quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Programa furado com o Tchutchucão de merda

Outro dia, estava tomando um chope com uns colegas do trabalho. Era o bota-fora do nosso chefe no Pizza Park, na Cobal do Humaitá. Enchi a cara e, quando estava indo embora...

Sara: Adal!

Adalberto: Sarita!

Sara: Posso saber o que o senhor tá fazendo aqui?

Adalberto: Pode. Vim tomar um chope de bota-fora do meu chefe.

Eu já fui logo sentando à mesa. Achei muito estranho a minha prima, que mora no Méier, estar tomando chope com um homem, que eu nunca tinha visto na minha vida, no Espírito do Chope. Ainda mais a Sara que é toda submissa ao Oswaldo. Cuidei de apurar essa história sem perder tempo.

Adalberto: E você? Tá fazendo o que aqui, senhora Antunes?!

Chamei-a pelo sobrenome do Oswaldo de propósito. E ela entendeu a mensagem:

Sara: Esse aqui é o Oscar. Aquele amigo de infância do Oswaldo lá de Bangu.

Adalberto: Ah...

Sara: Era ele que estava morando na Austrália há seis anos. Agora, voltou pro Brasil e tá morando aqui pertinho.

Adalberto: Ah...

Sara: Vim apresentá-lo para a Ane.

Adalberto: Ah...

Nesse terceiro a último "Ah..." emitido por mim, acabava de rachar a minha cara por inteiro. Tratei de me passar por desligado.

Adalberto: Eu sou tão avoado, que nem tinha visto que você estava acompanhada...

A cara de desdém do Oscar foi a prova de que o meu comentário não convenceu.

Adalberto: Tudo bem? Prazer, Adalberto.

Oscar: Oscar.

Sara: Ele estava falando do filhinho dele, desde a hora que a gente chegou. Tô encantada.

Eu adoro criança, juro!, mas tenho um medo, que não consigo descrever em palavras, de pais que não conseguem falar de outra coisa, que não seja os seus filhos. Tentei fugir de assunto.

Adalberto: Mas e a Ane?

Sara: Então, eu cheguei a encontrar com ela, mas ele teve uma emergência no trabalho e não pôde vir.

Adalberto: Hummm...

Sara: Aí, eu vim, mesmo assim, pra não deixar furo com o Oscar.

Adalberto: Hummm...

Sara: E o Oswaldo vai vir me pegar, depois que sair do trabalho.

Adalberto: Hummm...

Sara: Aliás, já era pra ele estar aqui.

Outro "Hummm..." daria margem a duplo sentido e a Sara iria se corroer de ciúme. Inventei qualquer coisa.

Adalberto: Fica tranquila. Tem uma comitiva internacional das Olimpíadas de 2016, que tá visitando os pontos turísticos da cidade, para checar a segurança durante a noite.

Sara: Hummm...

Com essa resposta da Sara, vi que mandei bem na minha embromation society. Mas, sem ter o que argumentar, o filhinho do Oscar voltou a ser pauta.

Sara: Conta pra ele do seu filhinho falando com você ao telefone.

Oscar: Então, ele é muito inteligente...

Eu dou um doce pra quem disser que tem um filho que é muito burro!

Sara: Ele falou: "papá, cadê vochê?"

Oscar: Não! Foi assim: "papá, papá, onde vochê tá?"

Odeio burro velho que fala imitando neném. Além de eu ter ficado extremamente irritado comigo, por não pensar num assunto, que me salvasse daquilo, tive que fazer um esforço sobrenatural pra não rir da cara do Oscar. Quanto a Sara, ela já não me surpreendia mais com nada, não me irritava, tampouco me fazia sentir vontade de rir.

Adalberto: Ele mora com você?

Oscar: Não. Mora com a mãe lá na Austrália.

Sara: Vai fazer dois aninhos em julho, primo.

Adalberto: Ah, legal...

Sara: Ele sobe na cama e o Oscar finge que tá dormindo...

Oscar: Ah, é! Aí, ele fala assim: "papá, papá, acóida, papá".

Traduzindo: "papai, papai, acorda, papai".

Oscar: Aí, eu não abro o olho. E ele fala "papá moleu?"

Que quer dizer: "papai morreu?".

Sara: Aí, ele abre o olho do Oscar com a mão...

Oscar: Deixa eu contar! Aí, ele abre o meu olho com a mãozinha dele, e eu não aguento e começo a rir. Aí, ele fala "papá tá bibo".

Do portugês: "papai tá vivo".

Sara: Muito esperto ele.

Adalberto: Como é o nome dele?

Oscar: Oscar Júnior.

Adalberto: Ah, legal... Em casa, vocês chamam ele de Júnior?

Oscar: Juninho.

Adalberto: Ah, legal...

Sara: Quando ele entra no carro do Oscar, ele mexe na marcha, no volante...

Oscar: Aciona a seta, o limpador de vidro, liga o rádio...

Sara: Acende o farol...

Oscar: Aciona a luz de alerta, liga o GPS...

Parecia que eu ia dar um prêmio de um milhão pra quem desse mais respostas ao quizz "O que o Juninho faz, ao entrar no carro do Oscar?". Resolvi entregar os pontos:

Adalberto: Ele é muito inteligente!

Oscar: Muito, Adalberto! Se você visse ele dançando a música do Tchutchucão comigo, você não ia acreditar!

Ah, mas não ia mesmo! Um homem daquele tamanho, dançando a música do Tchutchucão com o filhinho de um ano... Fora que essa música já tá datada. É do primeiro "Xuxa só para baixinhos". A Xuxa já lançou a décima edição desse projeto em Blue Ray.

Sara: A ex-mulher dele mandou uns vídeos do Juninho. Antes de você chegar, eu estava combinando de ir à casa do Oscar com o Oswaldo no domingo pra ver. Vamos, primo?

Nem cremado! Mas, claro, eu saí pela tangente:

Adalberto: Ah, que pena, não vai dar. Eu vou ministrar um workshop lá no trabalho, na segunda, e um colega que vai participar da apresentação comigo, vai lá em casa no domingo cedo pra gente montar o trabalho. E isso não tem hora pra acabar.

Oscar: Não tem problema. Ela vai com o Oswaldo lá em casa no domingo e eu marco outro dia com você. Pode deixar que eu não vou enjoar de ver o vídeo do meu filhão!

Adalberto: Ah, tá...

O telefone da Sara tocou. Pedi a Deus pra que fosse o Oswaldo, dizendo que estava todo xexelento e cansado, e que, por isso, não queria sair do carro.

Sara: Era o Oswaldo. Ele disse que tá todo xexelento e cansado, e que não quer sair do carro. Falou que é para a gente encontrar com ele lá fora, Oscar.

Ufa!

Oscar: Tudo bem. Eu também tenho que acordar cedo amanhã. Não ia poder ficar muito tempo aqui. Já era pra eu estar dormindo a essa hora.

Por que ele não falou isso antes?

Sara: Esqueci de falar que você estava aqui, primo. Quer ir lá com a gente?

Adalberto: Não. Eu também tô com pressa, também tenho que acordar cedo amanhã, também não posso ficar mais um segundo aqui e também já deveria estar dormindo a essa hora.

Sara: Nossa, tá tarde mesmo. Vou matar o Oswaldo se ele não me der uma boa explicação pelo horário!

Não por isso. Mas por ele ser amigo desse Tchutchucão de merda.

Que sorte a Ane teve em não poder ir a esse encontro!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O carinha do hipotálamo pequeno

Numa dessas segundas-feiras da vida, em que gente rica promove evento (parece que é só pra sacanear quem pega cedo pacas no trabalho, como eu), fui a um lançamento de coleção de bolsas no Fashion Mall, numa das lojas pra qual a Marjorie trabalha. Já dentro da loja:

Marjorie: Ai, primo, desculpa por essa bolsa?

Adalberto: Eu, não! Quem tem que ter vergonha por essa coisa estranha é você.

Marjorie: Ai, que horror, Adal!

Adalberto: Eu não ia falar nada, mas já que você reconheceu...

Marjorie: Essa alça não é fruto da minha imaginação.

Adalberto: É... Eu imaginei que, uma combinação dessas, tá muito aquém da sua criatividade.

Marjorie: Né? Quem sabe, daqui a uns vinte anos, isso não dê certo...

Adalberto: Eu arrisco uns cem anos pra isso dar certo!

Marjorie: Mas pra você ver... Só essa que ficou sem noção, né? Olha as outras como ficaram legais. Olha aquela ali. Ih, não olha, não. Vem pra cá. Corre!

Adalberto: O que foi?

Marjorie: O carinha do hipotálamo pequeno.

Adalberto: Ã?

Marjorie: Ah, ele só pode ser gay, primo.

Adalberto: Mas por que é que você sabe que ele tem o hipotálamo pequeno?

Marjorie: Você não viu a matéria do Fantástico, falando sobre isso?

Adalberto: Não.

Marjorie: Do tal do Le Vay, que descobriu que o hipotálamo dos homens heterossexuais é maior do que o dos homossexuais.

Adalberto: Tá bom, mas por que você tá com medo desse cara?

Marjorie: Porque ele é louco. Me levou prum motel, me apontou uma arma na cabeça e mandou eu cagar.

Adalberto: Ã?

Marjorie: Juro por Deus!

Adalberto: E por causa disso você acha que ele tem o hipotálamo pequeno?

Marjorie: Você não acha?

Adalberto: Eu acho que ele não tem vergonha na cara. Você cagou?

Marjorie: Lógico! Dá uma olhada. Vê se ele ainda tá lá.

Adalberto: Estava. Agora, ele tá vindo pra cá.

Marjorie fingiu que desmaiou e aquilo me pegou de surpresa, porque eu acreditei. E o pior: pedi ajuda pro carinha do hipotálamo pequeno. Eu e ele carregamos minha prima até o estacionamento do shopping e lá, ela gastou todo o couro da bolsa dela na cabeça do pobre coitado. Uma mulher qualquer jamais destruiria a sua bolsa por um homem que não vale a pena. Ela só deve ter feito isso, porque é designer de bolsas e tem uma fábrica. Certamente! Depois que o cara caiu desmaiado no chão (assim como toda bolsa de mulher, a da Marjorie estava com um carregamento pesado), pegamos o carro e fomos pra minha casa. Ainda no carro:

Adalberto: Claro que eu achei que você tinha desmaiado de fato, senão eu jamais pediria ajuda pro cara que você estava fugindo!

Marjorie: Ai, primo, você mandou supermal com isso.

Adalberto: Pelo menos, você teve a oportunidade de se vingar do carinha do hipotálamo pequeno.

Marjorie: É, me vinguei duplamente.

Adalberto: Como assim duplamente?

Marjorie: Não é só o hipotálamo dele que é pequeno...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Bate na madeira, pé de pato, mangalô três vezes!

Fui a trabalho para Ribeirão Pires. Minha prima Ane foi quem me levou ao aeroporto do Galeão. Desembarquei em Congonhas e lá, um motorista da empresa já estava me esperando. Mas enquanto eu ainda estava com a minha prima:

Ane: Só você mesmo pra me fazer sair do Humaitá, às 6h, vir pro Recreio e te levar pra Ilha do Governador!

Adalberto: Não sabia que você tinha saído de casa atrasada. Quando eu te liguei, às cinco e meia, você me disse estava passando em frente ao Rio Sul.

Ane ficou vermelha de vergonha.

Adalberto: Viu como a gente pega neguinho na mentira?

Ane: Ai, Adal...

Adalberto: Ai, Adal, não. E se eu perder o voo?

Ane: Não vai, não.

Adalbertto: Também acho que não. A Linha Amarela parece que tá conspirando ao meu favor...

Ane: Primo, mas que viagem é essa, hein?!

Adalberto: É... Ribeirão Pires.

Ane: Eu nunca ouvi falar sobre esse lugar!

Adalberto: Então, você não viu o Jornal Nacional ontem.

Ane: Não. Fui jantar com um executivo de uma empresa lá de Curitiba, que alugou uns carros lá da empresa.

Adalberto: E aí?

Ane: Não! Ele tem 65 anos.

Adalberto: Mas eu não tô perguntando se você pegou o cara. Só queria saber como foi.

Ane: Chato, né? Ele ficou falando da mulher dele a noite toda.

Adalberto: É o amor!

Ane: É... Que inveja da mulher desse homem!

Adalberto: Um dia você vai arrumar o seu, Ninica. Fica tranquila.

Ane: Vamo falar Ribeirão Pires, que vai render mais...

Adalberto: Então, eu vou pra lá, num projeto da empresa, mas não sei quanto tempo vou ficar.

Ane: Quer saco isso!

Adalberto: Mas eu volto pro Rio nos fins de semana.

Ane: Menos mal.

Adalberto: É...

Ane: Mas me conta por que Ribeirão Pires já virou notíciado Jornal Nacional! É porque você tá indo pra lá?

Adalberto: Não. É porque o prefeito de lá decretou estado de calamidade pública na cidade.

Ane: Jura?

Adalberto: Juro.

Ane: Mas por quê?

Adalberto: Por causa das chuvas.

Ane: Tá levando a sua prancha de surf?

Adalberto: Não, mas tô levando uma quantidade considerável de boias infláveis.

Ane: Não, falando sério... Que bizarro isso, hein!

Adalberto: Eu nunca tinha ouvido falar nessa cidade, até um dia antes de eu ter que viajar pra lá. E olha que notícia legal!

Ane: Estado de calamidade pública!

Ane riu do seu próprio comentário e o pior: da minha desgraça.

Adalberto: Não ri, não, tá? Quero ver como você vai fazer pra viver sem mim?

Ane: Bate na madeira, pé de pato, mangalô três vezes!

Adalberto: Vou entoar esse mantra sempre que chover lá Ribeirão Pires. Quando alguém falar: "Olha a chuva!"...

Ane: Bate na madeira, pé de pato, mangalô três vezes!

Adalberto: Isso aí!

Ane: Ai, que pena que chegamos!

Adalberto: É... Queria que essa viagem levasse, pelo menos, um eternidade.

Ane: Tadinho!

Adalberto: Mesmo que, pra isso, eu tivesse que ouvir sobre todos seus relacionamentos falidos.

Agora, eu dei o troco e ri do comentário que fiz e o melhor: da desgraça da minha prima.

Ane: Bobo!

Depois de quase ter que fazer cursinho intensivo pra tirar as malas do carro da Ane, fui dar um beijo de despedida na minha prima.

Adalberto: Tchau, amore. Brigado, tá? Eu nem vou perder o meu voo.

Ane: Que pena... Chegando lá, toma um banho de sal grosso, de canjica e de pipoca, coloca um galhgo de arruda atrás da orelha e entoa a porra do mantra!

Adalberto: Bate na madeira, pé de pato, mangalô três vezes! Sua filha da puta, eu te amo!

Ane riu por último e riu melhor. De lá, ela foi à praia, porque estava de folga, porque estava sol no Rio de Janeiro e porque, provavelmente, ela precisava ter alguma coisa pra me falar que eu invejasse muito, quando me passou um rádio à noite. Eu estava no quarto do hotel que a empresa me hospedou, assitindo ao BBB e ela, voltando de um chope com as amigas no Jobi. Ela, definitivamente, riu melhor.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Blusinha tomara-que-caia rosa bebê com saia jeans ou calça de stretch verde musgo com bata laranjinha?

Fui passar a tarde de um sábado chuvoso na casa da Lu, em Del Castilho. Vimos um filme do Telecine Pipoca, comemos pipoca e falamos de carnaval, Bahia, trio elétrico e... pipoca! Depois que o filme acabou:

Adalberto: Gostei.

Lu: Eu detestei!

Adalberto: Mas você chorou e tudo!

Lu: Eu acho que o Andrew tinha que acompanhar Janeth na viagem. Ele não disse que amava ela?

Adalberto: Disse. Mas ele tinha outras propostas pra vida dele.

Lu: Então, não mexesse com o coração da pobre coitada.

A campainha tocou (ainda bem!):

Adalberto: Ó, deve ser a Marjorie...

Lu: Ai, tem uma casquinha de pipoca me incomodando aqui na minha boca... Entra!

Marjorie: Olá!

Lu: E aí, gostosa?

Adalberto: E aí? Conseguiu, finalmente, sair da fábrica?

Marjorie: Ai, nem fala, Adal... Uma cliente tirou o dia pra encher o meu saco! Eu tive que redesenhar a alça de uma bolsa umas 300 vezes, até encontrar o que ela queria. E detalhe: ela escolheu o modelo mais cafona.

Adalberto: Isso não queima o seu trabalho?

Marjorie: Não. A bolsa não leva o meu nome. Leva o nome da loja dela.

Lu: Eu não sei por que você não cria a sua própria grife.

Marjorie: Porque eu não posso ficar famosa.

Lu: É... Eu não quero nem pensar o dia que desvendarem esse nosso segredo.

Marjorie: Nem eu. Vamo mudar de assunto?

Lu: E o nosso carnaval?

Adalberto: Vocês vão mesmo pra Bahia?

Marjorie: Então, os abadás pro tio da Ivete já foram todos vendidos.

Lu: Não acredito!

Adalberto: Mas agora também ta muito em cima...

Lu: Que merda!

Marjorie: Calma! Nem tudo está perdido. A gente vai ficar na Pipoca.

Adalberto: Mas é legal?

Marjorie: Não sei. Dá o triplo de gente, porque é de graça, mas acho que mesmo assim ta valendo.

Lu: Quanto mais gente melhor, prima! É mais homem!

Marjorie: Não é?

Adalberto: Jojô, acho que você não vai gostar.

Marjorie: Eu também já parei pra pensar nisso, mas Adal, eu nunca consigo tirar férias... Essa é a minha chance.

Lu: Também acho.

Marjorie: Fora que sempre foi um sonho meu ir pro carnaval da Bahia.

Lu: Então, vamo sem pensar em nada!

Adalberto: É! Vai sem medo de ser feliz, Jojô! A Lu eu sei que vai adorar. E a animação dela vai contagiar você.

Marjorie: Gente, vou pegar um pouco d´água e vambora logo, que o coquetel de inauguração da loja da Flavinha vai acabar cedo, e eu quero beber muito champanhe!

Adalberto: Vai trocar logo de roupa, Lu. Eu já to pronto.

Lu: Blusinha tomara-que-caia rosa bebê com saia jeans ou calça de stretch verde musgo com bata laranjinha?

Marjorie engasgou com a própria saliva:

Marjorie: Nenhum dos dois. Olha como eu to vestida, olha o Adal... Eu falei que o traje é esporte fino.

Ane: Essas minhas roupas não passam por esporte fino?

Adalberto: Não, Lu.

Marjorie: Claro que não! Calça de stretch?! Saia jeans?!

Ane: Então, eu não vou, pronto.

Marjorie: Tá bom. Vamos, primo. Eu não quero chegar lá na hora de ir embora.

Adalberto: Não quer passar no shopping e comprar uma roupa rapidinho?

Lu: Não, deixa pra lá... Não quero me estressar...

Marjorie: Eu falei com ela isso há mais de uma semana! Bora, Adal!

Adalberto: Tchau, Luluzinha. Dá beijo.

A Lu me deu o beijo mais sem emoção de 2010. Ainda bem que estávamos no começo do ano.

Adalberto: Cadê a Marjorie?

Lu: Já desceu... Aquela sem educação.

Adalberto: Vou lá, então, priminha. Beijo!

Lu: Tchau.

Mais tarde, na loja da tal Flavinha, quando já havíamos perdido a conta de quantas taças de champanhe tínhamos tomado, a Lu me entra na loja com uma amiga. Detalhe: ela estava vestindo blusinha tomara-que-caia rosa bebê com saia jeans e a amiga, calça de stretch verde musgo com bata laranjinha. Como não estávamos bêbedos o suficiente pra achar que aquilo era uma visão, saímos, à francesa, pela porta dos fundos da loja.

Marjorie: Tomara que ela não pergunte por mim. Nem diga que é minha prima!

Adalberto: É...

Marjorie: Com a Lu, só nos nossos encontros informais mesmo.

Adalberto: Ou na Pipoca do carnaval da Bahia...

A escova marroquina e o peguete judeu

Outro dia, fui à casa da Ane, no Humaitá, porque ela precisava tirar uma dúvida muito séria comigo.

Ane: Primo, tô querendo fazer uma escova marroquina no meu cabelo.

Adalberto: Ah, legal.

Ane: Ai, que bom que você acha legal, porque todo mundo que eu perguntei não entende dessas coisas.

Adalberto: Mas eu também não entendo dessas coisas.

Ane: Então, por que você disse que é legal?

Adalberto: Achei legal a sua iniciativa de querer mudar, dar uma repaginada, como diz a Marjorie.

Ane: Eu tô com medo.

Adalberto: De quê?

Ane: Do meu cabelo cair.

Adalberto: Então, não faz esse negócio. De mais a mais, o seu cabelo já é liso.

Ane: É liso, mas não é escorrido.

Adalberto: Então, faz, ué.

Ane: Mas não é só isso.

Adalberto: É o que, então?

Ane: O Alceu.

Adalberto: Alceu é o carinha que você conheceu lá no forró da Casa Rosa no fim de semana passado?

Ane: Isso. Ele é judeu.

Adalberto: Ah, tá explicado. Além do medo de perder o cabelo com a escova marroquina, você tá com receio de perder o peguete, porque ele é judeu.

Ane: Será que ele ia entrar em guerra comigo, por causa de uma escova árabe?

Adalberto: Olha, prima, eu entendo o teu questionamento, mas ele é tão importante assim?

Ane: Sei lá, eu vejo que ele é diferente dos outros babacas que eu conheci.

Adalberto: Mas você sempre me dizia a mesma coisa desses outros babacas que você conheceu.

Ane: Eu sei... Mas ele é diferente, sabe?

Adalberto: Talvez.

Ane: Então?

Adalberto: Então, o quê?

Ane: O que é que eu faço, primo?

Adalberto: Faz uma escova progressiva, inteligente, definitiva, chocolate, sei lá, qualquer coisa menos marroquina. Não tem escova israelense, não?

Ane: Não. E a Lu só conseguiu desconto no salão que ela trabalha pra eu fazer a marroquina.

Adalberto: Então, faz a marroquina, mas não conta pra ele.

Ane: Como assim não contar pra ele? Primo, eu acho que a base de um relacionamento é o respeito e a confiança.

Adalberto: Relacionamento? Você já tá se vendo casada com o carinha que você conheceu num forró há menos de duas semanas?

Ane: Não. Mas ele pode virar meu namorado um dia e, quem sabe, meu marido. E essa coisa de que conheceu aqui ou ali não tem nada a ver.

Adalberto: Eu sei que não. A minha mãe conheceu o meu pai na fila de um banco e eles estão casados até hoje.

Ane: Eu conto a verdade pro Alceu, então?

Adalberto: Fala que você fez uma escova. E ponto. Omite o resto.

Ane: Sabe de uma coisa, eu acho que eu não fazer escova porra nenhuma. Vou continuar usando o secador mesmo.

Adalberto: Faz isso. Melhor.

Ane: Não vou destruir o meu relacionamento, que tá começando tão bem.

Quinze dias depois, ela descobriu que o cara era casado. Ela ficou arrasada, chorou copiosamente seis dias e seis noite. Só não sei se o motivo de tanto sofrimento foi a perda do peguete ou da escova marroquina.

Eu jamais perguntei.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Confissões bombásticas do aniversário do Adalberto

Eu, Lu, Ane e Marjorie fomos comer um risoto de frutos do mar na casa da Sara, no Méier, e conversar sobre a minha festa de aniversário. Nós fizemos a refeição na sala de estar mesmo, e pegamos a comida direto da panela, na cozinha:

Adalberto: Acho que botei muita comida no meu prato. Olha isso!

Lu: Eu já acho que coloquei pouco. Ou é o meu olho que tá grande demais.

Ane: Também, com essa comida deliciosa...

Marjorie: Tá mesmo, Sarinha, parabéns!

Sara: É? Não tem mistério nenhum...

Adalberto: Mas pra quem não sabe nem ferver água, como eu, um risoto desse é quase o Terceiro Segredo de Fátima.

Ane: Podes crer, Adal.

Lu: E vou lá na cozinha pegar mais um pouquinho.

Sara: Traz um pouquinho de água pra mim.

Lu: Tá.

Sara: Ó, mas mistura a água da geladeira com o do filtro. Água gelada acaba com a minha garganta.

Ane: Mas, Adal, vamos falar da sua festa, garoto. O que foi aquilo?

Marjorie: Nossa, eu adorei, primo. Você estava de parabéns.

Sara: Tava mesmo. Eu não sabia que você era tão louco, primo.

Lu: Ah, eu já sabia! Toma aqui sua água, Sara.

Sara: Brigada.

Lu: Lembra aquela festa junina que você me levou? Eu tomei um susto quando vi você comandando a quadrilha. Mas fiquei orgulhosa também.

Adalberto: Ah, a opinião de vocês não conta.

Marjorie: Por que, não?

Adalberto: Porque vocês são minhas primas, ué.

Marjorie: Para de bobeira. Ó, eu não sabia dessa festa que você levou a Lu. Depois, vocês dizem que ele só me chama pra sair e esquece de vocês. Não gostei disso.

Lu: Ah, ficou com ciúmes?

Marjorie: Claro! Já que eu tô levando fama, eu quero deitar na cama!

Adalberto: Opa! Vamos parar com esse papo, que nós somos primos!

Ane: Então, Adal, fala da festa.

Adalberto: Vocês é que tem que me contar. Eu estava tão autista, dançando sozinho na pista de dança, como um louco, que nem conversei com as pessoas direito. E na hora do show, por mais que eu olhasse pras pessoas, eu não via ninguém de fato, sabe? Estranho...

Sara: Primo, você é uma figura.

Marjorie: Do tipo que se não existe isso, a gente inventaria.

Adalberto: Gente, vamo parar com essa babação e falar da festa?

Sara: Adorei a sua homenagem pra tia Neide. Chorei e tudo.

Marjorie: Ela também chorou. Tão fofa, né?

Lu: Ela adorou.

Adalberto: Que bom. Eu fiz aquilo, porque eu precisava fazer ela se sentir especial num aniversário meu, né? Eu nunca dei um primeiro pedaço de bolo pra ela...

Sara: Nunca, primo?

Ane: Nunca?

Adalberto: Gente, vocês tão malucas ou com amnésia? Não lembram dos meus aniversários?

Marjorie: Sabe que eu também nunca tinha percebido isso...

Lu: Nem eu!

Adalberto: Nossa, teve um ano que eu dei pra namorada de um primo meu, que eu tinha acabado de conhecer; já dei pra moça que tomava conta da vovó; pro tio Ruy, que era chato pra caramba e nunca ia imaginar que um dia alguém ia dar pra ele o primeiro pedaço de bolo...

Ane: Mas porque você nunca deu pra tia Neide?

Adalberto: Não sei. Acho que é falta de criatividade dar o primeiro de bolo pra pai e mãe.

Lu: Eu não acho.

Sara: Eu também, não. Acho que é uma forma de reconhecimento...

Adalberto: Eu sei, mas o problema é justamente esse! Todo mundo pensa assim e faz a mesma coisa! E o pior: todo ano!

Marjorie: Pior que é verdade. Todos os meus amigos sempre dão o primeiro pedaço de bolo pra mãe ou pro pai.

Adalberto: Sabe, a pessoa pode dar o primeiro pedaço de bolo pra mãe. Legal, ok. Mas fazer isso todo ano fica tão cansativo...Não é chato isso?

Sara: Ah, eu acho fofo.

Lu: Eu também. Mas vamo mudar de assunto?

Adalberto: Vamo!

Lu: Então, Você não vai acreditar com quem eu fiquei...

Adalberto: Ai, meu Deus!, com quem?

Lu: Com o Hélcio. O seu amigo do Martins.

Adalberto: Garota, mas ele tem namorada! A Mari!

Lu: E daí? A Marjorie ficou o Dayvid e a Ane ficou com o Janus.

Adalberto: Ã? Jojô, você...

Marjorie: Ah, primo, eu não resito a um bombonzinho.

Ane: E eu adoro um braquelo com cara de CDF.

Adalberto: Meu Deus! Eles são meus amigos há quase quinze anos. A gente estudou junto!

Ane: Então, o Janus era repetente, né? Porque ele é mais velho. De CDF só deve ter a cara mesmo...

Adalberto: Não, ele é marido da Bianca. Ela que é a minha amiga do colégio, e ele se tornou meu amigo, porque casou com ela.

Ane: Ah, tá.

Adalberto: Já o Hélcio e o Dayvid, estudaram comigo, mas é a mesma coisa: as namoradas deles se tornaram minhas amigas também.

Lu: O Hélcio pegou meu telefone.

Marjorie: O Dayvid também pegou o meu.

Ane: E o Janus, o meu.

Adalberto: Gente... E aí?

Marjorie: O Dayvid não ligou.

Lu: Nem o Hélcio.

Ane: Nem o Janus.

Adalberto: Ai, que bom!

Lu: Que bom? Eles só mostraram pra gente que homem é tudo igual.

Adalberto: Eles mostraram pra vocês que eles são casados e só queriam se divertir com vocês.

Sara: Eu não sei como essas meninas conseguem ficar com homem comprometido.

Ane: Porque eles são os melhores!

Marjorie: Na boa, Sarita, segura o teu homem, coloca ele na coleira, porque os casados são os melhores mesmo.

Sara: O Oswaldo que tome cuidado comigo! Uma coisa que eu não perdoo é traição.

Adalberto: Gente, eu tô chocado com vocês. Tá me dando até indigestão...

Lu: Ah, para a palhaçada.

Adalberto: Palhaçada, não! Isso é sério. Com tanto solteiro na festa...

Sara: É verdade. Do Martins mesmo tinham dois: O tal do Soutinho e o Procaci.

Adalberto: Pois é!

Sara: Eles bem que ficaram me olhando, sabia?

Adalberto: Mas eles são solteiros. Tudo bem...

Marjorie: Gente, esse papo tá chato.

Ane: Tá mesmo, vambora?

Lu: Vamo! Já comi, já bebi, agora, vou pra casa!

Adalberto: Eu vou ficar mais um pouquinho pra descansar o almoço.

Depois que Ane, Lu e Marjorie foram embora:

Sara: Mas, primo, você trouxe as fotos da festa?

Adalberto: Ah, Sarita, vamo deixar isso pra outro dia?

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O sonho intrigante de Sara

O telefone da minha casa tocou outro dia:

Adalberto: Alô.

Sara: Primo.

Adalberto: O que foi, Sarita?

Sara: Ai, primo, você não vai acreditar no que aconteceu...

Adalberto: Fala pra mim, meu amor.

Sara: Ai, primo, eu sonhei com o Oswaldo dizendo que nunca me traiu.

Adalberto: E daí? Isso não é bom?

Sara: Não! Não foi você mesmo que me disse que o sonho é o contrário do que acontece na vida real? Que se a gente sonhar que morreu é mais saúde, e sonhar com nascimento é morte?

Adalberto: Eu sei, lindona, mas não dá pra levar tudo ao pé da letra. De mais a mais, se isso fosse uma regra, a Dona Zizi nunca ia morrer.

Sara: Quem é Dona Zizi, Adal?

Adalberto: Aquela minha vizinha doida.

Marjorie: E o que é que ela tem a ver com isso?

Adalberto: Em todos os meus pesadelos, ela era assassinada por um bandido da capa roxa.

Sara: Eu lembro que você me contava isso. Vem daí o seu transtorno obsessivo-compulsivo contra o roxo, né?

Adalberto: Claro.

Sara: E não é que ela morreu...

Adalberto: Viu! Não existe nenhuma teoria concreta sobre o sonho, prima. Tudo o que é falado é balela.

Sara: Ah, agora, eu tô mais tranquila mesmo. Graças à Dona Zizi.

Achei engraçado.

Sara: Não ri, não, que a coisa é séria.

Adalberto: E eu não sei? Esse seu ciúme pelo Oswaldo é bizarro.

Sara: Mas ele também dá motivo, né, primo?

Adalberto: Eu não sei de nada. Em briga de marido e mulher, ninguém deve meter a colher.

Sara: Tá certo. Mas você, no fundo, no fundo, não acha que esse meu sonho quis me revelar o contrário do que tá acontecendo? Que o Oswaldo tá me traindo?

Adalberto: Sara!

Sara: Pode falar, primo, eu não vou contar pro Oswaldo o que você me disser. Só acho que entre nós tem que haver sinceridade, afinal, você é meu primo. Diz pra mim se você tá sabendo de alguma coisa, de alguma sacanagem dele comigo.

Adalberto: Sarita, eu tenho que desligar. Deixei batata fritando na panela, antes de atender o telefone, e, agora, a minha casa tá quase pegando fogo. Beijo.

E bati com o telefone na cara dela.

Sara: Droga! Não serve nem pra fazer batata frita...

Confusão com participação especial de Carla Perez

Num dia como qualquer outro, uma confusão tomou conta do salão de beleza onde Lu trabalha. A princípio, ela não acreditou que a barulheira que ouvira da sala de estética, no segundo andar da unidade, acontecia ali dentro mesmo. Era um tal de “eu vou te matar” de um lado, “eu vou dar na tua cara” do outro e, no meio disso tudo, um monte de impropérios criativos, sempre precedidos pelo pronome feminino sua, como “sua vagaranha”, “sua prostiputa”, “sua ariranha”, “sua arrombanhada”... Arrombanhada? Esse eu, realmente, nunca tinha ouvido falar até então. E nem consigo imaginar qual a palavra que se aglutinou com arrombada. Enfim, acho que a Lu se confundiu, quando me contou a história. Sem problemas.

Curisosa que só, Lu desceu as escadas do salão tão apressadamente que tropeçou num dos degraus e caiu nos braços de ninguém menos (como ela fez questão de me contar) que... Carla Perez, a ex-Loira do Tchan. Pra quem não conhece e nem tem obrigação disso!, loira ela continua sendo, acho que até mais do que quando era dançarina, mas o Tchan – grupo de música baiana do qual ela foi integrante – isso, sim, ficou no passado. Foi extinto. Dizem as más (nesse caso, eu acho péssimas) línguas que o grupo retornou com uma nova formação. Blurgt!

Enfim, ao cair nos braços de Carla, ela serviu como um escudo para a ex-Loira e recebeu uma forte pancada de algo parecido com um frasco de creme de abacate na cabeça. No momento de raiva, acho que o olfato de Lu ficou relegado ao segundo plano, porque até agora, se eu perguntar, ela não lembra da fragrância do bendito creme.

Suely: Sua arrombanhada!

Lu: Ah, você me sujou to-da! Eu vou te matar, sua cafetina!

Carla Perez: Eu te ajudo, amiga!

Suely: Ah, é dois contra um? Ok. Vou chamar as minhas colega tudo lá da Portelinha.

A palavra Portelinha não soou nada bem naquele recinto de madames. A histeria foi ensurdecedora. Um corre-corre que não dava em lugar algum. Lu acredita que Suely seja mulher de algum traficante do morro da Portelinha, porque, segundo ela, Suely não tem classe, não fala o português corretamente e, depois dessa... Eu acho isso puro julgamento de valor com fundamentos rasos. E também acho que Lu não é a melhor das minhas primas pra falar assim de alguém, mas...

Lu: Carla, Carla!

Carla Perez: Oi?

Lu: Vamos lá pra minha sala!

Carla Perez: Como assim, menina, eu quero sair daqui agora...

Mas ouviu a voz de Suely e mais um monte de outras mulheres furiosas.

Suely e amigas: Erez, erez, erez, eu vou matar a Carla Perez! Erez, erez, erez, eu vou matar a Carla Perez!

Carla Perez: Vamos subir!

Lu: Bora!

Na sala depilação:

Carla Perez: Ai, obrigada, me abraça – e chora copiosamente nos braços de Lu.

Lu: Para de chorar! Você é ou não é uma artista?

Carla não conseguiu perceber sentido na pergunta de Lu.

Carla Perez: Qual o seu nome?

Lu: Lu. E o seu?

Carla Perez: Ué, Carla.

Lu: Ah, é Carla mesmo?

Carla Perez: É.

Lu: Sei lá, artista é uma incógnita. A gente nunca sabe...

Carla Perez: Incóg o quê?

Lu: Incógnita, mistério, ah, sei lá...

Carla Perez: Eu não sou mistério nenhum, eu sou uma idiota. Fui negar dar autógrafo pra mulher, só porque tinha acabado de fazer a unha, agora, tô com a unha toda quebrada e to prestes a ser morta.

Lu: Bate na madeira três vezes! Deus é pai, não é padrasto. E tem mais, nós vamos sair vivas daqui e vamos botar essa vadia na cadeia. Que é o que ela merece.

Carla Perez: Será? Tô com medo.

Lu: Ih, Carla, tem alguém subindo aqui. Vem por aqui.

Dois dias depois, ia ao ar o programa da Marleninha Dal. Eu, Marjorie e Ane fomos assiti-lo na casa da Sara.

Carla Perez: Tudo isso por causa de um autógrafo...

Lu: Tudo isso porque quelazinha não sabe se colocar no lugar da celebridade. Celebridade também faz unha e toma cuidado pra não borrar. Celebridade faz cabelo, faz xixi, faz coco...

Marleninha: (risos) Ai, ai, Carlinha, essa sua amiga é muito espirituosa.

Carla Perez ficou sem ter o que falar. Acho eu que ela não teve coragem de dizer que a Lu não era sua amiga, após ter recebido uma grande ajuda dela.

Lu: Ah, palhaçada. Marleninha. Se fosse comigo, essa mulher já estava morta. Atrás das grades é muito pouco pra ela.

Carla Perez: Eu sou contra a violência. Acho que na cadeia ela vai aprender a lição. Queria aproveitar deixar o meu telefone de contato posso?

Na casa da Sara:

Ane: Tava demorando...

Sara: Ela não precisava se expor tanto. Assim, vão acabar descobrindo a nossa...

Marjorie: Cala a boaca!

Sara: O que foi?

Marjorie: Sei lá, fico incucada. Já disse que o nosso segredo não deve ser revelado nem pras nossas sombras.

Adalberto: É, pode parecer loucura, mas eu concordo com a Marjorie, Sarinha.

Ane: Com a priminha favorita ele sempre concorda...

Adalberto: Olha ali, acho que a Suely, a tal que agrediu a ex-Loira do Tchan e a nossa prima, ta falando ao telefone ao vivo...

No programa da Marleninha:

Suely (ao telefone): ...foi por isso que eu dei na cara dela, Marleninha, ela mereceu!

Marleninha: Não, não, Suely. Não é com violência que se resolvem as coisas, não. A Carla, antes de ser artista, é um ser-humano e merece respeito como um ser-humano. Eu to te dando esse espaço no meu programa e exijo que você peça desculpas a ela e a Lu.

Suely (ao telefone): Pra Carla eu posso até pedir, contanto que ela me dê o autógrafo que eu pedi. Agora, pra essazinha aí...

Lu: Essazinha é o teu passado, sua oportunista. Fez esse carnaval todo, só pra aparecer na televisão.

Suely (ao telefone): E você, pelo visto, também tá adorando os seus quinze minutos de fama. Pena que quando você sair daí, eles acabam.

Ao se dar conta de que Suely tocou num ponto em que a deixa frágil, Lu embranqueceu e sai correndo do estúdio.

Lu: Fama? Aaaaaaaaaaaah!

Marleninha: Menina, vem cá!

Suely (ao telefone): Vai, lá, sua quizumbeira!

Carla Perez: Lu, o que aconteceu? Será que ta pegando fogo?

Marleninha: Produção, tira a ligação da Suely do ar.

Carla Perez: Tá pegando Fogo no estúdio! Aaaaaaaaaaaaaaah!

Carla Perez também saiu correndo, apavorada do estúdio do programa de Marleninha Dal, alarmando o local com a notícia de que um incêndio acontecia. A apresentadora, sem ter o que dizer, no meio da correria da equipe de produção, tirou sua camisa e também correu para fora do estúdio com as mãos no peito.

Sara: Meu Deus do céu, não to acreditando nisso...

Ane, impetuosamente, desliga a televisão.

Ane: Vamo pra rua beber, porque ver televisão tá foda.

Marjorie: Adoro!

Adalberto: Partiu!