quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sara emplaca amigo-oculto de fim de ano, em meio a brincadeiras e verdades

Ontem, depois que saí do trabalho, fui à casa da Sara visitar os trigêmeos. Eles estão cada dia mais lindos. Parecem com o dindo. Para quem ainda não sabe, eu sou o dindo dos bebês.

A visita foi de médico. Mas o pouco que fiquei por lá, deu para colocar todos os assuntos em dia. Inclusive sobre o mais emblemático tema do fim de ano: AMIGO OCULTO.

Sara: O que você acha disso, Adal?

Adalberto: Eu acho um saco amigo-oculto. Nunca sei o que falar da pessoa que eu tiro. É pior do que entrevista de emprego.

Sara: Eu gosto.

Adalberto: Eu não. Aliás, eu não suporto essa brincadeira. Todo ano, eu participava de uma média de cinco. Ano passado, eu tive a brilhante ideia de comprar meus presentes no camelódromo. Cada coisa mais brega do que a outra. Precisava ver... Aí, esse ano, resolveram esquecer de mim. Graças a Deus!

Sara: Por que isso?

Adalberto: Porque eu não vejo a menor graça em ficar no meio de uma roda, elencando as piores qualidades de uma pessoa. Isso não é coisa que se faça! Já presenciei muita briga, por causa disso.

Sara: A gente pode estipular regras no nosso. Por exemplo, ninguém pode falar mal de ninguém.

Adalberto: Então, isso não é amigo-oculto.

Sara: Como não?

Adalberto: Porque a matéria-prima dessa brincadeira sem graça é falar mal da pessoa que você tirar. Se não tem isso, não tem amigo-oculto.

Sara: Então, tá. A gente não faz. Eu tive essa ideia, porque fiquei com pena de você, que é padrinho de três crianças e ainda tem a tia Neide, o tio Beto, o Diego, a Camila e o Eduardo.

Depois dessa, até eu fiquei com pena de mim. Agora, são mais três no meu orçamento. E eu só poderia tirar o Eduardo da minha listinha obrigatória de presentes de Natal. O chavão que diz que “cunhado não é parente” é indispensável nessas horas.

Mudei de opinião como quem muda de roupa.

Adalberto: Sabe que eu acho uma boa ideia essa do amigo-oculto?

Sara: Ué.

Adalberto: Ué, o quê? Era brincadeira. Eu adoro amigo-oculto.

Sara: Adal, você está brincando comigo...

Adalberto: Não. Eu estava brincando antes. Agora, eu estou falando sério.

Sara: Então, tudo bem. Vou cortar os papéizinhos com os nomes agora e você já tira o seu.

Adalberto: Eu te ajudo.

Cortar e dobrar papel, definitivamente, não é a minha praia.

Quando faltavam os quatro últimos nomes e, a essa altura, eu já estava um expert no trabalho chato de professora de pré-escola, fui interrompido pela Sara.

Sara: Adal, acabou.

Adalberto: Como assim, acabou?

Sara: Acabou, ué. Estão todos os nomes aqui.

Adalberto: O Diego e os trigêmeos não vão participar?

Fiquei com vergonha, depois que concluí a pergunta.

O Diego, filho da minha irmã, tem apenas quatro anos. E os trigêmeos vão fazer três meses no dia 27 desse mês. Ou seja, eu estava contando com uma pessoa que acabou de passar para o Jardim-II e três, que nem sequer sabem falar.

Sara: As crianças não entram, Adal!

Adalberto: Ué, você disse que estava com pena de mim, porque eu ia gastar muito dinheiro com presente.

Sara: Adal, o Diego só tem quatro anos. E os trigêmeos nem sabem falar.

Ouvir isso de uma outra pessoa foi pior do que ouvir isso de mim mesmo.

Sara: De mais a mais o Diego é seu sobrinho e a Lina, a Liana e o Gero são seus afilhados.

Adalberto: Eu ainda não batizei ninguém.

Sara: Ah, é assim? Não tem problema. Eu arrumo outro padrinho para os meus filhos.

Tive o ímpeto de mandar ela fazer isso. Mas, depois, ia me arrepender para o resto da vida.

Adalberto: Não. Eu estava brincando. Você acha que eu ia mesmo colocar o nome do Diego e dos trigêmeos para participar do nosso amigo-oculto.

Sara: Adal, eu nunca sei quando você está falando a verdade ou está brincando.

Adalberto: Sarita, você é uma das pessoas mais engraçadas que eu conheço.

Isso, sim, era brincadeira!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Marjorie lucra com atitude politicamente incorreta travestida de politicamente correta

Na sexta, à noite, a Marjorie resolveu me ligar para contar uma novidade.

Marjorie: Estou namorando um dos filhos do Bolsonaro.

Adalberto: Bolsonaro é o deputado federal homofóbico?

Marjorie: Isso.

Adalberto: E está legal? Você nem me contou...

Marjorie: Foi falta de tempo, Adal. O cara me dá mole há meses, mas eu não dava a menor bola para ele.

Adalberto: Amor à segunda vista?

Marjorie: Não. Vingança alheia.

Adalberto: Como assim?

Marjorie: Eu vou me vingar do pai dele, em nome de todos os estilistas amigos e clientes.

A Marjorie, para quem ainda não sabe, é designer de bolsas.

Adalberto: Mas por que isso?

Marjorie: Você acha certo as asneiras que o Bolsonaro fala?

Adalberto: Não. Mas eu não sou ninguém para castigar o cara, só porque ele é um idiota.

Marjorie: Ai, Adal, você anda tão politicamente correto. Que coisa chata!

Adalberto: Ué, não era você que me criticava, quando eu roubava bala nas Lojas Americanas?

Marjorie: O que eu quero fazer é mostrar para os meus amigos, que eu estou do lado deles, que eu repudio preconceito. Isso é politicamente correto.

Adalberto: Mas a vingança é politicamente incorreta.

Marjorie: Mas ser politicamente correto em excesso é ser um chato de galocha!

Adalberto: É? Então, vamos beber uma cerveja e falar mal da Dilma? Melhor: vamos beber myuitas cervejas e falar muito mal da Dilma. Estou melhor assim?

Marjorie: Bem melhor. Mas eu não posso. O Flá está vindo me buscar.

Adalberto: Quem é Flá?

Marjorie: O filho do Bolsonaro. Flávio Bolsonaro.

Adalberto: Ah, tá.

A Marjorie armou a maior arapuca para o coitado. Disse que ia a uma festa de uma grife de modas num motel luxuoso do Rio. Até aí, ele não desconfiou de nada. Festa em motel virou coisa tão comum nessa cidade, que já está até perdendo a graça.

Quando chegaram na porta do local, ele inventou uma história triste para não entrar.

Marjorie: Amor, sobe lá e pergunta para a promoter Silvinha se ela convidou a Thaís Sofia.

Flávio: Por quê? Vamos lá comigo.

Marjorie: Não. Eu não falo com essa pessoa. Ela também é designer de bolsas e tem roubado todos os meus clientes. Eu pedi para a Silvinha não convidá-la, mas quero ter certeza. Você faz isso por mim, meu amor?

Flávio: Tá bom.

Coitado.

Quando ele chegou no quarto onde aconteceria a festa, não havia nenhuma Silvinha, mas um monte de homem vestido de mulher. Em poucos segundos, Flávio Bolsonaro era apenas um pontinho aflito entre os montes de cachecóis que o rodeavam.

Mas essa situação não demorou muito. Em poucos minutos, ele passou a ser um pontinho aflito do lado de fora do motel.

Foi aí que a legião de fotógrafos amigos da Marjorie, de revistas e jornais de fofoca, registraram o grande momento.

No sábado, a "fugidinha" de Flávio Bolsonaro foi a notícia do dia.

A Marjorie me ligou feliz da vida.

Marjorie: Viu só, primo.

Adalberto: Você é doida. Sacaneou o filho para atingir o pai...

Marjorie: E consegui o que eu queria. Resgatei um monte de cliente.

Adalberto: Então, essa não foi uma vingança alheia propriamente dita. Foi mais uma isca para atrair seus ex-clientes.

Marjorie: Adal, foi tudo isso e mais um pouco.

Fiquei com medo de perguntar o que significaria a parte “mais um pouco”. Mas não me aguentei.

Adalberto: Como assim mais um pouco?

Marjorie: Eles me pagaram uma viagem para o Tahiti, me deram vários vestidos, camisas, calças, sapatos, perfumes, cordões e pulseiras presente e, ainda, me levaram para jantar num restaurante incrível, primo. Tem coisa melhor.

Não!

Eu faria o mesmo.

Ou pior.

Definitivamente, a Marjorie mandou MUITO bem.

Aliás, ela me fez chegar a uma conclusão: melhor do que ser politicamente correto e ter fama de chato de galocha é ser politicamente incorreto travestido de politicamente correto e se dar bem com isso.

Fica a dica.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ane leva chamada de Mark Zuckerberg e deixa de ser over no Facebook

Na domingo, depois de atender uma milésima ligação para saber se a Ane estava bem, resolvi dar uma olhada no Facebook dela para ver se a preocupação das pessoas procedia.

Eram milhares de postagens de trechos de textos de Clarice Lispector, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Victor Hugo, Sêneca...

A Ane sabe quem foi Sêneca?!

Liguei para ela na hora.

Ane: Claro que eu não sei quem foi Sêneca! Eu pego essas frases num site de pensamentos.

Adalberto: E você acha isso bonito? Está todo mundo pensando que você está deprimida.

Ane: Deixa pensar. Não dizem que todo psicótico é muito inteligente?

Adalberto: E você acha legal ter fama de psicótica?

Ane: Não. Mas de inteligente, sim.

Esse era um problema dela. Eu, realmente, não fiquei muito preocupado com as postagens filosoficamente nostálgicas dela. Só tinha ficado intrigado com o fato de ela conhecer o tal do Sêneca, que eu sequer ouvi falar nesses meus 31 anos de estrada.

Talvez eu não fosse tão psicótico quanto imaginava... Quero dizer, inteligente!

Só para constar Sêneca foi um dos mais célebres escritores e intelectuais do Império Romano. Conhecido também como o Moço, o Filósofo, ou ainda, o Jovem, sua obra literária e filosófica, tida como modelo do pensador estoico durante o Renascimento, inspirou o desenvolvimento da tragédia na dramaturgia europeia-renascentista.

Copiei do Wikipedia.

Na segunda, ao ler uma matéria que dizia que o Facebook expulsará um milhão de usuários que imigraram do Orkut, lembrei da Ane.

Ela com certeza entraria nesse bolo. Afinal, essa mania de postar trechos de textos de famosos pensadores a esmo é, no mínimo, uma postura orkutiana.

Postura orkutiana = postura altamente infantil.

Pouco tempo depois de ler a notícia, recebi uma ligação da Ane.

Adalberto: Nossa, estava pensando em você.

Ane: Adal, eu recebi uma mensagem do Mark Zuckerberg.

Depois do Sêneca, esse devia ser outro filósofo que eu desconhecia.

Adalberto: Esse, para mim, é o famoso Quem.

Ane: É o dono do Facebook, garoto. Em que mundo você vive?

Na terra. Não vivo postando minha vida no Facebook. E confesso: não tive a MENOR curiosidade em ver o filme dessa rede social.

Adalberto: E o que foi que ele disse?

Ane: Que vai me deletar, se eu não mudar o meu comportamento. Acho que estou meio over.

Ela precisou levar uma chamada do dono do Facebook para perceber que estava over.

Adalberto: E o que você vai fazer?

Ane: Vou dar uma maneirada.

Adalberto: Melhor assim.

Ontem, soube pela Sara que a Ane foi se inscrever no vestibular para o curso de Filosofia.

Ela achou estranho. Eu achei bem o perfil da Ane. Perfil orkutiano.

Pelo visto, o projeto “Ser inteligente para surpreender” dela iria continuar no mundo real.

Sem a interferência do Mark Zuckerberg.

Mas se bem a conheço, esse projeto não chega ao segundo período da faculdade.

De qualquer maneira, eu CURTI a iniciativa da minha prima.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Lu vai presa a tempo de abocanhar título de miss

Eu e alguns colegas de trabalho fomos, na semana passada, convidados pela gerente de Marketing de uma churrascaria recém-inaugurada para jantar no local, no esquema 0800.

Tive a brilhante ideia de levar a Lu, que, enquanto se deliciava entre um pedaço de carne ou outro, teve a brilhante ideia contar tudo o que eu pensava sobre a gerente de Marketing... Para a gerente de Marketing!

É claro que ela nem imaginava, que estava falando com a própria. Eu sentei longe dela na mesa, porque, quando chegamos, não havia dois lugares próximos. Portanto, só fui saber do teor dos altos papos que ela levava com a gerente de Marketing, quando já era tarde.

Lu: Só uma pessoa com problema de cabeça para arrumar esse jabá para o Adal. Ele não jantou ontem, não tomou café nem almoço hoje, você acredita?

Gerente de Marketing: Mentira!

Lu: Garota, esse menino passa fome para ir a uma churrascaria rodízio. Nunca vi igual.

Gerente de Marketing: Mas por que isso?

Lu: Não sei. Eu achava que era para fazer valer a pena o dinheiro gasto. Esse garoto é pão-duro! Mas aqui ele não vai pagar nada...

A gerente de Marketing deu uma risadinha para mim que, de longe, respondi com um aceno.

Lu: O meu primo é doido. Ele disse que a menina que está oferecendo esse jantar é uma chata.

Gerente de Marketing: É?

Lu: Hum, ele falou que vai pegar todos os cheques promocionais que vai receber do restaurante e distribuir para os amigos dele.

Gerente de Marketing: Como assim? É para ele distribuir no trabalho.

Lu: Mas ele não vai fazer isso. Vai fazer média com os amigos.

Gerente de Marketing: Mas não pode!

Lu: Mas ele está cagando para a Palha de Aço.

Gerente de Marketing: Quem é a Palha de Aço?

Era ela. Mas,naquele dia, ela estava com o cabelo escovado.

Lu: É a gerente de Marketing daqui. Ele odeia ela. Diz que, às vezes, atravessa a rua para não ter que cumprimentá-la. Além de chata, ele acha que ela tem piolho. Eu até concordo com ele, porque a mulher, que hoje em dia, tem cabelo duro e ressecado com tanto tipo de escova definitiva e relaxamento é, no mínimo, uma pessoa que não deve ter o menor cuidado com o cabelo.

A gerente de Marketing levantou impetuosamente, sem proferir uma única palavra. No lugar dela, voltou um segurança muito educado, que me pediu, com muita cortesia, para que me retirasse da mesa com a minha acompanhante.

Eu acatei bem o que me foi dito, sem sequer imaginar o que poderia ter acontecido. Mas quis saber o motivo. Eu incorporei o espírito da galera do “deixa disso”, já que a galera que estava com a gente não tinha esse espírito.

Adalberto: Lu, o segurança me disse que essa é uma ordem da gerente de Marketing. Vamos lá dentro falar com ela, procurar saber o motivo.

Lu: Ela é a Palha de Aço?

MEDO!

Adalberto: Lu.

Lu: Adal.

E assim começou o quebra-pau. Eu queria matar a Lu, que queria matar a gerente de Marketing, que queria me matar. Os seguranças da churrascaria também queriam me matar. E os meus colegas de trabalho queriam matar os seguranças. Mas não para me defender, mas para ver o circo pegar fogo mesmo.

Eu não daria conta de todos aqueles seguranças.

Era o fim da churrascaria recém-inaugurada.

Fomos parar na delegacia. Meu pai e minha mãe se recusaram a pagar fiança para eu e a Lu sermos soltos. Eu fui transferido para o Presídio Bangu I. E ela, para a Penitenciária Talavera Bruce, onde chegou a tempo de participar do concurso de miss do presídio e saiu vencedora.

Três dias depois, já estávamos em liberdade. Foram os meus pais que nos buscaram. O silêncio dentro do carro gritava. Até que foi quebrado.

Lu: Gente, eu preciso comemorar o meu título de Miss Talavera Bruce. Isso não é para qualquer uma.

Neide: Realmente, não. Para isso, você precisou fazer vergonha numa churrascaria.

Lu: Ai, tia! Passou. Esquece isso. Aposto que o tio Beto já esqueceu.

O meu pai tem uma coisa de bom. Ele muda do sentimento de raiva/decepção para carinho/afeto num átimo. Ele nos fez uma proposta que sugeriu que ele, realmente, tinha esquecido o fato ocorrido e nos perdoado.

Adalberto (pai): Vamos comemorar, então, o seu título de miss e a liberdade de vocês numa churrascaria?

Eu, que estava há três dias comendo uma gororoba, que prefiro nem comentar, acatei a sugestão na hora.

Adalberto: Eu topo.

Lu: Eu também.

Minha mãe fez uma cara de que estava achando tudo muito incoerente, mas não fez maiores restrições.

De fato, era incoerente comemorar a nossa liberdade num lugar, que nos remetia ao motivo que pôs fim a nossa liberdade. Isso até me deixava um pouco mal.

Mas era super coerente comemorar o título de miss de presídio da Lu naquele lugar. Afinal, foi graças a uma churrascaria que ela pôde viver a experiência de dar tchauzinho com a mão em concha, em câmera lenta.

Mais coerente seria comemorar na churrascaria que a levou ao título. Mas ela já não existia mais. Uma pena.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

No dia mais importante do ano é proibido pagar mico

Esqueci os meus óculos, ontem, na casa da Marjorie. Depois de vários copos de cerveja, é normal perder a memória. O que eu não podia era vir trabalhar hoje, sem enxergar direito.

A Marjorie não estava. É nessas horas que eu agradeço por ter a chave da casa de todas as minhas primas.

Entrei no apartamento, peguei os meus óculos e, quando ia fechando a porta, resolvi que a sede que estava sentindo não ia poder esperar até eu chegar ao trabalho. Entrei de volta, e para minha surpresa, havia um bilhete na geladeira com o seguinte: NÃO ESQUECER DE LIGAR PARA O CARRO DE SOM PARA PASSAR NO ENDEREÇO DO ADAL.

Como assim? O que ela queria dizer com isso? A dúvida persistiu na minha cabeça num primeiro momento. Mas, depois de poucos segundos, consegui traduzir a mensagem. Ou ela estava armando um mico daqueles para o meu aniversário, no domingo, ou eu estava delirando.

Só podia ser um mico daqueles. E o pior: bem cafona! De onde a Marjorie tirou isso? Aposto que ela armou isso com a Ane, a Lu e a Sara. Minhas primas bandidas. Na hora, eu queria todas elas morressem! Eu vou fazer 31 anos. Isso não é idade para se pagar mico!

Minha vontade foi ligar para ela, perguntar que palhaçada era aquela, gritar. Mas tive sabedoria e fiz diferente. Coloquei os meus óculos no lugar, onde tinha esquecido, fui ao médico, inventei uma doença, peguei um atestado e voltei para casa. Não dava para trabalhar sem enxergar nada.

Mais calmo, resolvi ligar para a ela.

Marjorie: Oi, meu lindo.

Falsa!

Mas eu sei ser igualzinho.

Adalberto: Oi, meu amor, tudo bem?

Marjorie: Tudo. Tenho trabalhado bastante aqui na fábrica, mas ainda bem que hoje é sexta. Vou passar o fim de semana em Arraial do Cabo.

Cínica! Pensa que me engana. Coitadinha. Mas sabe ela que eu descobri que ela está arquitetando um mico daquele para o meu aniversário.

Fui mais esperto.

Adalberto: Eu também vou viajar.

Marjorie: Como assim? É sério?

Adalberto: É.

Marjorie: Adal, você está maluco?

Adalberto: Não.

Marjorie: Você não esqueceu de nada, não?

Adalberto: Não.

Marjorie: Adal, o seu aniversário é no domingo.

Adalberto: Ah, você não esqueceu? Porque se você tivesse esquecido, eu até perdoaria você. Mas, pelo visto, você não se importa mesmo comigo.

Marjorie: Seu bobo, eu ia viajar hoje e voltar no domingo de manhã.

Adalberto: E você me perguntou quando eu vou comemorar o meu aniversário? E se eu fosse fazer alguma coisa no sábado à noite.

Marjorie: O seu aniversário é no domingo!

Adalberto: Sábado, à meia-noite, já é domingo.

Marjorie: Quem tem que me falar quando vai comemorar o seu aniversário é você.

Adalberto: Ah, para de palhaçada, Jojô. Por que você não me perguntou? Eu achava que você era a prima prática e não a dramática.

Marjorie: Pode falar, então, onde e quando você vai comemorar o seu aniversário?

Adalberto: Posso. No domingo, na sua casa.

Marjorie: O quê? Como assim na minha casa?

Adalberto: Na sua casa, ué. Vou comprar umas cervejas e não vou chamar ninguém. Só a gente mesmo, Ane, Lu, Sara, Oswaldo, os trigêmeos, minha irmã, o Eduardo, o Diego, meu pai e minha mãe.

Marjorie: Adal, não chamar ninguém é chamar muita gente. A nossa família está ficando cada vez maior. O meu apartamento não é tão grande assim.

Adalberto: Assim que é bom. Fica todo mundo juntinho.

Marjorie: Está bom, então.

A voz dela estava nitidamente se ânimo algum. E eu já sei o porquê. Ela jamais chamaria o carro de som para o seu próprio endereço, por mais que o mico fosse destinado a mim.

Adalberto: Amore, mais tarde eu vou passar na sua casa para pegar o meu óculos, está bem?

Marjorie: Tudo bem, seu cachorro. Você se livrou de uma...

Adalberto: O quê?

Marjorie: Nada, não. Outro dia, eu te conto.

Não precisava. Eu já sabia o que era.

A minha festa desse ano vai ser no sábado, na casa do Miguel, um amigo meu que faz aniversário hoje. Decidimos comemorar juntos amanhã. Mas isso, as primas não vão ficar sabendo. Não quero correr o risco de pagar mico, recebendo um carro de som no dia mais importante do ano.

Pelo menos, para mim, o dia 27 de Novembro é o mais importante do ano.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Amizade com Lu fica por um fio, mas quem é princesa nunca perde a majestade

Na quinta-feira passada, saí do trabalho cedo. Estava muito calor e eu precisava de um chope bem gelado. Um, não. Vários. Resolvi convidar a Lu para essa missão.

Lu: Alô, seu cachorro vira-lata.

Adalberto: É assim que você atende a ligação do seu primo amado?

Lu: É, sim! Não, quer dizer, não é, não. Agora, eu sou uma princesa. Tenho que ter bons modos.

Adalberto: Princesa do funk.

Lu: Vira essa boca para lá, Adal.

Adalberto: Por quê? Você adora funk.

Lu: Agora, eu odeio.

Adalberto: Por quê?

Lu: Mudei. Estou num momento novo da minha vida.

Adalberto: Que tal, então, comemorarmos esse seu momento tomando muitos chopes?

Lu: Não bebo mais.

Adalberto: Como assim?

Deixar de gostar de funk eu aceitei, mas deixar de beber... Só podia ter alguma coisa errada com a Lu.

Adalberto: Não estou te reconhecendo, Luluzita.

Lu: Eu já te falei. Agora, eu sou uma princesa.

Adalberto: E o que consiste isso?

Lu: Consiste que, todas as quintas-feiras, eu freqüento o Culto das Princesas, da pastora Sarah Sheeva.

Adalberto: Sarah Sheeva não é filha da Baby do Brasil?

Lu: É. Mas ela não gosta de vincular à imagem dela a da mãe.

Adalberto: Ah, não? Então, ela gosta de vincular à imagem dele a de quem?

Lu: A de uma princesa.

Adalberto: Ah, tá. E o grupo de música que ela tinha com as outras irmãs?

Lu: Cruzes, Adal. Vira essa boca para lá. Se você pergunta isso para ela, vai levar um tapa na cara.

E tapa na cara é coisa de princesa? Agora, a Lu acionou o meu instinto selvagem.

Adalberto: Agora, eu quero ir lá. Quero saber que Culto das Princesas é esse que te transformou e ver se ela vai bater na minha cara, porque eu sei que ela é filha da Baby do Brasil ou porque eu me lembro do tempo que ela cantava com as irmãs. Quero ver a princesa descer do salto.

Lu: Adal, você não pode entrar. No Culto das Princesas só entra mulher.

Pelo visto, o Culto das Princesas é um Clube da Luluzinha. E o meu instinto selvagem foi dissipado por uma necessidade mais urgente.

Adalberto: Então, Lu. Seja feliz com a tua nova religião e um dia, quem sabe, a gente volta a ser amigos.

Amizade, para mim, está diretamente relacionada a gostar e/ou poder tomar chope num bar.

Lu: Está bom, então. Pelo visto, o fato de eu não gostar mais de funk nem de tomar chope me impede de ser sua amiga.

Claro que sim.

Adalberto: Claro que não.

Lu: Então, fique à vontade em me ligar a hora que você quiser marcar alguma coisa comigo ou mesmo que seja só para conversar por telefone.

Sem cerveja no meio? NUNCA!

Adalberto: Beleza. Eu te ligo para a gente marcar, então, alguma coisa.

Lu: Está ok. Agora, deixa eu ir para o meu Culto das Princesas.

Adalberto: Beijo.

Lu: Tchau.

Nem beijo a Lu mandava mais por telefone. Vai ver beijo não é coisa de princesa.

Hoje, fui surpreendido por uma ligação dela na hora do almoço. Pensei duas vezes antes de atender. Não estava com paciência de ouvir ladainha de fanático religioso.

Respirei fundo e pensei positivo.

Adalberto: Oi, meu amor.

Lu: Vamos ao Baile das Princesas?

Acho que não tinha ouvido bem. Me fiz de desentendido?

Adalberto: Mas o Culto das Princesas não é só para mulher?

Lu: Ih, garoto, Culto das Princesas é coisa do passado. Eu estou te chamando para o Baile das Princesas. O MC Marcinho vai cantar.

E a religião? Por que ela decidiu largar? Tinha homem no meio? Será que ela brigou com a Sarah Sheeva? Ou tinha alguma coisa a ver com a Baby do Brasil? Mas o quê? Eram tantas perguntas que eu queria fazer...

Resolvi segurar minha ansiedade e deixar para questioná-la outro dia, quando essa história estivesse mais enterrada.

Adalberto: Baile das Princesas? Com o MC Marcinho? Óbvio. É mais certo eu ir do que uma mulher fruta, Lulu! Mas com um detalhe.

Lu: Qual garoto?

Adalberto: Você vai ter que beber todas comigo. Todas, não. Todas e mais três.

A risada da Lu foi a melhor resposta.

A noite promete!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ane leva chute na bunda e, de quebra, se livra de formigas comestíveis

Na segunda-feira passada, saí do trabalho e resolvi ir à casa da Ane convidá-la para jantar.

Ane: Adal, que surpresa boa.

Adalberto: Vim te convidar para jantar.

Ane: Adoro! Só se for agora.

Nisso, o celular dela toca.

Ane: Oi, meu amor. O Adal chegou aqui e eu vou fazer caminhada com ele. Beijo.

Adalberto: Ane, você está maluca?

Ane: Adal, se eu falar que vou comer fora, o Edinelton me mata.

Adalberto: Por quê?

Ane: Porque ele eu prometi para ele que ia ficar um mês só comendo umas formigas vivas, que fazem um bem danado à saúde.

Adalberto: Como assim?

Ane: Ele está fazendo um tratamento e perguntou se eu podia acompanhá-lo. E eu disse que sim.

Adalberto: Mas isso não alimenta. Isso é para tratamento. O meu pai também já comeu formiga viva, se eu não me engano, para emagrecer. Mas ele fazia as refeições normalmente.

Ane: Eu também pensava que fosse assim. Por isso, que eu aceitei. Me ferrei.

Adalberto: Ane, você conheceu esse cara há duas semanas. Como é que pode se sacrificar assim por alguém?

Ane: Olha, eu vou te contar, mas que isso não saia daqui. Eu não estou comendo formiga porra nenhuma. Todo dia, eu jogo a quantidade que eu teria que comer aqui no jardim do prédio.

Essa é o tipo da mentira que eu perdôo.

Adalberto: Você só não pode ficar cedendo para tudo o que esse cara te pede, porque, daqui a pouco, ele vai achar que manda em você.

Ane: Fica tranquilo, primo. Só estou me fazendo de namorada dedicada agora para poder amarrar o homem no cabresto.

Adalberto: Ok. Vem comigo, então, comer muito filet mignon e arrotar formiga?

Ane: Só se for agora.

O jantar foi ótimo e divertido. Hoje, no entanto, o dia começou sem graça alguma.

Adalberto: Alô.

Ane: Primo, aquelas formigas malditas comem tudo!

Adalberto: Como assim?

Ane: Elas se multiplicaram no jardim do meu prédio e já comeram todas as flores e plantas.

Adalberto: E descobriram que é você que joga as formigas no jardim? Vai ser multada por isso?

Ane: Aqui no prédio, ninguém descobriu nada. Mas o Edinelton conhece essa espécie de formiga de longe. Ele me pressionou e eu acabei contando a verdade para ele.

Adalberto: Ok. E aí?

Ane: Aí que ele terminou comigo.

Adalberto: E você está sofrendo?

Ane: Um pouco.

Adalberto: Um pouco? Então, você não gostava dele. Você sempre sofre muito, quando termina com alguém.

Ane: Pelo menos, eu me livrei das formigas.

Adalberto: Está a fim de sair para jantar comigo hoje?

Ane: Ai, Adal, você é um fofo. Só você mesmo para me dar uma força para eu esquecer o Edinelton.

Edinelton? Como eu posso dar essa força para ela, se nem eu me lembrava mais do Edinelton? O que eu quero é comemorar o fim das formigas na vida dela.

Eu, hein!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Revolta travestida de depressão pós-parto de Sara provoca multas de trânsito gravíssimas

Ontem a Sara me ligou com uma informação atrasada.

Sara: Adal, eu estou com depressão pós-parto.

Adalberto: Como assim?

Sara: Depressão pós-parto, ué. Eu sinto vontade de amarrar os bebês no ventilador ligado, ou jogá-los daqui sexto andar, ou afogá-los na banheira de hidromassagem. O que você acha que é isso?

Adalberto: Loucura, sei lá. Qualquer coisa. Menos depressão pós-parto. Você já teve os trigêmeos há um mês e meio.

Sara: E daí?

Adalberto: Daí que a sua depressão pós-parto está há mais de um mês atrasada.

Sara: Você acha?

Adalberto: Não. Eu tenho certeza.

Sara: Então, vem aqui ficar comigo, antes que eu faça uma besteira.

Adalberto: Está bem, eu vou. Mas se você fizer alguma coisa com os meus afilhados, eu te denuncio na Polícia.

Sara: Fica tranqüilo. E dirige com cuidado.

Fui voando. Contei uns sete radares, por onde passei do limite de velocidade. E, por três vezes, quase bati com o carro. Minha mãe recebeu uns 300 xingamentos.

Quando cheguei à casa da minha prima, descobri o real motivo da depressão (nada) pós-parto.

Sara: O Oswaldo não para em casa. E eu não posso ir atrás dele com esses bebês.

Adalberto: Então, o problema é esse?

Sara: Mais ou menos.

Adalberto: Como assim mais ou menos?

Sara: Não poder seguir os passos do meu marido me irrita profundamente.

Adalberto: E onde é que ficar profundamente irritada tem alguma coisa a ver com depressão pós-parto?

Sara: Ai, Adal, não faz pergunta difícil.

Adalberto: Então, não torna as coisas mais difíceis!

Sara: Mas eu não posso evitar um sentimento.

Tive que apelar para uma mentira.

Adalberto: Ah, não? Então, está bem. Eu gravei toda a nossa conversa pelo telefone, você falando que queria jogar as crianças pela janela, amarrar no ventilador, coisa e tal. O que você acha de eu levar esse registro na Polícia e você perder a guarda dos bebês?

Sara: Não, primo. Sem os meus filhos, eu morro.

Era isso que eu precisava ouvir. Ela é louca, mas não rasga dinheiro.

Saí de lá com a certeza de que nada iria acontecer com os meus afilhadinhos. Definitivamente, o que a Sara fala não se escreve.

Agora, o problema vai ser pagar as multas...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Vacinação faz Marjorie trocar namorado e missão humanitária na Etiópia por passeio em Paris com amigas

A Marjorie me ligou ontem à tarde para me dar uma notícia surpreendente.

Marjorie: Adal, vou viajar para Adis Abeba daqui a um mês?

Adalberto: Onde fica isso?

Marjorie: Na Etiópia! É a capital, garoto!

Adalberto: Como assim?

Marjorie: Vou em uma missão humanitária.

Adalberto: Você em missão humanitária? Só com homem no meio.

Marjorie: Não basta ser homem para fazer eu sair do meu ar-condicionado split e ir para a Etiópia. Tem que ser o homem.

Adalberto: E quem é o homem?

Marjorie: O Gilmarcio. Estou apaixonada, Adal.

Adalberto: Acredito. Você tem preguiça de ir à casa da Sara no Méier, porque é longe. Ir à Etiópia é muito mais do que paixão. É amor incondicional.

Marjorie: Acho que ainda é cedo para dizer se é amor.

Adalberto: Então, não é melhor você deixar ele ir sozinho, enquanto você decide se é ou se não é?

Marjorie: Não. Eu preciso provar para mim, que eu sou capaz disso.

Adalberto: Por quê?

Marjorie: Porque isso é um baita de um desafio para mim, não é, Adal?

Adalberto: Ah, então, você está querendo se superar?

Marjorie: Isso.

Adalberto: Então, me ajuda com a faxina aqui de casa. A empregada não veio essa semana e isso aqui está um pardieiro.

Marjorie: Sem graça. Isso é um problema seu. Eu quero fazer a diferença para as pessoas que precisam de verdade.

Adalberto: Nossa, assim você me comove.

O que ela não imaginava era a quantidade de vacinas que ela ia ter que tomar para viajar para a Etiópia.

A Marjorie tem mais medo de injeção do que de bicho papão.

Ontem mesmo, ela mudou de ideia e sugeriu ao Gilmarcio, que mandassem uma boa quantia em dinheiro para ajudar aos necessitados da Etiópia e fizessem uma viagem romântica para Paris.

Segundo ela, o Gilmarcio achou torpe a desculpa de não viajar, por causa das vacinas, e disse que não tinha como declinar do projeto da viagem para a Etiópia.

Assim, acabou o amor incondicional da Marjorie pelo Gilmarcio.

Daqui a um mês, quando o Gilmarcio estiver embarcando para Adis Abeba, na Etiópia, a Marjorie estará linda e com suas mechas californianas louras, seguindo para Paris a passeio com amigas.

Marjorie: Não fiz certo, Adal?

Adalberto: Marjorie, você mandou muito bem. Ir para Paris não é desafio nenhum, mas também você vai deixar o seu ar-condicionado split pelo ar delicioso da França.

Marjorie: Quer ajuda com a limpeza da sua casa?

Adalberto: Caramba, você quer mesmo se superar, hein.

Marjorie: Eu me superar? Isso é coisa do passado, bebê. Vou ligar para a Clotilde ir aí limpar a sua casa. Ela, sim, vai ter que se superar nesse domingo com um sol incrível.

Adalberto: Coitada. A mulher já trabalha na tua fábrica a semana toda...

Marjorie: Adal, você vai ficar com pena e fazer faxina sozinho ou você deixar a Clotilde limpar a sua casa, enquanto a gente se esbalda na praia?

Aceitei o desafio.

sábado, 22 de outubro de 2011

Puyehue frustra "Projeto Traição na Argentina" de Lu e ninguém chora pelo leite derramado

Na segunda-feira, o meu celular me despertou com o toque de chamada telefônica. O cansaço era tanto que passou batido. Mas quando estava prestes a entrar no banho, de novo o mesmo toque.

Adalberto: Ué, eu não acionei a função soneca...

Era uma ligação! Fui correndo atender.

Adalberto: Que número estranho é esse? Alô.

Lu: Primo, me salva.

Adalberto: Lu, de onde você está ligando?

Lu: Da Argentina.

Adalberto: Como assim? Você não tinha ido para Cabo Frio, para a casa da Aninha?

Lu: Era mentira. Eu vim para a Argentina com o José Damião.

Adalberto: E você fala isso como se estivesse passando o sal. Quem é esse?

Lu: Um engenheiro que eu conheci na sexta-feira num barzinho.

Adalberto: Você não é normal, não. Como é que vai para outro país com um cara que acabou de conhecer.

Lu: Argentina é aqui do lado, Adal.

Adalberto: Então, toma um chá de vergonha e vem logo embora.

Lu: As cinzas do Vulcão Puyehue não deixam.

Adalberto: Mas esse vulcão não fica no Chile?

Lu: O vulcão fica. Mas as cinzas dele, não. Por causa da erupção dessa bosta de vulcão, eu estou ferrada.

Adalberto: Ah, ok. Agora, o fenômeno natural tem culpa pela sua falta de vergonha na cara...

Lu: Por que falta de vergonha na cara?

Adalberto: Você não tinha um encontro hoje, com um carinha que você já vinha paquerando há tempos?

Lu: Por isso que eu estou te ligando, amore.

Amore no fim da frase = vou te pedir para me quebrar um galhão.

Adalberto: Lu, pede logo.

Lu: Liga para o Eliandro e inventa qualquer coisa trágica.

Adalberto: Eliandro é o tal carinha do encontro de hoje?

Lu: Isso.

Ela me passou o celular e eu fiz o que me foi mandado.

O telefone do Eliandro caía direto na caixa postal. Claro! Eram menos de sete horas da manhã e eu achando que todo mundo tem a obrigação de estar com o celular ligado a essa hora.

Liguei outras vezes ao longo do dia e nada.

Quando a Lu me ligou à noite, eu não tinha novidade. Mas ela, sim.

Lu: Adal, você vai morrer com o que eu vou te falar.

Adalberto: Está bem, mas antes eu vou logo te avisando que eu não consegui falar com o Eliandro.

Lu: Garoto, eu encontrei o Eliandro ainda há pouco, perto da Casa Rosada, com uma mulher com a maior cara de piranha. Você acredita nisso? Esse cara é um safado.

Adalberto: Safado que trai safada tem cem anos de perdão...

Lu: Perdão? Eu enfiei a porrada nos dois.

Adalberto: Sua maluca! O José Damião estava perto?

Lu: Estava. E, agora, ele não quer me ver nem pintada de ouro.

Adalberto: Claro. Nem eu ia querer te ver pintada de ouro se estivesse no lugar dele. Como é que você dá ataque de ciúmes por um cara na frente do outro que você está saindo?

Lu: Adal, eu não vou ficar chorando pelo leite derramado.

Adalberto: Você não chora por nada! Nem pelo leite derramado, nem pela cinza do Vulcão Puyehue, nem pelo safado que estava te traindo, nem pelo coitado que você desprezou... Parece que não tem sentimento. Só fogo no rabo.

Lu: Para de falar assim comigo. Queria ver um negócio com você, amore.

Amore no fim da frase de novo... Droga!

Adalberto: O que foi, Lu?

Lu: Eu não tenho onde cair morta. Vim sem um centavo para a Argentina.

Adalberto: Você é maluca. Quer que eu te mande dinheiro?

Lu: Como? Eu não trouxe nem cartão.

Adalberto: Me liga daqui a uns dez minutos. Vou ver o que eu faço.

E desliguei o telefone na cara dela de raiva.

Sorte que eu tenho amigos que argentinos. Liguei para um que se prontificou a buscá-la no aeroporto, recebê-la em sua cawsa e emprestar dinheiro para ela vir embora. Ufa!


Mas a Lu nunca mais me ligou. Fiquei morrendo de preocupação, sem dormir direito até quarta-feira, quando ela resolveu aparecer na minha casa, antes do celular me despertar para o trabalho.

Depois de três tentativas em desligar o celular, que eu fui perceber que era a campainha que estava me acordando. Fui ver quem era com a cara do diabo.

Adalberto: Lu?

Lu: Eu quero te matar.

Adalberto: Por quê?

Lu: Você desligou o telefone na minha cara e eu não tinha mais créditos para te ligar, seu cachorro.

Adalberto: Ah, então, depois do Vulcão Puyehue, eu sou o culpado pelos seus atos impensados?

Lu: É. Alguém tem que levar a culpa. Eu estou fora!

Adalberto: Você não existe, sua doida. Agora, me conta como foi que você se virou para sair da Argentina?

Lu: Mas você já me faz a pergunta com a resposta dentro...

Adalberto: Como assim?

Lu: Quer saber mesmo, nos mínimos detalhes, como foi que eu me virei?

Adalberto: Não, deixa para lá. Eu também não vou ficar chorando pelo leite derramado...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ser padrinho de trigêmeos não dói só o bolso

Fui passar o sábado com a Sara e os trigêmeos. Nunca trabalhei tanto na minha vida.

Adalberto: Já lavei a louça, coloquei a roupa na máquina e guardei as compras no armário. Posso ir?

Sara: Não, Adal. Tem roupa para passar, comida para fazer e o banho dos bebês.

Adalberto: Sara, eu vim aqui para visitar os meus afilhados.

Sara: Eu sei, ué.

Adalberto: E não parei de trabalhar até agora.

Sara: Mas eles estão dormindo.

Adalberto: Não tem problema. Dormindo ou acordados eles não vão conversar comigo mesmo.

Sara: Ai, que grosseria Adal.

Adalberto: Grosseria, não. Eu estou com a minha coluna doendo.

Sara: Quer passar uma pomada anti-inflamatória?

Adalberto: Não. Quero ir embora para casa.

Sara: Mas e as outras coisas, que você ainda tem para fazer?

Adalberto: E o Oswaldo, hein? Ele é café com leite? Não trabalha nessa casa?

Sara: O Oswaldo foi encontrar com os amigos. Ele trabalha a semana inteira. É judiação botar o cara para trabalhar no fim de semana.

Adalberto: Ah, eu não trabalho a semana inteira?

Sara: Adal, você é padrinho dos bebês.

Adalberto: Ah, então foi para isso que eu batizei os trigêmeos?

Sara: Não. Mas padrinho é para todas as horas.

Adalberto: Eu sei. Mas tem horas em que se é preciso descansar.

Sara: Você está cansado?

Adalberto: Muito.

Sara: Quer ir embora?

Adalberto: Quero.

Sara: Está bem, vai lá.

Adalberto: Mas você vai conseguir fazer as coisas que faltam?

Sara: Não tenho como. Como é que eu vou sair de perto dessas crianças?

Adalberto: Você precisa de uma babá urgente.

Sara: Eu sei. Já marquei entrevista com umas dez para a semana que vem.

Adalberto: Então, eu vou fazer seguinte: eu vou ficar, fazer o que tem para fazer, mas no fim de semana que vem, quero você com uma babá para te ajudar. Combinado?

Sara: Combinado.

Terminei tudo o que tinha para fazer e fui para casa deitar. Não estava me aguentando em pé.

Eu achava que ser padrinho de trigêmeos só fosse doer o meu bolso.

Passei o domingo inteiro na cama. Vi todos os programas de televisão, dos mais interessantes ao Domingão do Faustão. E, agora, é hora de trabalhar.

Ainda não tenho planos para o fim de semana que vem. Mas de uma coisa eu tenho certeza: vou passar bem longe da casa da Sara.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ane finalmente desencalha ou "O casamento do meu melhor amigo"

Eu estava tomando um chope com um amigo gringo na segunda-feira, à tarde, em Ipanema, quando a Ane passou por nós bêbada e trôpega num vestido longo muito bonito e com um buquê de flores.

Adalberto: Ane, sua maluca!

Ane: Primo!

Adalberto: Isso são horas de sair de uma festa?

Ane: Eu estava no casamento do meu melhor amigo. E você tomando cerveja... Isso são horas de tomar cerveja?

Eram 8h da manhã.

Adalberto: Esse aqui é o meu amigo Gianfrancesco Brinkley, filho de italiana com americano, que mora na Espanha.

Ane: Ou seja, um cara complexo.

Adalberto: Exatamente.

A Ane se restringiu em apenas apertar a mão do Gian, como ele é chamado por todos.

Adalberto: Ah, ele fala português.

Ane: Então, a gente pode ser amigos.

Gian: Claro.

Ane: Quanto tempo você vai ficar aqui, Gian?

Gian: Só hoje.

Ane: Só?

Adalberto: Ele veio aqui só para casar com uma amiga minha, para poder se legalizar no país. Ele pretende vir morar aqui.

Ane: E já casaram?

Gian: Não.

Adalberto: A minha amiga é da Bahia. Perdeu o voo. Não vai ter como chegar a tempo. Uma pena.

Ane: E ele não vai casar?

Gian: Não.

Ane: Mas ele só casa se for com uma baiana?

Adalberto: Não. Pode ser com qualquer pessoa. É que ela é a única pessoa, que eu conheço, que tem interesse em tirar passaporte europeu. O cartório está agendado para a uma e meia.

Ane: Então, ele vai casar comigo.

Adalberto: De jeito nenhum!

Gian: Por que não?

Ane: É. Por que não?

Adalberto: Porque esse casamento é uma farsa.

Ane: O casamento é verdadeiro. O sentimento que vai ser uma farsa.

Adalberto: Então, pronto! Vai se casar pela primeira vez dessa maneira?

Ane: E daí? O lance é casar. Olha, dizem que, depois que a gente casa, o assédio aumenta. Eu quero que o assédio aumente!

Adalberto: Seja mais ambiciosa!

Ane: Eu quero tirar passaporte europeu e americano.

Isso me convenceu.

Quando dei por mim, estava no cartório com a Ane e o Gian.

Ah, não posso me esquecer da Lilian Passé, a amiga do Gian, que é filha de espanhola com francês, mas que mora na Alemanha. Ela estava dormindo no hotel e teve, apenas, cinco minutos para se arrumar para ser madrinha de casamento.

A Ane estava com o buquê do casamento do seu melhor amigo.

Ane: Esses seus amigos são muitos complexos, hein, Adal.

Adalberto: A Lilian não é minha amiga. A gente se conheceu hoje.

Ane: Casa com ela e tira passaporte europeu.

Adalberto: Cala a boca.

A Lilian não pôde ser testemunha do casamento da Ane comigo, porque não tem CPF brasileiro. Tive que ir à rua buscar alguém que se submetesse substituir a Lilian por cinqüenta reais. O máximo que consegui foi uma vendedora de petshop afrodescendente, cheia de creme no cabelo oxigenado. E olhe lá.

Ane: Essazinha, com a calça da Gang, foi o máximo que você conseguiu? Não podia arrumar uma madrinha com menos cara de piranha?

Adalberto: O Gian me deu cinquenta reais para eu subornar alguém para ser madrinha. Com esse dinheiro não dava para trazer a Gisele Bündchen.

Ane: Esse seu amigo gringo também é pobre?

Pior que é. Mas eu não tive coragem de falar para a Ane. Eu coleciono amigo gringo sem dinheiro. Impressionante! Tenho uma meia dúzia de amigos do Primeiro Mundo, que têm menos dinheiro e bens do que eu.

Ane: Adal, você precisa conhecer gringo melhor. Com mais dinheiro.

Adalberto: Ane, você veio aqui para casar ou para bater papo?

Ane: Chato.

Demorei muito para conseguir assinar a certidão de casamento da minha prima. A periguete da petshop assinou em um segundo e picou a mula. Mas ela não tinha nenhum envolvimento com os noivos. Me deu uma tremedeira... Eu estava muito nervoso. Era tudo fake, de mentira... Mas não deixava de ser o casamento da minha prima.

Ane: Adal, diz para a Lilian Passé, que eu vou jogar o buquê. E só tem ela de mulher. Ela vai se dar bem.

Adalberto: Ane, não inventa. A Lilian Passé está passada.

Ane: Por quê?

Adalberto: Porque esse casamento é uma piada. Parece filme de Almodóvar.

Gian: Vamos comer?

O Gian nos levou para comer num restaurante caríssimo em agradecimento. Era o mínimo que ele podia fazer por mim e pela minha prima.

Só que a conta quem pagou fui eu. O cartão do Gian, surpreendentemente, não passava.

Ainda gastei os tubos de combustível no circuito Recreio-Ipanema, Ipanema-carório, cartório-Ipanema e Ipanema-aeroporto. Tudo isso para fazer um favor por um amigo.

Ane: Adal, obrigada pelo favor que você me fez.

Adalberto: Que favor que eu te fiz? Eu fiz um favor para o Gian. Aliás, você fez um favor para ele.

Ane: Foi estranho vê-lo indo embora. Mal casei e meu marido foi morar no outro lado do mundo.

Adalberto: O seu marido mora no outro lado do mundo.

Ane: Ele bem que podia ser bonito, hein, Adal.

Adalberto: Não gostou?

Ane: Não. Muito gordo, muito baixo e muito careca.

Adalberto: Mas muito gente boa.

Ane: Será?

Adalberto: Por que você está falando isso? Percebeu alguma coisa nele?

Ane: Não. Só achei estranho o cara convidar a gente para almoçar e, na hora de pagar a conta, não ter dinheiro.

Adalberto: Mas ele disse que ia me pagar.

Ane: Quando?

Adalberto: Não sei. Não perguntei. Talvez ele faça uma transferência internacional. Não sei.

E não sabia mesmo. Aliás, não fazia a mínima idéia de como ele ia fazer para me pagar aquele almoço.

Ane: Fica tranqüilo. A partir de agora, eu vou ter direito a tudo o que ele adquirir. Você não vai sair no prejuízo, primo.

É assim que se fala!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Trigêmeos de Sara nascem no dia de gêmeos famosos

Acabei de ver os meus afilhadinhos. Por mais surreal que isso possa parecer, foram eles que me visitaram no hospital. Eles nasceram na terça-feira passada, no dia de Cosme e Damião, 27 de setembro. E eu só pude conhecê-los hoje.

É que eu resolvi preparar 500 saquinhos de doce e distribuir numa creche de igreja. Mandei mal. Fiquei preso na função da caridade, enquanto a Sara dava à luz aos trigêmeos.

Quando o meu celular tocou, com uma chamada do Oswaldo, pensei: vou ter que inventar uma dor de barriga. Eu tinha certeza que a Sara estava a caminho da maternidade.

Oswaldo: Estamos a caminha da maternidade. A bolsa da Sara estourou.

Eu não sabia se ficava feliz, triste ou muito triste.

Adalberto: Oswaldo, eu estou aqui numa creche, num evento de Cosme e Damião. Vou tentar dar uma fugida.

Fui falar com a madre superiora.

Adalberto: Madre, eu precisava ir embora.

Madre superiora: Falou certo. Precisava. Você se voluntaria para ajudar e, agora, quer pular fora do barco? De jeito nenhum.

Adalberto: Mas madre...

Madre superiora: Nem mais nem menos madre. Vai logo vestir a sua fantasia de Mickey!

Cara, o problema dessas madres superioras é que elas se acham superiores.

Não sei o que tem a ver a data cristã com o ratinho da Disney, mas obedeci a ordem que me foi dada.

Enquanto esperava para entrar no palco, comi vários doces que, inicialmente, eram só para as crianças. Fui eu que tinha comprado mesmo!

Umas duas horas depois, quando fui chamado ao palco, constatei que o castigo divino existe. Levantei e e uma fortíssima dor de barriga impediu o meu altruísmo. A madre superiora achou que era desculpa para não me apresentar com aquela roupa ridícula e me deu o maior esporro.

Madre superiora: Para de frescura e entra naquele palco agora! Senão, Deus vai te castigar.

Adalberto: Acho que Ele já tinha me castigado.

Mas o pior ainda estava por vir. No meio da dança, não consegui segurar e me caguei todo. As risadas das crianças suscitaram um sentimento de arrependimento, por ter gastado tanto dinheiro com doce de Cosme e Damião.

Fiquei com uma raiva que não cabia dentro de mim. E, quando isso acontece, eu não respondo pelos meus atos. Pisei em todos os saquinhos de Cosme e Damião que eu havia levado três dias e duas noites preparando. Na hora, achei que JAMAIS iria me arrepender daquilo, mas quando as crianças, trocaram o riso pelo choro copioso, senti remorso e raiva de mim mesmo.

Foram tantos sentimentos, além do fedor de merda, que só fez piorar a minha saúde. Desmaiei, bati com a cabeça feio no chão e fui parar no hospital.

Quando acordei num quarto com cheiro de éter e uma enfermeira na minha frente, estranhei.

Adalberto: O que eu estou fazendo aqui?

Enfermeira: Longa história... Tem visita para você.

Adalberto: Sério?

Nisso, a Sara entra com os meus três afilhados num carrinho para três.

Adalberto: Sara, o que você está fazendo aqui?

Sara: Se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé.

Adalberto: Garota, esse Maomé aqui é um bundão.

Sara: E eu não sei. Te conheço desde que nasci. Por isso que te escolhi para ser padrinho dos meus filhos. Olha como eles são lindos.

Adalberto: São as coisas mais lindas desse mundo. E os nomes? Eles já têm nomes ou nasceram indigentes?

Sara: Nada. O menino é o Gero, em homenagem ao vovô Jerônimo. E as meninas são Lina, em homenagem a vovó Sudolina, e Liana, em homenagem à bisa Perciliana.

Adalberto: Ah, que lindo. Quero chorar. Estou com inveja da sua criatividade.

Está certo que Lina e Liana são muito parecidos e vão causar confusão na família, mas mesmo assim, adorei os nomes dos meus afilhados.

Adalberto: Quando é o batizado?

Sara: Eu ainda vou marcar. Mas vou te avisar com bastante antecedência para você não furar. Seu cagão! Que mau exemplo para os seus afilhados, hein!

Fiquei ainda com mais remorso. Não pela dor de barriga incontrolável, mas pelos saquinhos de doce destruídos. Será que a Sara também ficou sabendo dessa minha loucura? Morri de medo de perguntar. E não perguntei.

Amanhã, eu preparo mil saquinhos e convido ela para entregar na creche da igreja comigo. Eu sei que ela não vai poder me acompanhar. Mas eu quero que ela saiba que eu vou fazer isso. E, mais do que isso, quero ser um bom exemplo para os meus afilhados.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O relacionamento que não durou ao caldo de cana

Quinta-feira, a Marjorie me ligou desesperada.

Marjorie: Adal, eu preciso tomar um caldo de cana com pastel.

Adalberto: Por quê?

Marjorie: Porque eu estou com desejo.

Adalberto: Mas quem está grávida é a Sara.

Marjorie: Ah, então, só as grávidas podem ter desejo?

Adalberto: Não. Mas elas têm prioridade.

Marjorie: Então, eu preciso te falar uma coisa.

Adalberto: Já sei. Você está grávida.

Marjorie: Acertou.

Adalberto: Mentira.

Marjorie: Sério.

Adalberto: Quem é o pai?

Marjorie: O Rubinaldo. E você vai ser padrinho.

Adalberto: Eu não tenho tanto dinheiro assim. Já chega os três da Sara.

Marjorie: Chega nada. Pode fazendo bastante hora extra no trabalho. Quero presente do bom e do melhor para o seu afilhadinho.

Adalberto: Então, você vai mesmo querer tomar caldo de cana com pastel?

Marjorie: Quero. Você vai me acompanhar.

Adalberto: Só no passeio. Eu vou tomar outra coisa.

Marjorie: O quê?

Adalberto: Rivotril. Preciso me acalmar. É muita gravidez nessa família para pouco dinheiro.

Marjorie: Eu dou para outra pessoa batizar, então.

Adalberto: Não. Eu iria morrer de inveja.

Marjorie: Então, já abre uma poupança para o meu filho.

Uma hora depois, estávamos numa feira livre, no Humaitá, tomando caldo de cana. Eu aderi ao caldo de cana, depois de muita insistência.

Adalberto: Amore, diz que é mentira a sua gravidez.

Marjorie: É mentira.

Adalberto: Jura. Marjorie: Juro.

Adalberto: Então, por que você mentiu?

Marjorie: Para você me acompanhar nesse programa de índio.

Adalberto: E por que tanta vontade em tomar caldo de cana?

Marjorie: Porque o Rubinaldo me convidou para tomara caldo de cana no sábado. Eu precisava experimentar essa merda antes para não fazer vergonha.

Adalberto: Você nunca tomou caldo de cana?

Marjorie: Não.

Adalberto: O Rubinaldo ainda existe?

Marjorie: Ainda. Acho que ele é o homem da minha vida.

Adalberto: Mas ele antecede quase tudo o que fala com “primeiramente”.

Marjorie: E daí?

Adalberto: Cansativo.

Marjorie: Vai se acostumando. Pretendo me casar com ele.

Tomei mais um Rivotril para aceitar a dura realidade.

O bom foi que esse relacionamento, que parecia durar para toda a vida, não sobreviveu nem ao caldo de cana. Ufa!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ane sofre acidente providencial

Ontem, a Ane bateu com o carro e eu estava dentro. Apesar de o veículo ter ficado com a frente toda amassada, não sofremos nenhum arranhão. Nem nós nem o carinha da Kombi, que queria matar a minha prima.

Carinha da Kombi: Eu quero matar você.

Adalberto: Olha só, amigo, vamos acalmar. O carro da minha prima tem seguro. Fica tranqüilo, que tudo vai ser pago.

Carinha da Kombi: Mas eu vou ficar sem fazer frete. Você vai pagar as minhas contas?

Óbvio que não.

Adalberto: Amigão, vamos resolver um problema de cada vez, por favor.

Ane: Pelo menos, ficou todo mundo bem.

Adalberto: É. A gente nem vai precisar ir para hospital.

Nisso, uma senhorinha fofoqueira, que estava lá olhando a batida se meteu na nossa conversa.

Senhorinha fofoqueira: É... Outro dia um cara morreu minutos depois de ter batido. Ele também achava que estava bem e foi andando para casa. Não aguentou nem chegar à esquina. A bacia descolou e ele morreu. Fazer o quê? Não quis ir para o hospital...

Adalberto: Vamos para o hospital agora.

Ane: Por que, Adal?

Adalberto: Por quê? Quem garante que a nossa bacia não está descolada.

Fui com a Ane e o carinha da Kombi numa ambulância para o Lourenço Jorge. A Ane, por ser mulher, teve preferência de ir na maca.

Ane: Ai, que chique, estou me sentindo num filme de ação.

Só que alegria de pobre dura pouco. Um rapaz, que também acabara de bater com o carro e estava inconsciente, foi socorrido pela nossa ambulância. A Ane foi educadamente retirada da maca pela enfermeira para dar lugar ao acidentado.

Ane: Que droga!

Mas quando ela viu o cara, mudou de opinião.

Ane: Que tudo!

Adalberto: Como assim?

Ane: Esse cara era o meu sonho da adolescência. Eu estudei com ele no Instituto Pio XI. Ele é metido mas é uma delícia.

Enfermeira: Alguém sabe fazer respiração boca-a-boca. Eu estou convalescendo de uma gripe.

Ane: Eu! Eu fiz curso de socorrista.

Que mentira. A cara de pau fez respiração boca-a-boca no pobre coitado com direito a língua.

Quando recebemos alta do Lourenço Jorge, fui com o carinha da Kombi acionar o reboque dos veículos. A Ane ainda ficou por lá. Ela esperou o acidentado que estudou com ela sair. De lá, eles foram para a casa dela, terminar o que ele nem sabia que havia começado na ambulância.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Lu canaliza energia errada para a pessoa errada

Na sexta-feira, estava de folga em casa, assistindo a todos aqueles programinhas vespertinos de fofoca, quando a Lu me ligou.

Lu: Adal, estou com uma dor de barriga absurda.

Adalberto: E eu estou vendo programa vespertino de fofoca.

Lu: Que merda, hein.

Adalberto: Melhor do que trabalhar. Aliás, não era para você estar depilando dondoca lá no salão?

Lu: Inventei que eu estava doente.

Adalberto: Mas realmente você está doente. Diarreia é doença.

Lu: Mas até eu inventar a mentira eu não estava sentindo nada.

Adalberto: Então, você gerou uma energia de atração, quando mentiu e acabou trazendo o doença para si.

Lu: Para com essa palhaçada de energia.

Adalberto: Mas é verdade.

Lu: Então, pede aí para os seus poderes mágico para eu ter energia para aguentar o Zuenilton hoje á noite.

Adalberto: Quem é Zuenilton?

Lu: É o carinha que eu conheci no metrô ontem.

Adalberto: Ah, tá.

Lu: Só um instantinho, Adal, depois eu te ligo.

Ela foi para o banheiro cagar e só me ligou no dia seguinte.

Lu: Amore!

Adalberto: Nossa, que felicidade é essa?

Lu: Eu estou namorando com o Zuenilton.

Adalberto: E a diarréia?

Lu: Primo, eu te amo. Aquilo que você falou é verdade mesmo. Quando eu fui para o banheiro, naquela hora que eu estava com você no telefone, eu canalizei a energia da merda para o meu bem.

Adalberto: Como assim?

Lu: Eu pensei com todas as minhas forças que aquela merda toda tinha que me favorecer de alguma maneira.

Ai, meu Deus...

Adalberto: E aí?

Lu: Aí, que ele veio aqui em casa, eu falei que não ia poder fazer nada, por causa do meu problema e, para a minha surpresa, ele disse que adorava sexo escatológico.

Ai, que nojo.

Adalberto: Ai, que legal.

Lu: Pois é. Eu caguei nele todo e ganhei um namorado.

Adalberto: Parabéns.

Lu: Você vai ser padrinho, primo.

Adalberto: Ah, tá. Valeu.

No domingo, ela me ligou.

Lu: Terminamos.

Adalberto: O seu relacionamento sério de dois dias?

Lu: Ele queria que eu lambuzasse ele de merda e, depois, limpasse com a língua.

Adalberto: Só um instantinho, Lu, depois eu te ligo.

Eu fui para o banheiro vomitar e não liguei mais para ela.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ídolo pop provoca vontade de se matar e ânsia de vômito em Marjorie

Ontem, depois do trabalho, decidi passar na casa da Marjorie. Quem abriu a porta para mim foi o Joenilton, o carinha que estava ficando com ela.

Adalberto: Tudo bem, querido? Minha prima está por aí?

Joenilton: Ela está tentando se matar ali na janela.

O pior foi a maneira blasé que ele me falou isso.

Adalberto: Como assim? Marjorie!

Não sei se foi coincidência ou drama, mas na hora que eu apareci, ela fez que ia se jogar na janela. Consegui segurá-la pelas pernas.

Adalberto: Quer morrer, sua maluca?

Marjorie: Quero, ué.

Fiquei de cara rachada. Quem tenta o suicídio quer, no mínimo, morrer...

Marjorie: Me deixa morrer!

Adalberto: Por quê?

Marjorie: Porque ele terminou comigo.

Fiz um olhar fulminante para o Joenilton, que disse tudo. Ele saiu sem dizer uma única palavra.

Adalberto: Marjorie, você está maluca? Nunca te vi sofrendo por homem nenhum.

Marjorie: Porque, até hoje, só eu que terminei com os meus namorados.

Adalberto: A ordem dos fatores não altera o produto.

Marjorie: Não altera? Quem dá pé na bunda vira ídolo pop. Acabei de descobrir isso.

Adalberto: Ah, que bobagem. Isso ainda vai te acontecer mais umas mil vezes.

Marjorie: Mil. Eu não estou preparada mais para meio pé na bunda. Esse já foi mais do que suficiente.

Adalberto: Então, se mata.

Putz! Falei merda.

Adalberto: Quer dizer, toma um calmante.

Marjorie: Eu odeio tomar remédio.

Adalberto: Então, vamos tomar um chopinho com as meninas?

Marjorie: Adal, eu estou querendo me matar. O Joenilton me largou.

Adalberto: Quem é o Joenilton na na noite? Olha, eu vou te contar uma coisa: ele fala “mortandela” e “mendingo”.

Marjorie: Mentira!

Claro que era mentira. Mas eu sabia que ia acertar o alvo.

Adalberto: Nossa, ele medonho. Sabe naquele dia que a gente foi comer no Deliciante?

Marjorie: Sei.

Adalberto: Foi só você levantar para ir ao banheiro para ele tirar sujeira do ouvido com a unha.

Marjorie: Ai, que nojo!

Adalberto: Detalhe: ele comeu a sujeira. E, depois, te beijou.

Marjorie: Quero vomitar.

Adalberto: Aí, eu te apoio. Vomita mesmo porque é isso que você precisa fazer. Se matar não vai te levar a lugar algum. E se precisar de outro empurrãozinho, eu posso te contar mais uma.

Marjorie: Tem mais?

Adalberto: Ele arrota assoprando com cheiro de estrume.

Foi o suficiente. Ela vomitou. E vomitou com gosto. Não consegui esconder minha felicidade. Parecia que eu estava recebendo homenagem do meu filho no teatro da escolinha, no Dia dos Pais. E olha que eu nem tenho filho... Mas a emoção é a mesma.

Adalberto: E aí, foi tudo?

Marjorie: Acho que sim.

Adalberto: Ainda quer se matar, por causa do seu ídolo pop Joenilton?

Marjorie: Joenilton? Quem é Joenilton?

Adalberto: Não faço a menor ideia. Vamos tomar um chopinho?

Marjorie: Só se for agora.

É assim que se fala!

Ane fica sem roupa e mata a avó como desculpa

Tinha acabado de deixar o meu carro para consertar no sábado, quando a Ane me ligou.

Ane: Adal, vamos ao shopping comigo? Preciso comprar uma roupa chique para um encontro com um ricaço amanhã cedo.

Adalberto: Amore, eu estou sem carro. Acabei de deixar no conserto.

Ane: Vem de ônibus.

Adalberto: Ah, não.

Ane: Nem por um saco de Serenata de Amor?

Adalberto: Em qual shopping eu te encontro?

Ane: No Nova América.

Eu estava no Recreio, mas não vi problema nenhum em encontrar com ela num shopping, em Inhaúma.

Adalberto: Vou demorar um pouco, porque vou de ônibus, mas me espera.

Ane: Eu também vou demorar um pouco, porque estou fazendo a unha.

Adalberto: Beleza, então. Até já.

Fui para o ponto de ônibus e experimentei de uma situação inusitada. Os caras que passavam com as vans, que fazem transporte coletivo berravam olhando, apenas, para mim o trajeto: Rocinha, Rocinha!

Eu não tenho esse tipo de preconceito, mas, com tanta gente no ponto de ônibus, porque será que aquele cara, praticamente, me comia com os olhos quando gritava “Rocinha, Rocinha!”?

Não sei por quê, mas talvez pelo fato da autoestima das pessoas da favela ser tão baixa, me senti um lixo.

Quando cheguei ao shopping, fui direto à Rua do Rio encher a cara e inflar o ego. A Ane chegou cinco minutos depois.

Ane: Cadê você?

Adalberto: Estou aqui na Rua do Rio tomando um chopinho. Vem cá.

Ane: Adal, eu estou com pressa.

Adalberto: Toma só unzinho comigo.

Ane: está bem.

Depois do milésimo chope que eu achei que tinha tomado, resolvi parar por um motivo de força maior.

Adalberto: Ane, eu estou duro para caramba. A gente está em fim de mês já. Não posso mais beber um copo, senão eu vou falir.

Ane: Está maluco? Quando eu bebo, eu fico rica, querido. Rica! Eu sou RICA!

Adalberto: Eu fico pobre. Pobre! Eu sou POBRE!

Ane: Garçom, mais uma torre de chope aqui, por favor.

Adalberto: Ane!

Ane: Cala a boca!

Quando acabamos de tomar a torre, nos demos conta de que faltam trinta minutos para o shopping fechar.

Ane: Adal, vai pagando aí, que eu já volto.

Eu não tive nem tempo de mandá-la à merda. Paguei a conta sozinho e entrei no cheque especial. Eu não tinha dinheiro nem para ir embora para casa.

Eu estava a ponto de pedir uma carona para o cara da van que grita Rocinha, olhando no fundo dos meus olhos, porque a Ane também entrou no cheque especial e não tinha dinheiro para pegar um ônibus. Ela comprou, praticamente, a loja inteira.

Adalberto: Você é maluca!

Ane: Eu não tinha tempo para experimentar as roupas. Comprei tudo no olho.

Adalberto: Tomara que fique tudo uma bosta em você.

E me prometi nunca mais na vida falar isso para alguém.

Todas as roupas ficaram o lixo na Ane. A cada peça que ela experimentava, eu tinha que segurar o riso.

Ane: E agora?

Adalberto: Troca.

Ane: Mas o encontro com o carinha é amanhã cedo.

Adalberto: Passa no shopping antes.

Ane: As lojas só abrem à tarde.

Adalberto: Vai com alguma roupa sua.

Ane: Não tenho nada.

Como é que as mulheres têm a cara de pau de dizer um absurdo desses? A Marjorie, a Lu, a Sara, a minha irmã e a minha mãe também já tiveram a coragem de assumir essa inverdade. Será que isso só acontece na minha família? Só de vestido, a Ane tinha mais de vinte...

Ane: Adal, você nunca vai entender essas coisas. É coisa de mulher.

Adalberto: Ah, tá. O que você vai fazer, então.

Ane: Primeiro,e u vou chorar copiosamente, assim que você for embora, ao som de “All by myself”. Sofrer com “All by my self” é sofrer com dignidade. Depois, vou aproveitar a voz sofrida, por causa do choro, e matar mais uma vez a vovó.

Adalberto: Como assim?

Ane: Ué, vou dizer que a vovó morreu para ver se o cara se sensibiliza comigo e marca o encontro para outro dia. Não posso perder essa bocada, Adal.

Adalberto: Mas pode zoar com a cara da vovó, que não está aqui para se defender, né?

Ane: Depois, eu acendo uma velinha para ela e está tudo certo.

Para desculpas, as mulheres são tão práticas. Bom, pelo menos, as da minha família.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Orgulho ferido desperta o Projeto Susana Vieira que há em Lu

Um telefone com o DDD 22 me ligou ontem às dez da manhã. Eu estava dormindo, não fazia ideia de quem poderia ser e não queria por nada desse mundo atender. Mas desafiei o destino e me prometi que, se o meu celular tocasse mais de cinco vezes, era para eu ver responder. No sexto toque...

Lu: Caraca, garoto, pensei que não fosse atender essa bosta.

Adalberto: Lu, onde você está?

Lu: Em Macaé.

Adalberto: O que você foi fazer aí?

Lu: Eu vim conhecer o um homem casado.

Adalberto: Lu, eu já te falei que homem casado não dá futuro.

Lu: Mas ele vai terminar com a mulher para ficar comigo.

Adalberto: É mentira. Só três por cento faz isso, segundo uma matéria que eu li.

Lu: OK. O Claudinelson faz parte desses três por cento.

Adalberto: Tomara. Esses caras, geralmente, vêm com esses papinhos, até comer a mulher. Depois somem.

Lu: Mas eu falei isso para ele. Que se fosse só para me comer, eu não ia sair da minha casa.

Adalberto: E ele?

Lu: Ele não me comeu até agora.

Adalberto: Pô, legal.

Lu: Legal? Adal, eu estou aqui desde sexta-feira dormindo sozinha em uma enorme e nada.

Adalberto: Lu, eu não te entendo. Você queria que o cara fizesse o quê? Te comesse?

Lu: Lógico. Hoje é domingo, Adal. Ele podia ter me respeitado só na primeira noite.

Adalberto: Mas, assim, você não ia ter certeza das boas intenções do cara com você.

Lu: É. Mas, agora, eu não tenho certeza se ele quer alguma coisa comigo.

Adalberto: Por que não?

Lu: Porque eu já passei na frente dele de babydoll, de calcinha e sutiã, só de calcinha e, ainda há pouco, passei completamente nua. E nada. NA-DA! Você acredita nisso?

Não. Mas eu não tinha coragem de estragar o fim de semana dela.

Adalberto: Acredito.

Lu: Mas eu não. E estou fula da vida com ele. Acho vou terminar.

Adalberto: Mas terminar o quê? Vocês ainda nem começaram a namorar...

Lu: Ah, sei lá, então. Eu quero gritar.

Adalberto: Gritar o quê, Lu? Está maluca?

Lu: Adal, eu quero DAR!

Adalberto: Lu, segura essa periquita! No fim de semana que vem ele, com certeza, vai te comer.

Lu: Tem certeza?

Adalberto: Não.

Lu: Então, você me desculpa, mas eu vou dar o meu jeito. Beijo.

Medo! Tentei ligar para ela de volta e nada.

No fim do dia, estava eu assistindo uma matéria com a Susana Vieira no fantástico, quando bateram insistentemente a minha porta.

Que droga!

Não chegou a surpresa mais inesperada do dia. Mas eu juro que, àquela hora da noite, eu não estava mais esperando por ela.

Adalberto: Lu?

Lu: Preciso de um ombro amigo.

Adalberto: Serve uma perna amiga? Fiz avaliação física na sexta e o instrutor voltou a reclamar da minha escoliose.

Lu: O Claudinelson terminou comigo.

Adalberto: Ele te comeu?

Lu: Não. Ele me pegou transando com um menino quinze anos mais novo do que eu na sauna do hotel.

Adalberto: Lu, você é maluca.

Lu: Adal, eu precisava resolver o meu problema.

Adalberto: E acabou criando outro.

Lu: Pois é.

Adalberto: E agora?

Lu: Ele vai continuar com a mulher.

Adalberto: E você?

Lu: Estou me sentindo um lixo.

Adalberto: Isso se chama orgulho ferido.

Lu: Vamos mudar de assunto?

Adalberto: Vamos. E o menino?

Lu: É uma gracinha.

Adalberto: Ele mora em Macaé?

Lu: Não. Só foi passar o Dia dos Pais com o pai dele. A gente voltou junto no mesmo ônibus.

Adalberto: Vocês estão namorando?

Lu: Estamos.

Adalberto: Então, nem tudo está perdido.

Lu: É. Mas era uma questão de honra dar para o Claudinelson.

Adalberto: Mas fala do menino? Ele é mesmo quinze anos mais novo do que você?

Lu: Sou. E daí?

Adalberto: Você é louca.

Lu: Ai, não quero falar sobre isso, Adal.

Adalberto: Tudo bem.

Ainda estava passando a matéria com a Susana Vieira na televisão, e me ocorreu uma coisa: a Lu não é tão louca, por namorar um menino quinze anos mais novo do que ela. Tem gente pior...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sara é uma mãe relapsa ou Segunda e sexta-feira são dias muito corridos

Hoje, mais cedo, um amigo no trabalho teve a brilhante idéia de me perguntar quando nascem os meus tão falados afilhados. E, assim, me ocorreu que a um mês de parir a Sara ainda não se deu ao luxo de escolher os nomes dos trigêmeos. Eu estava completamente enrolado, mas parei tudo para ligar para ela na mesma hora.

Sara: Oi, meu amor.

Adalberto: Meu amor? Eu desconfio do amor de quem não liga nem para os próprios filhos.

Sara: Como assim, Adal?

Adalberto: Como assim? Como é o nome dos seus filhos, que vão nascer daqui a um mês?

Sara: Ai, primo, ainda não me decidi.

Adalberto: Isso é um absurdo. As pessoas me perguntam pelos bebês. Elas, provavelmente, estão mais interessadas nos seus filhos do que você.

Sara: Adalberto Monteiro Neto, você tirou o dia para me importunar?

Adalberto: O dia, não. Eu estou tirando férias. E vou te atazanar diariamente, até você se decidir. E , se você não se decidir, decido eu. Eu não sou padrinho dessas crianças à toa, sua relapsa!

Sara: Você é padrinho, porque eu escolhi. Se eu quiser, escolho outro. Ainda dá tempo.

Caraca, o pior é que ela tinha razão. Eu estava falando cheio de autoridade, sem o menor medo de perder o direito de batizar umas crianças que sequer nasceram. E que sequer tinham nomes. Mudei de estratégia na MESMA hora. Fiquei MEGA fofo.

Adalberto: Amoreca, eu estou brincando com você.

Sara: Ah, bom. Eu estranhei. Você não é de falar assim comigo...

Adalberto: Eu comprei um livro com milhares de nomes para você.

Maior mentira. Só estava jogando um verde.

Sara: Jura, primo?

Adalberto: Juro.

Sara: Milhares?

Adalberto: Milhares. Legalzão, não é?

Sara: Ai, eu não acho. Isso vai me botar mais confusa.

Putz.

Adalberto: Baby, eu estou meio perturbado hoje. Não são milhares de nomes. São centenas.

Sara: Ah, ta. Então traz para eu ver.

Adalberto: Claro. Agora?

Sara: Pode ser na semana que vem, Adal? Hoje é sexta-feira. E sexta-feira, como você sabe, é um dia muito corrido.

Como assim corrido? É corrido para mim. Eu trabalho e não estou grávido. A Sara não faz nada para agradar a Cristo. Grávida, então... Respirei contei alguns poucos números e...

Adalberto: Está bem, lindona. Na segunda, eu vou aí te entregar.

Sara: Adal, segunda?

Adalberto: É, ué.

Sara: Esqueceu que segunda-feira também é um dia corrido? Que a gente tem que resolver todas as pendências que ficaram de sexta?

Cara, a Sara roubou a minha fala. Sou eu que vivo dizendo para ela que não marco nada para segunda nem sexta, porque são dias muito corridos. E que, na segunda, sempre tem pendências da sexta para resolver. Queria gritar com ela. Pedir meus direitos autorais. Mas tive medo de perder meus afilhadinhos.

Adalberto: É verdade, amore, você tem razão. Vou na terça, então.

Sara: Pode ser na quarta? Na terça, eu tenho hidroginástica.

Caraca!

Adalberto: Beleza, Sarita.

Sara: Beijo, querido.

Desliguei o telefone sem me despedir. Só de raiva.

Eu tenho um problema sério: não consigo me despedir de uma pessoa ao telefone, quando estou irado com ela. Mas tive que enfiar a minha ira com a Sara naquele lugar e me rebaixar em uma nova ligação, que foi feita em menos de um minuto.

Adalberto: Lindona, desculpa, acho que desliguei sem me despedir de você. Você me desculpa?

Sara: Ih, Adal, ta maluco? Eu sei que hoje é sexta-feira e o seu dia deve estar super corrido.

O pior é que ela tinha razão.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Quem bate, às vezes, não esquece ou Ane leva pito em rede nacional

Lembro como se fosse hoje de um ataque que a Ane deu com um auxiliar de serviços gerais, que trabalhava na empresa do pai dela. Eu estava em férias e tinha ido visitá-la. Passei a manhã toda com ela e, na hora do almoço, quando saímos para comer, aconteceu a cena fatídica.

Ane: Beraldino, que música é essa que você está cantando?

Beraldino: Ah, dona Ane, é um pagodinho do meu grupo.

Ane: Pois fique sabendo você, que eu odeio pagode com todas as forças que um ser humano pode ter. E não quero ninguém cantando pagode aqui nessa empresa.

Beraldino: Por quê?

Ane: Porque, aqui, quem manda sou eu. Se quiser cantar, canta uma música da Maria Bethânia, da Vanessa da Mata ou da Elis Regina. Até para varrer chão, nessa empresa, é preciso decência.

Depois disso, o cara pediu demissão e jamais tivemos notícias dele.

Agora, sabe aquela máxima de que quem bate esquece? Há controvérsias. No domingo, estávamos eu e Ane COMPLETAMENTE entediados na minha casa, assistindo ao Domingão do Fautão, quando fomos acometidos pela presença do Beraldino e seu grupo de pagode no programa.

Tive uma sensação de que já tinha ouvido uma das músicas que o grupo cantou. Conheço muitos pagodes, graças ao meu porteiro, que não dá trégua com o seu radinho.

A Ane ficou PAS-SA-DA.

Ane: Adal, eu estou passada.

Adalberto: Garota, eu não dava nada por esse menino.

Ane: Nem eu. Mas, agora, eu dou. E dou fácil.

Adalberto: Interesseira.

Ane: Interesseira, não. Ele está mais bonito.

Adalberto: Ele está rico e famoso.

Ane: Ai, Adal.

Adalberto: Ane, você esqueceu do esporro que você deu no cara?

Ane: Eu estava estressada. Ele deve ter entendido. Tenho certeza. Ele é um fofo.

Adalberto: Cala a boca, o Faustão está falando com ele.

Eu não consegui ouvir o que o Faustão perguntou para o Beraldino, mas a resposta parecia que estava engasgada.

Beraldino: ... Muito obrigado pela oportunidade e pelo apoio, Faustão. É de pessoas como você, que dão oportunidade para o samba, pagode, funk, axé, MPB, RAP, rock que o Brasil precisa. Preconceito não leva ninguém a lugar nenhum. Eu posso não conhecer muito bem o trabalho da Maria Bethânia, da Vanessa da Mata ou da Elis Regina, mas isso não me impede de ser um artista competente e comprometido com o meu trabalho e o meu público.

Ane: Adal!

Adalberto: Isso foi para você.

Ane: Estou passada. O cachorro não esqueceu.

De fofo, o Beraldino foi rebaixado para cachorro.

Adalberto: Boa memória ele tem.

Ane: Esse cara é um ingrato, trabalhou lá na empresa, tinha carteira assinada, tíquete refeição, vale-transporte, décimo terceiro...

Ou seja, tudo o que ela deu para o Beraldino não passou de uma obrigação do empregador.

Adalberto: Ane, vamos trocar de canal?

Eu estava com MUITO medo de ela arremessar alguma coisa na minha televisão de LCD. Ainda faltavam duas prestações para eu terminar pagar. E uma das coisas que mais me irrita nessa vida é ter que pagar por algo que eu não estou usufruindo.

Ane:Adal, vamos para um bar agora, senão eu vou tacar uma pedra nessa sua televisão.

Adalberto: Não!

E, imediatamente, desliguei a TV. Precisava calar a boca do Beraldino.

Ane: Esse grupo nunca vai fazer sucesso verdade. Depois dos quinze minutos de fama, ninguém mais vai ouvir falar deles.

Calei a boca e fiquei na minha para não contrariar a minha prima. Pelo pouco que vi, a plateia INTEIRA do Faustão sabia de cor e salteado TODAS as músicas do grupo do Beraldino.

Já no bar, depois de mais de dez chopes que tomamos cada um, peguei a Ane dançando uma das músicas do grupo do Beraldino. A tal que o meu porteiro sempre ouve.

Eu estava bêbado, mas ainda tinha discernimento.

Filmei tudo com o meu celular, mas ainda não tive coragem de mostrar o vídeo para ela. Até queria vê-la roxa de raiva de si mesma ao ver a filmagem, mas ainda tenho quatro prestações para pagar do meu celular...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Noite trágica com rapper que sabia roubar ou bandido que sabia rimar

Anteontem, quando saí do trabalho, passei num barzinho para beber com uns amigos. Para minha surpresa, um ex da Lu, o Amaranto, era o cantor da noite. Liguei para ela na mesma hora.

Lu: Como assim?

Adalberto: O Amaranto tá cantando rap aqui no bar perto do trabalho, ué.

Lu: Gente, não estou acreditando nisso.

Adalberto: Nem eu. Aqui sempre tem show de MPB. Não sei o que deu no pessoal para chamar um cantor de RAP.

Lu: Ai, me bateu um calafrio, agora, Adal. Vou aí, como quem não quer nada, ver esse homem. Estou numa seca danada.

Adalberto: Ai, meu Deus. Para que eu fui te contar?

Lu: Me espera aí, hein, garoto!

Adalberto: Está bem. Mas não demora.

Me arrependi amargamente em ter ligado para a Lu. Eu não pretendia ficar mais tempo por lá. Estava cansado, com sono e tinha que acordar muito cedo no dia seguinte. Uma hora e meia depois:

Lu: Cheguei.

Adalberto: Oi.

Lu: Ai, Adal, ele está lindo cantando.

Adalberto: Eu não sabia que ele cantava.

Lu: Jura? Você não percebia que o jeito dele de falar arrastado, mexendo os braços é típico de cantor de RAP?

Adalberto: Não. Para mim, o jeito dele de falar é típico de bandido. Por isso que eu me cagava de medo dele. Confesso que, agora, estou mais tranquilo.

Lu: Ai, Adal, o jeito de um cantor de RAP é completamente diferente de um bandido.

Adalberto: Para mim, o que muda é que o cantor de RAP consegue rimar.

Lu: Você não entende nada.

Adalberto: Quero ir para casa dormir.

Lu: Calma. O show está acabando. Olha lá. Ele está agradecendo. Vou lá falar com ele.

Que saco! E Lu se internou no camarim do Amaranto e eu fiquei por, pelo menos, mais uns cinco chopes esperando por ela. Quando a farra acabou, eu recebi uma missão:

Lu: Adal, você leva a gente lá para casa.

Adalberto: Lu, vocês podem ir para a minha casa? Eu tenho que acordar muito cedo amanhã. Se eu te levar em casa, vou perder muito tempo.

Amaranto: Demorou, demorou, parceiro. Tá tranquilo, Adalba! Bora lá com ele, Lu.

Lu: Está bem.

Amaranto: Então, partiu feroz e desumano, mermão.

Adalberto: Legal. Vamos, sim.

E essa foi a pior coisa que eu fiz na minha vida. O Amaranto era um rapper que sabia roubar ou um bandido que sabia rimar. E eu só descobri isso, quando a Polícia bateu lá em casa.

O Amaranto foi preso, porque furtou uns objetos do bar onde ele cantou. E eu fiquei PAS-SA-DO. Fomos parar na delegacia e tive que explicar, que não tenho nada a ver com esse cara, além do triste fato de ele ser um peguete da minha prima.

Voltei para a casa na hora de acordar para ir para o trabalho, querendo matar a Lu. A minha vontade era de levá-la para casa arrastada pelo cabelo para ela aprender a não se envolver mais com qualquer um. Também tive vontade de que alguém me puxasse pelo cabelo para casa, por eu ter tido a bendita ideia de ligar para a minha prima e, indiretamente, ter incentivado esse inferno que foi a minha noite.

Deixei a Lu em casa, faltando meia-hora para chegar ao trabalho.

Adalberto: Eu quero te matar. Mas como eu também quero me matar, a gente corta, corta e fica tudo igual.

Lu: Te amo, primo.

Adalberto: Demorou, parceiro.

A Lu ficou rindo e eu parti feroz e desumano para o trabalho, mermão.

terça-feira, 19 de julho de 2011

As cem vezes da discórdia

Ontem, quando saí do trabalho, fui tomar um chopinho com as minhas primas no Plebeu, no Humaitá, pertinho da casa da Ane. E a pauta da nossa conversa, por mais incrível que possa parecer, foi o número CEM.

Adalberto: Como assim?

Ane: Sempre que você quer mostrar que uma dos nós está errada, você diz que já nos advertiu CEM vezes?

Adalberto: Você está louca.

Lu: Não está, não, Adal. Isso também me irrita em você.

Adalberto: É sério isso?

Sara: Às vezes, você fala assim comigo também.

Marjorie: E, sem querer colocar lenha na fogueira, comigo você também fala assim.

Adalberto: Gente, hoje é segunda-feira, eu saí de lá dos cafundós de onde estou trabalhando, amanhã tenho que acordar super cedo e vocês vão mesmo ficar brigando comigo?

Marjorie: A gente não está brigando, primo. Só foi uma crítica construtiva

Sara: É.

Ane: Até porque a gente não vai deixar de gostar de você. Mas as outras pessoas podem não gostar desse seu jeito de falar.

Adalberto: Eu não falo com as outras pessoa do jeito que eu falo com vocês. Com vocês, eu tenho intimidade.

Lu: Primo, a gente só quis te dar um toque.

Adalberto: Tudo bem. Mas vocês estão sempre me dando um toque sobre como eu trato vocês e eu já expliquei uma CEM vezes , que eu trato vocês com mais intimidades, porque nós temos amizade para isso.

As quatro: Aí, viu!

Adalberto: O quê?

Marjorie: Você voltou na coisa das CEM vezes.

Adalberto: Eu?

Ane: E nem percebeu.

Adalberto: Eu? Eu percebi, sim.

Sara: Primo, você não percebeu. Você está parecendo o Oswaldo, que não reconhece quando está errado.

Adalberto: Sara, você vai ficar me comparando, agora, com o seu marido?

Sara: Não é isso, Adal.

Adalberto: É isso, sim. Eu vim aqui para ser alvejado por vocês? Vocês gostam de mim de verdade? Eu não esperava por isso, sabia? Vindo de vocês... Não mesmo. Vou embora.

Marjorie: Adal, para de ser intransigente.

Adalberto: Ah, agora eu sou intransigente também? O que mais eu sou? Hein? Podem falar. Intransigente... O que mais?

Sara: Chato.

Ane: Grosso.

Lu: Insuportável.

Adalberto: Bacana. Legalzão. Agora, vocês querem saber de uma coisa? Eu também penso o mesmo sobre cada uma de vocês. Eu estou indo embora, vou deixar 20 reais aqui para pagar as duas cervejas, que eu tomei. E você fiquem com o troco.

Marjorie: Adal, você vai mesmo?

Adalberto: Vou! Eu já falei cem vezes que vou e não vou repetir.

As minhas primas não paravam de dar gargalhadas histéricas e eu não entendia o por quê.

Adalberto: Do que foi que vocês estão rindo, hein? Tem algum palhaço aqui?

E antes que alguém respondesse, eu me dei conta de que tinha falado a porra das “CEM vezes” de novo.

As gargalhadas delas me irritaram tanto, que eu deixei elas na mesa rindo sozinhas e me despedi com um tchauzinho muito do blasé.

Quando cheguei no estacionamento, o estresse foi outro.

Flanelinha: Aí, tio, dois reis é só de manhã. De noite, o estacionamento é cinco.

Adalberto: Ah, é? E você está me achando com cara de quê? Papai Noel ou Madre Teresa de Calcutá? Outra coisa: eu NÃO sou seu tio.

Flanelinha: Se liga, então, meu irmão, pode pagando os cinco reais. Eu já falei umas CEM vezes que o estacionamento aqui, de noite, é esse preço. Ou paga ou vai sair com os quatro pneus furados.

Putz, a coisa das “CEM vezes” é, de fato, EXTREMAMENTE IRRITANTE. não me lembro dele ter falado sobre o preço do estacionamento comigo por mais de duas vezes. E nas vezes que ele me falou, eu sempre questionei e ele aceitou os meus dois reais.

Adalberto: Olha aqui, querido, das outras DUAS vezes, que você me cobrou cinco reais, eu te paguei dois e ficou tudo certo. Eu estou estacionando o carro na rua. É esse o preço.

Flanelinha: Eu não vou discutir contigo, não, parceiro.

Ele sacou um canivete apontou para mim. E eu me caguei de medo. Devia ser só para me assustar, porque em seguida, ele furou os quatro pneus do meu carro e desapareceu na fumaça. Fiquei tão assustado que mal tinha forças para falar. Não fiz nada.

Depois de uns cinco minutos, já mais tranqüilo, engoli o meu orgulho, enfiei meu rabinho entre as pernas e voltei para o bar, onde estavam as minhas primas.

Adalberto: Vocês ainda me acham intransigente, chato, grosso e insuportável?

Elas já estavam completamente bêbadas, com exceção da Sara, que além de não beber, tem evitado até o refrigerante, porque está grávida há sete meses. De trigêmeos.

Marjorie: Claro que não, primo. Você é um fofo.

Sara: Um queridão.

Ane: Um lindo.

Lu: Um gostoso.

Adalberto: Agora, vocês falaram a minha língua.

Marjorie: Então, senta aí e toma todas com a gente.

Ane: Todas, não, porque a gente já tomou a maioria.

Adalberto: Só mais uma, porque amanhã eu trabalho e vou ter que ir para casa de ônibus.

Sara: Ué, mas você não veio de carro, primo?

Adalberto: Vim mas essa é outra história.

Sara: O que foi que aconteceu?

Adalberto: Depois, eu te falo.

Sara: Ah, fala agora, Adal.

Adalberto: Sara, você é muito ansiosa. Você está grávida. Não pode ser assim. Eu já te falei isso umas CEM vezes.

As gargalhadas foram inevitáveis. Inclusive, as minhas.

Eu cheguei a prometer para elas, que jamais voltaria a falar das cem vezes. Ainda bem que eu estava bêbado!

-- ESSA É A PUBLICAÇÃO NÚMERO CEM DO BLOG E NÃO PASSA DE UMA HOMENAGEM PARA ANE, LU, MARJORIE E SARA --