Sara: Vocês vão ter a coragem de me deixar sozinha nessa?
Marjorie: Lógico.
Lu: Fui eu que casei com o Oswaldo?
Ane: Você sabe que a gente não tem a menor afinidade com aquela gente.
Sara: Adal, só você pode me ajudar. Vamos comigo?
Adalberto: Sarita, eu já combinei com as meninas de passar na casa dos meus pais. Se elas toparem ir para a casa dos pais do Oswaldo, eu até vou também. Mas sozinho eu não vou, não.
Sara: Vamos não vai estar sozinho. Vai estar comigo.
Adalberto: Você não conta. Você é, praticamente, da família.
Sara: Beleza, então. Já que ninguém vai comigo, eu também não vou. E digo mais: estou me separando do Oswaldo, vou largar as crianças com os meus sogros e vou morar em Nova York.
Marjorie: Conta outra, Sara.
Ane: Você não vai ter coragem de fazer uma coisa dessas.
Lu: Eu duvido.
Sara: Duvida? Pois não duvide de mim, meu bem.
Adalberto: Sara, isso não é verdade, a gente sabe.
Sara: Não? Então, tudo bem. Eu vou ligar agora para o Oswaldo e dizer que não vou à casa dos pais dele, que decidi, de última hora, ficar por aqui e que é para ele arrumar as crianças e ir para lá.
Ane: Como assim?
Sara: Ele vai ficar fulo da vida comigo, vai falar meia-dúzia de grosserias, eu vou responder com paus e pedras, ele vai dizer que quer o divórcio, como ele faz sempre que a gente briga, eu vou aceitar e, na semana que vem, embarco para Nova York.
Lu: Beleza. O problema teu.
Marjorie: Sarita, faz o que você achar melhor.
Sara: Claro. O chato é que vai ficar ruim para vocês de ver os trigêmeos na casa dos meus sogros, né? É porque o Oswaldo trabalha, então, eles vão ficar lá. E se vocês não podem passar o Natal lá, que é uma data em que as pessoas se toleram mais um pouco, imagina visitar as crianças numa outra data qualquer...
Que chantagista! Pior é que a gente cedeu. Não passava pelas nossas cabeças ficar sem ver os nossos afilhados.
Fomos para a casa dos pais do Oswaldo e ainda levamos meu pai, minha mãe, minha irmã, meu cunhado e meu sobrinho.
Marjorie: Adal.
Adalberto: Oi.
Marjorie: Viu a cara de nojo que a mãe do Oswaldo fez, quando a gente chegou?
Adalberto: Vi mas fingi que não vi.
Ane: O pai dele nem é má pessoa. Só cai no meu conceito por deixar ser manipulado pela megera da mulher.
Lu: Merece levar na cara para acordar para a vida.
Adalberto: Quem? Ele ou ela?
Lu: Ele. Mas ela também.
Ane: Ela merece levar uma surra bem dada para vê se para de fazer aquela cara de bunda e passa a fazer cara de dor.
Marjorie: Sentindo dor ela ia ficar mais bonita.
Adalberto: Mudando de pau para cacete, meu pai está irado porque não vai se vestir de Papai Noel esse ano. Ele gosta, né?
Lu: Coitadinho do tio Beto.
Adalberto: É. Ele só gosta do Natal, por causa desse momento. Um tio do Oswaldo vai se vestir.
Marjorie: Ele trouxe a fantasia dele?
Adalberto: Está lá no carro.
Ane: Não pode ter dois?
Adalberto: Claro que não. O Diego sabe que Papai Noel só existem um. Se aparecem dois, ele vai desconfiar. Os filhos da Sara, não, porque só tem um aninho, mas o Diego já tem cinco, é mais esperto.
Marjorie: Fala para o tio Beto ver o lado positivo dessa situação. Pela primeira vez, ele vai ver o neto recebendo os presentes do Papai Noel.
Adalberto: Não adianta. Ele prefere ser o Papai Noel.
Papo vai, papo vem e fomos surpreendidos por um bandido, que invadiu a casa dos sogros da Sara.
Bandido: Todo mundo com a mão para cima e sem fazer barulho. Tem criança nessa casa?
Sara: Tem. Mas estão todas dormindo num quarto.
Bandido: Melhor assim. Detesto criança. Grita muito. Passa tudo o que vocês têm de valor.
Passamos nossos celulares, dinheiro, jóias e... A roupa de Papai Noel do tio do Oswaldo.
Bandido: Ouvi barulho de carro de polícia. Vou descer fantasiado de Papai Noel com uma criança no colo. Me dá a mais quieta de todas. Se eu sentir qualquer suspeita, eu mato. Anda, pega uma criança, antes que eu mate vocês aqui.
Como o Diego estava brincando na casa do vizinho, a Sara teve que decidir entre um de seus filhos. Parecia "A escolha de Sofia". Não conseguimos identificar a criança que ela entregou, porque estava toda enrolada numa manta.
O bandido saiu com a criança no colo, despistou os policiais, deixou o trigêmeo ainda incógnito para nós com uma vizinha e saiu cantando pneu.
Os policiais desconfiaram e foram atrás.
Sara: gente, eu vou lá embaixo buscar a boneca da Liana.
Adalberto: Ué, você não entregou um dos seus filhos?
Sara: Claro que não. Está maluco?
E veio até o meu ouvido cochichar um comentário maldoso.
Sara: Se fosse para entregar alguém para o bandido, não seria um filho meu. Seriam os meus sogros. Deixa eu ir lá pegar a boneca da Liana. Ela só dorme agarrada com essa boneca.
Sara: gente, eu vou lá embaixo buscar a boneca da Liana.
Adalberto: Ué, você não entregou um dos seus filhos?
Sara: Claro que não. Está maluco?
E veio até o meu ouvido cochichar um comentário maldoso.
Sara: Se fosse para entregar alguém para o bandido, não seria um filho meu. Seriam os meus sogros. Deixa eu ir lá pegar a boneca da Liana. Ela só dorme agarrada com essa boneca.
Meu pai desceu com a Sara. Mas ele foi pegar outra coisa.
Nesse ínterim, um vizinho bateu à porta. Ficamos assustados com a força com que ele esmurrava, mas, finalmente, era por uma boa notícia.
Vizinho: Os policiais conseguiram pegar o bandido numa rua sem saída. Ele já está na delegacia daqui do bairro e deve ser levado para um presídio amanhã.
Vizinho: Os policiais conseguiram pegar o bandido numa rua sem saída. Ele já está na delegacia daqui do bairro e deve ser levado para um presídio amanhã.
Lu: Eu vou lá agora arrebentar a cara desse covarde!
Adalberto: Você não vai a lugar nenhum. Quieta!
Lu: Me solta, Adal! Eu vou matar aquele cretino. Eu quero matar aquele bandido!
A Lu caiu em prantos.
Marjorie: Gente, pega uma água com açúcar para ela. Vocês não estão vendo que ela não está bem? Está nervosa.
Uma meia-hora depois, quando a poeira havia baixado e a Sara já estava de volta, meu pai nos surpreendeu, entrando na sala vestido de Papai Noel. Isso emocionou a todos os corações ainda semi-aflitos.
Adalberto (pai): Ho, ho, ho! Feliz Natal, família que eu amo. Ho, ho, ho!
Como todo ano, ele deu presentes para o Diego, para os trigêmeos, para mim , para a minha mãe, para a minha irmã, para o meu cunhado, para a Ane, para a Lu e para a Marjorie. Na vez da Sara, além de entregar o presente, ele falou baixinho no ouvido dela.
Adalberto (pai): Você mostrou que é muito corajosa. O titio está muito orgulhoso de você. Mas, no ano que vem, por favor, não vamos inovar. O Natal vai ser lá em casa, como sempre foi. Te amo.
Falou e disse! Esse Papai Noel é o cara.