sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ane, Lu e Marjorie tiram proveito do sofrimento alheio

Recebi as minhas primas na quarta-feira passada aqui em Magé, onde vou ficar por um tempo a trabalho. Estávamos falando alguma merda, quando, de repente, alguém bateu à porta. Era a Aline Gonzalez, minha amiga do trabalho:

Adalberto: Garota, que galo enorme é esse na sua cabeça?

Ela não conseguia falar uma palavra sequer.

Adalberto: Fala alguma coisa! Não me deixa nervoso!

Lu: Adal, não tá vendo que a garota tá em estado de choque?

Marjorie: Manda ela entrar.

Ane: Será que ela quer tomar alguma coisa?

Sara: Vou fazer uma água com açúcar pra ela.

Depois de passado um pouco o estado de choque da Aline e a minha falta de atitude, cumpri à ordem de etiqueta de apresentá-la às minhas primas pra, logo em seguida, conseguir evoluir na minha investigação:

Adalberto: Mas o que é que houve? Quem te bateu?

Aline: Ninguém. Eu estava na academia. Me abaixei pra pegar uma anilha e... Sabe aquele cara fortão, que parece que tem um cabide pendurado nas costas?

Adalberto: Sei, o Cabide.

Aline: Então, foi na hora que ele se abaixou pra pegar um alter. Tomei uma cotovelada dele. Foi sem querer, mas o cara é tão forte, que me deixou com esse galo na cabeça.

Lu: Nossa, ele deve ser muito forte mesmo.

Aline: Lu, o cara é imenso. Dá até medo.

Lu: Adoro.

Marjorie: Mas só por causa de uma cotovelada você ficou assim?

Aline: Não, calma. Eu saí da academia meio tonta, desnorteada e acabei indo pro lado oposto do caminho pra casa.

Sara: Tadinha.

Ane: Deixa ela falar!

Aline: Aí, na sei como, mas fui parar num beco escuro horrendo.

Adalberto: Meu Deus!

Aline: Detalhe: tinha um tarado fedorento lá, tá?

Lu: E aí?

Aline: Ele colocou a mão no meu braço e eu gritei. Nisso, ele tentou me agarrar e eu corri desordenadamente, sem saber pra onde.

Adalberto: Aline, que loucura!

Marjorie: Bizarro.

Sara: E o cara? Fez alguma coisa contigo?

Aline: A minha sorte foi uma locadora na esquina da rua, que estava aberta. O menino que atende lá, um fofo, quebrou uma televisão de LCD na cabeça do tarado.

Lu: Que idiota! Não tinha uma coisa mais barata pra quebrar na cara do ladrão, não?

Adalberto: Lu! Você chamaram a polícia?

Aline: Eu queria chamar, mas o menino da locadora disse que podia ser perigoso pra mim. Adal, eu quero ir embora daqui. Não quero mais ficar nessa cidade.

Adalberto: Amore, fica tranquila. Isso foi só um susto. Aqui, não é tão perigosos assim.

Aline: Quero voltar pro Rio. Sem o Miguel, me sinto desprotegida.

Adalberto: Você vai contar pra ele?

Aline: Vou, claro.

Marjorie: Miguel é o marido dela?

Adalberto: É.

Ane: Mas eles não moram juntos.

Aline: A gente mora, Ane. Mas eu também to ficando aqui em Magé de segunda a sexta, por causa do trabalho. Igual ao Adal.

Lu: Ah, entendi.

Sara: Ah, mas eu não sei se vale a pena você ficar longe do teu marido, não. O Oswaldo não ia permitir, que eu trabalhasse em outra cidade.

Aline: Mas a minha relação com o Miguel é de muita confiança. Ele me dá muito apoio e quer o meu sucesso profissional.

Adalberto: E tem que ser assim.

Aline: Adal, eu vou subir. Brigadão pela força, amigo.

Adalberto: Ai, amore, imagina. Desculpa pela falta de atitude. Mas, quando eu te vi em estadão de choque, eu fiquei em estado de choque também.

Aline: Tadinho. Meninas, vou indo essa, tá? Um prazer conhecer vocês. Brigada pela força também.

Ane, Lu e Marjorie não perderam tempo com formalidades. Foram direto ao ponto de interesse:

Ane, Lu e Marjorie: Onde fica essa academia?

Aline: É a mesma que o Adal malha, aqui na rua, mais pra frente um pouco, do lado do mercado Redeconomia.

Putz... A Aline podia ter sido menos precisa.

Adalberto: Meninas, tem um carro lá embaixo. Acho que é o Oswaldo que chegou pra buscar a Sara. Alguém vai aproveitar o bonde?

Marjorie: Eu vim com o meu carro. Acho que vou ficar, Adal.

Adalberto: É? Mesmo depois desse episódio com a Aline, você vai ficar aqui nessa cidade?

Ane: Ué, você mesmo disse que aqui não é tão perigoso assim. Eu também quero ficar.

Lu: Eu também.

Sara: Eu vou indo, Adal. Adorei sua casinha. Você fica aqui sozinho?

Adalberto: Não. Divido com o Léo, que inclusive trabalha na equipe da Aline.

Lu: E cadê ele?

Adalberto: Tirou uns dias de folga e foi visitar a família em Minas.

Ane: Adoro mineirinho.

Adalberto: Mas ele é casado. E tem filho!

Ane: Ih, garoto, não tô falando nada.

Adalberto: Arrã.

Marjorie: Gente, vamos dormir?

Lu: Partiu.

Sara: Eu vou descendo, então. Tchau, minhas lindas. Tchau, Adal.

Adalberto: Eu te levo lá embaixo.

Quando voltei pra casa e abri a porta, Ane, Lu e Marjorie estava cochichando. Pararam quando me viram, claro. Só no dia seguinte, à noite, quando cheguei em casa do trabalho, fui descobrindo o que aconteceu. Não tinha ninguém em casa. Ok. Já esperava.

Fui pra academia malhar. O Cabide não estava por lá. Caralho! Saí da academia e saí pelo lado oposto, assim como fez a Aline. Realmente, tem um beco escuro e, aparentemente, perigoso. Mas não tinha nenhum tarado. Putz!

Fui até a esquina, pedir informação ao carinha da locadora, mas fui atendido por uma menina. Ela me confirmou que por ali mora um tarado. Eu perguntei se ela não tinha medo de trabalhar ali sozinho, tentando apurar por que o cara fofo que salvou a Aline não estava lá. E acertei o alvo. Ela disse que o irmão mais velho trabalha com ela, mas que não tinha ido trabalhar, por causa de um compromisso. Merda!

Ok. Eu tenho, sim, um pouco de ciúme das minhas primas. Mas, sobretudo, tenho muito carinho e cuidado por elas. Já tinha matado a questão. Não sou burro. Só me faltava saber quem pegou quem. Se bem que eu já consigo imaginar: a Marjorie, que é dá mais valor à gentileza, deve ter ficado com o cara da locadora; a Ane, que dá mais valor a um corpo, ficou com o Cabide; e a Lu, que dá mais valor a uma boa pegada, ficou com o tarado. Mas no fundo, no fundo não quero acreditar que isso seja verdade. E tenho esperança de estar enganado.

Elas não voltaram pra casa. Fiquei preocupadíssimo. À meia-noite, a Sara me ligou.

Adalberto: Amore, eu to desesperado. Nem consigo dormir.

Sara: Calma, Adal. As meninas voltaram pra casa. Disseram que tentaram te ligar, mas não conseguiram. A Marjorie teve que vir às pressas pra uma reunião com um estilista e a Ane e a Lu aproveitaram a carona.

Adalberto: Ah, tá.

Mentira. O meu celular me manda mensagens com todas as chamadas perdidas. Tortuei a Sara Psicologicamente. Ela já é frágil, mas, agora, com pouco mais de quatro meses de gravidez, ficou ainda pior. O que facilitou o meu trabalho:

Sara: Tá bom. E conto. Elas foram atrás dos caras lá da Aline. A Ane ficou com o tal do Cabide, a Lu ficou com o tarado e a Marjorie, com o atendente fofo da locadora.

Viu, só? Até na escolha, elas não me surpreenderam.

Um comentário:

  1. Tudo na paz, Adalberto? Achei seu blog e vou conferindo suas aventuras. Mudou o número do celular? Queria conversar contigo. Te adicionei no meu novo perfil do Orkut e meu e-mail é leofelixdesousa@gmail.com
    Abraços, Leo Felix.

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