Ontem, fui para um bar em Nikity me encontrar com a Sara. Ela disse que
precisava conversar comigo fora de casa, mas não podia ir para muito longe, por
causa dos trigêmeos.
Adalberto: Que saudade de você, minha linda. Tudo bem?
Sara: Não. E com você?
Adalberto: Comigo, sim. Só um pouquinho cansado, porque fui a todos os
shows do Rock in Rio.
Sara: Primo, nem me fale nesse negócio de Rock in Rio, que eu estou a
ponto de fazer macumba para o Roberto Medina.
Adalberto: Como assim, Sara? Por que isso?
Sara: O meu casamento está acabando, por causa dessa maldição de
evento.
Adalberto: O seu casamento está sempre acabando desde a lua-de-mel,
quando você me ligou do Marrocos para me dizer que Oswaldo estava paquerando
uma mulher de burca, lembra? Você é muito neurótica, amore.
Sara: Tudo bem, eu confesso que eu exagerava muito no começo, mas agora eu
estou mais tranquila. Ele é que continua safado. Você acredita que ele ficou
babando pela Beyoncé?
Adalberto: Acredito.
Sara: Como assim acredita?
Adalberto: O Brasil inteiro babou pela apresentação dela.
Sara: Mas o Oswaldo é diferente. O Oswaldo é cachorro, Adal. Aquilo não
vale nada. Ele fala de um jeito, que parecia que estava desejando a mulher. E a
safada ainda fez a coreografia do lelek para deixar o homem louco... Ainda bem
que a gente viu tudo pela televisão. Imagina se a gente tivesse ido? Ele ia
subir no palco, e eu ia voltar solteira para casa.
Adalberto: Sara, não exagera. Você está tendo a mesma atitude de todos
os anos, durante a transmissão do carnaval. Só que, em vez das passistas e
madrinhas de bateria, agora você está com ciúme dele com a Beyoncé.
Sara: Claro. Imagina se calha dele cruzar com essa mulher, se apaixonar
e ir embora com ela para não sei onde.
Adalberto: Olha como você viaja...
Sara: Os meus filhos iam ficar sem pai. Ele ia querer viajar atrás dela
nesses shows, eu conheço o Oswaldo, ele é deslumbrado. Ia adorar ter uma mulher
famosa.
Adalberto: Será?
Sara: Lógico que sim. E se bobear, ainda ia levar os meus filhos com
ele, alegando, sei lá, que tem condições melhores de criá-los. E, realmente,
com a Beyoncé, ele pode dar vida de rei para os nossos trigêmeos.
Adalberto: Sara, acorda, para com ciúme doentio.
Sara: Ai, primo, eu queria que no mundo só existissem as gordas, as feias
e as caolhas.
Adalberto: Para com isso! E o que seria do Brasil? A nossa mulher é
aclamada pelo mundo todo. Se não fosse pela beleza da Helô Pinheiro, não
existiria a linda "Garota de Ipanema", do Tom Jobim. E o cinema sem o charme Marilyn Monroe? Dá para imaginar?
Sara: Com essas, eu não vejo problema. Uma já morreu e a outra já está
aposentada, não me mete mais medo. A regra das gordas, feias e caolhas podia
passar a valer depois que eu nasci. O meu casamento seria muito mais tranquilo.
E por uma coincidência absurda, vi o Oswaldo vindo na nossa direção com
a Helô Pinheiro. Ainda bem que a Sara estava de costas pare eles.
Sara: Você acha que eu estou errada?
Adalberto: Amore, preciso ir ao banheiro. Um segundinho.
Liguei para o Oswaldo.
Oswaldo: Oi, Adal.
Adalberto: Ô cara de pau, dá meia volta agora!
Oswaldo: Por quê?
Adalberto: Eu estou com a Sara num bar, aqui na rua que você está
caminhando com a Helô Pinheiro. Se ela vir vocês dois e descobrir, que a Garota
de Ipanema ainda não se aposentou, ela vai te matar.
Oswaldo: Mas eu não estou fazendo nada demais. Encontrei por
coincidência com a tia Heloísa aqui perto e estava levando ela até um ponto de
táxi. Minha avó morou no prédio dela, Adal. Já brinquei muito com a Ticiane.
Adalberto: Não interessa! Eu sei que você é um boboca e não faz nada de errado,
mas esqueceu que a tua mulher é neurótica? Inventa alguma coisa para a tia
Heloísa e vai embora para casa. Ouviu?
Oswaldo: Está bem, Adal. Pode deixar. Super-obrigado.
Adalberto: Olha só, eu sou legal com você, porque sei que você anda na
linha com a minha prima. Mas se um dia...
Oswaldo: Nunca! Eu amo a minha mulher mais que tudo. Ela é a minha
Beyoncezinha.
Que lindo.
Adalberto: Oswaldo, esquece esse negócio de Beyoncezinha por ora. Até porque a Sara é branca. Melhor chamar de "meu amor" mesmo. Depois eu te explico.
E assim eu livrei a minha prima de um ataque histérico gratuito.
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