sábado, 29 de maio de 2010

Passeio no Fashion Rio com cara de final do UFC

Fui com a Ane ao primeiro dia de uma edição do Fashion Rio. Os desfiles eram da coleção primavera/verão. Pra mim, ver os modelos vestindo aquelas roupas que a gente jamais usaria nas ruas foi um programa antropológico. Eu entendo que o que se mostra ali é mais conceito, mas não deixa de ser engraçado.

Ane: É tão bom poder entrar no stand que a gente quer, no desfile que a gente quer, sentar no lugar que a gente quer...

Adalberto: É mas não fica usando o nome do Fred toda hora, não. O povo já sabe que você é a namorada dele.

Ane: Mas eu não quero que ninguém tenha dúvidas disso. Já tá me irritando esse negócio de todo mundo tratar ele como se fosse uma celebridade.

Adalberto: Ele é o organizador do evento... O que você queria?

Ane: Eu queria que ele me desse um crachá que nem o dele.

Adalberto: Escrito o quê?

Ane: Namorada do Fred Nunes.

Adalberto: Você não existe.

Ane: Vamo comer um cachorro-quente?

Adalberto: Eu não quero. Mas te acompanho.

Ainda bem que eu estava por perto. A Ane ficou passada com o tamanho do cachorro-quente pros quatro reais, que ele é cobrado no Fashion Rio, e já ia arrumando confusão com a vendedora, que não tinha nada a ver com isso.

Adalberto: Ane, ela não sabe quem é Fred Nunes.

Ane: Mas tinha que saber. Eu não pago quatro reais naquilo.

Adalberto: E não come.

Ane: Não sei como essa gente metida não reclama. Rico não sabe comer bem, né? Cahorro-quente tem que ter molho, milho, ervilha, batata palha, passas, alface, tomate, cebola, pimentão, ovo de coderna...

Enquanto a Ane listava os itens de mercado, que, segundo ela deviam constar no cachorro-quente do Fashion Rio, minha cabeça viajava nos estilos loucos que eu via pela minha frente. Tinha um cara com a barba pintada de roxo e salto alto. que engraçado.

Ane: Adal, você tá me ouvindo?

Adalberto: Tô.

Ane: Você não acha que o Fred tinha que vir até aqui pra resolver isso?

Adalberto: Isso o quê?

Ane: Adal, eu tô passando rádio pra ele e nada dele me responder. Eu quero que ele venha pegar um cachorro-quente pra mim de graça, só pra aquela vendedora ver com quem ela se meteu.

Adalberto: Não faz isso, sua louca. Me dá o meu rádio. Você só tá com ele há duas semanas.

Ane: E daí? Ele já disse que eu sou a mulher da vida dele.

Adalberto: Então, deixa ele continuar enganado.

Ane: Olha, eu vou te enforcar com o meu cachecol.

Adalberto: Não tem problema. Eu me defendo com o botox de alguém. É o que mais tem por aqui.

Ane: Disfarça.

Adalberto: O que foi?

Ane: Essa aí, que passou do seu lado, não é a Juliana Paes?

Adalberto: É.

Ane: Essa mulher é tudo. Um exemplo de beleza pra mim. Será que ela vai pro mesmo desfile que a gente?

Adalberto: Não sei. Pode ser. Ela tá aqui...

Ane: Vamo entrar?

Adalberto: Vamo.

Pena que a Juliana Paes só é um exemplo de beleza pra Ane, porque, enquanto ela enfrentou a fila como uma pessoa normal, a Ane usou o nome do Fred pra passar a fernte de um monte de gente. Tivemos alguma dificuldade pra achar os nossos lugares. Ainda bem que eram na primeira fila.

Adalberto: Achei. É aqui.

Ane: Ué, e porque é que aquela gorda roubou o brinde, que estava na minha cadeira?

Adalberto: Deixa ela. Ela faz questão disso.

Ane: Eu também faço. É a prova de que a gente ficou na primeira fila. Só quem senta na primeira fila ganha.

Adalberto: Eu percebi.

Ane: Ô, sua ladra! Me devolve o meu...

Adalberto: Ane, olha ali o Fred.

Ane: Ah, que bom que ele resolveu aparecer. Essa gorda tá ferrada.

Que nada. A gorda acabou entrando no esquecimento. Quando a Ane viu o Fred dando um selinho numa modelo, ela não queria mais saber de nada. Pegou a havaiana personalizada, que era o brinde de outro desfile, e começou a dar chinelada na cara da modelo, que, apesar de magra, tinha mó força. As duas se atracaram no meio da passarela. Resumindo: acabamos não assistindo a desfile algum, o Fred não quer mais ver a Ane nem pintada de ouro e, pelo que soube nos jornais, a Juliana Paes acabou desfilando no lugar da modelo que brigou com a Ane e teve que voltar pra casa pra cuidar do olho roxo.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A minha Grande Família

Eu, Ane, Sara, Lu e Marjorie fomos à casa dos meus pais, em Vargem Grande, buscar as nossas lembranças, que eles compraram na viagem que fizeram pra Fortaleza. Pra nossa surpresa, minha irmã, meu cunhado e meu sobrinho também estavam lá. Eles foram com o mesmo propósito. Fui recebido pelo príncipe da família:

Adalberto: Diego! Dá um beijo no titio.

Diego: Não!

Lu: Então, dá um beijo na tia Lu, que é muito mais bonita do que o seu titio.

E não é que o cachorrinho deu mesmo... Não só na tia Lu, mas também na tia Marjorie, na tia Ane e na tia Sara. Ainda vou escrever um livro sobre a corujice dessas meninas com essa criança. O título? “As tias do Diego Ferraiuolo".

Marjorie: Que cara é essa de bobo alegre?

Adalberto: Nada. Só estava pensando numa coisa.

Lu: Então, não pensa senão vai feder.

Ane: Mila! Prima, que saudade! O Diego tá cada vez mais lindo.

Camila: Viu como eu sei fazer filho?

Lu: O segredo é arrumar um marido gato, né, prima?

Camila: Ah, sua cachorra!

Sara: O Diego é bonito, por causa da mistura dela com o Eduardo.

Marjorie: Concordo. Essa mistura deu liga mesmo, prima.

Ane: Ô, se não deu... Se o Diego não fosse meu sobrinho, eu esperava ele crescer.

Sara: Cadê o Dudu, prima?

Camila: Ah, tá lá dentro jogando PlayStation.

Neide: Vocês não vão falar comigo, não, é, suas vaquinhas?

Ane: Oi, tia Neide, desculpa.

Marjorie: Depois do Diego, todo mundo nessa casa ficou em segundo plano.

Adalberto (pai): Então, suspende a vinda do Diego aqui nessa casa. Não aceito ficar em segundo plano, por causa desse molequinho.

Neide: É ruim, hein. Eu boto você pra fora e deixo ele.

A conversa em torno da nossa corujice ao Diego parecia nunca acabar: “ele tá grande”, “tá esperto”, “tá lindo”, “tá levado”, “tá mandão”, “tá desobediente”, “tá manhoso”... Não importa se o que ele estava era bom ou ruim. Tudo, vindo do Diego, era lindo.

Adalberto: Mãe, pega lá os nossos presentes.

Lu: É, tia. Tô morrendo de curiosidade pra saber o que a senhora trouxe pra mim.

Neide: Gente, não é nada demais, não. São lembrancinhas.

Meu pai ainda não tinha terminado os longos cumprimentos dele.

Camila: Pai, deixa a Ane em paz.

Ane: Deixe o Tio Beto. Eu já venho sem maquiagem pra cá, porque sei que ele vai beijar as minhas bochechas, minha testa, meu nariz, meu queixo...

Marjorie: E para por aí, senão a tia Neide não vai gostar nada disso.

Neide: Tão falando o que aí de mim, hein? É só eu sair que...

Camila: Meu pai, que não para de beijar as meninas.

Neide: Ah, pode beijar. Não ligo, não. Aqui, meu filho, esse é o seu.

Marjorie: Linda essa sunga, Adal. Vai arrasar na praia.

Adalberto: Gostei também.

Lu: Não senti firmeza nesse seu gostei.

Neide: Eu também, não.

Adalberto: Gostei, mãe. Sério. Brigado.

Neide: Agradece ao seu pai também. Foi ele quem pagou.

Adalberto: Depois. Ele tá ali tão empolgado brincando com o Diego...

Ane: Você ganhou o que, Mila?

Camila: Esse brinquinho aqui e esse cordão.

Sara: E já botou, né?

Camila: Pois é. Ficou tão legal com essa roupa...

Lu: Tia, cadê meu presente?

Neide: Calma. Esse aqui é da Léa, esse, da Isa, da Simone, Sandra. Aqui!

Lu: O que é isso, tia?

Neide: Doce de caju cristalizado. Você não adora essas coisas?

Lu: Ah, tia...

Neide: O quê? Não gostou?

Lu: É que eu tô de dieta. Não tô comendo essas coisas.

Sara: Dá pra mim, então, tia. O Oswaldo vai adorar.

Neide: Pode pegar.

Lu: E eu? Vou ficar sem?

Neide: Ué, você não quer... Aqui, Sara, trouxe essa tornozeleira pra você.

Marjorie: Uma gracinha.

Sara: É... Brigada.

Camila: Agora, eu é que não senti firmeza nessa cara, prima.

Sara deu uma risadinha sem graça e parecia que ia confessar alguma coisa mas conteve-se.

Ane: E o meu, tia?

Neide: Tá aqui.

Adalberto: Um arco?

Neide: É. Ele é feito com cartilagem de elefante. Tá todo mundo usando isso lá.

Adalberto: Ih, pela cara não gostou.

Ane: Tia, eu faço escova progressiva. Vai marcar meu cabelo.

Neide: Ah, vocês são muito chatas. Não trago mais nada.

Camila: Tão pior do que eu.

Neide: Pois é... A Camila que é chata, não gosta de nada que eu compro pra ela, não reclamou.

Sara: Eu vou fazer o seguinte: eu fico com o arco da Ane e dou a minha tornozeleira pra ela. O Oswaldo não vai deixar eu usar tornozeleira...

Camila: Por quê?

Sara: Ah, sabe como ele é, né?

Camila: Não, não sei. Por isso que eu tô perguntando.

Lu: Ele deve achar que tornozeleira é coisa de piranha.

Ane: Tudo ele acha que é coisa de piranha.

Camila: Gente, o Oswaldo é muito chato.

Neide: É, que besteira. Se Adalberto diz que eu não posso usar uma coisa, porque é coisa de piranha, eu mando ele procurar outra.

Lu: Não vai deixar de ser piranha, né, tia?

A Lu é a única pessoa no mundo, que fala os maiores desaforos pra minha mãe e ainda consegue deixar o ambiente descontraído. Minha mãe morre de rir com as besteiras que ela fala.

Adalberto: Ane, fica com a tornozeleira da Sara, então.

Ane: Não gosto de tornozeleira, primo.

Marjorie: Então, dá pra mim, porque eu adorei.

Camila: Mas e o seu presente, sua louca?

Marjorie: Ah, é! Cadê tia? A tia Neide já tá fechando a sacola...

Neide: Ah, vocês me deixam maluquinha... Toma.

Marjorie: Isso é o quê?

Neide: Um saião. Você pode usar como saia ou como vestido.

Marjorie: Não gostei, tia.

A sinceridade da Marjorie, às vezes, me faz rir.

Marjorie: Gente, pelo menos, eu tô sendo sincera.

Lu: Passa pra cá, então. Adorei a cor.

Ane: Então, me dá o doce de caju cristalizado, Sara.

Sara: Mas eu ia levar pro Oswaldo.

Ane: E eu vou ficar sem nada?

Neide: Dá pra ela. Depois, eu vejo outra coisa pro Oswaldo.

Adalberto: Mas você gosta desse doce mesmo, Ane?

Ane: Adoro. Eu só não pedi pra mim, porque queria ver o meu presente primeiro.

Adalberto: Então, ficou tudo certo. Ninguém gostou dos seus presentes, mas no final, tudo acabou bem.

Camila: É. Minha mãe acertou os presentes. Só errou as primas.

O Diego veio correndo pro colo da minha mãe. Foi fazer queixa do vovô.

Neide: Eu vou botar o seu avô de castigo, tá? Adalberto, dá o brinquedo pra ele.

Adalberto (pai): Eu tô brincando com ele...

Neide: Eu sei, mas dá o brinquedo pro garoto.

Camila: É pai... Parece criança.

Adalberto: O Diego que é muito cheio de vontade.

O Eduardo resolveu parar de jogar PlayStation veio socializar com a família.

Marjorie: Oi, primo. Pela cara, perdeu no jogo.

Eduardo: É ruim, hein. Tô cansado de ganhar aquilo lá.

Lu: Ah, eu trouxe minha máquina. Vamoo bater uma foto, gente? Hein, tia?

Neide: Só se você revelar e depois me trazer uma cópia.

Lu: Tá bom.

Neide: Não gosto desse negócio de câmera digital, porque ninguém revela mais as fotos.

Ane: Ah, eu adoro, porque a gente pode deletar a foto que ficou feia, piscou...

Adalberto: A minha mãe é da época que a graça era a surpresa de pegar a foto na loja de revelação, e ver qual ficou boa pra entrar no álbum.

Neide: Garoto, tá me chamando de velha?

Camila: Tá.

Adalberto (pai): Eu não sou dessa época, não. Sou garotão.

Lu: Ó, vou botar aqui em cima da mesa. Junta logo, gente. Vai lá, Dudu.

Adalberto: Ih, cunhado não é parente.

Lu: Eu sei que não. Mas a gente finge que é. Tio, deixa um espacinho aí do seu lado pra mim, que eu vou ligar aqui e vou correndo.

Neide: Ih, legal essa máquina.

Adalberto: Mãe, toda máquina tem essa função. Até a sua, de filme, tem.

Neide: É? Agora, só vou bater foto assim...

Lu: Cala a boca, tia.

Camila: Ai, meu pé!

Sara: Não me empurra!

Marjorie: Adal, você tá na minha frente.

Adalberto: Foi mal.

Ane: Gente, ri. A foto vai bater.

E bateu em cheio na minha fotofobia. O flash da máquina da Lu é tão exagerado quanto ela. Fiquei ceguinho.

Ane: Deixa eu ver como ficou a foto.

Lu: Olha aqui.

Pela cara que a Lu fez...

Marjorie: Quem não piscou, saiu falando. Resumindo: ficou uma merda a foto.

Lu: Vamo bater outra?

Camila: Diego, não mexe aí!

Eduardo: Estava demorando a quebrar alguma coisa nessa casa.

Camila: Vai ficar três minutos de castigo!

Ane: Ih, baixou a Supernanny na prima.

Adalberto (pai): Em mim também. Vou botar a tua tia de castigo por sessenta e...

Neide: Opa, opa! Ninguém precisa saber a minha idade.

Adalberto (pai): Então, não deixa mais coisa de quebrar no alcance do garoto, senão, eu conto pra vizinhança inteira essa tua idade.

Neide: Bobo.

Eduardo: Camila, vambora!

Camila: Calma, Eduardo, eu vou varrer a merda que o teu filho fez primeiro.

Lu: Gente, vamo bater outra foto?

Sara: Lu, vamo deixar pra outro dia?

Neide: Ah, eu não quero bater mais foto nenhuma com o teu tio. Ele é muito chato.

Marjorie: Então, a gente bate outro dia. O importante é que, fora da foto, nos somos uma família linda. Vamo, meninas? Vamo, primo?

Linda, linda, linda... eu não sei. Que a gente se gosta muito, isso, sim. Mas, como acontece nas melhores famílias, há controvérsias.

Camila: Porra, Diego! De novo?!

sábado, 15 de maio de 2010

A Grécia não tem nada a ver com isso

Eu estava assistindo ao RJ-TV primeira edição num sábado desses em casa, quando, durante a matéria da Marcha da Maconha, eu avisto a Ane, no meio da multidão, gritando algo parecido com "legalize já, legalize já". Liguei pra ela na hora:

Adalberto: Não é você que é toda anti-drogas?

Ane: Agora não dá pra falar. Eu tô numa manisfestação contra o aumento dos impostos na Grécia.

Adalberto: Mentira. Acabei de te ver no RJ-TV, na Marcha da Maconha.

Ane: Depois, eu te explico.

Três horas depois, a campainha tocou. Era a explicação.

Ane: Oi. Esse aqui é o Moragas. Ele é diretor de cinema.

Nunca tinha o visto mais gordo. Até aí, tudo bem... De médico, técnico de futebol, diretor de cinema e louco, todo mundo tem um pouco.

Adalberto: Tudo bem, Moragas?

Moragas: Belezinha?

Ane: Então, a gente estava fazendo uma cena do próximo filme dele na Marcha da Maconha.

Moragas: É. Foi legal demais. O meu câmera fez uns takes maravilhosos.

Eles pensam que me enganam.

Ane: Tô com uma fome.

Moragas: Também tô morrendo de fome.

Adalberto: Tem um restinho de uma margherita ali na geladeira. Gosto de pizza?

Moragas: Adoro. Pega lá, amor.

Ane: Tá. Quer que esquente?

Moragas: Não precisa.

Ane: Adal, posso pegar essa barra de chocolate também?

Adalberto: Pode.

Ane: E esse iogurte?

Adalberto: Pode.

Ane: O que é que tem nessa forma? Pudim? Posso pegar também?

Adalberto: Pode.

Ane: Ainda tem aquele biscoitinho que a tia Neide fez pra você?

Adalberto: Esse tá no armário, na portinha do canto esquerdo. Pode pegar também.

Moragas: Cara, tá tudo muito bom. Assim, eu vou querer voltar sempre.

Adalberto: Pode voltar.

Contanto que não me venha depois da Marcha da Maconha. Senão, eu vou à falência.

Ane: Adal, a gente trouxe uns filmes iranianos pra ver. Bora?

Adalberto: Pode ser.

Moragas: Coloca lá. Esse teu DVD é diferente do meu.

Adalberto: Deve ser mesmo. esse meu DVD é diferente de todos que existem no planeta.

Moragas: Cara, podes crer. Eu sabia. Pô, aí, tu é o cara, hein.

Ane: O meu primo é o cara mesmo. Ele deve ter ido à Marte comprar esse DVD.

Adalberto: Nada. Em Marte, eu já fui umas dez vezes. Descobri que existia vida em Saturno e trouxe esse de lá.

Moragas: Sério, cara? Pô, vamos fazer um filmes lá?


Adalberto: Vamos, sim. A hora que você quiser, eu falo com uns amigos e a gente fica na casa deles. Figurante é o que não vai faltar.

Moragas: Pô, tá certo, então. Sexta-feira que vem. Pode ser?

Adalberto: Por mi, tudo bem.

Ane: Cara, eu até posso ir, mas tem que ser depois do trabalho.

Moragas: Show, show, show!

Adalberto: Você sai direto do trabalho e vai pra lá, que a gente vai estar arrumando o cenário.

Moragas: Isso mesmo! Cara, tu é muito irado!

Ane: O meu primo é muito irado mesmo!

Adalberto: Que nada. Ó, vou colocar o filme, hein...

Moragas: Demorô!

Ane: Urru!

Cinco minutos depis de toda essa empolgação, eles já estavam dormindo. O filme até que era bonzinho. A trilha sonora era linda. Pena que a sirene de um carro da polícia começou a atrapalhar. Porra, essa merda dessa sirene não vai parar? Coincidentemente a campainha tocou.

Policial 1: Viemos buscar o senhor Thomaz.

Adalberto: Engano. Não tem ninguém com esse nome aqui.

Policial 1: O senhor pode responder por isso.

Adalberto: Isso o quê? Não tô entendendo.

Policial 2: Aquele senhor ali, dormindo na sua sala é quem estamos procurando.

Adalberto: O Moragas?

Policial 1: Isso. Thomaz Moragas.

Adalberto: Ele é diretor de cinema.

Policial 2: Isso é o que ele fala pros trouxas.

Há alguns minutos, eu era o cara... Irado...

Adalberto: Bom, vocês querem um copo d´água?

Policial 2: Não. A gente vai levar ele.

Adalberto: Ah, tá.

O Moragas estava tão arregaçado de cansado, que só foi acordar na cadeia.

Eu e a Ane tivemos que explicar nossa ligação com o louco do Moragas na delegacia. Ainda bem que não pegou nada pra ela. O Moragas foi condenado a vários anos de prisão por associação ao tráfico de drogas. E a Ane foi condenada a nunca mais levar seus peguetes pra minha casa, antes de eu saber se eles têm ficha na Polícia.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Bomba: Lu vira prostituta e vulcão entra em erupção em Madureira

Era 1h da manhã de uma quinta-feira, quando o telefone tocou:

Lu: Porra, que demora pra atender telefone.

Adalberto: Lu, amanhã, eu trabalho cedo.

Lu: Mas ainda são onze horas.

Adalberto: Só se for no Equador.

Lu: A Ane é uma galinha.

Adalberto: É? Novidade...

Lu: Não quer saber o que eu vim fazer aqui em Madureira, não, é?

Adalberto: Agora, não. Depois, você me conta. Beijo.

Lu: Adal, eu tô aqui no Equador, dormindo no chão frio de uma escola.

Perdi o sono na mesma hora. A Lu me dá medo.

Adalberto: Você não estava em Madureira há menos de um minuto.

Lu: Ainda tô. O Equador é uma grande Madureira, né?

Adalberto: Como assim?

Lu: Como assim? Com um vulcão, que entrou em erupção depois de 18 anos.

Adalberto: Lu, você saiu daqui de casa anteontem, dizendo que ia ajudar o Genésio num trabalho a semana inteira.

Lu: Foi. Eu tive que me fingir de prostituta.

Adalberto: Por quê?

Lu: Porque o negócio que ele ia fazer era sobre as prostitutas de Copacabana.

Adalberto: O Genésio faz o quê?

Lu: O nome é parecido com o teu, mas não é Comunicação Social, não.

Adalberto: Assistente social?

Lu: Isso!

Adalberto: Ah, tá. Ele tá aí com você?

Lu: Não. Eu vim com o Gaspar.

Adalberto: Quem é esse?

Lu: É o cara que eu fiz programa.

Adalberto: Mentira.

A Lu deu uma risada e nada mais.

Adalberto: Você é louca.

Lu: Não resisti, primo.

Adalberto: E o Genésio?

Lu: Sei lá desse homem, Adal. A fila andou.

Adalberto: E o vulcão?

Lu: Quero que essa porra se exploda. Não! De novo, não. Não sei de vulcão, Adal. Me tira desse lugar sujo.

Adalberto: Como? O que eu posso fazer?

Lu: Se vira. Me ajuda.

Adalberto: Vou ligar pra Luciana, aquela minha amiga do Pio XI.

Lu: Pra quê?

Adalberto: Ela tem um amigo que mora aí, no Equador. Talvez ele possa te ajudar.

Lu: Ai, faz esse favor, primo. Não vou conseguir dormir nesse chão gelado.

Adalberto: Tá. E cadê o Gaspar?

Lu: O vulcão destruiu a casa dele. Pra não ficar na rua, ele voltou pra ex-mulher.

Adalberto: E deixou você aí sozinha?

Lu: Deixou.

Adalberto: Porra, que safado.

Lu: Homem não presta.

E mulher também, não. A Luciana, minha amiga do Pio XI, fez a ponte entre o Miguel, amigo dela, e a Lu. Só que essa ponte permitiu um acesso sem barreiras entre os dois.
A Lu foi passar um tempo na casa do Miguel, até conseguir sacar o dinheiro da passagem que eu enviei. A casa de câmbio, que fez a remessa, me garantiu que a grana chegaria em até cinco dias. Já faziam 15 e nada de notícias da Lu. Achei estranho. O pior é que ela não me deixou o telefone da casa do Miguel.
Ainda bem. A mulher dele, que também foi megasolidária com a Lu, percebeu que estava fazendo papel de trouxa na situação. Ela descobriu uma amizade além do normal entre a Lu e o Miguel e também entrou em erupção.
Fui entender a história toda aqui, em casa, no almoço de boas-vindas da Lu, organizado pela Ane, que sabia de tudo desde sempre, mas não me contou nada. Galinha!