Adalberto: Por que você trouxe a gente aqui para dentro?
Sara: O pessoal vai sair em cinco minutos.
Ane: Vim mostrar para vocês onde eu faço meu treinamento funcional. É aqui. A gente usa esses elásticos, essas bolas.
Sara: E não tem aparelho?
Ane: Não, o seu corpo funciona como um aparelho. E você usa o seu peso a seu favor. É assim que a gente ganha massa muscular.
Sara: Mas eu não tenho como usar o meu peso a meu favor, se eu não peso quase nada. Esse negócio de treinamento funcional não ia dar certo comigo.
Ane: Então, se for assim, eu vou ficar como a Gracyanne. Eu não quero isso para mim!
Sara: Não mesmo?
Ane: Ai, acho que quero, sim. Sei lá, será que vão pensar que eu sou muito fútil, se eu fosse malhadona, como a Gracyanne?
Sara: Não sei, talvez.
Ane: O que você acha, Adal?
Adalberto: Ane, vamos deixar para pensar sobre essa questão superimportante depois. O pessoal já vai sair.
Ane: Ai, Adal, você vai ficar chateado, se eu não for mais?
Adalberto: Claro que sim! Cara, eu sabia que você não tinha trazido a gente aqui para dentro só para isso.
Ane: Fiquei com medo de dizer que não ia mais, e vocês fazerem um escândalo comigo na frente de todo mundo.
Adalberto: Ane, eu quero matar você. Eu saí do Recreio, fui buscar a Sara em Niterói e vim aqui para a Zona Sul só para isso.
Sara: Ah, Adal, valeu pelo passeio, pensa assim.
Adalberto: Passeio? Eu acordei às cinco horas da manhã para estar aqui a essa hora. Isso não é um passeio. É um castigo.
Ane: O Edilberto me ligou, pedindo para eu levar o café da manhã para a filha dele lá em Niterói. Ele não vai conseguir sair do trabalho a tempo. Vai dobrar, aí já viu, né? Sobrou para mim.
Adalberto: Ah, sim, poxa. Aí, tudo bem. A menina é criança, né?
Ane: É, ela tem nove anos.
Sara: Ela fica em casa sozinha?
Ane: Não. Está com uns amiguinhos na porta de onde vai acontecer o show do Justin Bieber.
Adalberto: Como assim? Eu não ouvi isso.
Ane: Ela é completamente fã do Justin Bieber e quer ser a primeira e entrar, quando abrirem so portões.
Adalberto: Ane, e você compactua com isso?
Ane: Eu, não. O Edilberto compactua com isso. Eu só vou na onda dele. Adal, homem, hoje em dia, está muito difícil. A gente tem que abaixar a cabeça para algumas coisas.
Sara: Gente, eu jamais deixaria filho meu fazer uma coisa dessas. Loucura isso. E como a menina está indo para a escola?
Ane: Ela não está indo. Já estava mal mesmo nos estudos, tudo indicava que ia repetir. Aí, o pai deixou ela abandonar. Mas no ano que vem ela volta. É bom que já volta com uma cabeça melhor.
Adalberto: Que cabeça melhor? Com um pai desses, essa garota tem tudo para ser uma perdida na vida. Quando que é esse show?
Ane: Daqui a dois meses e meio.
Sara: O quê? E essa criança vai ficar morando numa barraca durante esse tempo todo?
Ane: Vai, ué. Eu não vejo problema nenhum nisso. O pai dela deixou. A gente faria o mesmo na idade dela, se fosse o New Kids on the Block.
Sara: É verdade.
Sara: O quê? E essa criança vai ficar morando numa barraca durante esse tempo todo?
Ane: Vai, ué. Eu não vejo problema nenhum nisso. O pai dela deixou. A gente faria o mesmo na idade dela, se fosse o New Kids on the Block.
Sara: É verdade.
Adalberto: Gente, na boa, eu vou embora. Estou ficando com raiva disso. E, principalmente, estou com raiva de mim, que vim até aqui à toa. Você vem comigo, Sara?
Sara: Primo, eu tenho que ficar. Eu falei para o Oswaldo que eu ia fazer a trilha. Se eu for para outro lugar ou chegar em casa mais cedo, ele vai desconfiar de mim.
Adalberto: Mas a essa hora, o pessoal já saiu.
Sara: Eu sei mas eu fico esperando eles voltarem. Aí, eu me molho um pouco para fingir que suei e, depois, volto para casa.
Adalberto: Não acredito nisso.
Sara: Adal, é o que a Ane falou: homem, hoje em dia, está muito difícil. A gente tem que fazer certas coisas, mesmo não concordando com elas.
Adalberto: Tchau, gente.
Deixei as duas loucas sozinhas naquele lugar.
Ane: Prima, eu não vou poder esperar aqui com você. Você vai ficar chateada comigo?
Sara: Claro que não.
Ane: Então, eu vou lá.
Eis que surge o ator Eriberto Leão.
Eriberto: Dá licença. Vocês sabem se o pessoal, que ia fazer a trilha da Carlinha já saiu?
O mundo tinha parado para a Ane naquele momento.
Ane: É... trilha? Pessoal? Carlinha? Quê? Você também malha aqui? Quer dizer... Ai, muita informação, desculpa. O que é que você falou?
Eriberto: É que eu vim fazer a trilha da Carlinha, a professora. Ela já foi com o pessoal?
Sara: Olha, pela hora, já, sim.
Eriberto: Que pena, acordei meio atrasado, mas achava que dava para chegar a tempo.
Sara: Olha, mas se você correr, acho que você alcança eles.
Eriberto: Boa ideia. Vou fazer isso, então. Obrigado, meninas.
Sara: Ei, moço. Você não é o Eriberto Leão?
Eriberto: Sou eu, sim.
Sara: Você se incomoda de me dar um autógrafo? Na verdade, para mim e para o meu marido. Se você colocar só o meu nome, o meu marido vai pensar besteira, vai achar que eu te pedi um autógrafo, porque estava querendo me oferecer para você. Ele morre de ciúmes de mim.
Nada... A Sara adora acreditar que tem um marido ciumento, coitada.
Eriberto: Qual são os nomes que eu coloco aqui, então?
Sara: Sara e Oswaldo. Mas coloca Oswaldo na frente para não dar problema.
Eriberto: Beleza. Toma o seu autógrafo.
Sara: Obrigada.
Eriberto: Agora, deixa eu ir lá. Vou correr para tentar alcançar o pessoal na trilha. Mas se não der, vou curtir a natureza sozinho mesmo. Tchau, meninas.
E quando ele ia fechar a porta, a Ane, que estava paralisada, resolveu dar sinal de vida.
Ane: Eriberto!
Eriberto: Oi.
Ane: Eu posso ir com você? Qualquer coisa, se a gente não encontrar o pessoal, a gente curte a natureza juntos.
Eriberto: Perfeito. Vamos nessa, então?
Sara: Ué, então, eu vou com vocês.
Ane: Tchau, prima.
Sara: Ane, mas e a filha do Edilberto?
Ane: Edilberto? Quem é Edilberto? Agora, eu só sei quem é Eriberto, meu amor. Beijo!
E bateu com a porta na cara da prima.