domingo, 30 de junho de 2013

Marido de Shakira garante a vitória do Brasil na Copa das Confederações

Na sexta-feira, depois do trabalho, fiquei bebendo até tarde com uns amigos na Cobal do Leblon e, por medo da blitz da Lei Seca, decidi ficar pela casa da Marjorie, ali perto.

Quando cheguei lá, tomei um susto. Quem abriu a porta para mim foi o Gerard Piqué, jogador da seleção espanhola e marido da cantora Shakira.

Adalberto: Piqué?

Piqué: Hola.

Adalberto: A Shakira está aí? Vou ligar para a Ane agora. Ela está lá plantada na porta do Fasano, coitada. Está louca para tirar uma foto com a Shakira.

Piqué: Un momento.

Adalberto: Um momento, não, rapaz, eu sou de casa. Me dá licença. Jojô, cadê você? Não monopoliza a Shakira, não. 

E sem entender nada, a Marjorie sai do banheiro.

Marjorie: Como assim Shakira? Eu estava fazendo um número dois. Número dois é sinônimo de Shakira agora?

Adalberto: Ué, o Gerard Piqué está aqui. Achei que ele tivesse vindo com ela.

Marjorie: O nome do Gonzalo é Gerard Piqué?

Xiiiiiii...

Adalberto: Você não reconheceu? É o jogador da seleção da Espanha.

Marjorie: E eu acompanho futebol, por acaso? 

Adalberto: Nem site de fofoca? Nunca viu nenhuma foto desse canalha aos beijos com a Shakira?

Marjorie: Claro que não. Para mim, ele é um gringo, que está de férias aqui no Brasil, que eu conheci no hotel, onde está hospedado um estilista amigo meu.

Adalberto: No Fasano?

Marjorie: É.

Adalberto: Cachorro! Traindo a mulher no hotel, onde está hospedado com a família!

Marjorie: Como é que você foi capaz disso?

Piqué: Yo iba a contarte, pero...

Marjorie: Pero é o caramba! Sai da minha casa agora!

Adalberto: Não, ele não vai sair daqui assim, não. Tira a roupa, Piqué!

Piqué: Cómo?

Adalberto: Tira a roupa! Quero você só de cueca. Ou eu atiro em você.

O detalhe é que eu não tinha nenhuma arma comigo, além de um cortador de unhas, que eu carrego sempre na minha mochila.

Piqué: Está bien.

E ele fez o que eu mandei.

Adalberto: Agora, você, Marjorie. Tira a roupa e deita em cima dele no sofá. Quero fazer várias fotos de vocês dois. 

E ela prontamente me atendeu. Fizemos umas trinta opções de fotos com o meu celular. O Piqué é um ótimo ator. Mesmo se cagando de medo, pareceu natural em todos os cliques com a Marjorie. Consegui um material muito bom.

Adalberto: Agora, sim, amigão, pode ir embora. 

Piqué: Pero...

Adalberto: Não me pergunta nada. Só vou te dar um recado. O Brasil vai ser campeão da Copa das Confederações no domingo.

Piqué: Pero...

Adalberto: Chega de "pero"! Eu não quero ouvir mais um "pero" nessa casa. Que saco! Não sabe falar outra coisa? Termina logo de colocar essa roupa e vai embora, antes que eu te mate.

Piqué: Sí, señor.

Adalberto: Ai, que bom, mudou o disco!

E quando ele estava pronto para sair, dei um último recado.

Adalberto: Não se esqueça. O Brasil vai ser campeão da Copa das Confederações no domingo e, amanhã, quero você fazendo um programa família com a Shakira e o Milan. A criança não merece o pai que tem, mas fazer o quê? Quero ver fotos na imprensa da família feliz. Ou a imprensa vai ter outras fotos.

Piqué: Sí, señor.

Adalberto: E nunca mais me traia a Shakira com nenhuma sirigaita. 

Marjorie: Calma aí...

Adalberto: Desculpa, Jojô. Eu não estava me referindo a você.

Piqué: Puedo salir?

Adalberto: Já era para ter saído! E bate a porta. 

Marjorie: Você é um ator, primo!

Adalberto: Quem mandou o João Emanuel escrever Avenida Brasil? Agora, eu só sei aplicar a vingança da Nina.

Ontem, todos os sites publicaram fotos do Piqué com a Shakira e o filho, passeando na praia. Agora, é só aguardar a vitória do Brasil. Já apostei uma grana alta com vários amigos, que têm certeza que a Espanha vai golear a seleção brasileira. Coitados, não sabem de nada.

domingo, 23 de junho de 2013

Sara lava a alma, após ser presa em manifestação de Copacabana

Ontem, quando eu estava indo deitar, a Sara me ligou.

Adalberto: Oi, minha linda.

Sara: Adal, eu estou sendo presa.

Adalberto: Você? Como assim?

Sara: Eu vim na manifestação de Copacabana.

Adalberto: Mas você nunca foi disso. Na época do "Fora, Collor!", que era a hora de você participar disso, você não quis, lembra? Eu, Ane, Lu e Marjorie de cara pintada, e você debochando da gente.

Sara: Claro que lembro. Por isso, que eu estou aqui. O Oswaldo jogou na minha cara, que eu nunca me mexi para mudar o país, que eu não sou uma boa cidadã para o país e blablablá.

Adalberto: Só por isso você foi às ruas?

Sara: É.

Adalberto: Mentira, não acredito. Fala a verdade.

Sara: Ah, ele disse também que a Aldenice, aquela ex-namorada dele, era muito envolvida em causa social e que, hoje, ela deve ter muita história para contar para os filhos dela.

Eu sabia que, por trás daquele blablablá, tinha alguma coisa.

Adalberto: Onde é que você está agora?

Sara: Chegando na delegacia daqui de Copa. Vem para cá.

O Oswaldo nem sabia, que a Sara estava na manifestação. Ela disse que ia comprar ovos para fazer um bolo, quando saiu de casa.

Adalberto: Por culpa sua, a minha prima foi se embrenhar no meio de manifestação. Você sabe que a Sara não nasceu para essas coisas, Oswaldo!

Oswaldo: Eu não falei para ela se sentir mal.

Adalberto: Você disse que ela não era uma boa cidadã para o país e não queria que ela se sentisse mal?

Oswaldo: Não. Eu estava brincando.

Adalberto: Legal. Agora, ela está presa. 

Oswaldo: O quê?

Adalberto: Vamos lá comigo agora resolver isso. E leva as crianças.

Parece que a Sara tinha sido confundida com uma mulher, que jogou uma pedra no Copacabana Palace. Eu não sei como desfizeram o mal entendido. Só sei que, na porta da delegacia, depois que ela prestou depoimento, estávamos eu, Oswaldo, os trigêmeos e uma meia-dúzia, que eu arregimentei da manifestação, fazendo uma minimanifestação pela liberdade dela.

Adalberto, Oswaldo, os trigêmeos e os manifestantes: Ina, ina, ina! Liberte a heroína! Ina, ina, ina! Liberte a heroína! Ina, ina, ina! Liberte a heroína!

E, quando a Sara saiu, foi recebida por aplausos. Não chegávamos nem a dez pessoas, mas, na cabeça dela, éramos uma multidão.

O Gero, a Lina e a Liana não tinham ideia do que estavam fazendo ali. Eles só têm dois aninhos. Mas, para a Sara, a presença dos filhos, naquele momento, fazia o maior sentido.

Foi como lavar a alma.

domingo, 16 de junho de 2013

Lu erra o alvo no crime do Dia dos Namorados

Na quarta-feira, foi Dia dos Namorados e, logo pela manhã, fui surpreendido por uma situação.

Lu: Adal, cadê você?

Adalberto: Eu estou me arrumando para ir trabalhar.

Lu: Você não vai trabalhar hoje.

Adalberto: Eu vou. Por que não?

Lu: Porque eu fiz uma merda e só você pode me salvar.

Novidade!

Adalberto: O que você andou aprontando, fala?

Lu: Eu paguei para o teu porteiro sequestrar o Julimário, mas ele pegou outra pessoa.

Adalberto: Como assim? Você sequestrou alguém?

Lu: Sequestrei. E daí?

Adalberto: Lu, você pirou! A minha portaria está sem gente agora?

Lu: Não, garoto. Foi o porteiro da noite, aquele idiota!

Adalberto: Você é doida, maluca, surtada...

Lu: Não sou nada disso. Sou romântica. Era para ser um sequestro de amor, uma surpresa do Dia dos Namorados.

Adalberto: Mas você não namora. E pelo que eu sei, o Julimário não quer saber de você nem pintada de ouro.

Lu: Eu sei. Mas depois dessa surpresa, duvido que ele não voltaria para mim. Só que a anta do teu porteiro é mais imbecil do que eu imaginava. Só serve para abrir e fechar porta mesmo. Agora, eu estou com uma pessoa algemada aqui na cama da Marjorie e eu fiz o favor de perder a chave da algema.

Adalberto: Você está com um homem algemado na casa da Marjorie?

Lu: O Julimário trabalha aqui perto, esqueceu?

Adalberto: Mas você não pode fazer isso. Essa aí não é a sua casa!

Lu: Mas é a casa da minha prima. E ela me deu a chave, porque confia em mim.

Adalberto: Mas depois dessa, ela vai te tomar essa chave.

Lu: Ela está viajando. Só volta amanhã. Nem vai ficar sabendo de nada.

Adalberto: Lu, não é assim. Você sabia que isso não é...

Lu: Primo, eu não quero saber de nada agora. Eu estou desesperada. Você pode passar num sex shop, comprar várias algemas e trazer a chave aqui, por favor. De repente, uma delas vai servir para abrir a do rapaz aqui. Coitado, está desacordado até agora.

Adalberto: Lu, você é doida, e eu não vou mais te socorrer nessas suas loucuras. Estou indo para o meu trabalho. Tchau!

Eu não devia ter feito isso. A louca ligou para pedir ajuda ao policial, que a presenteou com a algema numa situação que... deixa para lá, é coisa muito íntima. O inconveniente foi que ele deu um tiro na algema para poder abri-la. Detalhe: a Marjorie mora no Leblon e todos os vizinhos ficaram assustados com o estampido. Saíram do prédio aos gritos, chamaram a polícia e, em pouco tempo, tinha um carnaval montado na porta do prédio. Com direito à imprensa, claro. Se não fossem os querido jornalistas, eu não teria visto tudo isso pela televisão.

Corri para a lá.

Quando cheguei, o Julimário estava dando entrevista. A Lu estava sem coragem de sair da casa da Marjorie. E o policial já tinha fugido.

Julimário: Um baixinho, com cabeça grande, uniforme azul. Ele jogou um spray em mim e, depois disso, eu não lembro de mais nada. Acordei com o barulho do tiro e com essa algema.

Disfarcei.

Adalberto: Ahahahahahahahahahaha. O amigão aqui é um gaiato. Tudo bem, pessoal da imprensa querida? Olha, eu queria contar com o apoio de vocês para não divulgar nada do que aconteceu aqui. Ele é casado com uma outra pessoa. Não sabe o que está falando. Essa algema faz parte de uma fantasia sexual, que ele não concluiu com a minha prima, devido a altas doses de comprimidinhos que ele tomou e acabou tendo uma overdose. Ahahahahaha. Não teve nada de spray, coitado. Ele está constrangido, não é, meu caro? Ahahahahaha. A minha prima me ligou, eu sou médico...

Mentira! Tenho pavor de sangue, jamais poderia estudar Medicina.

Adalberto: ...vim correndo aqui socorrê-lo, mas pelo que vejo, graças ao meu bom Deus, está tudo bem. Vocês podem ir embora. Ah, mas se quiserem antes passar lá em cima, no apartamento onde eles estavam, vocês poderão conferir a minha prima, fantasiada de diabinha e com uma coleirinha no pescoço, com o nome dele gravado, tipo o que a Luma fez para o Eike Batista num desses carnavais da vida, vocês lembram? Ahahahahahaha. Claro que lembram, são jornalistas... Sabem de tudo, não é mesmo? Ahahahahahaha.

Meu maxilar gritava de dor. Rir forçado é uma bosta.

Bom, no dia seguinte, quando recebi jornal em casa e vi a Lu sendo ridicularizada em duas páginas, lembrei de dar uma advertência no meu porteiro. Até que a Lu não saiu tão mal de diabinha. Devem ter passado Photoshop, não tinha uma celulite. Antes sair no jornal com fantasia sexual do que atrás das grades. Ela poderia estar presa, agora, pelo sequestro.

Fui correndo à casa da Marjorie sumir com o jornal que ela assina. E quando ela chegou, tudo já estava na santa paz. O bom do prédio dela é que os vizinhos passam uns pelos outros e fingem que não se conhecem. Ela nunca ia saber o que aconteceu, enquanto esteve fora.

Ufa!

domingo, 9 de junho de 2013

Quando os Ursinhos Carinhosos dão lugar a personagens japoneses de olhos esbugalhados

Ontem, levantei às seis horas da manhã para ir ao banheiro e me assustei com um vulto na minha sala.

Sara: Adal.

Adalberto: Que susto! Pensei que fosse um fantasma. O que você está fazendo aqui, Sara?

Sara: Sabia que faltam três meses para o aniversário dos seus afilhados?

Adalberto: Sabia.

Sara: Por isso que eu vim aqui. Você vai me ajudar a procurar decoração dos Ursinhos Carinhosos.

Adalberto: Isso ainda existe?

Sara: Infelizmente não.

Adalberto: E por que você vai fazer a festa dos trigêmeos de uma coisa que eles nem sabem o que é?

Sara: Para evitar que o pai faça as vontades deles e compre enfeite de boneco japonês olhudo. Acho ridículo.

Adalberto: Mas eles gostam?

Sara: Adoram! 

Adalberto: Então, deixa o Oswaldo fazer a vontade dos filhos, ué.

Sara: De jeito nenhum! Ele não pariu sozinho.

Adalberto: Nem você.

Sara: Mas eu tenho vantagem, porque eu carreguei durante nove meses na minha barriga. 

Adalberto: Que injustiça! Não fala isso. Fora que ele só está deixando prevalecer a vontade das crianças.

Sara: Adal, eu sempre quis ter uma festa dos Ursinhos Carinhosos. Eu adoro os Ursinhos Carinhosos.

Adalberto: Sara, você não pode querer se realizar nos seus filhos.

Sara: Posso, sim. Eu sou mãe. Os meus filhos têm que saber desde cedo que quem dita a ordem dentro de casa é mãe... e pai.

Adalberto: Nisso, eu concordo com você. Mas o tema da festa deles não tem nada a ver com isso.

Sara: Tem, sim. Adal, você vai ou não comigo?

Adalberto: Agora?

Sara: Claro. Você acha que vai ser fácil encontrar alguma loja, que venda decoração dos Ursinhos Carinhosos?

Adalberto: Não.

Sara: Por isso, a gente tem que sair agora. Anda!

E apesar de ser completamente contra essa ideia louca da Sara, eu a acompanhei. Fomos a umas vinte lojas no Centro da Cidade e, quando perguntávamos sobre enfeites dos Ursinhos Carinhosos, os vendedores comentavam:

Vendedor magrelo cabeçudo: A gente não trabalha com coisa antiga, não.

Vendedora gordinha e fofa: A gente só vende enfeite de personagem japonês. É o que está saindo mais hoje em dia.

Vendedora sem noção: Eu não tenho o que a senhora quer, mas posso dar o meu jeito, pegar uns ursos de pelúcia da minha filha, sobrinha, vizinha, botar em cima da mesa dos seus filhos e dizer que são os Ursinhos Carinhos. As crianças de hoje em dia nem sabem o que é isso mesmo.

Vendedora periguete: Amor, isso acabou. Ursinho carinhoso é o meu namorado: todo peludinho e um fofo. Mas eu não empresto.

Vendedora teen: O que é isso?

Sara: Você não sabe quem são os Ursinhos Carinhosos?

Vendedora teen: Eu não, tia?

Adorei o tia!

Sara: Quantos anos você tem, garota?

Vendedora teen: Dezoito, tia.

Sara: Você nunca ouviu falar dos Ursinhos Carinhosos?

Vendedora teen: Não. 

Sara: Quais são os desenhos da sua época? 

Vendedora teen: Ah, Pokemon, Digimon...

Adalberto: Viu, Sara. Na infância dela, foi quando começou a invasão japonesa de olho esbugalhado. Não tem jeito. Você vai ter que aceitar essa colonização infantil, vinda do Oriente. Não tem jeito.

Sara: Tem, sim! Eu não desisto.

E fomos a uma última loja. Um lugar que, de fora, parecia medonho. Era escuro, feio, nem parecia que trabalhava com decoração de festa infantil.

Logo na entrada, fomos recebidos por uma vendedora japonesa. Era óbvio que ali não ia ter nada de Ursinhos Carinhosos.

Sara: Desculpa perguntar, mas aqui a senhora trabalha com enfeite, sem ser de desenho japonês?

Vendedora japonesa: Nós só trabalhamos com enfeites para festas, sem ser de desenho japonês. Eu e o meu marido achamos uma falta de respeito esses desenhos com personagens japoneses, com olhos gigantescos. Uma ofensa ao nosso povo.

Sara: Eu concordo com você. É tão bonitinho o olhinho pequenininho de vocês.

A japa arregalou o pouco de olho que tinha.

Adalberto: Sara, menos. Vai direto ao ponto, por favor.

Sara: Então, a senhora tem enfeite dos Ursinhos Carinhosos.

Eu tinha certeza que não.

Vendedora japonesa: Claro que sim.

Caraca!

Sara: Ai, que bom! Viu, Adal. Eu quero tudo o que você tiver, por favor. Nem precisa me mostrar nada. Corre lá e pega tudo, antes que chegue alguém querendo comprar.

Adalberto: Ninguém vai querer comprar. Ninguém lembra dos Ursinhos Carinhosos.

Sara: Cala a boca, garoto! Moça, vai lá e pega tudo, por favor.

Vendedora japonesa: Ok. Espera só um momentinho que eu vou pegar no depósito.

Sara: Não tem pressa, não. Pode ir com calma. Eu posso esperar o dia todo.

Mas eu, não!

Vendedora japonesa: Com licença.

Sara: Toda, toda, toda, amore. 

E quando a vendedora japonesa saiu, tentei dissuadir minha prima dessa loucura.

Adalberto: Sara, você tem certeza que está fazendo a coisa certa?

Sara: Claro! Adal, eu acho que o papel da mãe é decidir o melhor para os seus filhos.

Adalberto: Beleza. Eu não falo mais nada.

A vendedora japonesa voltou com um rapaz, carregando vários enfeites dos Ursinhos Carinhosos.

Vendedora japonesa: Pronto, senhora. Isso era tudo o que tínhamos dos Ursinhos Carinhosos.

E nesse momento, uma mulher entrou aos prantos na loja.

Mulher aos prantos: Você falou Ursinhos Carinhosos? Eu passei o dia todo atrás disso. Eu quero!

Sara: De jeito nenhum. Sou eu que vou levar. 

Mulher aos prantos: Eu pago quanto for, por favor, deixa eu levar. A minha filha é louca pelos Ursinhos Carinhosos. Ela queria fazer a festinha dela dos Ursinhos Carinhosos, mas eu comprei a decoração toda desses personagens japoneses, que estão na moda. Ela detestou e, agora, anda me dizendo que gosta mais da madrasta do que de mim.

Adalberto: Ela tem quantos anos?

Mulher aos prantos: Três. 

Adalberto: E como ele conhece os Ursinhos Carinhosos?

Mulher aos prantos: Porque a madrasta tem todas as fitas e coloca no vídeo cassete para ela ver.

Adalberto: Poxa, que pena que a gente vai levar tudo. Passamos o dia todo atrás de enfeite dos Ursinhos Carinhosos.

Sara: Não, Adal. Eu não quero mais nada disso. Pode levar, moça.

Mulher aos prantos: Ah, obrigada, minha filha!

Sara: De nada. Vamos embora, Adal.

Fora da loja, ela entregou o motivo da desistência.

Sara: Eu não vou contrariar meus filhos, não. De jeito nenhum! Amanhã ou depois, o Oswaldo se separa de mim, e eu não vou querer ouvir os meus trigêmeos, dizendo que outra sirigaita é a mãe deles. É ruim, hein! Adal, vamos voltar na primeira loja e comprar a decoração completa daquele desenho japonês? Foi lá que eu mais gostei.

Essa é a Sara que eu conheço!