Ontem, eu estava quase dormindo, quando a Lu me ligou.
Adalberto: Fala, gatona.
Lu: Está ocupado?
Adalberto: Não. Já estava me preparando para dormir.
Lu: Primo, eu estou muito mal. O Neneco disse que eu sou muito escandalosa para ele.
Adalberto: E você acha ruim ser escandalosa?
Lu: O Neneco acha que sim.
Adalberto: E quem é o Neneco na noite londrina?
Lu: Ah, Adal, para!
Adalberto: Não, não é assim, "para". Quando alguém te falar, que não está satisfeito por alguma coisa, que está em você, você lamenta e pensa: quem é essa pessoa na noite londrina? Quem é esse cara de pau no inverno da Sibéria? Quem é esse babaca no Planeta dos Macacos? Você vai ver que, em algum lugar, essa a pessoa não é nada. Mas você, sim, em todos esses lugares que eu falei, tem que ser ou fazer de tudo para ser alguma coisa. Senão, meu bem...
Lu: Ai, primo, os seus discursos motivacionais são ótimos, mas eu tenho preguiça para esse papo de consultor de RH.
Adalberto: Então, valeu. Vamos para um bar encher a cara e falar merda, então? Você me fez perder o sono.
Lu: Eu?
Adalberto: É, Dona Lu. Você me tira o sono!
Lu: Estou dentro.
Eu já tinha parado de marcar com pauzinhos com a caneta sobre a toalha de papel da mesa, quando o tal do Neneco resolveu passar na frente do bar, onde eu estava enfiando o pé na jaca com a Lu.
Lu: Adal!
Adalberto: O quê?
Lu: Para tudo!
Adalberto: Por que "para tudo"? Isso inclui parar de beber?
Lu: O Neneco vai passar atrás de você agora. Disfarça. Estou muito escandalosa?
Adalberto: Não. Mas vai ficar agora.
Lu: Como assim?
No bar tinha uma musiquinha ao vivo cafona. E naquele exata momento, o cantor cantava o refrão de Evidências, do Chitãozinho e Xororó... A Lu ovula por essa música. Levantei impetuosamente e fiz um apelo motivacional mais eficaz.
Adalberto: Canta comigo se não você vai comer todas as porcarias do mundo!
O efeito foi melhor do que um discurso longo de um consultor de RH. Ela levantou imediatamente e cantou comigo aos berros.
Adalberto e Lu: "E nessa loucura de dizer que não te quero// Vou negando as aparências// Disfarçando as evidências// Mas pra que viver fingindo// Se eu não posso enganar meu coração?// Eu sei que te amo!// Chega de mentiras// De negar o meu desejo // Eu te quero mais que tudo // Eu preciso do seu beijo// Eu entrego a minha vida// Pra você fazer o que quiser de mim// Só quero ouvir você dizer que sim!// Diz que é verdade, que tem saudade// Que ainda você pensa muito em mim// Diz que é verdade, que tem saudade// Que ainda você quer viver pra mim".
E o tiro acertou o alvo. O cara de pau foi tirar satisfação com a minha prima.
Neneco: Você é ridícula mesmo. É por essas e outras, que eu não estou com você.
Lu: Ah, é mesmo? E quem é você na noite londrina? E no inverno da Sibéria? E no Planeta dos Macacos? Bom, eu acho que, em qualquer desses lugares, você é um babaca. Mas eu estou cagando para você. Sabe por quê? Eu sou a rainha por onde quer que eu passe. Vamos, Adal.
E fomos embora, assim, deixando o Neneco com uma mistura de cara de paisagem, surpresa e espanto.
No carro, resolvi lembrar à Lu, que nós não tínhamos pagado a conta. E o comentário dela também foi bem motivacional.
Lu: Adal, uma estrela nunca paga a conta.
Gostei...
quinta-feira, 26 de abril de 2012
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Já sou fã da Lu , agora quero conhecer melhor as outras primas , adorei o Blogger Adalberto , ta de parabéns , agora vou comprar o livro também .
ResponderExcluirbjuss.
Amanda !
Brigado, Amanda.
ResponderExcluirBeijo!