sábado, 5 de julho de 2014

Marjorie desiste de formar a dupla Clamar e decide se relacionar com cavalos

Anteontem, enquanto eu me arrumava pra ir pro trabalho, a Marjorie ligou sete vezes para o meu celular. Ando sem paciência pra ela. Quem conhece a Marjorie sabe que ela não é de ficar chata, quando tá apaixonada por algum homem. O problema é que, agora, ela se apaixonou por uma mulher e tá mais chata do que menina de 12 anos com o primeiro namoradinho. Só fala de Clarinha, Clarinha, Clarinha...

Ontem, elas iam sair pela primeira vez juntas. A coisa deve ter sido boa. Até agora ela não me ligou...

Caramba, foi só eu falar, que o telefone toca. É ela.

Adalberto: Oi, Jojô.

Marjorie: Tudo bem, primo?

Adalberto: Tudo.

Marjorie: Tá fazendo o que de bom?

Adalberto: Cara, nada. Acho que vou cortar a minha unha do pé. Tá grande. 

Marjorie: Quer ajuda?

Adalberto: Pra quê? Pra cortar a minha unha? Não, né?

Marjorie: Eu corto pra você. Eu sei que você não gosta dessas coisas.

A Marjorie queria me encontrar pessoalmente pra falar alguma coisa. Ela jamais se ofereceria pra cortar a  minha unha, se não existisse um interesse por trás disso.

Adalberto: Vem, então. Aí, você aproveita e corta a da mão também, espreme uns cravos nas minhas costas, limpa o meu ouvido e lixa o meu pé. Tá com aquela crosta grossa, sabe? Eu devo ter crescido uns dois centímetros por causa disso.

Marjorie: Ai, que nojo, primo! Isso eu não vou fazer, não.

Fiz chantagem.

Adalberto: Então, deixa. Eu vou numa dessas clínicas do pé pra fazer uma limpeza. Só não vai dar pra você vir aqui, então. Eu devo demorar na rua. Vem na semana que vem.

Marjorie: Não, eu vou hoje, primo. Preciso falar com você.  Deixa que eu lixo o seu pé.

Adalberto: É? Tá bom.

Em 40 minutos, ela chegou na minha casa. Estava com uma cara de poucos amigos.

Marjorie: Oi.

Adalberto: Que cara é essa?

Marjorie: Ai, Adal, eu não tô bem.

Adalberto: O que foi?

Marjorie: A Clarinha.

Adalberto: Já sei: a noite foi ótima, você tá apaixonada e veio me contar que a Clarinha é a mulher da sua vida. Acertei?

Marjorie: Não. A gente nem chegou a ficar. Quando ela pegou na minha mão, no restaurante em que a gente foi jantar, eu senti nojo. Eu sei que é horrível falar isso, mas não tem nada a ver comigo. Eu não sei de onde eu tirei da cabeça essa coisa de que eu e a Clarinha poderíamos ter alguma coisa.

Adalberto: Eu sei! Da novela, do Big Brother. Hoje em dia, você liga a televisão, e tem alguma mulher pegando uma Clarinha. É a Marina, personagem da Tainá Müller, é a Vanessa, do BBB, é mais não sei quem... Virou moda ser mulher e pegar uma Clarinha. Você foi influenciada. Depois da Clanessa, da Clarina, você achou bonito criar a dupla Clamar. Eu estava achando isso um saco. Pronto, falei.

Marjorie: Ah, primo, eu estava meio carente, tinha acabado de ser sacaneada por aquele idiota, do Bairro de Fátima, que eu estava pegando. E a Clarinha apareceu nesse momento. Sendo carinhosa comigo, me dando apoio, elevando minha autoestima. Era tudo o que eu precisava naquele momento.

Adalberto: E agora?

Marjorie: Agora, ela não para de me ligar, já me mandou 300 mensagens, 500 WhatsApps, deixou sete recados na minha caixa de voz. Eu não aguento mais essa mulher, primo. Fora que, ontem, ela ficou de bico, quando o Marquinho, do colégio, me abraçou e me beijou daquele jeito exagerado dele.

Adalberto: Ele estava no restaurante também?

Marjorie: Estava. Coincidência, né? Continua doido. 

Adalberto: E a outra já com ciúme dele?

Marjorie: Nossa, uma cara de cachorro com fome, sabe? E depois que ele foi embora, ficou pagando geral pra mim, perguntando como eu deixo um homem me pegar pela cintura, ficar agarrado comigo na frente de todo mundo, me enchendo de beijo no rosto... Gente, o Marquinho é meu amigo. A gente tem intimidade.

Adalberto: Você já falou pra ela, que não vai rolar?

Marjorie: Primo, eu tô sem coragem de fazer isso. A Clarinha não vai aceitar, vai discutir comigo, vai dizer que eu a enganei. E hoje, eu não tô com saco pra isso. Quero curtir o meu sábado. Eu já me estresso de segunda a sexta. Hoje, eu não quero.

Adalberto: Então, deixa pra falar com ela na segunda. É bom que você vai estar tão enrolada na tua fábrica que nem vai poder dar ibope pro mimimi dela.

Marjorie: Pra onde a gente vai, então?

Adalberto: Bora encher a cara num pé sujo?

Marjorie: Boa, primo! Quero beber até cair. Estava até pensando em sair pra dançar, mas prefiro beber mesmo. Até ficar engraçada.

E ela conseguiu. Umas duas horas depois que nós chegamos, quando a Marjorie já estava pra lá de Bagdá,  a Clarinha apareceu por lá com uma amiga. Parecia triste. Com certeza, ia fazer o ouvido da pobre coitada de penico, e desabafar as mágoas com a minha prima.

A Marjorie soube aproveitar a ocasião. Levantou, foi até elas e fez a louca.

Marjorie: Como assim? É isso mesmo que eu tô vendo?

Clarinha: O quê? A Marlene é minha amiga.

Marjorie: Eu não quero saber! Você me mandou 800 mensagens, dizendo que não ia fazer nada, que ia ficar em casa, porque estava triste, porque eu não te respondia. E na primeira oportunidade você, com a primeira que te aparece? 

Clarinha: Mas eu...

Marjorie: Eu não quero saber! Olha, eu não te respondi, porque eu estava em conflito comigo mesma. Você sabe que eu nunca fiquei com uma mulher. Era uma decisão muito difícil pra mim. Mas sabe de uma coisa? Eu não quero mais você. Toda a confiança que eu tinha em você acabou. Fica com ela. Sério mesmo. Pega ela, se amassa nela e leva pra casa, meu bem. Porque dessa toca aqui, não sai mais coelho. 

Por uma coincidência assustadora, o Marquinho chegou ao local com um grupo de amigos. E a Marjorie fez a louca.

Marjorie: Não fala mais com os pobres, não, Marquinho? Vem cá me dar um beijo.

E tascou o maior beijo na boca do Marquinho. E Clarinha estava chorando, tadinha. Não sabia se era pelo esporro que levou ou por ciúme da Marjorie com o Marquinho. Fiquei com pena.

Marjorie: Vamos, Adal!

Adalberto: Peraí, a gente tem que pagara  conta.

Marjorie: Depois, a gente volta aqui pra pagar. A gente vem sempre aqui, todo mundo aqui conhece a gente. Não é possível que a gente não possa pagar outro dia. Vamos! Eu tô com pressa.

Fomos pra minha casa e apagamos. No dia seguinte, era o Marquinho que já tinha ligado 15 vezes, mandado 250 mensagens e 457 WhatsApps

Adalberto: Que merda, hein. Trocou seis por meia-dúzia.

Marjorie: Meia-dúzia, não, né? O Marquinho, pelo menos, tem o que eu gosto. Pena que ele é muito grude, tipo mulher, sabe? Por isso que tá sempre sozinho. Mulher nenhuma aguenta uma pessoa que seja mais chata do que ela. Ainda mais quando é um homem. Ah, na boa, eu não vou responder o Marquinho. Cansei do ser humano, primo. Vou me relacionar com cavalos. Eles, sim, vão me tratar do jeito que eu gosto.

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