Eu, Ane, Sara, Lu e Marjorie fomos à casa dos meus pais, em Vargem Grande, buscar as nossas lembranças, que eles compraram na viagem que fizeram pra Fortaleza. Pra nossa surpresa, minha irmã, meu cunhado e meu sobrinho também estavam lá. Eles foram com o mesmo propósito. Fui recebido pelo príncipe da família:
Adalberto: Diego! Dá um beijo no titio.
Diego: Não!
Lu: Então, dá um beijo na tia Lu, que é muito mais bonita do que o seu titio.
E não é que o cachorrinho deu mesmo... Não só na tia Lu, mas também na tia Marjorie, na tia Ane e na tia Sara. Ainda vou escrever um livro sobre a corujice dessas meninas com essa criança. O título? “As tias do Diego Ferraiuolo".
Marjorie: Que cara é essa de bobo alegre?
Adalberto: Nada. Só estava pensando numa coisa.
Lu: Então, não pensa senão vai feder.
Ane: Mila! Prima, que saudade! O Diego tá cada vez mais lindo.
Camila: Viu como eu sei fazer filho?
Lu: O segredo é arrumar um marido gato, né, prima?
Camila: Ah, sua cachorra!
Sara: O Diego é bonito, por causa da mistura dela com o Eduardo.
Marjorie: Concordo. Essa mistura deu liga mesmo, prima.
Ane: Ô, se não deu... Se o Diego não fosse meu sobrinho, eu esperava ele crescer.
Sara: Cadê o Dudu, prima?
Camila: Ah, tá lá dentro jogando PlayStation.
Neide: Vocês não vão falar comigo, não, é, suas vaquinhas?
Ane: Oi, tia Neide, desculpa.
Marjorie: Depois do Diego, todo mundo nessa casa ficou em segundo plano.
Adalberto (pai): Então, suspende a vinda do Diego aqui nessa casa. Não aceito ficar em segundo plano, por causa desse molequinho.
Neide: É ruim, hein. Eu boto você pra fora e deixo ele.
A conversa em torno da nossa corujice ao Diego parecia nunca acabar: “ele tá grande”, “tá esperto”, “tá lindo”, “tá levado”, “tá mandão”, “tá desobediente”, “tá manhoso”... Não importa se o que ele estava era bom ou ruim. Tudo, vindo do Diego, era lindo.
Adalberto: Mãe, pega lá os nossos presentes.
Lu: É, tia. Tô morrendo de curiosidade pra saber o que a senhora trouxe pra mim.
Neide: Gente, não é nada demais, não. São lembrancinhas.
Meu pai ainda não tinha terminado os longos cumprimentos dele.
Camila: Pai, deixa a Ane em paz.
Ane: Deixe o Tio Beto. Eu já venho sem maquiagem pra cá, porque sei que ele vai beijar as minhas bochechas, minha testa, meu nariz, meu queixo...
Marjorie: E para por aí, senão a tia Neide não vai gostar nada disso.
Neide: Tão falando o que aí de mim, hein? É só eu sair que...
Camila: Meu pai, que não para de beijar as meninas.
Neide: Ah, pode beijar. Não ligo, não. Aqui, meu filho, esse é o seu.
Marjorie: Linda essa sunga, Adal. Vai arrasar na praia.
Adalberto: Gostei também.
Lu: Não senti firmeza nesse seu gostei.
Neide: Eu também, não.
Adalberto: Gostei, mãe. Sério. Brigado.
Neide: Agradece ao seu pai também. Foi ele quem pagou.
Adalberto: Depois. Ele tá ali tão empolgado brincando com o Diego...
Ane: Você ganhou o que, Mila?
Camila: Esse brinquinho aqui e esse cordão.
Sara: E já botou, né?
Camila: Pois é. Ficou tão legal com essa roupa...
Lu: Tia, cadê meu presente?
Neide: Calma. Esse aqui é da Léa, esse, da Isa, da Simone, Sandra. Aqui!
Lu: O que é isso, tia?
Neide: Doce de caju cristalizado. Você não adora essas coisas?
Lu: Ah, tia...
Neide: O quê? Não gostou?
Lu: É que eu tô de dieta. Não tô comendo essas coisas.
Sara: Dá pra mim, então, tia. O Oswaldo vai adorar.
Neide: Pode pegar.
Lu: E eu? Vou ficar sem?
Neide: Ué, você não quer... Aqui, Sara, trouxe essa tornozeleira pra você.
Marjorie: Uma gracinha.
Sara: É... Brigada.
Camila: Agora, eu é que não senti firmeza nessa cara, prima.
Sara deu uma risadinha sem graça e parecia que ia confessar alguma coisa mas conteve-se.
Ane: E o meu, tia?
Neide: Tá aqui.
Adalberto: Um arco?
Neide: É. Ele é feito com cartilagem de elefante. Tá todo mundo usando isso lá.
Adalberto: Ih, pela cara não gostou.
Ane: Tia, eu faço escova progressiva. Vai marcar meu cabelo.
Neide: Ah, vocês são muito chatas. Não trago mais nada.
Camila: Tão pior do que eu.
Neide: Pois é... A Camila que é chata, não gosta de nada que eu compro pra ela, não reclamou.
Sara: Eu vou fazer o seguinte: eu fico com o arco da Ane e dou a minha tornozeleira pra ela. O Oswaldo não vai deixar eu usar tornozeleira...
Camila: Por quê?
Sara: Ah, sabe como ele é, né?
Camila: Não, não sei. Por isso que eu tô perguntando.
Lu: Ele deve achar que tornozeleira é coisa de piranha.
Ane: Tudo ele acha que é coisa de piranha.
Camila: Gente, o Oswaldo é muito chato.
Neide: É, que besteira. Se Adalberto diz que eu não posso usar uma coisa, porque é coisa de piranha, eu mando ele procurar outra.
Lu: Não vai deixar de ser piranha, né, tia?
A Lu é a única pessoa no mundo, que fala os maiores desaforos pra minha mãe e ainda consegue deixar o ambiente descontraído. Minha mãe morre de rir com as besteiras que ela fala.
Adalberto: Ane, fica com a tornozeleira da Sara, então.
Ane: Não gosto de tornozeleira, primo.
Marjorie: Então, dá pra mim, porque eu adorei.
Camila: Mas e o seu presente, sua louca?
Marjorie: Ah, é! Cadê tia? A tia Neide já tá fechando a sacola...
Neide: Ah, vocês me deixam maluquinha... Toma.
Marjorie: Isso é o quê?
Neide: Um saião. Você pode usar como saia ou como vestido.
Marjorie: Não gostei, tia.
A sinceridade da Marjorie, às vezes, me faz rir.
Marjorie: Gente, pelo menos, eu tô sendo sincera.
Lu: Passa pra cá, então. Adorei a cor.
Ane: Então, me dá o doce de caju cristalizado, Sara.
Sara: Mas eu ia levar pro Oswaldo.
Ane: E eu vou ficar sem nada?
Neide: Dá pra ela. Depois, eu vejo outra coisa pro Oswaldo.
Adalberto: Mas você gosta desse doce mesmo, Ane?
Ane: Adoro. Eu só não pedi pra mim, porque queria ver o meu presente primeiro.
Adalberto: Então, ficou tudo certo. Ninguém gostou dos seus presentes, mas no final, tudo acabou bem.
Camila: É. Minha mãe acertou os presentes. Só errou as primas.
O Diego veio correndo pro colo da minha mãe. Foi fazer queixa do vovô.
Neide: Eu vou botar o seu avô de castigo, tá? Adalberto, dá o brinquedo pra ele.
Adalberto (pai): Eu tô brincando com ele...
Neide: Eu sei, mas dá o brinquedo pro garoto.
Camila: É pai... Parece criança.
Adalberto: O Diego que é muito cheio de vontade.
O Eduardo resolveu parar de jogar PlayStation veio socializar com a família.
Marjorie: Oi, primo. Pela cara, perdeu no jogo.
Eduardo: É ruim, hein. Tô cansado de ganhar aquilo lá.
Lu: Ah, eu trouxe minha máquina. Vamoo bater uma foto, gente? Hein, tia?
Neide: Só se você revelar e depois me trazer uma cópia.
Lu: Tá bom.
Neide: Não gosto desse negócio de câmera digital, porque ninguém revela mais as fotos.
Ane: Ah, eu adoro, porque a gente pode deletar a foto que ficou feia, piscou...
Adalberto: A minha mãe é da época que a graça era a surpresa de pegar a foto na loja de revelação, e ver qual ficou boa pra entrar no álbum.
Neide: Garoto, tá me chamando de velha?
Camila: Tá.
Adalberto (pai): Eu não sou dessa época, não. Sou garotão.
Lu: Ó, vou botar aqui em cima da mesa. Junta logo, gente. Vai lá, Dudu.
Adalberto: Ih, cunhado não é parente.
Lu: Eu sei que não. Mas a gente finge que é. Tio, deixa um espacinho aí do seu lado pra mim, que eu vou ligar aqui e vou correndo.
Neide: Ih, legal essa máquina.
Adalberto: Mãe, toda máquina tem essa função. Até a sua, de filme, tem.
Neide: É? Agora, só vou bater foto assim...
Lu: Cala a boca, tia.
Camila: Ai, meu pé!
Sara: Não me empurra!
Marjorie: Adal, você tá na minha frente.
Adalberto: Foi mal.
Ane: Gente, ri. A foto vai bater.
E bateu em cheio na minha fotofobia. O flash da máquina da Lu é tão exagerado quanto ela. Fiquei ceguinho.
Ane: Deixa eu ver como ficou a foto.
Lu: Olha aqui.
Pela cara que a Lu fez...
Marjorie: Quem não piscou, saiu falando. Resumindo: ficou uma merda a foto.
Lu: Vamo bater outra?
Camila: Diego, não mexe aí!
Eduardo: Estava demorando a quebrar alguma coisa nessa casa.
Camila: Vai ficar três minutos de castigo!
Ane: Ih, baixou a Supernanny na prima.
Adalberto (pai): Em mim também. Vou botar a tua tia de castigo por sessenta e...
Neide: Opa, opa! Ninguém precisa saber a minha idade.
Adalberto (pai): Então, não deixa mais coisa de quebrar no alcance do garoto, senão, eu conto pra vizinhança inteira essa tua idade.
Neide: Bobo.
Eduardo: Camila, vambora!
Camila: Calma, Eduardo, eu vou varrer a merda que o teu filho fez primeiro.
Lu: Gente, vamo bater outra foto?
Sara: Lu, vamo deixar pra outro dia?
Neide: Ah, eu não quero bater mais foto nenhuma com o teu tio. Ele é muito chato.
Marjorie: Então, a gente bate outro dia. O importante é que, fora da foto, nos somos uma família linda. Vamo, meninas? Vamo, primo?
Linda, linda, linda... eu não sei. Que a gente se gosta muito, isso, sim. Mas, como acontece nas melhores famílias, há controvérsias.
Camila: Porra, Diego! De novo?!
segunda-feira, 24 de maio de 2010
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eu sei que é ficção, mas vc ressuscitou teu pai??? kkkkkkkkk e que babado é esta família... alegria só... mas afirmo saiu da tua linha, mas to gostando e nem sei aonde isso vai darrrrrrrrrrrr beijocas Mar´
ResponderExcluirpois é, menino! o mauro rasi, numa das entrevistas dele, disse que os pais morreram, mas ganharam vida no teatro, nas peças dele. e como eu pago mó pau pro rasi, copiei a ideia dele e ressuscitei o meu pai. rs
ResponderExcluirno próximo post dessa semana, eu já volto pro meu estilo anterior.
beijo!
"Esta família é muito unida
ResponderExcluirE também muito ouriçada
Brigam por qualquer razão
Mas acabam pedindo perdão..."
MUITO BOMMMMM!!!
A D O R A M O S!!!
vC E O CARA!!!
Bjsss...
que cara, nada, dudu! eu sou o adalbinha!
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