Anteontem, quando saí do trabalho, passei num barzinho para beber com uns amigos. Para minha surpresa, um ex da Lu, o Amaranto, era o cantor da noite. Liguei para ela na mesma hora.
Lu: Como assim?
Adalberto: O Amaranto tá cantando rap aqui no bar perto do trabalho, ué.
Lu: Gente, não estou acreditando nisso.
Adalberto: Nem eu. Aqui sempre tem show de MPB. Não sei o que deu no pessoal para chamar um cantor de RAP.
Lu: Ai, me bateu um calafrio, agora, Adal. Vou aí, como quem não quer nada, ver esse homem. Estou numa seca danada.
Adalberto: Ai, meu Deus. Para que eu fui te contar?
Lu: Me espera aí, hein, garoto!
Adalberto: Está bem. Mas não demora.
Me arrependi amargamente em ter ligado para a Lu. Eu não pretendia ficar mais tempo por lá. Estava cansado, com sono e tinha que acordar muito cedo no dia seguinte. Uma hora e meia depois:
Lu: Cheguei.
Adalberto: Oi.
Lu: Ai, Adal, ele está lindo cantando.
Adalberto: Eu não sabia que ele cantava.
Lu: Jura? Você não percebia que o jeito dele de falar arrastado, mexendo os braços é típico de cantor de RAP?
Adalberto: Não. Para mim, o jeito dele de falar é típico de bandido. Por isso que eu me cagava de medo dele. Confesso que, agora, estou mais tranquilo.
Lu: Ai, Adal, o jeito de um cantor de RAP é completamente diferente de um bandido.
Adalberto: Para mim, o que muda é que o cantor de RAP consegue rimar.
Lu: Você não entende nada.
Adalberto: Quero ir para casa dormir.
Lu: Calma. O show está acabando. Olha lá. Ele está agradecendo. Vou lá falar com ele.
Que saco! E Lu se internou no camarim do Amaranto e eu fiquei por, pelo menos, mais uns cinco chopes esperando por ela. Quando a farra acabou, eu recebi uma missão:
Lu: Adal, você leva a gente lá para casa.
Adalberto: Lu, vocês podem ir para a minha casa? Eu tenho que acordar muito cedo amanhã. Se eu te levar em casa, vou perder muito tempo.
Amaranto: Demorou, demorou, parceiro. Tá tranquilo, Adalba! Bora lá com ele, Lu.
Lu: Está bem.
Amaranto: Então, partiu feroz e desumano, mermão.
Adalberto: Legal. Vamos, sim.
E essa foi a pior coisa que eu fiz na minha vida. O Amaranto era um rapper que sabia roubar ou um bandido que sabia rimar. E eu só descobri isso, quando a Polícia bateu lá em casa.
O Amaranto foi preso, porque furtou uns objetos do bar onde ele cantou. E eu fiquei PAS-SA-DO. Fomos parar na delegacia e tive que explicar, que não tenho nada a ver com esse cara, além do triste fato de ele ser um peguete da minha prima.
Voltei para a casa na hora de acordar para ir para o trabalho, querendo matar a Lu. A minha vontade era de levá-la para casa arrastada pelo cabelo para ela aprender a não se envolver mais com qualquer um. Também tive vontade de que alguém me puxasse pelo cabelo para casa, por eu ter tido a bendita ideia de ligar para a minha prima e, indiretamente, ter incentivado esse inferno que foi a minha noite.
Deixei a Lu em casa, faltando meia-hora para chegar ao trabalho.
Adalberto: Eu quero te matar. Mas como eu também quero me matar, a gente corta, corta e fica tudo igual.
Lu: Te amo, primo.
Adalberto: Demorou, parceiro.
A Lu ficou rindo e eu parti feroz e desumano para o trabalho, mermão.
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