sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sara é uma mãe relapsa ou Segunda e sexta-feira são dias muito corridos

Hoje, mais cedo, um amigo no trabalho teve a brilhante idéia de me perguntar quando nascem os meus tão falados afilhados. E, assim, me ocorreu que a um mês de parir a Sara ainda não se deu ao luxo de escolher os nomes dos trigêmeos. Eu estava completamente enrolado, mas parei tudo para ligar para ela na mesma hora.

Sara: Oi, meu amor.

Adalberto: Meu amor? Eu desconfio do amor de quem não liga nem para os próprios filhos.

Sara: Como assim, Adal?

Adalberto: Como assim? Como é o nome dos seus filhos, que vão nascer daqui a um mês?

Sara: Ai, primo, ainda não me decidi.

Adalberto: Isso é um absurdo. As pessoas me perguntam pelos bebês. Elas, provavelmente, estão mais interessadas nos seus filhos do que você.

Sara: Adalberto Monteiro Neto, você tirou o dia para me importunar?

Adalberto: O dia, não. Eu estou tirando férias. E vou te atazanar diariamente, até você se decidir. E , se você não se decidir, decido eu. Eu não sou padrinho dessas crianças à toa, sua relapsa!

Sara: Você é padrinho, porque eu escolhi. Se eu quiser, escolho outro. Ainda dá tempo.

Caraca, o pior é que ela tinha razão. Eu estava falando cheio de autoridade, sem o menor medo de perder o direito de batizar umas crianças que sequer nasceram. E que sequer tinham nomes. Mudei de estratégia na MESMA hora. Fiquei MEGA fofo.

Adalberto: Amoreca, eu estou brincando com você.

Sara: Ah, bom. Eu estranhei. Você não é de falar assim comigo...

Adalberto: Eu comprei um livro com milhares de nomes para você.

Maior mentira. Só estava jogando um verde.

Sara: Jura, primo?

Adalberto: Juro.

Sara: Milhares?

Adalberto: Milhares. Legalzão, não é?

Sara: Ai, eu não acho. Isso vai me botar mais confusa.

Putz.

Adalberto: Baby, eu estou meio perturbado hoje. Não são milhares de nomes. São centenas.

Sara: Ah, ta. Então traz para eu ver.

Adalberto: Claro. Agora?

Sara: Pode ser na semana que vem, Adal? Hoje é sexta-feira. E sexta-feira, como você sabe, é um dia muito corrido.

Como assim corrido? É corrido para mim. Eu trabalho e não estou grávido. A Sara não faz nada para agradar a Cristo. Grávida, então... Respirei contei alguns poucos números e...

Adalberto: Está bem, lindona. Na segunda, eu vou aí te entregar.

Sara: Adal, segunda?

Adalberto: É, ué.

Sara: Esqueceu que segunda-feira também é um dia corrido? Que a gente tem que resolver todas as pendências que ficaram de sexta?

Cara, a Sara roubou a minha fala. Sou eu que vivo dizendo para ela que não marco nada para segunda nem sexta, porque são dias muito corridos. E que, na segunda, sempre tem pendências da sexta para resolver. Queria gritar com ela. Pedir meus direitos autorais. Mas tive medo de perder meus afilhadinhos.

Adalberto: É verdade, amore, você tem razão. Vou na terça, então.

Sara: Pode ser na quarta? Na terça, eu tenho hidroginástica.

Caraca!

Adalberto: Beleza, Sarita.

Sara: Beijo, querido.

Desliguei o telefone sem me despedir. Só de raiva.

Eu tenho um problema sério: não consigo me despedir de uma pessoa ao telefone, quando estou irado com ela. Mas tive que enfiar a minha ira com a Sara naquele lugar e me rebaixar em uma nova ligação, que foi feita em menos de um minuto.

Adalberto: Lindona, desculpa, acho que desliguei sem me despedir de você. Você me desculpa?

Sara: Ih, Adal, ta maluco? Eu sei que hoje é sexta-feira e o seu dia deve estar super corrido.

O pior é que ela tinha razão.

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