quarta-feira, 27 de julho de 2011

Noite trágica com rapper que sabia roubar ou bandido que sabia rimar

Anteontem, quando saí do trabalho, passei num barzinho para beber com uns amigos. Para minha surpresa, um ex da Lu, o Amaranto, era o cantor da noite. Liguei para ela na mesma hora.

Lu: Como assim?

Adalberto: O Amaranto tá cantando rap aqui no bar perto do trabalho, ué.

Lu: Gente, não estou acreditando nisso.

Adalberto: Nem eu. Aqui sempre tem show de MPB. Não sei o que deu no pessoal para chamar um cantor de RAP.

Lu: Ai, me bateu um calafrio, agora, Adal. Vou aí, como quem não quer nada, ver esse homem. Estou numa seca danada.

Adalberto: Ai, meu Deus. Para que eu fui te contar?

Lu: Me espera aí, hein, garoto!

Adalberto: Está bem. Mas não demora.

Me arrependi amargamente em ter ligado para a Lu. Eu não pretendia ficar mais tempo por lá. Estava cansado, com sono e tinha que acordar muito cedo no dia seguinte. Uma hora e meia depois:

Lu: Cheguei.

Adalberto: Oi.

Lu: Ai, Adal, ele está lindo cantando.

Adalberto: Eu não sabia que ele cantava.

Lu: Jura? Você não percebia que o jeito dele de falar arrastado, mexendo os braços é típico de cantor de RAP?

Adalberto: Não. Para mim, o jeito dele de falar é típico de bandido. Por isso que eu me cagava de medo dele. Confesso que, agora, estou mais tranquilo.

Lu: Ai, Adal, o jeito de um cantor de RAP é completamente diferente de um bandido.

Adalberto: Para mim, o que muda é que o cantor de RAP consegue rimar.

Lu: Você não entende nada.

Adalberto: Quero ir para casa dormir.

Lu: Calma. O show está acabando. Olha lá. Ele está agradecendo. Vou lá falar com ele.

Que saco! E Lu se internou no camarim do Amaranto e eu fiquei por, pelo menos, mais uns cinco chopes esperando por ela. Quando a farra acabou, eu recebi uma missão:

Lu: Adal, você leva a gente lá para casa.

Adalberto: Lu, vocês podem ir para a minha casa? Eu tenho que acordar muito cedo amanhã. Se eu te levar em casa, vou perder muito tempo.

Amaranto: Demorou, demorou, parceiro. Tá tranquilo, Adalba! Bora lá com ele, Lu.

Lu: Está bem.

Amaranto: Então, partiu feroz e desumano, mermão.

Adalberto: Legal. Vamos, sim.

E essa foi a pior coisa que eu fiz na minha vida. O Amaranto era um rapper que sabia roubar ou um bandido que sabia rimar. E eu só descobri isso, quando a Polícia bateu lá em casa.

O Amaranto foi preso, porque furtou uns objetos do bar onde ele cantou. E eu fiquei PAS-SA-DO. Fomos parar na delegacia e tive que explicar, que não tenho nada a ver com esse cara, além do triste fato de ele ser um peguete da minha prima.

Voltei para a casa na hora de acordar para ir para o trabalho, querendo matar a Lu. A minha vontade era de levá-la para casa arrastada pelo cabelo para ela aprender a não se envolver mais com qualquer um. Também tive vontade de que alguém me puxasse pelo cabelo para casa, por eu ter tido a bendita ideia de ligar para a minha prima e, indiretamente, ter incentivado esse inferno que foi a minha noite.

Deixei a Lu em casa, faltando meia-hora para chegar ao trabalho.

Adalberto: Eu quero te matar. Mas como eu também quero me matar, a gente corta, corta e fica tudo igual.

Lu: Te amo, primo.

Adalberto: Demorou, parceiro.

A Lu ficou rindo e eu parti feroz e desumano para o trabalho, mermão.

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