segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ane mata dois coelhos com uma cajadada só

Há mais ou menos um mês, quando cheguei do trabalho, tomei um banho e, depois, dei uma olhada no meu e-mail pessoal. Tinha uma mensagem da do Facebook, dizendo que a Ane havia me publicado algo em meu mural. Estranho, porque, quando eu saí do trabalho, falei com ela ao celular. Fui ler:

Adalberto: "Primo, esse recado não é pra você, mas é por intermédio de você que ele vai chegar aonde eu quero: Me surpreenda!". Não entendi. Era pra mim?

Liguei pra ela:

Ane: Oi, linduxo!

Adalberto: É pra eu te surpreender?

Ane: Não, seu burro, é pro Fonseca.

Adalberto: Ah, tá.

Ane: Ele falou alguma coisa de mim?

A Ane foi outro dia lá no trabalho e cismou que um colega, que eu nem gosto muito ficou olhando pra ela.

Adalberto: Não.

Ane: Mas você puxou assunto com ele?

Adalberto: Ane, eu não tenho muita afinidade com o Fonseca. a gente mal se fala sobre trabalho.

Ane: Eu não te falei pra virar melhor amigo de infância dele?

Adalberto: Falou.

Ane: Então.

Adalberto: Eu ia ter que nascer de novo pra isso acontecer.

Ane: Ai, parece que você odeia o pobre coitado.

Adalberto: Sabe aquela pessoa que adora uma brincadeirinha boba?

Ane: Acho um saco isso.

Adalberto: Ele é assim. Fora que ele é de puxar tapete, não gosta de trabalhar e já tentou me sacanear.

Ane: Ih, deixa pra lá, então. Tem muito homem no mundo. Não vou perder meu tempo com esse idiota.

Isso era o que ela deveria fazer. Mas, como as minhas primas fizeram mestrado em "Surpreender Adalberto", outro dia, estava jantando na casa dela, quando soube da novidade:

Ane: Ele.

Adalberto: Ele o quê?

Ane: Ele acha que tá namorando comigo, mas eu não quero mais.

Adalberto: Você é maluca. Eu te falei que o Fonseca não é boa gente.

Ane: É, eu percebi.

Adalberto: E por que você não termina com ele?

Ane: Eu já terminei, mas ele fica fazendo brincadeirinha boba, fingindo que não estava acreditando em mim.

Adalberto: Ele é assim. Sabe que ele já tentaram demitir ele umas três vezes, mas ele com esse jeito bobo dele, conseguiu envergonhar a chefia...

Ane: Ele envegonha a gente na frente de todo mundo!

Adalberto: Com a cara mais lavada do mundo.

Ane: E consegue o que quer.

Adalberto: Ele é assim.

Ane: Ele já me ligou umas quinhentas vezes hoje, mas eu não atendi.

Adalberto: Melhor mesmo.

Melhor nada. O louco apareceu na porta da casa dela do nada:

Ane: Tão me chamando lá fora?

Adalberto: Também ouvi.

Ane: Gente, tão me chamando num microfone lá fora.

Adalberto: E com "The greateste love of all ao fundo".

Ane: Primo, vai ali na janela e vê que porra é essa.

Eu fui. Morrendo de medo, mas fui. Quando a bri a janela soltaram fogos de artifício.

Adalberto: Ane, o Fonseca tá aqui embaixo com um carro de som. Vocês estão fazendo um mês de namoro?

Ane: Sei lá... Te falei que eu não quero mais ele.

Adalberto: O que eu faço?

Ane: Fala que eu não tô.

Depois de alguns minutos sem me fazer ser ouvido, consegui me comunicar com o Fonseca:

Adalberto: Ela viajou. Eu fiquei aqui pra tomar conta da gatinha dela.

Se ele me conhecesse bem, saberia que eu estava mentindo feio. Tenho pavor de gatos.

Fonseca: Então, desce pra representar ela.

Gaguejei três vezes, tentando falar que estava resfriado e não consegui e não consegui completar a frase. Os curiosos começaram a gritar "desce, desce, desce...". E pior que eu desci. Ganhei um buquê de rosas, um casal saiu de dentro do carro pra dançar tango pra mim, mais fogos de artifício e o Fonseca ainda declamou um poema brega pra caramba pra mim. Eu estava ali representando a Ane, claro! Mas, mesmo assim, me senti ridículo por tudo aquilo e, sobretudo, tive vergonha alheia pelo Fonseca.Quando tudo acabou, voltei pro apartamento da Ane, sem, ao menos, me despedir do Fonseca. Fiquei sem reação. A doida ficou uma meia-hora rindo da minha cara:

Ane: Você precisa ver a sua cara.

Adalberto: Ainda bem que ninguém filmou isso.

Ane: Eu filmei.

Adalberto: Hã? Como assim?

Ane: Atrás da cortina, ué.

Adalberto: Deleta isso agora!

Ane: Não sem antes eu chantagear o Fonseca.

Adalberto: Ane, por favor.

Ane: Adal, eu preciso ameaçar ele com esse vídeo. Imagina todo mundo do seu trabalho vendo ele se declarando pra você.

Adalberto: Eu não quero imaginar isso.

Ane: Fica tranquilo. Eu vou mandar uma cópia desse vídeo pra ele com um bilhetinho.

Adalberto: Ane!

Ane: Calma, Adal!

Foi o que eu não tive. No dia que ela enviou a cópia pra casa do Fonseca, eu parei de sentir sono à noite. Felizmente, dois dias depois, tudo estava resolvido. Ela tinha conseguido se livrar do namorado e eu do colega de trabalho mala. Pelo que soube com os outros colegas, ele pediu demissão pra resolver uns problemas pessoais. Tá...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Surpresa de Lu surpreende Ane, mas quem é Rainha nunca perde a majestade

A Lu me ligou de manhazinha pra dizer que tinha uma surpresa pra mim lá no salão, em que ela trabalha. Não imaginação na conseguia alcançar o que poderia ser. Como o dia estava tranquilo no trabalho, depois do almoço, dei um pulinho lá:

Adalberto: Você por aqui?

Ane: A Lu disse que tinha uma surpresa pra mim.

Adalberto: Pra mim, também. Cadê ela?

Ane: Tá terminando de depilar alguém lá em cima e disse que já vem.

E em menos de um minuto:

Lu: Vamo subir?

Adalberto: Medo.

Lu: Ah, garoto, deixa de ser bobo.

Ane: Tô ansiosa. Será que eu vou ganhar um dia de princesa?

Se ela viesse com essa história de me dar um dia de príncipe, eu iria agradecer imensamente, mas ia deixar pra uma próxima. Quando a gente chegou à salinha dela:

Adalberto: E agora? O que é que eu faço?

Lu: Calma, garoto!

Ane: Tanto mistério...

A barulheira do lado de fora do salão era o sinal de que a nossa surpresa havia chegado:

Lu: Ó, se esconde lá no banheiro.

Adalberto: Quem?

Lu: Vocês dois.

Adalberto: Como assim?

Ane: Ai, Adal, vamo. Vem.

Quando a minha surpresa chegou, logo reconheci pela voz. Tratava-se da Rainha dos Baixinhos. A Ane ficou em polvorosa dentro daquele banheiro minúsculo.

Ane: Caraca!

Adalberto: Shhhhhhhhhh...

Por maior que fosse o meu esforço, a Ane não conseguia se conter. Ela ficou abismada com a intimidade da Lu com a Xu:

Lu: Tudo bem, Xu.

Ane: Xu!

Xuxa: Tudo ótimo.

Lu: E a ?

Ane: !

Xuxa: Tá bem. Te mandou um beijo.

Ane: Que inveja!

Lu: Menina, a Monique Alfradique tá grandona, né?

Xuxa: Eu estava falando isso outro dia com a minha mãe. As paquitinhas todas já estão mulherões.

Ane: A Lana já teve até filho...

Lu: A Lana já teve até filho.

Não sei até hoje se foi coincidência ou se a Lu colou esse comentário da Ane.

Xuxa: Como passa rápido, né?

Lu: Ai, nem fala. Detalhe: eu fui baixinha, né?

Xuxa: Para, cara! Quer me deixar arrasada? A gente vem pro salão pra sair com a autoestima lá em cima e tu me vem com essa...

Lu: Amiga, o que importa é que você está ótima.

Xuxa: Luluzinha, dá pra dar uma paradinha?

Lu: Claro, amor.

Xuxa: Quero fazer número dois.

A Xuxa podia dormir sem essa. A Ane não escondeu a decepção. Abriu a porta do banheiro impetuosamente e:

Ane: Como assim a Xuxa caga?

Adalberto: Ane!

Xuxa: Quem são essas pessoas?

Lu: Xu, não é nada disso que você tá pensando...

Xuxa: Eu não tô pensando em nada.

Adalberto: Xuxa, eu posso te explicar o que aconteceu.

Xuxa: Não precisa explicar. Tá tudo bem. Agora, vocês podem dar uma licencinha?

Ane: Pra você cagar?

Lu: Cala a boca e sai daqui, Ane!

Adalberto: Vamo.

Ane: Eu vou mesmo. O meu mito já caiu. Se eu ficar aqui, a coisa vai feder.

Porra, a Ane me inventa de fazer trocadilho nos momentos mais impróprios. Só consegui segurar o riso, em respeito à Rainha.

Adalberto: Tchau, gente.

Ane: Tchau, sua cagona!

Lu: Ô, Ane, dá pra você ter educação.

Ane: Você é responsável por isso.

Lu: Ah, cala boca, garota. Todo mundo caga. Eu, você, o Adal, a Xuxa...

Xuxa: Gente, eu não tô acreditando nisso aqui.

Lu: A Sandy, o Júnior, o Roberto Carlos...

Foi a gota d´água pra Ane, que desceu as escadas numa velocidade tão alta, que eu achei que, em algum momento, ela fosse rolar pelos degraus.

Adalberto: Desculpa aê qualquer coisa.

Xuxa: Imagina. Cuida dela.

Adalberto: Podexá. Ah, posso te dar um abraço?

Xuxa: Claro.

Que abraço gostoso. Eu também fui baixinho, mas não ia falar isso pra estragar ainda mais o dia dela.
No caminho pra casa, com a Ane mais controlada, apesar de, ainda, estar em estado de choque, meu celular tocou. Era a Lu:

Lu: Adal, o papel higiênico daqui acabou. Passa num mercado rapidinho e me traz um rolo.

Adalberto: Ah, tá.

Como eu ia contar pra Ane que eu ia comprar um rolo de papel higiênico pra Xuxa se limpar? Não contei. Parei no mercado. Ela entrou comigo. Fiz uma comprinhas pra disfarçar. O papel higiênico passou despercebido. Voltamos ao salão da Lu, com a desculpa de que tinha esquecido o meu óculos. Ela ficou no carro, enquanto eu fui entregar o papel higiênico pra Lu. Missão cumprida!
Uma semana depois, no aniversário do filho de uma amiga da família, estávamos eu, meu pai, minha mãe e a Ane, que era uma das animadas durante o Parabéns da Xuxa. A Rainha, pelo visto, não tinha perdido a majestade.

domingo, 13 de junho de 2010

"Meus dois pais", depois de uma certa rejeição, é aceito por Lu e Ane

Fomos todos almoçar na casa da Ane. Ela achou que tinha aprendido a cozinhar e chamou a gente prum risoto de camarão. Depois do almoço:

Ane: Gostaram da minha comidinha?

Era melhor não responder.

Marjorie: Eu vou ter que ir.

Adalberto: Já?

Sara: Espera mais um pouco. O Oswaldo vem me buscar daqui a pouco. A gente sai juntas.

Lu: Sossega esse rabo aí.

Marjorie: Gente, eu marquei com o Aldemar às quatro.

Ane: Aldemar não é o que trocou você por outro homem?

Marjorie: Ele não me trocou por outro homem. Aconteceu.

Lu: E você vai encontrar com ele pra quê?

Marjorie: Conhecer o filhinho que ele adotou com o Cláudio. Eles buscaram o menino anteontem.

Sara: Ai, que legal.

Ane: Eu não acho isso legal.

Lu: Nem eu. Acho falta de vergonha na cara alguém deixar dois homens adotar uma criança.

Adalberto: Eu não acho.

Sara: Nem eu.

Marjorie: Nem o Walcyr Carrasco.

Adalberto: Como assim?

Marjorie: Ele acabou de lançar o livro "Meus dois pais", sobre um menino que mora com o pai e o namorado do pai.

Sara: Sério?

Marjorie: Uhum.

Adalberto: É livro infantil?

Marjorie: É.

Sara: Que coragem a do Walcyr!

Marjorie: É assim que ele consegue bater todos os recordes com as novelas dele.

Lu: Esse livro não vai fazer o mesmo sucesso que as novelas dele. Não vai vender nada.

Ane: Com certeza, não. Imagina. Agora, tão querendo de qualquer maneira que as crianças achem isso tudo normal...

Adalberto: E não é?

Lu: Mais ou menos. Agora, as crianças já vão crescer sabendo dessa opção.

Marjorie: E o que é que tem?

Ane: O índice de homossexualismo vai aumentar.

Sara: Elas tão com medo de não ter mais opção no mercado.

Ane: Não quero morrer solteira.

Lu: Não quero ter que virar sapatão pra poder fazer sexo.

Adalberto: Gente, que exagero.

Marjorie: Essas meninas são loucas, primo. Vou nessa. Se der, mais tarde, eu volto. Beijo!

Lu: É... Quem tem o seu, que amarre na coleira.

Ane: Menina, falando em quem tem o seu, o Mauro tem me ligado direto.

Lu: Jura?

Sara: Quem é esse?

Adalberto: Novo peguete.

Ane: Quase. E se Deus quiser, vai virar namorado.

Sara: Conta quem é.

Ane: É um lutador de vale-tudo, que vem pruma competição no Rio, no fim do mês. Ele vai alugar um carro lá da empresa e pediu um guia.

Adalberto: Aí, você se ofereceu.

Lu: Nao é boba nem nada...

Ane: É. Mas não foi assim. O cara me deu mó mole pelo telefone.

Sara: Mas você sabe como ele é? Já viu foto dele?

Ane: E eu tô me importando com isso? Deve ter um corpo delicioso e isso já basta.

Lu: Detalhe: ele vem com o tio, que é o técnico.

Adalberto: Aí, que você entra na história.

Lu: Linda!

Ane: Era só o que faltava o tio dele ficar segurando vela.

Sara: Mas você também nem tem ideia de como é o tio dele, Lu? Velho, gordo, feio...

Lu: E eu tô me importando com isso? Só de ser homem já basta.

Não basta, não. A Sara que é antenada nas notícias dos famosos, disse que o leu em alguma revista de fofoca, que o Mauro e o técnico tem um relacionamento. E que essa coisa de dizer que são parentes é só pra despistar o fato de lutador e técnico morarem juntos.
Isso foi o fim pra Ane e pra Lu. E o risoto de camarão, que já não tinha descido bem, deu uma indigestão ainda maior nelas.
No finzinho da tarde, a Marjorie voltou:

Marjorie: Voltei!

Adalberto: Ué, trouxe o livro de volta?

Ane: Viu? Nem os pais da criança quiseram.

Lu: Bem feito.

Marjorie: O Aldemar ganhou 11 livros iguais.

Sara: Mentira.

Marjorie: Sério. Ele falou que ia abrir um sebo só pra vender os "Meus dois pais", que todo mundo levou de presente pro filho dele.

Adalberto: Pelo visto, vai ficar rico.

Marjorie: Eu trouxe quatro. Um pra cada.

Ane: Esse mundo...

Lu: Tá perdido.

Realmente. Mesmo sabendo da relação do Mauro com o "tio", a Lu e a Ane foram tentar heterossexualizar os caras, durante o passeio deles no Rio. Sem sucesso. Mas parece que os caras deram uma gorjeta fenomenal pras duas, por conta do bom humor delas.
Resumindo: viraram melhores amigos, convidaram elas pra passar as férias na casa que eles têm em Trancoso e, ainda, contaram em primeira mão que, no ano que vem, o Mauro vai se aposentar, que eles vão adotar duas crianças e que querem elas como madrinhas.
E elas aceitaram, tá? E já embrulharam os livros do Walcyr, que ganharam da Marjorie, pra dar de presente pros afilhados.

sábado, 12 de junho de 2010

Nada como um Dia de Santo Antônio, após um Dia dos Namorados chupando dedo e bebendo muita cerveja

Eu estava em casa, vendo programa trash de sábado, da TV aberta, e me divertindo pacas, quando a Marjorie me ligou.

Marjorie: Eu quero cortar os meus pulsos.

Ane: Eu também quero cortar.

Lu: Eu também.

Adalberto: O que é que essas loucas tão fazendo aí na tua casa?

Marjorie: Tá todo mundo aqui querendo cortas os pulsos, ué.

Adalberto: Para de falar besteira.

Ane: Hoje é Dia dos Namorados e ninguém, aqui, deu pra ninguém.

Adalberto: E daí? Vocês se prendem muito a datas.

Marjorie: Lógico. Na Páscoa, eu como chocolate. No Dia dos Namorados, eu quero ser comida.

A Marjorie estava meio alegre. Elas deviam estar bebendo.

Adalberto: Tudo tem sua hora, lindona.

Marjorie: Olha, eu só não tô com inveja da Sara, porque ela é minha prima.

Ane: Eu só não tô com inveja da Sara, porque o Oswaldo é feio pra caralho.

Lu: Eu tô com inveja da Sara.

Elas, com certeza, estavam bebendo! E bebendo muito! Fui pra lá. Antes, passei numa livraria. Quando cheguei, elas já estavam na mão do palhaço:

Adalberto: Minhas coisas mais lindas e encalhadas desse mundo!

Marjorie: Para.

Ane: Não fala isso.

Lu: Vai se fuder.

Adalberto: Trouxe um presente pras três.

Marjorie: Um pras três?

Ane: Porra!

Lu: Que pobreza!

Adalberto: É um livro. Depois que a gente lê, ele fica na nossa cabecinha pra vida toda.

Marjorie: Me dá isso aqui.

Enquanto ela abria, eu senti um frio na espinha:

Marjorie: "Como dormir sozinha numa cama de casal".

Adalberto: Theo Pauline Nestor!

Marjorie: Quer apanhar, senhor Adalberto?

Ane: Por mim, pode jogar fora.

Lu: Por mim, ele enfia no cu.

Adalberto: Que agressividade.

Marjorie: Que maldade a sua.

Ane: Até porque dormir sozinha em cama de casal é a coisa mais normal do mundo pra gente.

Adalberto: É verdade. Mas na livraria não tinha nada parecido com "Como fazer dormir sozinha numa cama de casal sem criar expectativas".

Ane: Você tá muito mal hoje.

Adalberto: Mal se eu desse pra Sara o "Por que os homens mentem e as mulheres choram", do Allan e da Barbara Pease.

Marjorie: Fica falando o nome dos autores...

Ane: Vou botar o nome de todos eles na boca do sapo.

Lu: Vou botar o node deles na macumba!

Adalberto: Coitados.

Lu: Coitada de mim.

Marjorie: Pega lá mais uma cerveja pra gente no congelador, Adal.

Adalberto: Lógico.

E foi assim a noite inteira. Cerveja regada a comentários das minhas bêbedas sobre o Dia dos Namorados. Até que, por volta da uma e meia da manhã, a Lu teve uma ideia que as outras acharam brilhante:

Lu: Vou fazer xixi num saco e vou jogar no primeiro casal feliz que passar lá embaixo.

Marjorie: Apoiada.

Ane: Também quero!

Adalberto: Não, não, não!

Lu: Sim, sim, sim!

Adalberto: Você não vai fazer isso.

Ane: Eu, hein...

Marjorie: Deixa ela, Adal.

Lu: Por que é que eu não vou fazer isso.

Adalberto: Porque já passou de meia-noite e hoje não é mais Dia dos Namorados.

Marjorie: Putz.

Ane: Que merda.

Lu: Fudeu. E agora?

Adalberto: Agora já é Dia de Santo Antônio, ué.

Marjorie: É mesmo!

Adalberto: E se eu fosse vocês, ia pra cama dormir, pra acordar bem cedinho, ir pra Paróquia de Santo Antônio e pedir pra que, no próximo ano, vocês já estejam dormindo de conchinha na cama de casal.

E não é que deu certo? Eu só queria frustrar o plano da Lu em jogar mijo num casal feliz. Mas soube pela Sara que as três acordaram bem cedinho e foram com ressaca e salto alto pra Paróquia de Santo Antônio. E segundo a Sara, elas voltaram cheias de esperança. Nada como um dia após o outro.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Representante mirim de facção criminosa dá trabalho em passeio no shopping

Fomos eu e Lu levar o filho do namorado dela pra passear no Barra Shopping. A logística do passeio foi a seguinte: eu saí de casa, peguei a Lu em Del Castilho, fomos até São Conrado buscar o Jefinho e, de lá, partimos pro shopping. Ufa! O garoto, a gente foi percebendo ao longo do dia, é uma cópia insuportavelmente teen do pai. No carro, ele já soltou o primeiro comentário desagradável.

Jefinho: Você tem coragem de sair com essa saia?

Lu: Tenho. A loja que eu comprei teve a coragem de botar pra vender, e eu tive a coragem de comprar. Algum problema?

Jefinho: Muito curta.

Lu: Escuta aqui, garoto.

Jefinho: O que foi?

Eu precisava mudar o rumo dessa conversa, antes que a coisa desandasse, e falei a primeira besteira que me veio à cabeça.

Adalberto: Lu, você ficou sabendo do cara que ganhou na mega-sena?

Lu: Não. O que é que tem ele?

Adalberto: Quase foi morto pelo próprio filho, que queria ficar com o dinheiro todo.

Lu: A tia Neide é que tá certa, quando diz que filho é uma merda.

Putz, mandei mal. Mudei de assunto, antes que o a mala do Jefinho se manifestasse:

Adalberto: Pelo menos, ver "Alice" em 3D valeu a pena.

Lu: Hã?

Adalberto: "Alice", o filme.

Lu: Ah! Você estava falando de uma coisa e muda pra outra do nada e quer que eu entenda?

Claro que não. A intenção nem era essa, mas até que funcionou. A Lu é como eu. Tem perda de memória recente. A gente muda de assunto, e ela já nem lembra mais o que foi falado antes.

Adalberto: O filme não é lá grandes coisas, mas vale a pena ver.

Lu: Eu vou marcar de ver com o Wellington.

Adalberto: Eu ficava igual a um debiloide: tirava e botava o óculos 3D nas vezes que parecia que algum daqueles bonecos iam encostar em mim.

Lu: Ah, deve ser muito maneiro esse negócio de 3D, né, primo?

Adalberto: É muito legal.

Jefinho: É maneirão mesmo.

Ufa! Entramos num consenso. Vou render esse assunto:

Adalberto: Já viu algum filme em 3D?

Jefinho: Não. Detesto cinema. Mas gosto de jogar Counter Strike no videogame, que é em 3D.

Adalberto: Counter Strike não é aquele jogo, que se você mata um policial ganha não sei quantos pontos. Se você mata uma velhinha, que tá atravessando a rua, ganha mais não sei quantos pontos e assim por diante?

Jefinho: É esse mesmo. Bonzão.

Lu: Garoto! Você acha legal ganhar pontos porque matou um policial, uma velhinha?

Confusão à vista! Uma garota distribuindo panfleto no sinal foi a salvação:

Adalberto: Lu, abre aí a janela e pega esse panfleto pra eu dar uma olhada.

Lu: Como assim? Você odeia com todas as forças possíveis e imagináveis distribuição de panfletos em sinal de trânsito, Adal!

Adalberto: Odiava. Agora adoro. E coleciono.

Mentira.

Lu: Sério? Mudou de opinião de um dia pro outro?

Adalberto: A gente não tem vergonha de pensar. Vai ter vergonha de mudar de opinião? Anda, pega aí.

O nosso momento de lazer no shopping seguiu a mesma linha.

Lu: Vamos no parquinho?

Jefinho: Odeio parquinho.

Lu: Mas você tem nove anos. Tá na idade de brincar no parquinho!

Jefinho: Mas eu odeio parquinho.

Adalberto: Lá não é só parquinho. Também tem uns jogos de fliperama muito legais.

Jefinho: Bora lá, então.

Sabe aqueles jogos, que a nossa mãe jamais iria deixar a gente sentir o cheiro? Então, foram com esses que o Jefinho brincou. Brincou, não, porque atrocidade, na minha opinião, não é brincadeira. Detalhe: ele fez a pontuação máxima em todos.

Adalberto: Lu, vamos ali comprar um milk shake comigo, enquanto o Jefinho fica aqui jogando?

Lu: Vamos.

Adalberto: Quer alguma coisa, Jefinho.

Jefinho: Porra, tu me desconcentrou, caralho! Perdi uma vida.

Lu: Que boca suja é essa?

Adalberto: Você ainda tem tantas vidas, que aquelazinha nem vai fazer falta. Vai querer alguma coisa?

Jefinho: Traz uma ice pra mim?

Lu: Hã?

Jefinho: Uma ice. Ice. Quer que eu desenhe?

Lu: Garoto abusa...

Faltava só mais uma sílaba, mas foi o que eu consegui evitar puxando a Lu pelo braço:

Adalberto: Vamos!

Não rolou nem milk shake nem ice. Mas uma boa conversa rápida:

Lu: Você não vai comprar ice pra esse garoto, né?

Adalberto: Só se você se prometer que vai terminar com opai dele ainda hoje.

Lu: Por quê?

Adalberto: Por quê? Porque, se esse garoto é assim, eu não quero nem imaginar como é o pai.

Lu: O Wellington não tem nada a ver com esse monstro mirim.

Adalberto: Ele é mal educado, porque não teve educação em casa.

Lu: Eu tô te falando que o Wellington não é assim.

Adalberto: Não? Então, a quem esse garoto puxou?

Lu: A mãe dele, ao coleguinha maldito da escola, ao Jorge Espora...

Adalberto: Jorge Espora morreu antes desse garoto virar um monstro.

Lu: .

Adalberto: Já morreu também.

Lu: Orlando Jogador.

Adalberto: Morreu.

Lu: Fernandinho Beira-Mar, sei lá...

Adalberto: Lu, entende uma coisa: a culpa é de quem cria.

Lu: Mas eu já te falei, que o Wellington não tem nada a ver com esse garoto.

Adalberto: Vamos lá. Acho que ele terminou de jogar.

Lu: Deve ter zerado. Ele zera tudo. Nunca vi conseguir matar todo mundo, sem perder nenhum ponto e ainda comer a prostituta no final.

Adalberto: É esse jogo que o pai dele deve estar fazendo com você.

Lu: Está me chamando de prostituta?

Adalberto: Não. Mas cuidado pra não acabar fazendo esse papel.

Jefinho: Porra, vocês demoraram pra caralho. Já ia embora pra casa.

Lu: Como?

Jefinho: De ônibus, ué.

Lu: Garoto, você tá aqui sob a minha responsabilidade, tá?

Jefinho: Me dá logo a minha ice.

Adalberto: Então... Não tinha. Por isso que a gente demorou.

Jefinho: Shopping de merda esse aqui.

Adalberto: É... Uma porcaria.

O celular do Jefinho tocou. A afobação do menino me levou a uma certeza: tratava-se de um momento quase sagrado.

Lu: E aí? Vai querer jogar mais algum joguinho?

Jefinho: Cala a boca! Alô.

Pela cara dele, não devia ser coisa boa...

Jefinho: Perderam? Então, dá uma surra no goleiro e uma no zagueiro por mim.

A cara seguinte que ele fez me deu muito medo.

Jefinho: Ele falou isso? Então, manda matar. Pode dizer que fui eu que falei. É pra matar.

Lu: Escuta, aqui, garoto, quem é que você tá mandando matar aí, hein? Não vai mandar matar ninguém. Você é bandido, é? Me dá aqui esse celular.

A surtada da Lu tomou o celular da mão do garoto e varou ele longe.

Jefinho: O meu pai é bandido. E eu vou mandar ele te matar!

Com isso, ela virou a bola da vez do Jefinho. Pelo menos, foi o que nós achamos. E não pagamos pra ver. Enquanto o garoto correu pra pegar o telefone, nós corremos na direção seguinte pro carro. Na verdade, eu tive que dar um empurrãozinho, porque a Lu não queria deixá-lo sozinho lá.

Adalberto: Ele tá com uma arma debaixo da roupa. Vamos!

Lu: Meu pai amado! Vambora!

Era mentira. Eu não vi arma nenhuma debaixo da roupa do Jefinho. E a Lu nunca mais viu o Wellington. Parou de atender às ligações dele e ficou morando na minha casa por dois longos meses. Dividir apartamento com a Lu não foi fácil. Dois meses me pareceram um ano. Mas ainda bem que "esse ano" acabou.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Coincidência existe ou não? Eis a questão...

Eu estava no banheiro, fazendo um número 2 despretensioso, quando a Marjorie me ligou:

Marjorie: Oi, primo, tá ocupado?

Adalberto: Um pouco.

Marjorie: Tá fazendo o quê?

Adalberto: Nada de mais. Fala.

Marjorie: Uma cliente minha, a Dorinha Gesualdi, adorou o meu cabelo e me pediu indicação do salão onde eu fiz.

Adalberto: Ah, legal. Você fez com a mãe do Marcolino, né?

Marjorie: Foi. Mas eu tô com vergonha de indicar o salão da mãe dele pra minha cliente.

Adalberto: Já sei. Porque o salão é em Cascadura. Não é isso?

Marjorie: Nem é. Essas minhas clientes chiques acham hype ir ao subúrbio.

Adalberto: Então, qual é o problema?

Marjorie: O nome do salão é Gorete Coiffeur.

Adalberto: Hum... Tá errado. O certo é Gorete Coiffeuse.

Marjorie: Pois é. Fora que Gorete não combina com nada. É nome de biscate.

Adalberto: Para com isso. Adalberto é nome de velho. E eu com isso?

Marjorie: Adal, acho que vou sugerir ao Marcolino de mudar o nome do salão da mãe dele.

Adalberto: Tá louca? Você começou a namorar o cara há duas semanas e já quer mudar o nome do salão de cabeleireiro do tua sogra?

Marjorie: Quero. Eles precisam dessa minha consultoria.

Adalberto: Ok. Mas espera mais um pouco.

Marjorie: O quê? Uns dois dias?

Adalberto: Uns dois anos.

Marjorie: O que eu faço com a Dorinha?

Adalberto: Jojô, se a Dorinha Gesualdi acha hype ir a um salão de cabeleireiro no subúrbio, ela provavelmente vai achar mais hype ainda o nome dele equivocado.

Marjorie: Será?

Adalberto: Eu acho.

Marjorie: Ai, primo, às vezes eu tenho medo dos seus conselhos.

Adalberto: É por isso que eu não vendo.

Marjorie: Tô com medo.

Adalberto: O máximo que pode acontecer é ela morrer de rir do erro de francês.

Marjorie: É, né?

Adalberto: Claro. Melhor do que você pedir pro Marcolino mudar o nome do salaõ, que nem dele é.

Marjorie: É...

Adalberto: Sabe que uma sogra é capaz de destruir um relacionamento, né?

Marjorie: Sei.

Mas não parecia. A vergonha alheia da Marjorie falou mais alto e não é que ela sugeriu ao Marcolino de mudar o nome do salão da mãe dele, só por causa da Dorinha Gesualdi? O cara ficou puto da vida com ela. Acho que, a maneira que a Marjorie falou, deu a entender que a mãe do Marcolino era burra. Resumindo ela perdeu o namorado e uma cabeleireira de mão cheia. Mas o pior ainda estava por vir. Uma semana depois, ela me ligou novamente. E eu, de novo, no meu número 2. Que coincidência!

Marjorie: Tá ocupado, primo?

Adalberto: Não propriamente.

Marjorie: Tá fazendo o quê?

Adalberto: Fala, Marjorie.

Marjorie: Fui ontem na Nuth com a Ane e a Lu.

Adalberto: E aí? Estava bom lá?

Marjorie: Estava. Até a hora que eu resolvi fazer um milésimo xixi da noite, e peguei o Dorinha Gesualdi saindo de dentro do banheiro com o Marcolino. Eles estavam fazendo banheirão, né? Óbvio!

Adalberto: Mentira! Que coincidência...

Marjorie: Adal, acorda! Coincidência não existe. Ela estava com o cabelo diferente. Ela descobriu onde era o salão. Essa Dorinha é uma safada.

Que a Dorinha é uma safada, eu não sei. Mas também sei menos ainda se coincidência existe ou não. Por que, então, que sempre que a Marjorie me ligou pra falar desse caso, eu estava no banheiro cagando? Não era coincidência?

Taróloga leva pernada de Sara, mas justiça é feita

Era um feriado religioso, que eu não me lembro qual, quando a Sara apareceu do nada na minha casa:

Adalberto: Amoreca, que surpresa boa.

Sara: Ai, primo, nem te conto...

Adalberto: Ah, conta!

Sara: Fui lá naquela taróloga do Engenho de Dentro.

Adalberto: É? E aí?

Sara: Aí que ela me disse que o Oswaldo me ama.

Adalberto: Se você me pagasse, eu ainda te falaria mais.

Sara: É? O quê?

Adalberto: Que ele te ama, que ele te admira, que você é a pessoa mais importante da vida dele...

Sara: Ela ainda disse que ele nunca me traiu.

Adalberto: Viu?

Sara: O quê? Você acredita nisso?

Adalberto: Acredito.

Sara: Francamente, né, Adal.

Adalberto: O quê?

Sara: Você acredita mesmo nessa maluca?

Adalberto: Ah, sei lá...

Sara: Você tá sabendo de de alguma coisa? Me conta.

Adalberto: Sarita, eu já te falei mais de mil vezes, que eu não sei de nada. E não acredito mesmo que o Oswaldo te traia.

Sara: Jura?

Adalberto: Juro.

Sara: Tá falando sério?

Adalberto: Tô.

Sara: Então, eu acredito. Mas só porque é você que tá dizendo.

Adalberto: Viu? Se tivesse me pagado, ficaria tudo em casa. Essa taróloga se deu bem.

Sara: Que nada, coitada. Eu sustei o cheque, assim que saí de lá.

Adalberto: Sua louca! Por que você fez isso?

Sara: Porque eu queria ter batido naquela mentirosa. Mas pra evitar agressão, sustei o cheque daquela vigarista.

Adalberto: Não tô acreditando nisso, Sara.

Sara: Eu é que não acreditei em nada do que aquela safada me disse.

Adalberto: Então, por que você foi até lá?

Sara: Porque eu estava intrigada com uma coisas que o Oswaldo anda fazendo.

Adalberto: Mas ela não te esclareceu tudo?

Sara: Ela repetiu tudo o que você acabou de me falar.

Adalberto: Então, faz o seguinte: me dá o dinheiro que você deixou de pagar pra taróloga, porque eu não vim a esse mundo pra ficar dando a minha preciosa opinião de graça. Eu entrei no cheque especial esse mês. Tô precisando de dinheiro.

Sara: Tá bom. Eu vou te emprestar, mas, depois, você me paga.

Adalberto: Pago, sim. Fica tranquila.

Ela só esqueceu que ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Fui até a taróloga do Engenho de Dentro, inventei uma história triste sobre o cheque sustado e quitei a consulta da minha prima. E a Sara nunca mais viu a cor desse dinheiro, que ela me emprestou.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Kaká Coxão não tem a mesma sorte que a Pretty Woman

Eu estava vendo pela milésima vez o filme "Uma linda mulher" na Sessão da Tarde, num sábado, quando recebi uma ligação da Ane.

Ane: Tá podendo falar?

Adalberto: Tô.

Ane: As meninas estão vindo aqui pra casa. Queria que você viesse também.

Adalberto: É coisa séria?

Ane: É. Muito séria.

Não devia ser coisa séria. Mas, entre ver um filme pela milésima vez e encontrar com as minhas primas, que vivem situações dignas de cinema, preferi partir pro Humaitá, pra casa da Ane. Quando cheguei, já estava todas lá:

Adalberto: Que caras são essas?

Marjorie: O Kaká Coxão tá mal.

Sara: Muito mal.

Ane: A vozinha dele morreu.

Lu: E ele não consegue mais trepar.

Adalberto: E eu com isso?

Marjorie: Adal, o menino foi criado com a gente.

Adalberto: Tá bom. Coitadinho dele. Ele tá precisando de quê? Ajuda pra enterrar a vozinha? Isso é o que eu posso dar.

Marjorie: A gente já rachou o caixão.

Adalberto: Ah, legal. Fizeram a parte de vocês. Agora, é rezar pra que tudo fique bem.

Ane: Primo, ele é garoto de programa. Como é que ele vai trabalhar agora?

Sara: Ele sustenta uma família.

Adalberto: Gente, já, já ele volta à ativa.

Marjorie: Ele disse pra Ane, que não vai mais fazer programa.

Lu: É culpa, porque ele escondia isso da vó.

Sara: E, agora, que ela morreu, ele não vai mais conseguir.

Ane: E os filhos dele vão ter que sair do colégio particular.

Marjorie: Ele não vai ter como pagar o aluguel.

Ane: O casamento dele vai acabar com isso.

Lu: Vai acabar entrando pra vida do crime.

Marjorie: Como as pessoas passar por momentos difícies, né?

Ane: Já deve ter sido uma barra pra ele virar garoto de programa.

Lu: E, agora, ter que deixar de ser...

Marjorie: A gente tá querendo dar uma mesada pra ele.

Sara: Senão, ele vai acabar se matando.

E o silêncio reinou... E, logo após, o choro.

Adalberto: Gente, eu não tô acreditando nisso. Podem parando de chorar. O Kaká Coxão tem a família dele, amigos... Dificuldade todo mundo passa na vida.

Ane: Mas, Adal...

Adalberto: Nem mais Adal, nem menos Adal.

Marjorie: Onde você vai, seu louco.

Adalberto: Tive uma ideia.

Lu: Ai, meu Deus.

Adalberto: Vamos terminar a nossa conversa no bar. Preciso de uma cerveja bem gelada.

Ane: Aqui em casa tem.

Adalberto: Mas não tem o suficiente.

Marjorie: Não é melhor cada um deixar logo algum dinheiro pra Ane entregar pra ele?

Adalberto: Lá no bar a gente faz isso.

Lu: Assim, tudo bem. Eu vou.

No bar, depois do terceiro chope, Ane, Lu e Marjorie já estava fazendo brincadeira com morte da avó do Kaká Coxão.

Lu: Velha filha da puta. Acabou com o nosso pauzionho amigo.

Ane: Eu vou abrir o caixão daquela desgraçada e socar a cara dela, até quebrar os dentes todos.

Marjorie: Vai perder seu tempo. Aquela velha cafona usava dentadura.

Lu: Ó, vamos escrever uma carta e dizer que foi psicografada por algum médim.

Marjorie: Boa. A gente finge que é a vozinha dele falando.

Ane: Dizendo que ela sempre soube da profissão respeitada dele.

Lu: E que, se ele não continuar, ela vai puxão o pé dele de noite.

Sara: Meus Deus... Como essas meninas se corrompem.

E eu não sei? Não foi dessa vez que o Kaká Coxão largou a prostituição. Mas isso, eu já tinha visto 999 vezes em "Uma linda mulher".