domingo, 17 de novembro de 2013

Ane trabalha, trabalha, trabalha, mas, no final, é demitida por um peguete metido a malandro

A Ane chegou hoje de viagem. Ela tinha ido pra Floripa com um cliente da locadora de carros do pai dela. E a primeira coisa que fez, quando chegou ao Rio, foi vir pra minha casa. Chorar.

Adalberto: O que aconteceu? A viagem não foi boa?

Ane: Não, foi uma merda.

Adalberto: Por quê? Não foi legal lá com o Zulmenildo?

Ane: Foi péssimo. Ele só trabalhou.

Adalberto: Ah, mas isso você já sabia que ia acontecer. Ele foi pra lá pra um congresso de três dias. Você mesma me contou isso.

Ane: Eu sei. O problema é que eu fiquei trabalhando de assessora dele.

Adalberto: Como assim?

Ane: Eu passei a roupa dele, que amarrotou na mala; fazia massagem nas costas dele, quando ele chegava no hotel; cortei os cabelinhos do nariz e da orelha dele; trocava o curativo e botava pomada no joelho dele.

Adalberto: Ele se machucou lá?

Ane: Não. Caiu de moto há umas duas semanas, mas já tá tudo bem.

Adalberto: Ah, tá. Mas me conta. Você disse que estava num resort incrível, que a seleção dos Estados Unidos ou Japão vai ficar lá na época da Copa. O que tinha lá de bom?

Ane: Tudo o que você puder imaginar. Umas 30 piscinas. Piscina de água quente, água fria, com toboágua grande, pequeno, médio, com onda... Ah... Coisa de louco! Praia particular, campo de golfe, um monte de restaurante, sauna seca, a vapor, campo de futebol, quadra disso, daquilo, daquilo outro... Adal, tinha até boate lá dentro.

Adalberto: E você? Aproveitou?

Ane: Não.

Adalberto: Por quê? Onde você estava, enquanto o Zulmenildo estava no congresso?

Ane: Ué, transcrevendo os áudios das palestras, que ele participava. Meu ouvido tá que não aguenta mais aquele fone que entra, sabe? Se você encosta na minha orelha, eu sinto dor. Não consigo nem dormir de lado de tanta dor. Já tomei remédio, mas se não melhorar, tou pensando até em ir ao médico, primo.

Adalberto: Gente, que horror! Que viagem péssima foi essa?

Ane: Nem te conto, primo. Pior que nem sexo a gente fez direito.

Adalberto: Como assim?

Ane: A gente só transou um dia e, mesmo assim, muito mal, porque ele estava cansado.

Adalberto: E foi bom?

Ane: Basicão. Ele estava muito cansado. Nos outros dias, nem aguentou.

Adalberto: Mas e aí? E hoje, amanhã, sei lá... Quando vocês vão se encontrar de novo?

Ane: Nunca mais.

Adalberto: Por quê?

Ane: Ele disse que eu não sou a mulher que ele quer pra ele?

Adalberto: Não. Como assim? Ele te fez de escrava em Floripa e, depois, teve a cara de pau de dizer isso?

Ane: Pois é. Tou arrasada, primo. Me dá colo, ombro pra eu chorar, qualquer coisa.

Adalberto: Nada disso. Vou te dar cerveja. Vamos agora prum bar, afundar essa mágoa. E não vale dizer não.

Coitada da minha prima. Foi usada por um idiota metido a malandro. E, no final, foi demitida.

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