terça-feira, 12 de abril de 2011

Pesquisa sobre o Dia do Astronauta é contagiante e eu não sabia

Hoje cedo, fiz uma pesquisa no Google e vi que a logomarca do portal era comemorativa, com um astronauta. Pensei que fosse o Dia do Astronauta. Mas, não. Referia-se ao 50º aniversário da primeira viagem do homem no espaço. Legal. Mas acabei ficando com a porra do Dia do Astronauta na cabeça. Queria saber se a data existia de fato e quando era celebrada. Eu estava todo atolado de coisa pra fazer e faltavam, no mínimo, umas oito horas pro expediente encerrar. Ou seja, eu tinha acabado de chegar no trabalho. Mas caguei solenemente e fui pesquisar rapidinho sobre o Dia do Astronauta.

E ele existe! No Brasil, é comemorado no dia 9 de abril (foi no domingo!!!), em homenagem à Missão Centenário, realizada pela Agência Espacial Brasileira (AEB) em 2006. Adorei. O Brasil fez como eu: cagou solenemente pro fato do homem ter dado um pulinho no ali, no espaço, há 50 anos e comemora a data, fazendo referência ao nosso atraso espacial. É bizarro, mas eu acho digno. A gente tem que se valorizar mesmo.

O engraçado foi saber que o Dia do Astronauta é só um ano mais velho do que o meu sobrinho, o Diego. E 25 anos mais novo que eu. Me senti um personagem da novela Morde & Assopra, do Walcyr Carrasco. Um dinossauro, claro.

Quando eu ia terminando a minha pesquisa, a Marjorie me ligou:

Marjorie: Primo, vamos no Planetário da Gávea hoje?

Adalberto: Só porque no domingo foi o Dia do Astronauta e hoje é comemorado o 50º aniversário da primeira viagem do homem no espaço?

Marjorie: Hummm, que menino inteligente.

Adalberto: Bonitona, depois do Google, qualquer um pode pagar de inteligente. Acebei de ver aqui na internet.

Marjorie: Ah, eu já sabia. Lembra do Udiney?

Adalberto: E eu vou esquecer daquela vez que a gente foi ao Maracanã com ele e, quando a torcida fazia “uuuhhhh”, pra vaiar o Vasco, a Lu dizia que tinham uns paulistas chamando ele?

Marjorie: A Lu é uma sem noção, né?

Adalberto: Não. A Lu é engraçada. Paulista que é sem noção e abrevia o nome dos outros em uma sílaba só.

Marjorie: Então, garoto, ele faz aniversário hoje. Ele que me disse que o dia doze de abril é comemorado o 50º aniversário da primeira viagem do homem no espaço.

Adalberto: Ah, tá.

Eu Não queria ir ao PLA-NE-TÁ-RI-O! Ainda bem que tinha uma chamada em espera no meu telefone. Nem precisei criar uma desculpa:

Adalberto: Jojô, posso atender uma chamada em espera e já te ligo?

A merda é que era a Lu e, provavelmente, querendo me falar abobrinha:

Lu: Adal, tô tão feliz com o Alianderson.

Adalberto: Legal. Mais alguma coisa?

Lu: Ele é do jeito que eu gosto. Jeito de homem, sabe? Fora que, na cama, ele me deixa nas nuvens.

Adalberto: Sério? Então, empresta ele pra Marjorie. Ela tá querendo ir ao Planetário. Mas por que ir ao Planetário se a gente tem o Alianderson, que te deixa nas nuvens.

Lu: Mas você falou certo: ele ME deixa nas nuvens! Se ela quiser que procure outro. O Ali já tem dona.

Adalberto: Tá bom. Desculpa qualquer coisa.

Lu: Primo, eu fiquei puta com a Ane.

Adalberto: Por quê?

Lu: Ela disse que, pelo que percebeu do Alianderson, ele só quer me comer. Muito sem noção ela de me falar isso, né?

Adalberto: Não. Sem noção é você que ainda não se tocou que Só isso que os homens querem com as mulheres hoje em dia.

Lu: Nada a ver, tá? O Ali é diferente dos outros. Ele me respeita, abre a porta do carro, manda flores. Falou de até que, num dia que eu fizesse hora extra no trabalho contra a minha vontade, ia num cavalo branco e uma espada me salvar das garras da minha chefe, como no filme Uma linda Mulher. Apaixonei. Me senti a Julia Roberts, Adal. Ele é o homem da minha vida, primo. Diz se ele não é incrível, diz.

Não ia dizer uma coisa dessa sobre esse babaca. Agora era a Ane que me perturbava na chamada em espera.

Adalberto: Luluzita, estão me ligando aqui. Vou atender e te retorno em seguida, tá?

Lu: Tá, cachorrinho. Vai lá.

Ufa.

Adalberto: Alô.

Ane: Não diga alô. Diga: eu amo a minha prima Ane e faço tudo por ela.

Adalberto: Eu amo a minha prima Ane e faço tudo por ela.

Ane: Então, vem me fazer companhia aqui em casa. Comprei todos os DVDs da série Jornada nas Estrelas e tô sem companhia.

Adalberto: Caramba, você sabia que hoje é comemorado 50º aniversário da primeira viagem do homem no espaço e no domingo foi o Dia do Astronauta aqui no Brasil?

Ane: Não. Aproveitei a promoção das Lojas Americanas mesmo. E aí? Posso te esperar.

Adalberto: Não. Mas se você pagar a passagem do David, aquele meu amigo americano, ele sai de lá da Flórida, só pra ir aí te fazer companhia. Ele adora Star Trek. Aliás, eu achava que ele era a única pessoa no mundo que gostava de Star Trek.

Ane: Primo, eu AMO Star Trek.

Adalberto: Pois é, eu to surpreso. Não sabia disso. Agora, sei que, no mundo inteiro, existem dois fãs dessa bosta.

Ane: Bosta nada, tá? As histórias do Star Trek mostram as aventuras de humanos e alienígenas que servem a Frota Estelar, que é uma armada pacífica que serve a Federação Unida dos Planetas. Os personagens são essencialmente altruístas, cujos ideais são aplicados nos dilemas apresentados na série...

Caralho, não acredito que a Ane vai me contar a história da série...

Ane: ... Os conflitos apresentados em Star Trek às vezes representam uma alegoria para conflitos contemporâneos. A série original discute questões da década de 1960, assim como seus spin-offs refletem as questões de suas respectivas décadas. Questões refletidas nas séries incluem: guerra e paz, lealdade, autoritarismo, imperialismo, economia, racismo, religião, direitos humanos, sexismo, feminismo e o papel da tecnologia.

Adalberto: Chega!

Ane: Ai, que susto, garoto.

Adalberto: Desculpa. É que eu não suporto Jornada nas Estrelas. O David também já tentou fazer eu gostar disso goela abaixo, mas eu quase surtei nos 30 segundos, em que tentei ver essa porra em 3D. Aquele monte de bicho esquisito na minha frente, em 3D, me deu aflição.

Ane: Ai, garoto, não exagera. Essa série é incrível.

Adalberto: Incrivelmente patética. Ela e quem assiste a ela.

Ane: Seu grosso.

Adalberto: Grosso nada. Realista.

Ane: Você foi realista, assim, com o seu amigo americano?

Adalberto: Claro que não.

Ane: Ah, tá vendo...

Adalberto: Fui mil vezes pior. Falei que ele é um patético, velho, babaca, sem cultura, imbecil, alienado, otário, ridículo, escroto, paspalho... Só porque ele é fã de Star Trek.

Ane: Muito sem noção você, hein...

Adalberto: Eu, não. Sem noção é ele que, com 49 anos, ainda é fã dessa porcaria.

Ane: Você é engraçadinho, hein.

Adalberto: Eu sei disso.

Ane: Mas tem que respeitar o gosto dos outros. Se todo mundo fosse igual, o mundo seria um saco. Sem diferença não existe diversidade. E sem diversidade...

Ah, não! Discurso moralista, não!

Ane: ... não existe evolução.

Olha, se a evolução dependesse o meu respeito por quem gosta de Star Trek, esse mundo estava perdido.

A Sara em ligou no meio da ladainha da Ane e eu agradeci a Deus.

Adalberto: Anita, tenho que atender uma ligação da minha chefia aqui rapidão. Já te ligo, amore. Beijo. Alô.

Sara: Adal, hoje eu faço quatro meses de gravidez e você vai me dar um presente.

Adalberto: Claro, lindona. O que você quer?

Sara: Comer estrela do mar com molho de maracujá.

Ah, não. Essa minha pesquisa sobre o Dia do Astronauta foi uma epidemia. Deixou minhas primas completamente monotemáticas. Que coisa! Tudo, agora, tem que ter a ver com estrela, céu, nuvem, espaço sideral, Star Trek e o escambal a quatro?

Que saudade do Big Brother. Era muito mais interessante e construtivo falar de relacionamento, com base nos conflitos da Maria com o Maumau; de superação, com base no namoro da Maria com o Wesley; de amizade, com base na relação da Maria com o Daniel... Em tese, a gente só falava de Maria. E eu, particularmente, ADORAVA.

Sara: Me salva, Adal?

Adalberto: Amore, eu não tenho a menor condição de satisfazer esse seu desejo.

Sara: Por quê?

Adalberto: Porque eu tô com preguiça. Vou sair daqui do trabalho direto pra casa. Não dormi nada de noite e cheguei aqui cansadaço.

Sara: Mas e os seus afilhados? Você vai deixar eles nascerem com cara de estrela?

Adalberto: Vou. Assim, eles conseguem uma vaga no elenco fixo Star Trek e me tiram dessa vidinha medíocre de jornalista.

Sara: Ai, Adal, você às vezes é tão sem noção.

Dessa vez, eu tive que concordar com uma das minhas primas.

Adalberto: Você tá certa. Desde que eu me formei em Jornalismo, eu me sinto assim... É... Como é que eu posso dizer?

Sara: Perdido no espaço?

Adalberto: Nããããããão!!! No espaço, não!

Pensando bem, eu discordo também discordo da Sara.

Desliguei meu celular, fechei a janela do computador com a pesquisa sobre o Dia do Astronauta e entrei no site do Ego pra ver se achava alguma notícia sobre a Maria, do BBB.

Caguei solenemente pra caralhada de coisa que eu tinha pra fazer no trabalho e Mariei até o fim do expediente. Bem melhor assim.

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