domingo, 8 de maio de 2011

Lu é vítima da "Fúria de Titãs"

Não fui trabalhar na última quinta-feira. Estava muito estressado, então, liguei pro meu chefe e disse que acordei com suspeita de dor de barriga. Queria ficar em casa o dia inteiro de bobeira, sem fazer nada mesmo. Mas a minha tranquilidade foi interropida na parte da tarde da pior maneira. Todo mundo sabe que as minhas primas têm as chaves da minha casa. Eu fiz as cópias, pra elas, pros casos de emergência. Mas a Lu, de vez em quando, abusa. Eu estava na minha sala, vendo "Fúria de Titãs", quando ela me entra com um marombado:

Lu: Pode entrar. Fica à vontade.

Desidério: Bonito o apartamento.

Lu: Ah, que nada. Foi o que o meu dinheiro pôde comprar.

Desidério: Você tá de parabéns.

Lu: Brigada.

Eis que ela me viu esparramado no MEU sofá:

Adalberto: Oi.

Lu: O que é que você está fazendo aí?

Adalberto: Nada. Aliás, tô vendo "Fúria de Titãs".

Lu: Que empregado mais abusado! Já pra cozinha, anda!

Adalberto: Lu, você tá maluca? Que teatro é esse?

Lu: Teatro? Teatro eu vou fazer quando chegar o dia do seu pagamento. Anda, vem!

Porra, ela me puxou pelo braço com tanta agressividade, que chegou a fazer uma mancha roxa na minha pele. O cara ficou olhando pra tudo aquilo com cara de babaca. Fui desovado na cozinha:

Adalberto: Lu, que palhaçada é essa?

Lu: Adal, pelamordedeus, esse Deus grego que tá lá na sala é o Desidério, lembra?

Adalberto: Não.

Lu: O italiano que estudou comigo no Segundo Grau.

Adalberto: Tá, e daí? O que eu tenho a ver com isso?

Lu: É que ele me perguntou se eu, finalmente, tinha saído de Del Castilho. E eu disse que sim.

Adalberto: Ah, tá. Aí você tá fingindo que a minha casa é a sua casa?

Lu: Isso.

Adalberto: Mas de jeito nenhum. Eu vou lá na sala agora botar esse marombeiro pra fora. Ele e você, sua loroteira delcastilhiana!

Lu: Adal, não! Eu te dou um saco de Serenata de Amor.

Eu sou um trouxa mesmo. Vendo minha própria casa por Serenata de Amor.

Adalberto: Tá bom. Mas eu quero esse saco hoje, hein!

Lu: Tá, Adalzinho. Fica aqui, escondidinho, tá?

Ainda bem que a minha casa estava completamente desarrumada e que o meu quarto tinha uma cesta de roupa suja transbordando de cuecas para lavar. Isso repeliu a Lu. Ufa! Não sei pra onde ela foi com o Desidério. Mas, antes de bater a porta com toda força do mundo, me passou numa ordem:

Lu: Fungêncio, eu vou dar uma saidinha e volto em meia-hora. Quero o meu quarto arrumado, hein!

Fungêncio é o caralho. Eu já me chamo Adalberto, que não é lá essas coisas, e essa louca me xinga desse jeito. Deixa comigo...

Meia-hora depois, ela chegou, eu fiz questão de deixar a casa uma bagunça. Espalhei os porta-retratos pelo chão, revirei o tapete, joguei resto biscoito na cama só de sacanagem. Biaxou a "Fúria de Titãs" em mim.

Lu: Adal, que bagunça é essa?

Adalberto: Que bagunça é essa? É a bagunça que eu fiz na MINHA casa. Cadê o o Desidério pra ver a bagunça que o Fungêncio fez?

Lu: Foi embora.

Não acredito. Fiz aquilo tudo pra aparecer, mas não tinha mais plateia.

Adalberto: Como assim?

Lu: A gente brigou.

Adalberto: Mas tão rápido? Por quê? O que é que aconteceu?

Lu: Porque ele disse que queria casar comigo.

Adalberto: Ué, mas não é isso que você sempre quis?

Lu: É. Mas ele queria morar aqui. Disse que a casa é grande e tem ar-condicionado.

Adalberto: Nossa, só por isso?

Lu: Não. Porque ele já é casado na Itália.

Adalberto: Ah, tá. Assim, sim.

Lu: Tô muito triste, Adal. Posso ficar aqui hoje?

Adalberto: Pode. Mas, antes, cadê meu saco de Serenata de Amor?

Lu: Adal, eu não tô com cabeça pra isso.

Adalberto: Tá bom. Eu troco o Serenata de Amor por uma faxina na casa.

Lu: Poxa.

Adalberto: Ué, trato é trato. E você não cumpriu o seu. Essa é a multa.

Lu: Tá. Mas você me ajuda.

Adalberto: Não. Vou dar uma saidinha e volto em umas três horas ou quatro horas. quero tudo arrumado, hein, Fungência! Tchau!

Passei num mercado, comprei um saco de Serenata de Amor e fui ver um filme que me deixasse mais tranquilo. A "Fúria de Titãs" me deixou muito mau e vingativo. Se bem que, de vez em quando, eu posso voltar a ver esse filme. E ai de quem pisar no meu calo!

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