sábado, 28 de setembro de 2013

Ane não é uma mulher de palavra

Depois de muita insistência da Ane, eu e a Sara topamos fazer uma trilha. O ponto de encontro, foi na academia que ela malha.

Adalberto: Por que você trouxe a gente aqui para dentro?

Sara: O pessoal vai sair em cinco minutos.

Ane: Vim mostrar para vocês onde eu faço meu treinamento funcional. É aqui. A gente usa esses elásticos, essas bolas.

Sara: E não tem aparelho?

Ane: Não, o seu corpo funciona como um aparelho. E você usa o seu peso a seu favor. É assim que a gente ganha massa muscular.

Sara: Mas eu não tenho como usar o meu peso a meu favor, se eu não peso quase nada. Esse negócio de treinamento funcional não ia dar certo comigo.

Ane: Então, se for assim, eu vou ficar como a Gracyanne. Eu não quero isso para mim!

Sara: Não mesmo?

Ane: Ai, acho que quero, sim. Sei lá, será que vão pensar que eu sou muito fútil, se eu fosse malhadona, como a Gracyanne?

Sara: Não sei, talvez. 

Ane: O que você acha, Adal?

Adalberto: Ane, vamos deixar para pensar sobre essa questão superimportante depois. O pessoal já vai sair.

Ane: Ai, Adal, você vai ficar chateado, se eu não for mais?

Adalberto: Claro que sim! Cara, eu sabia que você não tinha trazido a gente aqui para dentro só para isso.

Ane: Fiquei com medo de dizer que não ia mais, e vocês fazerem um escândalo comigo na frente de todo mundo.

Adalberto: Ane, eu quero matar você. Eu saí do Recreio, fui buscar a Sara em Niterói e vim aqui para a Zona Sul só para isso.

Sara: Ah, Adal, valeu pelo passeio, pensa assim.

Adalberto: Passeio? Eu acordei às cinco horas da manhã para estar aqui a essa hora. Isso não é um passeio. É um castigo.

Ane: O Edilberto me ligou, pedindo para eu levar o café da manhã para a filha dele lá em Niterói. Ele não vai conseguir sair do trabalho a tempo. Vai dobrar, aí já viu, né? Sobrou para mim.

Adalberto: Ah, sim, poxa. Aí, tudo bem. A menina é criança, né?

Ane: É, ela tem nove anos.

Sara: Ela fica em casa sozinha?

Ane: Não. Está com uns amiguinhos na porta de onde vai acontecer o show do Justin Bieber.

Adalberto: Como assim? Eu não ouvi isso.

Ane: Ela é completamente fã do Justin Bieber e quer ser a primeira e entrar, quando abrirem so portões.

Adalberto: Ane, e você compactua com isso?

Ane: Eu, não. O Edilberto compactua com isso. Eu só vou na onda dele. Adal, homem, hoje em dia, está muito difícil. A gente tem que abaixar a cabeça para algumas coisas.

Sara: Gente, eu jamais deixaria filho meu fazer uma coisa dessas. Loucura isso. E como a menina está indo para a escola?

Ane: Ela não está indo. Já estava mal mesmo nos estudos, tudo indicava que ia repetir. Aí, o pai deixou ela abandonar. Mas no ano que vem ela volta. É bom que já volta com uma cabeça melhor.

Adalberto: Que cabeça melhor? Com um pai desses, essa garota tem tudo para ser uma perdida na vida. Quando que é esse show?

Ane: Daqui a dois meses e meio.

Sara: O quê? E essa criança vai ficar morando numa barraca durante esse tempo todo?

Ane: Vai, ué. Eu não vejo problema nenhum nisso. O pai dela deixou. A gente faria o mesmo na idade dela, se fosse o New Kids on the Block.

Sara: É verdade.

Adalberto: Gente, na boa, eu vou embora. Estou ficando com raiva disso. E, principalmente, estou com raiva de mim, que vim até aqui à toa. Você vem comigo, Sara?

Sara: Primo, eu tenho que ficar. Eu falei para o Oswaldo que eu ia fazer a trilha. Se eu for para outro lugar ou chegar em casa mais cedo, ele vai desconfiar de mim.

Adalberto: Mas a essa hora, o pessoal já saiu.

Sara: Eu sei mas eu fico esperando eles voltarem. Aí, eu me molho um pouco para fingir que suei e, depois, volto para casa.

Adalberto: Não acredito nisso.

Sara: Adal, é o que a Ane falou: homem, hoje em dia, está muito difícil. A gente tem que fazer certas coisas, mesmo não concordando com elas.

Adalberto: Tchau, gente.

Deixei as duas loucas sozinhas naquele lugar.

Ane: Prima, eu não vou poder esperar aqui com você. Você vai ficar chateada comigo?

Sara: Claro que não.

Ane: Então, eu vou lá.

Eis que surge o ator Eriberto Leão.

Eriberto: Dá licença. Vocês sabem se o pessoal, que ia fazer a trilha da Carlinha já saiu?

O mundo tinha parado para a Ane naquele momento. 

Ane: É... trilha? Pessoal? Carlinha? Quê? Você também malha aqui? Quer dizer... Ai, muita informação, desculpa. O que é que você falou?

Eriberto: É que eu vim fazer a trilha da Carlinha, a professora. Ela já foi com o pessoal?

Sara: Olha, pela hora, já, sim.

Eriberto: Que pena, acordei meio atrasado, mas achava que dava para chegar a tempo.

Sara: Olha, mas se você correr, acho que você alcança eles.

Eriberto: Boa ideia. Vou fazer isso, então. Obrigado, meninas.

Sara: Ei, moço. Você não é o Eriberto Leão?

Eriberto: Sou eu, sim.

Sara: Você se incomoda de me dar um autógrafo? Na verdade, para mim e para o meu marido. Se você colocar só o meu nome, o meu marido vai pensar besteira, vai achar que eu te pedi um autógrafo, porque estava querendo me oferecer para você. Ele morre de ciúmes de mim.

Nada... A Sara adora acreditar que tem um marido ciumento, coitada.

Eriberto: Qual são os nomes que eu coloco aqui, então?

Sara: Sara e Oswaldo. Mas coloca Oswaldo na frente para não dar problema.

Eriberto: Beleza. Toma o seu autógrafo.

Sara: Obrigada.

Eriberto: Agora, deixa eu ir lá. Vou correr para tentar alcançar o pessoal na trilha. Mas se não der, vou curtir a natureza sozinho mesmo. Tchau, meninas.

E quando ele ia fechar a porta, a Ane, que estava paralisada, resolveu dar sinal de vida.

Ane: Eriberto!

Eriberto: Oi.

Ane: Eu posso ir com você? Qualquer coisa, se a gente não encontrar o pessoal, a gente curte a natureza juntos.

Eriberto: Perfeito. Vamos nessa, então?

Sara: Ué, então, eu vou com vocês.

Ane: Tchau, prima.

Sara: Ane, mas e a filha do Edilberto?

Ane: Edilberto? Quem é Edilberto? Agora, eu só sei quem é Eriberto, meu amor. Beijo!

E bateu com a porta na cara da prima.

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