segunda-feira, 24 de maio de 2010

A minha Grande Família

Eu, Ane, Sara, Lu e Marjorie fomos à casa dos meus pais, em Vargem Grande, buscar as nossas lembranças, que eles compraram na viagem que fizeram pra Fortaleza. Pra nossa surpresa, minha irmã, meu cunhado e meu sobrinho também estavam lá. Eles foram com o mesmo propósito. Fui recebido pelo príncipe da família:

Adalberto: Diego! Dá um beijo no titio.

Diego: Não!

Lu: Então, dá um beijo na tia Lu, que é muito mais bonita do que o seu titio.

E não é que o cachorrinho deu mesmo... Não só na tia Lu, mas também na tia Marjorie, na tia Ane e na tia Sara. Ainda vou escrever um livro sobre a corujice dessas meninas com essa criança. O título? “As tias do Diego Ferraiuolo".

Marjorie: Que cara é essa de bobo alegre?

Adalberto: Nada. Só estava pensando numa coisa.

Lu: Então, não pensa senão vai feder.

Ane: Mila! Prima, que saudade! O Diego tá cada vez mais lindo.

Camila: Viu como eu sei fazer filho?

Lu: O segredo é arrumar um marido gato, né, prima?

Camila: Ah, sua cachorra!

Sara: O Diego é bonito, por causa da mistura dela com o Eduardo.

Marjorie: Concordo. Essa mistura deu liga mesmo, prima.

Ane: Ô, se não deu... Se o Diego não fosse meu sobrinho, eu esperava ele crescer.

Sara: Cadê o Dudu, prima?

Camila: Ah, tá lá dentro jogando PlayStation.

Neide: Vocês não vão falar comigo, não, é, suas vaquinhas?

Ane: Oi, tia Neide, desculpa.

Marjorie: Depois do Diego, todo mundo nessa casa ficou em segundo plano.

Adalberto (pai): Então, suspende a vinda do Diego aqui nessa casa. Não aceito ficar em segundo plano, por causa desse molequinho.

Neide: É ruim, hein. Eu boto você pra fora e deixo ele.

A conversa em torno da nossa corujice ao Diego parecia nunca acabar: “ele tá grande”, “tá esperto”, “tá lindo”, “tá levado”, “tá mandão”, “tá desobediente”, “tá manhoso”... Não importa se o que ele estava era bom ou ruim. Tudo, vindo do Diego, era lindo.

Adalberto: Mãe, pega lá os nossos presentes.

Lu: É, tia. Tô morrendo de curiosidade pra saber o que a senhora trouxe pra mim.

Neide: Gente, não é nada demais, não. São lembrancinhas.

Meu pai ainda não tinha terminado os longos cumprimentos dele.

Camila: Pai, deixa a Ane em paz.

Ane: Deixe o Tio Beto. Eu já venho sem maquiagem pra cá, porque sei que ele vai beijar as minhas bochechas, minha testa, meu nariz, meu queixo...

Marjorie: E para por aí, senão a tia Neide não vai gostar nada disso.

Neide: Tão falando o que aí de mim, hein? É só eu sair que...

Camila: Meu pai, que não para de beijar as meninas.

Neide: Ah, pode beijar. Não ligo, não. Aqui, meu filho, esse é o seu.

Marjorie: Linda essa sunga, Adal. Vai arrasar na praia.

Adalberto: Gostei também.

Lu: Não senti firmeza nesse seu gostei.

Neide: Eu também, não.

Adalberto: Gostei, mãe. Sério. Brigado.

Neide: Agradece ao seu pai também. Foi ele quem pagou.

Adalberto: Depois. Ele tá ali tão empolgado brincando com o Diego...

Ane: Você ganhou o que, Mila?

Camila: Esse brinquinho aqui e esse cordão.

Sara: E já botou, né?

Camila: Pois é. Ficou tão legal com essa roupa...

Lu: Tia, cadê meu presente?

Neide: Calma. Esse aqui é da Léa, esse, da Isa, da Simone, Sandra. Aqui!

Lu: O que é isso, tia?

Neide: Doce de caju cristalizado. Você não adora essas coisas?

Lu: Ah, tia...

Neide: O quê? Não gostou?

Lu: É que eu tô de dieta. Não tô comendo essas coisas.

Sara: Dá pra mim, então, tia. O Oswaldo vai adorar.

Neide: Pode pegar.

Lu: E eu? Vou ficar sem?

Neide: Ué, você não quer... Aqui, Sara, trouxe essa tornozeleira pra você.

Marjorie: Uma gracinha.

Sara: É... Brigada.

Camila: Agora, eu é que não senti firmeza nessa cara, prima.

Sara deu uma risadinha sem graça e parecia que ia confessar alguma coisa mas conteve-se.

Ane: E o meu, tia?

Neide: Tá aqui.

Adalberto: Um arco?

Neide: É. Ele é feito com cartilagem de elefante. Tá todo mundo usando isso lá.

Adalberto: Ih, pela cara não gostou.

Ane: Tia, eu faço escova progressiva. Vai marcar meu cabelo.

Neide: Ah, vocês são muito chatas. Não trago mais nada.

Camila: Tão pior do que eu.

Neide: Pois é... A Camila que é chata, não gosta de nada que eu compro pra ela, não reclamou.

Sara: Eu vou fazer o seguinte: eu fico com o arco da Ane e dou a minha tornozeleira pra ela. O Oswaldo não vai deixar eu usar tornozeleira...

Camila: Por quê?

Sara: Ah, sabe como ele é, né?

Camila: Não, não sei. Por isso que eu tô perguntando.

Lu: Ele deve achar que tornozeleira é coisa de piranha.

Ane: Tudo ele acha que é coisa de piranha.

Camila: Gente, o Oswaldo é muito chato.

Neide: É, que besteira. Se Adalberto diz que eu não posso usar uma coisa, porque é coisa de piranha, eu mando ele procurar outra.

Lu: Não vai deixar de ser piranha, né, tia?

A Lu é a única pessoa no mundo, que fala os maiores desaforos pra minha mãe e ainda consegue deixar o ambiente descontraído. Minha mãe morre de rir com as besteiras que ela fala.

Adalberto: Ane, fica com a tornozeleira da Sara, então.

Ane: Não gosto de tornozeleira, primo.

Marjorie: Então, dá pra mim, porque eu adorei.

Camila: Mas e o seu presente, sua louca?

Marjorie: Ah, é! Cadê tia? A tia Neide já tá fechando a sacola...

Neide: Ah, vocês me deixam maluquinha... Toma.

Marjorie: Isso é o quê?

Neide: Um saião. Você pode usar como saia ou como vestido.

Marjorie: Não gostei, tia.

A sinceridade da Marjorie, às vezes, me faz rir.

Marjorie: Gente, pelo menos, eu tô sendo sincera.

Lu: Passa pra cá, então. Adorei a cor.

Ane: Então, me dá o doce de caju cristalizado, Sara.

Sara: Mas eu ia levar pro Oswaldo.

Ane: E eu vou ficar sem nada?

Neide: Dá pra ela. Depois, eu vejo outra coisa pro Oswaldo.

Adalberto: Mas você gosta desse doce mesmo, Ane?

Ane: Adoro. Eu só não pedi pra mim, porque queria ver o meu presente primeiro.

Adalberto: Então, ficou tudo certo. Ninguém gostou dos seus presentes, mas no final, tudo acabou bem.

Camila: É. Minha mãe acertou os presentes. Só errou as primas.

O Diego veio correndo pro colo da minha mãe. Foi fazer queixa do vovô.

Neide: Eu vou botar o seu avô de castigo, tá? Adalberto, dá o brinquedo pra ele.

Adalberto (pai): Eu tô brincando com ele...

Neide: Eu sei, mas dá o brinquedo pro garoto.

Camila: É pai... Parece criança.

Adalberto: O Diego que é muito cheio de vontade.

O Eduardo resolveu parar de jogar PlayStation veio socializar com a família.

Marjorie: Oi, primo. Pela cara, perdeu no jogo.

Eduardo: É ruim, hein. Tô cansado de ganhar aquilo lá.

Lu: Ah, eu trouxe minha máquina. Vamoo bater uma foto, gente? Hein, tia?

Neide: Só se você revelar e depois me trazer uma cópia.

Lu: Tá bom.

Neide: Não gosto desse negócio de câmera digital, porque ninguém revela mais as fotos.

Ane: Ah, eu adoro, porque a gente pode deletar a foto que ficou feia, piscou...

Adalberto: A minha mãe é da época que a graça era a surpresa de pegar a foto na loja de revelação, e ver qual ficou boa pra entrar no álbum.

Neide: Garoto, tá me chamando de velha?

Camila: Tá.

Adalberto (pai): Eu não sou dessa época, não. Sou garotão.

Lu: Ó, vou botar aqui em cima da mesa. Junta logo, gente. Vai lá, Dudu.

Adalberto: Ih, cunhado não é parente.

Lu: Eu sei que não. Mas a gente finge que é. Tio, deixa um espacinho aí do seu lado pra mim, que eu vou ligar aqui e vou correndo.

Neide: Ih, legal essa máquina.

Adalberto: Mãe, toda máquina tem essa função. Até a sua, de filme, tem.

Neide: É? Agora, só vou bater foto assim...

Lu: Cala a boca, tia.

Camila: Ai, meu pé!

Sara: Não me empurra!

Marjorie: Adal, você tá na minha frente.

Adalberto: Foi mal.

Ane: Gente, ri. A foto vai bater.

E bateu em cheio na minha fotofobia. O flash da máquina da Lu é tão exagerado quanto ela. Fiquei ceguinho.

Ane: Deixa eu ver como ficou a foto.

Lu: Olha aqui.

Pela cara que a Lu fez...

Marjorie: Quem não piscou, saiu falando. Resumindo: ficou uma merda a foto.

Lu: Vamo bater outra?

Camila: Diego, não mexe aí!

Eduardo: Estava demorando a quebrar alguma coisa nessa casa.

Camila: Vai ficar três minutos de castigo!

Ane: Ih, baixou a Supernanny na prima.

Adalberto (pai): Em mim também. Vou botar a tua tia de castigo por sessenta e...

Neide: Opa, opa! Ninguém precisa saber a minha idade.

Adalberto (pai): Então, não deixa mais coisa de quebrar no alcance do garoto, senão, eu conto pra vizinhança inteira essa tua idade.

Neide: Bobo.

Eduardo: Camila, vambora!

Camila: Calma, Eduardo, eu vou varrer a merda que o teu filho fez primeiro.

Lu: Gente, vamo bater outra foto?

Sara: Lu, vamo deixar pra outro dia?

Neide: Ah, eu não quero bater mais foto nenhuma com o teu tio. Ele é muito chato.

Marjorie: Então, a gente bate outro dia. O importante é que, fora da foto, nos somos uma família linda. Vamo, meninas? Vamo, primo?

Linda, linda, linda... eu não sei. Que a gente se gosta muito, isso, sim. Mas, como acontece nas melhores famílias, há controvérsias.

Camila: Porra, Diego! De novo?!

4 comentários:

  1. eu sei que é ficção, mas vc ressuscitou teu pai??? kkkkkkkkk e que babado é esta família... alegria só... mas afirmo saiu da tua linha, mas to gostando e nem sei aonde isso vai darrrrrrrrrrrr beijocas Mar´

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  2. pois é, menino! o mauro rasi, numa das entrevistas dele, disse que os pais morreram, mas ganharam vida no teatro, nas peças dele. e como eu pago mó pau pro rasi, copiei a ideia dele e ressuscitei o meu pai. rs
    no próximo post dessa semana, eu já volto pro meu estilo anterior.
    beijo!

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  3. "Esta família é muito unida
    E também muito ouriçada
    Brigam por qualquer razão
    Mas acabam pedindo perdão..."

    MUITO BOMMMMM!!!
    A D O R A M O S!!!
    vC E O CARA!!!
    Bjsss...

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