Fui com a Ane ao primeiro dia de uma edição do Fashion Rio. Os desfiles eram da coleção primavera/verão. Pra mim, ver os modelos vestindo aquelas roupas que a gente jamais usaria nas ruas foi um programa antropológico. Eu entendo que o que se mostra ali é mais conceito, mas não deixa de ser engraçado.
Ane: É tão bom poder entrar no stand que a gente quer, no desfile que a gente quer, sentar no lugar que a gente quer...
Adalberto: É mas não fica usando o nome do Fred toda hora, não. O povo já sabe que você é a namorada dele.
Ane: Mas eu não quero que ninguém tenha dúvidas disso. Já tá me irritando esse negócio de todo mundo tratar ele como se fosse uma celebridade.
Adalberto: Ele é o organizador do evento... O que você queria?
Ane: Eu queria que ele me desse um crachá que nem o dele.
Adalberto: Escrito o quê?
Ane: Namorada do Fred Nunes.
Adalberto: Você não existe.
Ane: Vamo comer um cachorro-quente?
Adalberto: Eu não quero. Mas te acompanho.
Ainda bem que eu estava por perto. A Ane ficou passada com o tamanho do cachorro-quente pros quatro reais, que ele é cobrado no Fashion Rio, e já ia arrumando confusão com a vendedora, que não tinha nada a ver com isso.
Adalberto: Ane, ela não sabe quem é Fred Nunes.
Ane: Mas tinha que saber. Eu não pago quatro reais naquilo.
Adalberto: E não come.
Ane: Não sei como essa gente metida não reclama. Rico não sabe comer bem, né? Cahorro-quente tem que ter molho, milho, ervilha, batata palha, passas, alface, tomate, cebola, pimentão, ovo de coderna...
Enquanto a Ane listava os itens de mercado, que, segundo ela deviam constar no cachorro-quente do Fashion Rio, minha cabeça viajava nos estilos loucos que eu via pela minha frente. Tinha um cara com a barba pintada de roxo e salto alto. que engraçado.
Ane: Adal, você tá me ouvindo?
Adalberto: Tô.
Ane: Você não acha que o Fred tinha que vir até aqui pra resolver isso?
Adalberto: Isso o quê?
Ane: Adal, eu tô passando rádio pra ele e nada dele me responder. Eu quero que ele venha pegar um cachorro-quente pra mim de graça, só pra aquela vendedora ver com quem ela se meteu.
Adalberto: Não faz isso, sua louca. Me dá o meu rádio. Você só tá com ele há duas semanas.
Ane: E daí? Ele já disse que eu sou a mulher da vida dele.
Adalberto: Então, deixa ele continuar enganado.
Ane: Olha, eu vou te enforcar com o meu cachecol.
Adalberto: Não tem problema. Eu me defendo com o botox de alguém. É o que mais tem por aqui.
Ane: Disfarça.
Adalberto: O que foi?
Ane: Essa aí, que passou do seu lado, não é a Juliana Paes?
Adalberto: É.
Ane: Essa mulher é tudo. Um exemplo de beleza pra mim. Será que ela vai pro mesmo desfile que a gente?
Adalberto: Não sei. Pode ser. Ela tá aqui...
Ane: Vamo entrar?
Adalberto: Vamo.
Pena que a Juliana Paes só é um exemplo de beleza pra Ane, porque, enquanto ela enfrentou a fila como uma pessoa normal, a Ane usou o nome do Fred pra passar a fernte de um monte de gente. Tivemos alguma dificuldade pra achar os nossos lugares. Ainda bem que eram na primeira fila.
Adalberto: Achei. É aqui.
Ane: Ué, e porque é que aquela gorda roubou o brinde, que estava na minha cadeira?
Adalberto: Deixa ela. Ela faz questão disso.
Ane: Eu também faço. É a prova de que a gente ficou na primeira fila. Só quem senta na primeira fila ganha.
Adalberto: Eu percebi.
Ane: Ô, sua ladra! Me devolve o meu...
Adalberto: Ane, olha ali o Fred.
Ane: Ah, que bom que ele resolveu aparecer. Essa gorda tá ferrada.
Que nada. A gorda acabou entrando no esquecimento. Quando a Ane viu o Fred dando um selinho numa modelo, ela não queria mais saber de nada. Pegou a havaiana personalizada, que era o brinde de outro desfile, e começou a dar chinelada na cara da modelo, que, apesar de magra, tinha mó força. As duas se atracaram no meio da passarela. Resumindo: acabamos não assistindo a desfile algum, o Fred não quer mais ver a Ane nem pintada de ouro e, pelo que soube nos jornais, a Juliana Paes acabou desfilando no lugar da modelo que brigou com a Ane e teve que voltar pra casa pra cuidar do olho roxo.
sábado, 29 de maio de 2010
segunda-feira, 24 de maio de 2010
A minha Grande Família
Eu, Ane, Sara, Lu e Marjorie fomos à casa dos meus pais, em Vargem Grande, buscar as nossas lembranças, que eles compraram na viagem que fizeram pra Fortaleza. Pra nossa surpresa, minha irmã, meu cunhado e meu sobrinho também estavam lá. Eles foram com o mesmo propósito. Fui recebido pelo príncipe da família:
Adalberto: Diego! Dá um beijo no titio.
Diego: Não!
Lu: Então, dá um beijo na tia Lu, que é muito mais bonita do que o seu titio.
E não é que o cachorrinho deu mesmo... Não só na tia Lu, mas também na tia Marjorie, na tia Ane e na tia Sara. Ainda vou escrever um livro sobre a corujice dessas meninas com essa criança. O título? “As tias do Diego Ferraiuolo".
Marjorie: Que cara é essa de bobo alegre?
Adalberto: Nada. Só estava pensando numa coisa.
Lu: Então, não pensa senão vai feder.
Ane: Mila! Prima, que saudade! O Diego tá cada vez mais lindo.
Camila: Viu como eu sei fazer filho?
Lu: O segredo é arrumar um marido gato, né, prima?
Camila: Ah, sua cachorra!
Sara: O Diego é bonito, por causa da mistura dela com o Eduardo.
Marjorie: Concordo. Essa mistura deu liga mesmo, prima.
Ane: Ô, se não deu... Se o Diego não fosse meu sobrinho, eu esperava ele crescer.
Sara: Cadê o Dudu, prima?
Camila: Ah, tá lá dentro jogando PlayStation.
Neide: Vocês não vão falar comigo, não, é, suas vaquinhas?
Ane: Oi, tia Neide, desculpa.
Marjorie: Depois do Diego, todo mundo nessa casa ficou em segundo plano.
Adalberto (pai): Então, suspende a vinda do Diego aqui nessa casa. Não aceito ficar em segundo plano, por causa desse molequinho.
Neide: É ruim, hein. Eu boto você pra fora e deixo ele.
A conversa em torno da nossa corujice ao Diego parecia nunca acabar: “ele tá grande”, “tá esperto”, “tá lindo”, “tá levado”, “tá mandão”, “tá desobediente”, “tá manhoso”... Não importa se o que ele estava era bom ou ruim. Tudo, vindo do Diego, era lindo.
Adalberto: Mãe, pega lá os nossos presentes.
Lu: É, tia. Tô morrendo de curiosidade pra saber o que a senhora trouxe pra mim.
Neide: Gente, não é nada demais, não. São lembrancinhas.
Meu pai ainda não tinha terminado os longos cumprimentos dele.
Camila: Pai, deixa a Ane em paz.
Ane: Deixe o Tio Beto. Eu já venho sem maquiagem pra cá, porque sei que ele vai beijar as minhas bochechas, minha testa, meu nariz, meu queixo...
Marjorie: E para por aí, senão a tia Neide não vai gostar nada disso.
Neide: Tão falando o que aí de mim, hein? É só eu sair que...
Camila: Meu pai, que não para de beijar as meninas.
Neide: Ah, pode beijar. Não ligo, não. Aqui, meu filho, esse é o seu.
Marjorie: Linda essa sunga, Adal. Vai arrasar na praia.
Adalberto: Gostei também.
Lu: Não senti firmeza nesse seu gostei.
Neide: Eu também, não.
Adalberto: Gostei, mãe. Sério. Brigado.
Neide: Agradece ao seu pai também. Foi ele quem pagou.
Adalberto: Depois. Ele tá ali tão empolgado brincando com o Diego...
Ane: Você ganhou o que, Mila?
Camila: Esse brinquinho aqui e esse cordão.
Sara: E já botou, né?
Camila: Pois é. Ficou tão legal com essa roupa...
Lu: Tia, cadê meu presente?
Neide: Calma. Esse aqui é da Léa, esse, da Isa, da Simone, Sandra. Aqui!
Lu: O que é isso, tia?
Neide: Doce de caju cristalizado. Você não adora essas coisas?
Lu: Ah, tia...
Neide: O quê? Não gostou?
Lu: É que eu tô de dieta. Não tô comendo essas coisas.
Sara: Dá pra mim, então, tia. O Oswaldo vai adorar.
Neide: Pode pegar.
Lu: E eu? Vou ficar sem?
Neide: Ué, você não quer... Aqui, Sara, trouxe essa tornozeleira pra você.
Marjorie: Uma gracinha.
Sara: É... Brigada.
Camila: Agora, eu é que não senti firmeza nessa cara, prima.
Sara deu uma risadinha sem graça e parecia que ia confessar alguma coisa mas conteve-se.
Ane: E o meu, tia?
Neide: Tá aqui.
Adalberto: Um arco?
Neide: É. Ele é feito com cartilagem de elefante. Tá todo mundo usando isso lá.
Adalberto: Ih, pela cara não gostou.
Ane: Tia, eu faço escova progressiva. Vai marcar meu cabelo.
Neide: Ah, vocês são muito chatas. Não trago mais nada.
Camila: Tão pior do que eu.
Neide: Pois é... A Camila que é chata, não gosta de nada que eu compro pra ela, não reclamou.
Sara: Eu vou fazer o seguinte: eu fico com o arco da Ane e dou a minha tornozeleira pra ela. O Oswaldo não vai deixar eu usar tornozeleira...
Camila: Por quê?
Sara: Ah, sabe como ele é, né?
Camila: Não, não sei. Por isso que eu tô perguntando.
Lu: Ele deve achar que tornozeleira é coisa de piranha.
Ane: Tudo ele acha que é coisa de piranha.
Camila: Gente, o Oswaldo é muito chato.
Neide: É, que besteira. Se Adalberto diz que eu não posso usar uma coisa, porque é coisa de piranha, eu mando ele procurar outra.
Lu: Não vai deixar de ser piranha, né, tia?
A Lu é a única pessoa no mundo, que fala os maiores desaforos pra minha mãe e ainda consegue deixar o ambiente descontraído. Minha mãe morre de rir com as besteiras que ela fala.
Adalberto: Ane, fica com a tornozeleira da Sara, então.
Ane: Não gosto de tornozeleira, primo.
Marjorie: Então, dá pra mim, porque eu adorei.
Camila: Mas e o seu presente, sua louca?
Marjorie: Ah, é! Cadê tia? A tia Neide já tá fechando a sacola...
Neide: Ah, vocês me deixam maluquinha... Toma.
Marjorie: Isso é o quê?
Neide: Um saião. Você pode usar como saia ou como vestido.
Marjorie: Não gostei, tia.
A sinceridade da Marjorie, às vezes, me faz rir.
Marjorie: Gente, pelo menos, eu tô sendo sincera.
Lu: Passa pra cá, então. Adorei a cor.
Ane: Então, me dá o doce de caju cristalizado, Sara.
Sara: Mas eu ia levar pro Oswaldo.
Ane: E eu vou ficar sem nada?
Neide: Dá pra ela. Depois, eu vejo outra coisa pro Oswaldo.
Adalberto: Mas você gosta desse doce mesmo, Ane?
Ane: Adoro. Eu só não pedi pra mim, porque queria ver o meu presente primeiro.
Adalberto: Então, ficou tudo certo. Ninguém gostou dos seus presentes, mas no final, tudo acabou bem.
Camila: É. Minha mãe acertou os presentes. Só errou as primas.
O Diego veio correndo pro colo da minha mãe. Foi fazer queixa do vovô.
Neide: Eu vou botar o seu avô de castigo, tá? Adalberto, dá o brinquedo pra ele.
Adalberto (pai): Eu tô brincando com ele...
Neide: Eu sei, mas dá o brinquedo pro garoto.
Camila: É pai... Parece criança.
Adalberto: O Diego que é muito cheio de vontade.
O Eduardo resolveu parar de jogar PlayStation veio socializar com a família.
Marjorie: Oi, primo. Pela cara, perdeu no jogo.
Eduardo: É ruim, hein. Tô cansado de ganhar aquilo lá.
Lu: Ah, eu trouxe minha máquina. Vamoo bater uma foto, gente? Hein, tia?
Neide: Só se você revelar e depois me trazer uma cópia.
Lu: Tá bom.
Neide: Não gosto desse negócio de câmera digital, porque ninguém revela mais as fotos.
Ane: Ah, eu adoro, porque a gente pode deletar a foto que ficou feia, piscou...
Adalberto: A minha mãe é da época que a graça era a surpresa de pegar a foto na loja de revelação, e ver qual ficou boa pra entrar no álbum.
Neide: Garoto, tá me chamando de velha?
Camila: Tá.
Adalberto (pai): Eu não sou dessa época, não. Sou garotão.
Lu: Ó, vou botar aqui em cima da mesa. Junta logo, gente. Vai lá, Dudu.
Adalberto: Ih, cunhado não é parente.
Lu: Eu sei que não. Mas a gente finge que é. Tio, deixa um espacinho aí do seu lado pra mim, que eu vou ligar aqui e vou correndo.
Neide: Ih, legal essa máquina.
Adalberto: Mãe, toda máquina tem essa função. Até a sua, de filme, tem.
Neide: É? Agora, só vou bater foto assim...
Lu: Cala a boca, tia.
Camila: Ai, meu pé!
Sara: Não me empurra!
Marjorie: Adal, você tá na minha frente.
Adalberto: Foi mal.
Ane: Gente, ri. A foto vai bater.
E bateu em cheio na minha fotofobia. O flash da máquina da Lu é tão exagerado quanto ela. Fiquei ceguinho.
Ane: Deixa eu ver como ficou a foto.
Lu: Olha aqui.
Pela cara que a Lu fez...
Marjorie: Quem não piscou, saiu falando. Resumindo: ficou uma merda a foto.
Lu: Vamo bater outra?
Camila: Diego, não mexe aí!
Eduardo: Estava demorando a quebrar alguma coisa nessa casa.
Camila: Vai ficar três minutos de castigo!
Ane: Ih, baixou a Supernanny na prima.
Adalberto (pai): Em mim também. Vou botar a tua tia de castigo por sessenta e...
Neide: Opa, opa! Ninguém precisa saber a minha idade.
Adalberto (pai): Então, não deixa mais coisa de quebrar no alcance do garoto, senão, eu conto pra vizinhança inteira essa tua idade.
Neide: Bobo.
Eduardo: Camila, vambora!
Camila: Calma, Eduardo, eu vou varrer a merda que o teu filho fez primeiro.
Lu: Gente, vamo bater outra foto?
Sara: Lu, vamo deixar pra outro dia?
Neide: Ah, eu não quero bater mais foto nenhuma com o teu tio. Ele é muito chato.
Marjorie: Então, a gente bate outro dia. O importante é que, fora da foto, nos somos uma família linda. Vamo, meninas? Vamo, primo?
Linda, linda, linda... eu não sei. Que a gente se gosta muito, isso, sim. Mas, como acontece nas melhores famílias, há controvérsias.
Camila: Porra, Diego! De novo?!
Adalberto: Diego! Dá um beijo no titio.
Diego: Não!
Lu: Então, dá um beijo na tia Lu, que é muito mais bonita do que o seu titio.
E não é que o cachorrinho deu mesmo... Não só na tia Lu, mas também na tia Marjorie, na tia Ane e na tia Sara. Ainda vou escrever um livro sobre a corujice dessas meninas com essa criança. O título? “As tias do Diego Ferraiuolo".
Marjorie: Que cara é essa de bobo alegre?
Adalberto: Nada. Só estava pensando numa coisa.
Lu: Então, não pensa senão vai feder.
Ane: Mila! Prima, que saudade! O Diego tá cada vez mais lindo.
Camila: Viu como eu sei fazer filho?
Lu: O segredo é arrumar um marido gato, né, prima?
Camila: Ah, sua cachorra!
Sara: O Diego é bonito, por causa da mistura dela com o Eduardo.
Marjorie: Concordo. Essa mistura deu liga mesmo, prima.
Ane: Ô, se não deu... Se o Diego não fosse meu sobrinho, eu esperava ele crescer.
Sara: Cadê o Dudu, prima?
Camila: Ah, tá lá dentro jogando PlayStation.
Neide: Vocês não vão falar comigo, não, é, suas vaquinhas?
Ane: Oi, tia Neide, desculpa.
Marjorie: Depois do Diego, todo mundo nessa casa ficou em segundo plano.
Adalberto (pai): Então, suspende a vinda do Diego aqui nessa casa. Não aceito ficar em segundo plano, por causa desse molequinho.
Neide: É ruim, hein. Eu boto você pra fora e deixo ele.
A conversa em torno da nossa corujice ao Diego parecia nunca acabar: “ele tá grande”, “tá esperto”, “tá lindo”, “tá levado”, “tá mandão”, “tá desobediente”, “tá manhoso”... Não importa se o que ele estava era bom ou ruim. Tudo, vindo do Diego, era lindo.
Adalberto: Mãe, pega lá os nossos presentes.
Lu: É, tia. Tô morrendo de curiosidade pra saber o que a senhora trouxe pra mim.
Neide: Gente, não é nada demais, não. São lembrancinhas.
Meu pai ainda não tinha terminado os longos cumprimentos dele.
Camila: Pai, deixa a Ane em paz.
Ane: Deixe o Tio Beto. Eu já venho sem maquiagem pra cá, porque sei que ele vai beijar as minhas bochechas, minha testa, meu nariz, meu queixo...
Marjorie: E para por aí, senão a tia Neide não vai gostar nada disso.
Neide: Tão falando o que aí de mim, hein? É só eu sair que...
Camila: Meu pai, que não para de beijar as meninas.
Neide: Ah, pode beijar. Não ligo, não. Aqui, meu filho, esse é o seu.
Marjorie: Linda essa sunga, Adal. Vai arrasar na praia.
Adalberto: Gostei também.
Lu: Não senti firmeza nesse seu gostei.
Neide: Eu também, não.
Adalberto: Gostei, mãe. Sério. Brigado.
Neide: Agradece ao seu pai também. Foi ele quem pagou.
Adalberto: Depois. Ele tá ali tão empolgado brincando com o Diego...
Ane: Você ganhou o que, Mila?
Camila: Esse brinquinho aqui e esse cordão.
Sara: E já botou, né?
Camila: Pois é. Ficou tão legal com essa roupa...
Lu: Tia, cadê meu presente?
Neide: Calma. Esse aqui é da Léa, esse, da Isa, da Simone, Sandra. Aqui!
Lu: O que é isso, tia?
Neide: Doce de caju cristalizado. Você não adora essas coisas?
Lu: Ah, tia...
Neide: O quê? Não gostou?
Lu: É que eu tô de dieta. Não tô comendo essas coisas.
Sara: Dá pra mim, então, tia. O Oswaldo vai adorar.
Neide: Pode pegar.
Lu: E eu? Vou ficar sem?
Neide: Ué, você não quer... Aqui, Sara, trouxe essa tornozeleira pra você.
Marjorie: Uma gracinha.
Sara: É... Brigada.
Camila: Agora, eu é que não senti firmeza nessa cara, prima.
Sara deu uma risadinha sem graça e parecia que ia confessar alguma coisa mas conteve-se.
Ane: E o meu, tia?
Neide: Tá aqui.
Adalberto: Um arco?
Neide: É. Ele é feito com cartilagem de elefante. Tá todo mundo usando isso lá.
Adalberto: Ih, pela cara não gostou.
Ane: Tia, eu faço escova progressiva. Vai marcar meu cabelo.
Neide: Ah, vocês são muito chatas. Não trago mais nada.
Camila: Tão pior do que eu.
Neide: Pois é... A Camila que é chata, não gosta de nada que eu compro pra ela, não reclamou.
Sara: Eu vou fazer o seguinte: eu fico com o arco da Ane e dou a minha tornozeleira pra ela. O Oswaldo não vai deixar eu usar tornozeleira...
Camila: Por quê?
Sara: Ah, sabe como ele é, né?
Camila: Não, não sei. Por isso que eu tô perguntando.
Lu: Ele deve achar que tornozeleira é coisa de piranha.
Ane: Tudo ele acha que é coisa de piranha.
Camila: Gente, o Oswaldo é muito chato.
Neide: É, que besteira. Se Adalberto diz que eu não posso usar uma coisa, porque é coisa de piranha, eu mando ele procurar outra.
Lu: Não vai deixar de ser piranha, né, tia?
A Lu é a única pessoa no mundo, que fala os maiores desaforos pra minha mãe e ainda consegue deixar o ambiente descontraído. Minha mãe morre de rir com as besteiras que ela fala.
Adalberto: Ane, fica com a tornozeleira da Sara, então.
Ane: Não gosto de tornozeleira, primo.
Marjorie: Então, dá pra mim, porque eu adorei.
Camila: Mas e o seu presente, sua louca?
Marjorie: Ah, é! Cadê tia? A tia Neide já tá fechando a sacola...
Neide: Ah, vocês me deixam maluquinha... Toma.
Marjorie: Isso é o quê?
Neide: Um saião. Você pode usar como saia ou como vestido.
Marjorie: Não gostei, tia.
A sinceridade da Marjorie, às vezes, me faz rir.
Marjorie: Gente, pelo menos, eu tô sendo sincera.
Lu: Passa pra cá, então. Adorei a cor.
Ane: Então, me dá o doce de caju cristalizado, Sara.
Sara: Mas eu ia levar pro Oswaldo.
Ane: E eu vou ficar sem nada?
Neide: Dá pra ela. Depois, eu vejo outra coisa pro Oswaldo.
Adalberto: Mas você gosta desse doce mesmo, Ane?
Ane: Adoro. Eu só não pedi pra mim, porque queria ver o meu presente primeiro.
Adalberto: Então, ficou tudo certo. Ninguém gostou dos seus presentes, mas no final, tudo acabou bem.
Camila: É. Minha mãe acertou os presentes. Só errou as primas.
O Diego veio correndo pro colo da minha mãe. Foi fazer queixa do vovô.
Neide: Eu vou botar o seu avô de castigo, tá? Adalberto, dá o brinquedo pra ele.
Adalberto (pai): Eu tô brincando com ele...
Neide: Eu sei, mas dá o brinquedo pro garoto.
Camila: É pai... Parece criança.
Adalberto: O Diego que é muito cheio de vontade.
O Eduardo resolveu parar de jogar PlayStation veio socializar com a família.
Marjorie: Oi, primo. Pela cara, perdeu no jogo.
Eduardo: É ruim, hein. Tô cansado de ganhar aquilo lá.
Lu: Ah, eu trouxe minha máquina. Vamoo bater uma foto, gente? Hein, tia?
Neide: Só se você revelar e depois me trazer uma cópia.
Lu: Tá bom.
Neide: Não gosto desse negócio de câmera digital, porque ninguém revela mais as fotos.
Ane: Ah, eu adoro, porque a gente pode deletar a foto que ficou feia, piscou...
Adalberto: A minha mãe é da época que a graça era a surpresa de pegar a foto na loja de revelação, e ver qual ficou boa pra entrar no álbum.
Neide: Garoto, tá me chamando de velha?
Camila: Tá.
Adalberto (pai): Eu não sou dessa época, não. Sou garotão.
Lu: Ó, vou botar aqui em cima da mesa. Junta logo, gente. Vai lá, Dudu.
Adalberto: Ih, cunhado não é parente.
Lu: Eu sei que não. Mas a gente finge que é. Tio, deixa um espacinho aí do seu lado pra mim, que eu vou ligar aqui e vou correndo.
Neide: Ih, legal essa máquina.
Adalberto: Mãe, toda máquina tem essa função. Até a sua, de filme, tem.
Neide: É? Agora, só vou bater foto assim...
Lu: Cala a boca, tia.
Camila: Ai, meu pé!
Sara: Não me empurra!
Marjorie: Adal, você tá na minha frente.
Adalberto: Foi mal.
Ane: Gente, ri. A foto vai bater.
E bateu em cheio na minha fotofobia. O flash da máquina da Lu é tão exagerado quanto ela. Fiquei ceguinho.
Ane: Deixa eu ver como ficou a foto.
Lu: Olha aqui.
Pela cara que a Lu fez...
Marjorie: Quem não piscou, saiu falando. Resumindo: ficou uma merda a foto.
Lu: Vamo bater outra?
Camila: Diego, não mexe aí!
Eduardo: Estava demorando a quebrar alguma coisa nessa casa.
Camila: Vai ficar três minutos de castigo!
Ane: Ih, baixou a Supernanny na prima.
Adalberto (pai): Em mim também. Vou botar a tua tia de castigo por sessenta e...
Neide: Opa, opa! Ninguém precisa saber a minha idade.
Adalberto (pai): Então, não deixa mais coisa de quebrar no alcance do garoto, senão, eu conto pra vizinhança inteira essa tua idade.
Neide: Bobo.
Eduardo: Camila, vambora!
Camila: Calma, Eduardo, eu vou varrer a merda que o teu filho fez primeiro.
Lu: Gente, vamo bater outra foto?
Sara: Lu, vamo deixar pra outro dia?
Neide: Ah, eu não quero bater mais foto nenhuma com o teu tio. Ele é muito chato.
Marjorie: Então, a gente bate outro dia. O importante é que, fora da foto, nos somos uma família linda. Vamo, meninas? Vamo, primo?
Linda, linda, linda... eu não sei. Que a gente se gosta muito, isso, sim. Mas, como acontece nas melhores famílias, há controvérsias.
Camila: Porra, Diego! De novo?!
sábado, 15 de maio de 2010
A Grécia não tem nada a ver com isso
Eu estava assistindo ao RJ-TV primeira edição num sábado desses em casa, quando, durante a matéria da Marcha da Maconha, eu avisto a Ane, no meio da multidão, gritando algo parecido com "legalize já, legalize já". Liguei pra ela na hora:
Adalberto: Não é você que é toda anti-drogas?
Ane: Agora não dá pra falar. Eu tô numa manisfestação contra o aumento dos impostos na Grécia.
Adalberto: Mentira. Acabei de te ver no RJ-TV, na Marcha da Maconha.
Ane: Depois, eu te explico.
Três horas depois, a campainha tocou. Era a explicação.
Ane: Oi. Esse aqui é o Moragas. Ele é diretor de cinema.
Nunca tinha o visto mais gordo. Até aí, tudo bem... De médico, técnico de futebol, diretor de cinema e louco, todo mundo tem um pouco.
Adalberto: Tudo bem, Moragas?
Moragas: Belezinha?
Ane: Então, a gente estava fazendo uma cena do próximo filme dele na Marcha da Maconha.
Moragas: É. Foi legal demais. O meu câmera fez uns takes maravilhosos.
Eles pensam que me enganam.
Ane: Tô com uma fome.
Moragas: Também tô morrendo de fome.
Adalberto: Tem um restinho de uma margherita ali na geladeira. Gosto de pizza?
Moragas: Adoro. Pega lá, amor.
Ane: Tá. Quer que esquente?
Moragas: Não precisa.
Ane: Adal, posso pegar essa barra de chocolate também?
Adalberto: Pode.
Ane: E esse iogurte?
Adalberto: Pode.
Ane: O que é que tem nessa forma? Pudim? Posso pegar também?
Adalberto: Pode.
Ane: Ainda tem aquele biscoitinho que a tia Neide fez pra você?
Adalberto: Esse tá no armário, na portinha do canto esquerdo. Pode pegar também.
Moragas: Cara, tá tudo muito bom. Assim, eu vou querer voltar sempre.
Adalberto: Pode voltar.
Contanto que não me venha depois da Marcha da Maconha. Senão, eu vou à falência.
Ane: Adal, a gente trouxe uns filmes iranianos pra ver. Bora?
Adalberto: Pode ser.
Moragas: Coloca lá. Esse teu DVD é diferente do meu.
Adalberto: Deve ser mesmo. esse meu DVD é diferente de todos que existem no planeta.
Moragas: Cara, podes crer. Eu sabia. Pô, aí, tu é o cara, hein.
Ane: O meu primo é o cara mesmo. Ele deve ter ido à Marte comprar esse DVD.
Adalberto: Nada. Em Marte, eu já fui umas dez vezes. Descobri que existia vida em Saturno e trouxe esse de lá.
Moragas: Sério, cara? Pô, vamos fazer um filmes lá?
Adalberto: Vamos, sim. A hora que você quiser, eu falo com uns amigos e a gente fica na casa deles. Figurante é o que não vai faltar.
Moragas: Pô, tá certo, então. Sexta-feira que vem. Pode ser?
Adalberto: Por mi, tudo bem.
Ane: Cara, eu até posso ir, mas tem que ser depois do trabalho.
Moragas: Show, show, show!
Adalberto: Você sai direto do trabalho e vai pra lá, que a gente vai estar arrumando o cenário.
Moragas: Isso mesmo! Cara, tu é muito irado!
Ane: O meu primo é muito irado mesmo!
Adalberto: Que nada. Ó, vou colocar o filme, hein...
Moragas: Demorô!
Ane: Urru!
Cinco minutos depis de toda essa empolgação, eles já estavam dormindo. O filme até que era bonzinho. A trilha sonora era linda. Pena que a sirene de um carro da polícia começou a atrapalhar. Porra, essa merda dessa sirene não vai parar? Coincidentemente a campainha tocou.
Policial 1: Viemos buscar o senhor Thomaz.
Adalberto: Engano. Não tem ninguém com esse nome aqui.
Policial 1: O senhor pode responder por isso.
Adalberto: Isso o quê? Não tô entendendo.
Policial 2: Aquele senhor ali, dormindo na sua sala é quem estamos procurando.
Adalberto: O Moragas?
Policial 1: Isso. Thomaz Moragas.
Adalberto: Ele é diretor de cinema.
Policial 2: Isso é o que ele fala pros trouxas.
Há alguns minutos, eu era o cara... Irado...
Adalberto: Bom, vocês querem um copo d´água?
Policial 2: Não. A gente vai levar ele.
Adalberto: Ah, tá.
O Moragas estava tão arregaçado de cansado, que só foi acordar na cadeia.
Eu e a Ane tivemos que explicar nossa ligação com o louco do Moragas na delegacia. Ainda bem que não pegou nada pra ela. O Moragas foi condenado a vários anos de prisão por associação ao tráfico de drogas. E a Ane foi condenada a nunca mais levar seus peguetes pra minha casa, antes de eu saber se eles têm ficha na Polícia.
Adalberto: Não é você que é toda anti-drogas?
Ane: Agora não dá pra falar. Eu tô numa manisfestação contra o aumento dos impostos na Grécia.
Adalberto: Mentira. Acabei de te ver no RJ-TV, na Marcha da Maconha.
Ane: Depois, eu te explico.
Três horas depois, a campainha tocou. Era a explicação.
Ane: Oi. Esse aqui é o Moragas. Ele é diretor de cinema.
Nunca tinha o visto mais gordo. Até aí, tudo bem... De médico, técnico de futebol, diretor de cinema e louco, todo mundo tem um pouco.
Adalberto: Tudo bem, Moragas?
Moragas: Belezinha?
Ane: Então, a gente estava fazendo uma cena do próximo filme dele na Marcha da Maconha.
Moragas: É. Foi legal demais. O meu câmera fez uns takes maravilhosos.
Eles pensam que me enganam.
Ane: Tô com uma fome.
Moragas: Também tô morrendo de fome.
Adalberto: Tem um restinho de uma margherita ali na geladeira. Gosto de pizza?
Moragas: Adoro. Pega lá, amor.
Ane: Tá. Quer que esquente?
Moragas: Não precisa.
Ane: Adal, posso pegar essa barra de chocolate também?
Adalberto: Pode.
Ane: E esse iogurte?
Adalberto: Pode.
Ane: O que é que tem nessa forma? Pudim? Posso pegar também?
Adalberto: Pode.
Ane: Ainda tem aquele biscoitinho que a tia Neide fez pra você?
Adalberto: Esse tá no armário, na portinha do canto esquerdo. Pode pegar também.
Moragas: Cara, tá tudo muito bom. Assim, eu vou querer voltar sempre.
Adalberto: Pode voltar.
Contanto que não me venha depois da Marcha da Maconha. Senão, eu vou à falência.
Ane: Adal, a gente trouxe uns filmes iranianos pra ver. Bora?
Adalberto: Pode ser.
Moragas: Coloca lá. Esse teu DVD é diferente do meu.
Adalberto: Deve ser mesmo. esse meu DVD é diferente de todos que existem no planeta.
Moragas: Cara, podes crer. Eu sabia. Pô, aí, tu é o cara, hein.
Ane: O meu primo é o cara mesmo. Ele deve ter ido à Marte comprar esse DVD.
Adalberto: Nada. Em Marte, eu já fui umas dez vezes. Descobri que existia vida em Saturno e trouxe esse de lá.
Moragas: Sério, cara? Pô, vamos fazer um filmes lá?
Adalberto: Vamos, sim. A hora que você quiser, eu falo com uns amigos e a gente fica na casa deles. Figurante é o que não vai faltar.
Moragas: Pô, tá certo, então. Sexta-feira que vem. Pode ser?
Adalberto: Por mi, tudo bem.
Ane: Cara, eu até posso ir, mas tem que ser depois do trabalho.
Moragas: Show, show, show!
Adalberto: Você sai direto do trabalho e vai pra lá, que a gente vai estar arrumando o cenário.
Moragas: Isso mesmo! Cara, tu é muito irado!
Ane: O meu primo é muito irado mesmo!
Adalberto: Que nada. Ó, vou colocar o filme, hein...
Moragas: Demorô!
Ane: Urru!
Cinco minutos depis de toda essa empolgação, eles já estavam dormindo. O filme até que era bonzinho. A trilha sonora era linda. Pena que a sirene de um carro da polícia começou a atrapalhar. Porra, essa merda dessa sirene não vai parar? Coincidentemente a campainha tocou.
Policial 1: Viemos buscar o senhor Thomaz.
Adalberto: Engano. Não tem ninguém com esse nome aqui.
Policial 1: O senhor pode responder por isso.
Adalberto: Isso o quê? Não tô entendendo.
Policial 2: Aquele senhor ali, dormindo na sua sala é quem estamos procurando.
Adalberto: O Moragas?
Policial 1: Isso. Thomaz Moragas.
Adalberto: Ele é diretor de cinema.
Policial 2: Isso é o que ele fala pros trouxas.
Há alguns minutos, eu era o cara... Irado...
Adalberto: Bom, vocês querem um copo d´água?
Policial 2: Não. A gente vai levar ele.
Adalberto: Ah, tá.
O Moragas estava tão arregaçado de cansado, que só foi acordar na cadeia.
Eu e a Ane tivemos que explicar nossa ligação com o louco do Moragas na delegacia. Ainda bem que não pegou nada pra ela. O Moragas foi condenado a vários anos de prisão por associação ao tráfico de drogas. E a Ane foi condenada a nunca mais levar seus peguetes pra minha casa, antes de eu saber se eles têm ficha na Polícia.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Bomba: Lu vira prostituta e vulcão entra em erupção em Madureira
Era 1h da manhã de uma quinta-feira, quando o telefone tocou:
Lu: Porra, que demora pra atender telefone.
Adalberto: Lu, amanhã, eu trabalho cedo.
Lu: Mas ainda são onze horas.
Adalberto: Só se for no Equador.
Lu: A Ane é uma galinha.
Adalberto: É? Novidade...
Lu: Não quer saber o que eu vim fazer aqui em Madureira, não, é?
Adalberto: Agora, não. Depois, você me conta. Beijo.
Lu: Adal, eu tô aqui no Equador, dormindo no chão frio de uma escola.
Perdi o sono na mesma hora. A Lu me dá medo.
Adalberto: Você não estava em Madureira há menos de um minuto.
Lu: Ainda tô. O Equador é uma grande Madureira, né?
Adalberto: Como assim?
Lu: Como assim? Com um vulcão, que entrou em erupção depois de 18 anos.
Adalberto: Lu, você saiu daqui de casa anteontem, dizendo que ia ajudar o Genésio num trabalho a semana inteira.
Lu: Foi. Eu tive que me fingir de prostituta.
Adalberto: Por quê?
Lu: Porque o negócio que ele ia fazer era sobre as prostitutas de Copacabana.
Adalberto: O Genésio faz o quê?
Lu: O nome é parecido com o teu, mas não é Comunicação Social, não.
Adalberto: Assistente social?
Lu: Isso!
Adalberto: Ah, tá. Ele tá aí com você?
Lu: Não. Eu vim com o Gaspar.
Adalberto: Quem é esse?
Lu: É o cara que eu fiz programa.
Adalberto: Mentira.
A Lu deu uma risada e nada mais.
Adalberto: Você é louca.
Lu: Não resisti, primo.
Adalberto: E o Genésio?
Lu: Sei lá desse homem, Adal. A fila andou.
Adalberto: E o vulcão?
Lu: Quero que essa porra se exploda. Não! De novo, não. Não sei de vulcão, Adal. Me tira desse lugar sujo.
Adalberto: Como? O que eu posso fazer?
Lu: Se vira. Me ajuda.
Adalberto: Vou ligar pra Luciana, aquela minha amiga do Pio XI.
Lu: Pra quê?
Adalberto: Ela tem um amigo que mora aí, no Equador. Talvez ele possa te ajudar.
Lu: Ai, faz esse favor, primo. Não vou conseguir dormir nesse chão gelado.
Adalberto: Tá. E cadê o Gaspar?
Lu: O vulcão destruiu a casa dele. Pra não ficar na rua, ele voltou pra ex-mulher.
Adalberto: E deixou você aí sozinha?
Lu: Deixou.
Adalberto: Porra, que safado.
Lu: Homem não presta.
E mulher também, não. A Luciana, minha amiga do Pio XI, fez a ponte entre o Miguel, amigo dela, e a Lu. Só que essa ponte permitiu um acesso sem barreiras entre os dois.
A Lu foi passar um tempo na casa do Miguel, até conseguir sacar o dinheiro da passagem que eu enviei. A casa de câmbio, que fez a remessa, me garantiu que a grana chegaria em até cinco dias. Já faziam 15 e nada de notícias da Lu. Achei estranho. O pior é que ela não me deixou o telefone da casa do Miguel.
Ainda bem. A mulher dele, que também foi megasolidária com a Lu, percebeu que estava fazendo papel de trouxa na situação. Ela descobriu uma amizade além do normal entre a Lu e o Miguel e também entrou em erupção.
Fui entender a história toda aqui, em casa, no almoço de boas-vindas da Lu, organizado pela Ane, que sabia de tudo desde sempre, mas não me contou nada. Galinha!
Lu: Porra, que demora pra atender telefone.
Adalberto: Lu, amanhã, eu trabalho cedo.
Lu: Mas ainda são onze horas.
Adalberto: Só se for no Equador.
Lu: A Ane é uma galinha.
Adalberto: É? Novidade...
Lu: Não quer saber o que eu vim fazer aqui em Madureira, não, é?
Adalberto: Agora, não. Depois, você me conta. Beijo.
Lu: Adal, eu tô aqui no Equador, dormindo no chão frio de uma escola.
Perdi o sono na mesma hora. A Lu me dá medo.
Adalberto: Você não estava em Madureira há menos de um minuto.
Lu: Ainda tô. O Equador é uma grande Madureira, né?
Adalberto: Como assim?
Lu: Como assim? Com um vulcão, que entrou em erupção depois de 18 anos.
Adalberto: Lu, você saiu daqui de casa anteontem, dizendo que ia ajudar o Genésio num trabalho a semana inteira.
Lu: Foi. Eu tive que me fingir de prostituta.
Adalberto: Por quê?
Lu: Porque o negócio que ele ia fazer era sobre as prostitutas de Copacabana.
Adalberto: O Genésio faz o quê?
Lu: O nome é parecido com o teu, mas não é Comunicação Social, não.
Adalberto: Assistente social?
Lu: Isso!
Adalberto: Ah, tá. Ele tá aí com você?
Lu: Não. Eu vim com o Gaspar.
Adalberto: Quem é esse?
Lu: É o cara que eu fiz programa.
Adalberto: Mentira.
A Lu deu uma risada e nada mais.
Adalberto: Você é louca.
Lu: Não resisti, primo.
Adalberto: E o Genésio?
Lu: Sei lá desse homem, Adal. A fila andou.
Adalberto: E o vulcão?
Lu: Quero que essa porra se exploda. Não! De novo, não. Não sei de vulcão, Adal. Me tira desse lugar sujo.
Adalberto: Como? O que eu posso fazer?
Lu: Se vira. Me ajuda.
Adalberto: Vou ligar pra Luciana, aquela minha amiga do Pio XI.
Lu: Pra quê?
Adalberto: Ela tem um amigo que mora aí, no Equador. Talvez ele possa te ajudar.
Lu: Ai, faz esse favor, primo. Não vou conseguir dormir nesse chão gelado.
Adalberto: Tá. E cadê o Gaspar?
Lu: O vulcão destruiu a casa dele. Pra não ficar na rua, ele voltou pra ex-mulher.
Adalberto: E deixou você aí sozinha?
Lu: Deixou.
Adalberto: Porra, que safado.
Lu: Homem não presta.
E mulher também, não. A Luciana, minha amiga do Pio XI, fez a ponte entre o Miguel, amigo dela, e a Lu. Só que essa ponte permitiu um acesso sem barreiras entre os dois.
A Lu foi passar um tempo na casa do Miguel, até conseguir sacar o dinheiro da passagem que eu enviei. A casa de câmbio, que fez a remessa, me garantiu que a grana chegaria em até cinco dias. Já faziam 15 e nada de notícias da Lu. Achei estranho. O pior é que ela não me deixou o telefone da casa do Miguel.
Ainda bem. A mulher dele, que também foi megasolidária com a Lu, percebeu que estava fazendo papel de trouxa na situação. Ela descobriu uma amizade além do normal entre a Lu e o Miguel e também entrou em erupção.
Fui entender a história toda aqui, em casa, no almoço de boas-vindas da Lu, organizado pela Ane, que sabia de tudo desde sempre, mas não me contou nada. Galinha!
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