Sara: Adal, você já está chegando?
Tremi na base, mas despistei.
Adalberto: Eu? Chegando?
Sara: Ah, não vai me dizer que você também esqueceu do batismo dos seus afilhados?
Putz, era isso. Hoje era o dia da nova tentativa de batizar os trigêmeos da Sara. Na primeira, o padre faltou.
Adalberto: Lindona, eu estou num engarrafamento absurdo aqui na Linha Amarela.
Sara: Bom, pelo menos, você está vindo.
Adalberto: Como assim? Alguém esqueceu?
Nunca torci tanto para uma coisa dar errado...
Sara: A Marjorie, a Lu e a Ane. Está bom para você?
Ufa! Minhas primas me salvaram.
Adalberto: Como elas tiveram a capacidade disso?
Sara: A Marjorie viajou para fazer pesquisa de moda em Milão. Já a Ane e a Lu, viajaram para fazer pegação. Estou muito decepcionada com elas. Nunca mais olho na cara dessas meninas.
Adalberto: Como é que você vai ficar sem falar com as madrinhas dos seus filhos?
Sara: Elas não vão mais batizar as crianças. A tia Neide vai ser madrinha de todos os meus filhos com você.
Caramba, ela me ferrar se fizesse isso. Tentei salvar a minha cabeça.
Adalberto: Sara, a minha mãe já tem muitos afilhados. Ela não vai poder arcar com presentes bons para os meninos, não vai poder te ajudar a comprar coisas para as festas deles...
Sara: Sabe que eu não tinha pensado nisso?
Adalberto: Então, amore, remarca mais uma vez. A gente tem um crédito com você. Na primeira vez, nós fomos. Só agora que a gente esqueceu, mas não foi por mal.
Sara: Como assim, a gente esqueceu, Adal? Você também se inclui nessa?
Ups, mandei mal...
Adalberto: É... É que...
Sara: Bem que eu estava achando estranho a Linha Amarela engarrafada às sete horas da manhã de um sábado.
Adalberto: Mas eu estou na Linha Amarela.
Sara: Ah, está? Então me manda a sua localização pelo celular.
Adalberto: Sério isso?
Sara: Claro, meu bem. Depois do avanço da tecnologia, a gente não tem mais como mentir para ninguém. Me manda aí a sua localização para eu ver se você está falando a verdade.
Eu odeio esses celulares modernos com todas as forças que eu posso ter!
Sara: Claro, meu bem. Depois do avanço da tecnologia, a gente não tem mais como mentir para ninguém. Me manda aí a sua localização para eu ver se você está falando a verdade.
Eu odeio esses celulares modernos com todas as forças que eu posso ter!
Adalberto: Sarita, eu vim para Búzios com meus amigos do colégio.
Depois dessa, esperei o esporro.
Sara: Búzios? Que legal. Estou com uma saudade de Búzios. Nunca mais fui à Região dos Lagos. Só um minutinho, Adal.
Medo!
Sara: Adal.
Adalberto: Oi, amore.
Sara: Falei aqui com o Oswaldo, a tia Neide e o tio Beto, e decidimos ir todos passar o fim de semana com você aí, em Búzios. Tem vaga para a gente, né?
Adalberto: E os trigêmeos?
Sara: Eles vão, ué. Se o padrinho não vem até os afilhados, os afilhados vão até o padrinho.
Isso não podia ser verdade.
Sara: E olha: o Oswaldo está duro. Vamos ficar de seus gigolôs aí. Prepare o seu bolso, meu bem. Padrinho é para isso. Ó, a tia Neide está falando aqui que ela e o tio Beto também vão ficar na sua aba, hein... Até logo, primo. Quando a gente estiver chegando, eu te ligo. Ah, me fala uma coisa: a estrada está boa?
Sara: E olha: o Oswaldo está duro. Vamos ficar de seus gigolôs aí. Prepare o seu bolso, meu bem. Padrinho é para isso. Ó, a tia Neide está falando aqui que ela e o tio Beto também vão ficar na sua aba, hein... Até logo, primo. Quando a gente estiver chegando, eu te ligo. Ah, me fala uma coisa: a estrada está boa?
Tive o ímpeto de dizer que não, que estava toda engarrafada, esburacada, destruída... Mas decidi que era melhor falar a verdade para não piorar as coisas.
Adalberto: Está, sim.
Sara: Beleza, então. Já, já a família tralalá chega aí. Beijo!
E, assim, descobri que a minha entrada no cheque especial ia ser de leve. Mas em grande estilo.