terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ídolo pop provoca vontade de se matar e ânsia de vômito em Marjorie

Ontem, depois do trabalho, decidi passar na casa da Marjorie. Quem abriu a porta para mim foi o Joenilton, o carinha que estava ficando com ela.

Adalberto: Tudo bem, querido? Minha prima está por aí?

Joenilton: Ela está tentando se matar ali na janela.

O pior foi a maneira blasé que ele me falou isso.

Adalberto: Como assim? Marjorie!

Não sei se foi coincidência ou drama, mas na hora que eu apareci, ela fez que ia se jogar na janela. Consegui segurá-la pelas pernas.

Adalberto: Quer morrer, sua maluca?

Marjorie: Quero, ué.

Fiquei de cara rachada. Quem tenta o suicídio quer, no mínimo, morrer...

Marjorie: Me deixa morrer!

Adalberto: Por quê?

Marjorie: Porque ele terminou comigo.

Fiz um olhar fulminante para o Joenilton, que disse tudo. Ele saiu sem dizer uma única palavra.

Adalberto: Marjorie, você está maluca? Nunca te vi sofrendo por homem nenhum.

Marjorie: Porque, até hoje, só eu que terminei com os meus namorados.

Adalberto: A ordem dos fatores não altera o produto.

Marjorie: Não altera? Quem dá pé na bunda vira ídolo pop. Acabei de descobrir isso.

Adalberto: Ah, que bobagem. Isso ainda vai te acontecer mais umas mil vezes.

Marjorie: Mil. Eu não estou preparada mais para meio pé na bunda. Esse já foi mais do que suficiente.

Adalberto: Então, se mata.

Putz! Falei merda.

Adalberto: Quer dizer, toma um calmante.

Marjorie: Eu odeio tomar remédio.

Adalberto: Então, vamos tomar um chopinho com as meninas?

Marjorie: Adal, eu estou querendo me matar. O Joenilton me largou.

Adalberto: Quem é o Joenilton na na noite? Olha, eu vou te contar uma coisa: ele fala “mortandela” e “mendingo”.

Marjorie: Mentira!

Claro que era mentira. Mas eu sabia que ia acertar o alvo.

Adalberto: Nossa, ele medonho. Sabe naquele dia que a gente foi comer no Deliciante?

Marjorie: Sei.

Adalberto: Foi só você levantar para ir ao banheiro para ele tirar sujeira do ouvido com a unha.

Marjorie: Ai, que nojo!

Adalberto: Detalhe: ele comeu a sujeira. E, depois, te beijou.

Marjorie: Quero vomitar.

Adalberto: Aí, eu te apoio. Vomita mesmo porque é isso que você precisa fazer. Se matar não vai te levar a lugar algum. E se precisar de outro empurrãozinho, eu posso te contar mais uma.

Marjorie: Tem mais?

Adalberto: Ele arrota assoprando com cheiro de estrume.

Foi o suficiente. Ela vomitou. E vomitou com gosto. Não consegui esconder minha felicidade. Parecia que eu estava recebendo homenagem do meu filho no teatro da escolinha, no Dia dos Pais. E olha que eu nem tenho filho... Mas a emoção é a mesma.

Adalberto: E aí, foi tudo?

Marjorie: Acho que sim.

Adalberto: Ainda quer se matar, por causa do seu ídolo pop Joenilton?

Marjorie: Joenilton? Quem é Joenilton?

Adalberto: Não faço a menor ideia. Vamos tomar um chopinho?

Marjorie: Só se for agora.

É assim que se fala!

Ane fica sem roupa e mata a avó como desculpa

Tinha acabado de deixar o meu carro para consertar no sábado, quando a Ane me ligou.

Ane: Adal, vamos ao shopping comigo? Preciso comprar uma roupa chique para um encontro com um ricaço amanhã cedo.

Adalberto: Amore, eu estou sem carro. Acabei de deixar no conserto.

Ane: Vem de ônibus.

Adalberto: Ah, não.

Ane: Nem por um saco de Serenata de Amor?

Adalberto: Em qual shopping eu te encontro?

Ane: No Nova América.

Eu estava no Recreio, mas não vi problema nenhum em encontrar com ela num shopping, em Inhaúma.

Adalberto: Vou demorar um pouco, porque vou de ônibus, mas me espera.

Ane: Eu também vou demorar um pouco, porque estou fazendo a unha.

Adalberto: Beleza, então. Até já.

Fui para o ponto de ônibus e experimentei de uma situação inusitada. Os caras que passavam com as vans, que fazem transporte coletivo berravam olhando, apenas, para mim o trajeto: Rocinha, Rocinha!

Eu não tenho esse tipo de preconceito, mas, com tanta gente no ponto de ônibus, porque será que aquele cara, praticamente, me comia com os olhos quando gritava “Rocinha, Rocinha!”?

Não sei por quê, mas talvez pelo fato da autoestima das pessoas da favela ser tão baixa, me senti um lixo.

Quando cheguei ao shopping, fui direto à Rua do Rio encher a cara e inflar o ego. A Ane chegou cinco minutos depois.

Ane: Cadê você?

Adalberto: Estou aqui na Rua do Rio tomando um chopinho. Vem cá.

Ane: Adal, eu estou com pressa.

Adalberto: Toma só unzinho comigo.

Ane: está bem.

Depois do milésimo chope que eu achei que tinha tomado, resolvi parar por um motivo de força maior.

Adalberto: Ane, eu estou duro para caramba. A gente está em fim de mês já. Não posso mais beber um copo, senão eu vou falir.

Ane: Está maluco? Quando eu bebo, eu fico rica, querido. Rica! Eu sou RICA!

Adalberto: Eu fico pobre. Pobre! Eu sou POBRE!

Ane: Garçom, mais uma torre de chope aqui, por favor.

Adalberto: Ane!

Ane: Cala a boca!

Quando acabamos de tomar a torre, nos demos conta de que faltam trinta minutos para o shopping fechar.

Ane: Adal, vai pagando aí, que eu já volto.

Eu não tive nem tempo de mandá-la à merda. Paguei a conta sozinho e entrei no cheque especial. Eu não tinha dinheiro nem para ir embora para casa.

Eu estava a ponto de pedir uma carona para o cara da van que grita Rocinha, olhando no fundo dos meus olhos, porque a Ane também entrou no cheque especial e não tinha dinheiro para pegar um ônibus. Ela comprou, praticamente, a loja inteira.

Adalberto: Você é maluca!

Ane: Eu não tinha tempo para experimentar as roupas. Comprei tudo no olho.

Adalberto: Tomara que fique tudo uma bosta em você.

E me prometi nunca mais na vida falar isso para alguém.

Todas as roupas ficaram o lixo na Ane. A cada peça que ela experimentava, eu tinha que segurar o riso.

Ane: E agora?

Adalberto: Troca.

Ane: Mas o encontro com o carinha é amanhã cedo.

Adalberto: Passa no shopping antes.

Ane: As lojas só abrem à tarde.

Adalberto: Vai com alguma roupa sua.

Ane: Não tenho nada.

Como é que as mulheres têm a cara de pau de dizer um absurdo desses? A Marjorie, a Lu, a Sara, a minha irmã e a minha mãe também já tiveram a coragem de assumir essa inverdade. Será que isso só acontece na minha família? Só de vestido, a Ane tinha mais de vinte...

Ane: Adal, você nunca vai entender essas coisas. É coisa de mulher.

Adalberto: Ah, tá. O que você vai fazer, então.

Ane: Primeiro,e u vou chorar copiosamente, assim que você for embora, ao som de “All by myself”. Sofrer com “All by my self” é sofrer com dignidade. Depois, vou aproveitar a voz sofrida, por causa do choro, e matar mais uma vez a vovó.

Adalberto: Como assim?

Ane: Ué, vou dizer que a vovó morreu para ver se o cara se sensibiliza comigo e marca o encontro para outro dia. Não posso perder essa bocada, Adal.

Adalberto: Mas pode zoar com a cara da vovó, que não está aqui para se defender, né?

Ane: Depois, eu acendo uma velinha para ela e está tudo certo.

Para desculpas, as mulheres são tão práticas. Bom, pelo menos, as da minha família.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Orgulho ferido desperta o Projeto Susana Vieira que há em Lu

Um telefone com o DDD 22 me ligou ontem às dez da manhã. Eu estava dormindo, não fazia ideia de quem poderia ser e não queria por nada desse mundo atender. Mas desafiei o destino e me prometi que, se o meu celular tocasse mais de cinco vezes, era para eu ver responder. No sexto toque...

Lu: Caraca, garoto, pensei que não fosse atender essa bosta.

Adalberto: Lu, onde você está?

Lu: Em Macaé.

Adalberto: O que você foi fazer aí?

Lu: Eu vim conhecer o um homem casado.

Adalberto: Lu, eu já te falei que homem casado não dá futuro.

Lu: Mas ele vai terminar com a mulher para ficar comigo.

Adalberto: É mentira. Só três por cento faz isso, segundo uma matéria que eu li.

Lu: OK. O Claudinelson faz parte desses três por cento.

Adalberto: Tomara. Esses caras, geralmente, vêm com esses papinhos, até comer a mulher. Depois somem.

Lu: Mas eu falei isso para ele. Que se fosse só para me comer, eu não ia sair da minha casa.

Adalberto: E ele?

Lu: Ele não me comeu até agora.

Adalberto: Pô, legal.

Lu: Legal? Adal, eu estou aqui desde sexta-feira dormindo sozinha em uma enorme e nada.

Adalberto: Lu, eu não te entendo. Você queria que o cara fizesse o quê? Te comesse?

Lu: Lógico. Hoje é domingo, Adal. Ele podia ter me respeitado só na primeira noite.

Adalberto: Mas, assim, você não ia ter certeza das boas intenções do cara com você.

Lu: É. Mas, agora, eu não tenho certeza se ele quer alguma coisa comigo.

Adalberto: Por que não?

Lu: Porque eu já passei na frente dele de babydoll, de calcinha e sutiã, só de calcinha e, ainda há pouco, passei completamente nua. E nada. NA-DA! Você acredita nisso?

Não. Mas eu não tinha coragem de estragar o fim de semana dela.

Adalberto: Acredito.

Lu: Mas eu não. E estou fula da vida com ele. Acho vou terminar.

Adalberto: Mas terminar o quê? Vocês ainda nem começaram a namorar...

Lu: Ah, sei lá, então. Eu quero gritar.

Adalberto: Gritar o quê, Lu? Está maluca?

Lu: Adal, eu quero DAR!

Adalberto: Lu, segura essa periquita! No fim de semana que vem ele, com certeza, vai te comer.

Lu: Tem certeza?

Adalberto: Não.

Lu: Então, você me desculpa, mas eu vou dar o meu jeito. Beijo.

Medo! Tentei ligar para ela de volta e nada.

No fim do dia, estava eu assistindo uma matéria com a Susana Vieira no fantástico, quando bateram insistentemente a minha porta.

Que droga!

Não chegou a surpresa mais inesperada do dia. Mas eu juro que, àquela hora da noite, eu não estava mais esperando por ela.

Adalberto: Lu?

Lu: Preciso de um ombro amigo.

Adalberto: Serve uma perna amiga? Fiz avaliação física na sexta e o instrutor voltou a reclamar da minha escoliose.

Lu: O Claudinelson terminou comigo.

Adalberto: Ele te comeu?

Lu: Não. Ele me pegou transando com um menino quinze anos mais novo do que eu na sauna do hotel.

Adalberto: Lu, você é maluca.

Lu: Adal, eu precisava resolver o meu problema.

Adalberto: E acabou criando outro.

Lu: Pois é.

Adalberto: E agora?

Lu: Ele vai continuar com a mulher.

Adalberto: E você?

Lu: Estou me sentindo um lixo.

Adalberto: Isso se chama orgulho ferido.

Lu: Vamos mudar de assunto?

Adalberto: Vamos. E o menino?

Lu: É uma gracinha.

Adalberto: Ele mora em Macaé?

Lu: Não. Só foi passar o Dia dos Pais com o pai dele. A gente voltou junto no mesmo ônibus.

Adalberto: Vocês estão namorando?

Lu: Estamos.

Adalberto: Então, nem tudo está perdido.

Lu: É. Mas era uma questão de honra dar para o Claudinelson.

Adalberto: Mas fala do menino? Ele é mesmo quinze anos mais novo do que você?

Lu: Sou. E daí?

Adalberto: Você é louca.

Lu: Ai, não quero falar sobre isso, Adal.

Adalberto: Tudo bem.

Ainda estava passando a matéria com a Susana Vieira na televisão, e me ocorreu uma coisa: a Lu não é tão louca, por namorar um menino quinze anos mais novo do que ela. Tem gente pior...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sara é uma mãe relapsa ou Segunda e sexta-feira são dias muito corridos

Hoje, mais cedo, um amigo no trabalho teve a brilhante idéia de me perguntar quando nascem os meus tão falados afilhados. E, assim, me ocorreu que a um mês de parir a Sara ainda não se deu ao luxo de escolher os nomes dos trigêmeos. Eu estava completamente enrolado, mas parei tudo para ligar para ela na mesma hora.

Sara: Oi, meu amor.

Adalberto: Meu amor? Eu desconfio do amor de quem não liga nem para os próprios filhos.

Sara: Como assim, Adal?

Adalberto: Como assim? Como é o nome dos seus filhos, que vão nascer daqui a um mês?

Sara: Ai, primo, ainda não me decidi.

Adalberto: Isso é um absurdo. As pessoas me perguntam pelos bebês. Elas, provavelmente, estão mais interessadas nos seus filhos do que você.

Sara: Adalberto Monteiro Neto, você tirou o dia para me importunar?

Adalberto: O dia, não. Eu estou tirando férias. E vou te atazanar diariamente, até você se decidir. E , se você não se decidir, decido eu. Eu não sou padrinho dessas crianças à toa, sua relapsa!

Sara: Você é padrinho, porque eu escolhi. Se eu quiser, escolho outro. Ainda dá tempo.

Caraca, o pior é que ela tinha razão. Eu estava falando cheio de autoridade, sem o menor medo de perder o direito de batizar umas crianças que sequer nasceram. E que sequer tinham nomes. Mudei de estratégia na MESMA hora. Fiquei MEGA fofo.

Adalberto: Amoreca, eu estou brincando com você.

Sara: Ah, bom. Eu estranhei. Você não é de falar assim comigo...

Adalberto: Eu comprei um livro com milhares de nomes para você.

Maior mentira. Só estava jogando um verde.

Sara: Jura, primo?

Adalberto: Juro.

Sara: Milhares?

Adalberto: Milhares. Legalzão, não é?

Sara: Ai, eu não acho. Isso vai me botar mais confusa.

Putz.

Adalberto: Baby, eu estou meio perturbado hoje. Não são milhares de nomes. São centenas.

Sara: Ah, ta. Então traz para eu ver.

Adalberto: Claro. Agora?

Sara: Pode ser na semana que vem, Adal? Hoje é sexta-feira. E sexta-feira, como você sabe, é um dia muito corrido.

Como assim corrido? É corrido para mim. Eu trabalho e não estou grávido. A Sara não faz nada para agradar a Cristo. Grávida, então... Respirei contei alguns poucos números e...

Adalberto: Está bem, lindona. Na segunda, eu vou aí te entregar.

Sara: Adal, segunda?

Adalberto: É, ué.

Sara: Esqueceu que segunda-feira também é um dia corrido? Que a gente tem que resolver todas as pendências que ficaram de sexta?

Cara, a Sara roubou a minha fala. Sou eu que vivo dizendo para ela que não marco nada para segunda nem sexta, porque são dias muito corridos. E que, na segunda, sempre tem pendências da sexta para resolver. Queria gritar com ela. Pedir meus direitos autorais. Mas tive medo de perder meus afilhadinhos.

Adalberto: É verdade, amore, você tem razão. Vou na terça, então.

Sara: Pode ser na quarta? Na terça, eu tenho hidroginástica.

Caraca!

Adalberto: Beleza, Sarita.

Sara: Beijo, querido.

Desliguei o telefone sem me despedir. Só de raiva.

Eu tenho um problema sério: não consigo me despedir de uma pessoa ao telefone, quando estou irado com ela. Mas tive que enfiar a minha ira com a Sara naquele lugar e me rebaixar em uma nova ligação, que foi feita em menos de um minuto.

Adalberto: Lindona, desculpa, acho que desliguei sem me despedir de você. Você me desculpa?

Sara: Ih, Adal, ta maluco? Eu sei que hoje é sexta-feira e o seu dia deve estar super corrido.

O pior é que ela tinha razão.