri de medo. Eu tenho medo de escuro, assombração, vampiro, fantasma, alma penada. Não! Ela não pode voltar! Ou fica ou vai de vez!

Adalberto: Olha só, deixa eu falar uma coisinha para a senhora: eu acho que, no caso da senhora ir, não vai ser legal voltar.

Marjorie: Adal!

Adalberto: Estou falando sério, Jojô. Voltar depois que se foi embora é pior do que ficar aqui nesse estado.

E, com isso, tomei um beliscão da Marjorie no braço.

Adalberto: Ai!

Lequinha: O que foi, meu filho?

Marjorie: Nada. O braço dele esbarrou na minha unha sem querer.

Lequinha: Ah...

Marjorie: Olha, deixa eu falar para a senhora uma coisa, eu sou designer de bolsas. Se a senhora sair desse hospital boa, eu vou encher a senhora de bolsas incríveis da minha fábrica.

Lequinha: É? Legal. É bom que eu vendo.

Nossa, que deselegante.

Marjorie: A senhora pode fazer o que a senhora quiser, se a senhora não gostar das bolsas. Fica a seu critério.

Lequinha: Então, eu vou sair, sim.

Marjorie: Isso! É assim que se fala! Gostei!

Adalberto: Isso que é pensar positivo.

Marjorie: Não é? Olha, eu vou dar uma semana para a senhora ficar boa.

Lequinha: Uma semana? Eu estou ótima, minha filha, vamos.

 E eis que a dona Lequinha levantou da maca, secou as lágrimas e já estava toda cocotinha andando rebolativamente. Não entendi nada.

Adalberto: Nossa, Deus operou um milagre na vida dessa senhora. Deixa eu esfregar o meu braço no seu para ver se eu pego um pouco dessa sua sorte, dona Lequinha.

Lequinha: Dona Lequinha? Quem é Dona Lequinha?

Adalberto: A senhora. A senhora não é a dona Lequinha?

Lequinha: Não, meu nome é Aldemira.

Marjorie: Como assim?

Lequinha: Aldemira, ué. O mesmo nome da minha avó. Foi uma homenagem.

Adalberto: Então, a senhora não está morrendo? E não não ia voltar depois que bater as botas?

Lequinha: Eu?

Marjorie: A senhora está aqui fazendo o que, então? Que palhaçada é essa?

Adalberto: Calma, Jojô. A senhora não é mesmo a mãe do Solisvaldo? Em hipótese alguma?

Lequinha: Eu? Eu, não! Eu lá vou botar nome feio em filho meu? Meus filhos têm nome de americano. Jennifer, Christofer, Magaiver.

Adalberto: Jojô, você deve ter feito confusão com os números dos quartos. Só pode. A dona Lequinha de verdade deve estar em outro quarto.

Marjorie: Não, Adal, o Solisvaldo anotou para mim. O quarto é o 203 mesmo. Eu não estou maluca.

Adalberto: Tem alguma coisa errada, então. A senhora está internada aqui desde quando?

Lequinha: Eu? Garoto, eu não estava internada. Eu trabalho aqui. Aliás, trabalhava, né? Depois da grosseria que a velha safada, que estava internada aqui, fez comigo, eu não quero mais saber disso aqui, não. Vou pedir minhas contas.

Adalberto: Então, a velha safada é a dona Lequinha?

Lequinha: Sei lá qual era o nome daquela maluca. O que eu sei é que eu não tenho culpa do médico ter falado para ela, que ela só estava com uma enxaquecazinha. Acho que a mulher queria ter um câncer, uma doença mais grave. Ficava gritando: não pode ser, não pode ser! Eu, hein.

Adalberto: Que louca. Ela é hipocondríaca.

Marjorie: Que medo.

Lequinha: Eu vim limpar o quarto, porque me mandaram, mas ela mandou eu sair. Aí, eu disse que tinha que fazer a minha faxina e ela tomou a vassoura da minha mão, você acredita. E detalhe: ainda me deu uma vassourada na cabeça. Eu não aguento isso, não.

Adalberto: E a senhora não fez queixa na administração do hospital?

Lequinha: Não, não adianta nada. Eles não estão nem aí pra uma faxineira, não, menino. Você está mais preocupado do que eles.

Marjorie: Bom, me dá licença, então, que eu tenho mais o que fazer. Vamos, Adal.

Lequinha: E as bolsinhas, minha filha. Você ainda vai me dar para vender?

A Marjorie só olhou para a falsa dona Lequinha e saiu. A velha não entendeu nada. Mas isso me disse tudo. Fui atrás dela. Nem pensei em falar para a ex-dona Lequinha fazer um exame de corpo de delito para ter provas contra aquele hospital de bosta, que deixa o paciente bater no funcionário e não faz nada.

Já no carro, tive dúvidas sobre para onde ir.

Adalberto: E agora?

Marjorie: Me leva para um bar, pelo amor de Deus.

Adalberto: Bar?

Marjorie: Eu quero beber. Lá, a gente liga para as meninas encontrarem a gente.

Adalberto: Mas e a dona Lequinha?

Marjorie: Dispenso. Quer pra você?

Adalberto: Não. Vassourada dói muito.

Marjorie: Estou fora dessa velha maluca

Adalberto: Mas tem o Solisvaldo no meio disso tudo. E você mesma disse, que a mãe dele tem que aprovar as namoradas do filho.

Marjorie: Vem cá, queridinho, me responde uma pergunta: quem é Solisvaldo?

Eu A-DO-RO a Marjorie por isso! Confesso que eu desconheci a prima mais prática que eu tenho, quando ela entrou nessa onda de querer conhecer a mãe de um carinha para receber aprovação. A Marjorie não tem o perfil de aceitar esse tipo de situação. Que bom que, no fim de tudo, ela foi coerente e deletou o sentimento pelo Solisvaldo num átimo. E o melhor de tudo: pagou a conta do bar onde nós enchemos a cara.

Mandou muito bem!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Pesquisa sobre o Dia do Astronauta é contagiante e eu não sabia

Hoje cedo, fiz uma pesquisa no Google e vi que a logomarca do portal era comemorativa, com um astronauta. Pensei que fosse o Dia do Astronauta. Mas, não. Referia-se ao 50º aniversário da primeira viagem do homem no espaço. Legal. Mas acabei ficando com a porra do Dia do Astronauta na cabeça. Queria saber se a data existia de fato e quando era celebrada. Eu estava todo atolado de coisa pra fazer e faltavam, no mínimo, umas oito horas pro expediente encerrar. Ou seja, eu tinha acabado de chegar no trabalho. Mas caguei solenemente e fui pesquisar rapidinho sobre o Dia do Astronauta.

E ele existe! No Brasil, é comemorado no dia 9 de abril (foi no domingo!!!), em homenagem à Missão Centenário, realizada pela Agência Espacial Brasileira (AEB) em 2006. Adorei. O Brasil fez como eu: cagou solenemente pro fato do homem ter dado um pulinho no ali, no espaço, há 50 anos e comemora a data, fazendo referência ao nosso atraso espacial. É bizarro, mas eu acho digno. A gente tem que se valorizar mesmo.

O engraçado foi saber que o Dia do Astronauta é só um ano mais velho do que o meu sobrinho, o Diego. E 25 anos mais novo que eu. Me senti um personagem da novela Morde & Assopra, do Walcyr Carrasco. Um dinossauro, claro.

Quando eu ia terminando a minha pesquisa, a Marjorie me ligou:

Marjorie: Primo, vamos no Planetário da Gávea hoje?

Adalberto: Só porque no domingo foi o Dia do Astronauta e hoje é comemorado o 50º aniversário da primeira viagem do homem no espaço?

Marjorie: Hummm, que menino inteligente.

Adalberto: Bonitona, depois do Google, qualquer um pode pagar de inteligente. Acebei de ver aqui na internet.

Marjorie: Ah, eu já sabia. Lembra do Udiney?

Adalberto: E eu vou esquecer daquela vez que a gente foi ao Maracanã com ele e, quando a torcida fazia “uuuhhhh”, pra vaiar o Vasco, a Lu dizia que tinham uns paulistas chamando ele?

Marjorie: A Lu é uma sem noção, né?

Adalberto: Não. A Lu é engraçada. Paulista que é sem noção e abrevia o nome dos outros em uma sílaba só.

Marjorie: Então, garoto, ele faz aniversário hoje. Ele que me disse que o dia doze de abril é comemorado o 50º aniversário da primeira viagem do homem no espaço.

Adalberto: Ah, tá.

Eu Não queria ir ao PLA-NE-TÁ-RI-O! Ainda bem que tinha uma chamada em espera no meu telefone. Nem precisei criar uma desculpa:

Adalberto: Jojô, posso atender uma chamada em espera e já te ligo?

A merda é que era a Lu e, provavelmente, querendo me falar abobrinha:

Lu: Adal, tô tão feliz com o Alianderson.

Adalberto: Legal. Mais alguma coisa?

Lu: Ele é do jeito que eu gosto. Jeito de homem, sabe? Fora que, na cama, ele me deixa nas nuvens.

Adalberto: Sério? Então, empresta ele pra Marjorie. Ela tá querendo ir ao Planetário. Mas por que ir ao Planetário se a gente tem o Alianderson, que te deixa nas nuvens.

Lu: Mas você falou certo: ele ME deixa nas nuvens! Se ela quiser que procure outro. O Ali já tem dona.

Adalberto: Tá bom. Desculpa qualquer coisa.

Lu: Primo, eu fiquei puta com a Ane.

Adalberto: Por quê?

Lu: Ela disse que, pelo que percebeu do Alianderson, ele só quer me comer. Muito sem noção ela de me falar isso, né?

Adalberto: Não. Sem noção é você que ainda não se tocou que Só isso que os homens querem com as mulheres hoje em dia.

Lu: Nada a ver, tá? O Ali é diferente dos outros. Ele me respeita, abre a porta do carro, manda flores. Falou de até que, num dia que eu fizesse hora extra no trabalho contra a minha vontade, ia num cavalo branco e uma espada me salvar das garras da minha chefe, como no filme Uma linda Mulher. Apaixonei. Me senti a Julia Roberts, Adal. Ele é o homem da minha vida, primo. Diz se ele não é incrível, diz.

Não ia dizer uma coisa dessa sobre esse babaca. Agora era a Ane que me perturbava na chamada em espera.

Adalberto: Luluzita, estão me ligando aqui. Vou atender e te retorno em seguida, tá?

Lu: Tá, cachorrinho. Vai lá.

Ufa.

Adalberto: Alô.

Ane: Não diga alô. Diga: eu amo a minha prima Ane e faço tudo por ela.

Adalberto: Eu amo a minha prima Ane e faço tudo por ela.

Ane: Então, vem me fazer companhia aqui em casa. Comprei todos os DVDs da série Jornada nas Estrelas e tô sem companhia.

Adalberto: Caramba, você sabia que hoje é comemorado 50º aniversário da primeira viagem do homem no espaço e no domingo foi o Dia do Astronauta aqui no Brasil?

Ane: Não. Aproveitei a promoção das Lojas Americanas mesmo. E aí? Posso te esperar.

Adalberto: Não. Mas se você pagar a passagem do David, aquele meu amigo americano, ele sai de lá da Flórida, só pra ir aí te fazer companhia. Ele adora Star Trek. Aliás, eu achava que ele era a única pessoa no mundo que gostava de Star Trek.

Ane: Primo, eu AMO Star Trek.

Adalberto: Pois é, eu to surpreso. Não sabia disso. Agora, sei que, no mundo inteiro, existem dois fãs dessa bosta.

Ane: Bosta nada, tá? As histórias do Star Trek mostram as aventuras de humanos e alienígenas que servem a Frota Estelar, que é uma armada pacífica que serve a Federação Unida dos Planetas. Os personagens são essencialmente altruístas, cujos ideais são aplicados nos dilemas apresentados na série...

Caralho, não acredito que a Ane vai me contar a história da série...

Ane: ... Os conflitos apresentados em Star Trek às vezes representam uma alegoria para conflitos contemporâneos. A série original discute questões da década de 1960, assim como seus spin-offs refletem as questões de suas respectivas décadas. Questões refletidas nas séries incluem: guerra e paz, lealdade, autoritarismo, imperialismo, economia, racismo, religião, direitos humanos, sexismo, feminismo e o papel da tecnologia.

Adalberto: Chega!

Ane: Ai, que susto, garoto.

Adalberto: Desculpa. É que eu não suporto Jornada nas Estrelas. O David também já tentou fazer eu gostar disso goela abaixo, mas eu quase surtei nos 30 segundos, em que tentei ver essa porra em 3D. Aquele monte de bicho esquisito na minha frente, em 3D, me deu aflição.

Ane: Ai, garoto, não exagera. Essa série é incrível.

Adalberto: Incrivelmente patética. Ela e quem assiste a ela.

Ane: Seu grosso.

Adalberto: Grosso nada. Realista.

Ane: Você foi realista, assim, com o seu amigo americano?

Adalberto: Claro que não.

Ane: Ah, tá vendo...

Adalberto: Fui mil vezes pior. Falei que ele é um patético, velho, babaca, sem cultura, imbecil, alienado, otário, ridículo, escroto, paspalho... Só porque ele é fã de Star Trek.

Ane: Muito sem noção você, hein...

Adalberto: Eu, não. Sem noção é ele que, com 49 anos, ainda é fã dessa porcaria.

Ane: Você é engraçadinho, hein.

Adalberto: Eu sei disso.

Ane: Mas tem que respeitar o gosto dos outros. Se todo mundo fosse igual, o mundo seria um saco. Sem diferença não existe diversidade. E sem diversidade...

Ah, não! Discurso moralista, não!

Ane: ... não existe evolução.

Olha, se a evolução dependesse o meu respeito por quem gosta de Star Trek, esse mundo estava perdido.

A Sara em ligou no meio da ladainha da Ane e eu agradeci a Deus.

Adalberto: Anita, tenho que atender uma ligação da minha chefia aqui rapidão. Já te ligo, amore. Beijo. Alô.

Sara: Adal, hoje eu faço quatro meses de gravidez e você vai me dar um presente.

Adalberto: Claro, lindona. O que você quer?

Sara: Comer estrela do mar com molho de maracujá.

Ah, não. Essa minha pesquisa sobre o Dia do Astronauta foi uma epidemia. Deixou minhas primas completamente monotemáticas. Que coisa! Tudo, agora, tem que ter a ver com estrela, céu, nuvem, espaço sideral, Star Trek e o escambal a quatro?

Que saudade do Big Brother. Era muito mais interessante e construtivo falar de relacionamento, com base nos conflitos da Maria com o Maumau; de superação, com base no namoro da Maria com o Wesley; de amizade, com base na relação da Maria com o Daniel... Em tese, a gente só falava de Maria. E eu, particularmente, ADORAVA.

Sara: Me salva, Adal?

Adalberto: Amore, eu não tenho a menor condição de satisfazer esse seu desejo.

Sara: Por quê?

Adalberto: Porque eu tô com preguiça. Vou sair daqui do trabalho direto pra casa. Não dormi nada de noite e cheguei aqui cansadaço.

Sara: Mas e os seus afilhados? Você vai deixar eles nascerem com cara de estrela?

Adalberto: Vou. Assim, eles conseguem uma vaga no elenco fixo Star Trek e me tiram dessa vidinha medíocre de jornalista.

Sara: Ai, Adal, você às vezes é tão sem noção.

Dessa vez, eu tive que concordar com uma das minhas primas.

Adalberto: Você tá certa. Desde que eu me formei em Jornalismo, eu me sinto assim... É... Como é que eu posso dizer?

Sara: Perdido no espaço?

Adalberto: Nããããããão!!! No espaço, não!

Pensando bem, eu discordo também discordo da Sara.

Desliguei meu celular, fechei a janela do computador com a pesquisa sobre o Dia do Astronauta e entrei no site do Ego pra ver se achava alguma notícia sobre a Maria, do BBB.

Caguei solenemente pra caralhada de coisa que eu tinha pra fazer no trabalho e Mariei até o fim do expediente. Bem melhor assim.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Lu manda bem no Dia da Mentira repleto de verdades

No último Dia da Mentira, recebi uma ligação atrás da outra das minhas primas. Macaco velho que sou, já estava preparado pras lorotas de 1º de abril:

Adalberto: Fala, Jojô.

Marjorie: Adal, tô com uma dar muito forte na região abdominal. Não consigo nem levantar da cama direito. Você tem como me levar num hospital, antes de ir trabalhar.

Adalberto: Teria... Se hoje eu não tivesse que comprar uma roupa nova pra fazer exame de fezes amanhã.

E desliguei na cara dela. Ah, vai acordar outro!

Meio minuto depois, a Ane me liga, entregando, com isso, que a palhaçada já estava toda combinada entre elas:

Adalberto: Chora, bonitona.

Ane: Primo, você não sabe da maior.

Adalberto: Fala. Mas fala rápido, porque eu estava dormindo.

Ane: Preciso que você me salve. Eu tô aqui numa roubada da porra na casa do Jaimesson.

Adalberto: É? Legal. Relaxa e goza. Beijo, me liga.

Quem tem que rir por último sou EU!

Dois minutos depois, foi a vez da Sara:

Adalberto: Já sei: vai inventar alguma história com os meus afilhadinhos.

Sara: Adal, vem aqui me pegar. Eu tomei um tombo e o Oswaldo tá no trabalho, com o celular desligado.

Adalberto: Claro! Ele deve estar muito ocupado, comendo uma fruta. Aliás, uma mulher fruta.

Muito bom frustrar as expectativas maliciosas dos outros!

E, por fim, atendi a Lu três horas depois, quando eu já estava no trabalho:

Adalberto: Fala, Luluzita. Me conta uma boa.

Lu: Tô grávida.

Adalberto: Ah, é? Você é o Facebook inteiro. Não tinha nada mais criativo pra inventar, não, amore?

Lu: Bobo, é sério.

Adalberto: Então, pensa aí em alguma coisa menos batida e me liga depois, tá? Beijo.

Saí do trabalho direto pra academia. Malhei como nunca e ainda fiz uma hora de esteira. Estava morto. Só queria ir pra casa tomar um banho e dormir. Mas uma surpresinha me esperava. Aliás, três surpresinhas: Ane, Sara e Marjorie.

Adalberto: Vocês?

Marjorie: Pois é. Eu e Sara fizemos questão de vir direto do hospital pra cá, pra te falar que você é um primo de merda.

Adalberto: Jura?

Ane: E eu vim direto da favela braba, em que o Jaimesson mora, onde eu só descobri que ele é casado, graças a chegada inesperada da equipe do Lar Doce Lar, Luciano Huck. Eles pegaram a gente na cama!

Adalberto: Ane, você foi a mais criativa.

Sara: Fiquei muito chateada com você, primo. E quero saber que história é essa do Oswaldo com mulher fruta.

Adalberto: Primeiro de abril, ué. Paguei com a mesma moeda.

Ane: Hoje é 1º de abril?

Caralho. Será que elas não se atentaram pra data. Tensão!

Adalberto: É, ué. Vamos não me ligaram hoje cedo tentando me enganar com aquelas historinhas?

Marjorie: Aquelas historinhas? Eu tive uma infecção alimentar. Quase morri e você chama isso de historinha?

Ane: E eu quase morri naquela favela perigosa. A família da mulher do Jaimesson inteira, querendo me pegar na porrada.

Sara: E eu quase morri e levei os seus afilhados comigo, depois do tombo que tomei lá na cozinha de casa.

Adalberto: Gente, e eu achei que era tudo lorota de 1º de abril. Desculpa.

Ane: Adal, brincadeira tem hora, né? A gente já tá bem grandinho pra isso.

Adalberto: Então, no ano passado, você ainda era uma criança, quando me ligou, dizendo que estava namorando a ex da Lindsay Lohan, a Samantha Ronson?

Marjorie: Adal, no ano passado, eu também te liguei passando trote de 1º de abril. Mas não foi às sete da manhã. Mas pode deixar, que eu nunca mais brinco com você. Vamos, meninas. Tô muito cansada por hoje.

Ane e Sara: Vamos.

E saíram batendo porta e tudo. Caralho. Mandei mal pacas. Pior é que eu não deixei apenas a Sara, a Ane, a Marjorie na mão. Os meus afilhados também foram prejudicados por tabela.

Porra, já ia me esquecendo da Lu. Liguei pra ela, pra dar os parabéns pela gravidez, pra tentar consertar a cagada de mais cedo. Ela estava feliz com essa gravidez? Não lembrava. De quem podia ser esse neném, que ela estava esperando? Só ligando pra saber...

Lu: Olha, não quero nem papo contigo.

Pelo tom de voz, era uma gravidez indesejada. Fui fofo pra amenizar:

Adalberto: Desculpa, meu amor.

Lu: Nunca mais bate o telefone na minha cara.

Adalberto: Jamais voltarei a fazer isso.

Lu: Muito sem educação você.

Adalberto: Desculpa, Luluzita.

Lu: Dessa vez, eu te perdoo.

Adalberto: Que bom, lindona. Eu estava com o coração partido. Agora, me fala uma coisa: quando foi que você soube da gravidez?

Porra, a Lu deu uma risada tão alta, que eu tive que afastar o telefone do ouvido pra não ficar surdo.

Lu: Você caiu no meu 1º de abril, foi?

Adalberto: Ah, sua puta. O seu era 1º de abril mesmo?

Lu: Aaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhh, vou te zoar pro resto da minha vida por isso.

Não sei se esse assunto vai continuar engraçado pro resto da minha vida. Mas, do fim de semana retrasado até o que passou, ele ainda era a pauta na mesa do bar onde eu fui tomar um chopinho com a Ane, a Sara e a Marjorie, que a essa altura já estavam de bem comigo, e, claro, a maldita da Lu.

Não vejo a hora da gravação do Lar Doce Lar , com a Ane fazendo o papel da amante traída, ir ao ar pra eu parar de ser zoado.