segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Marjorie lucra com atitude politicamente incorreta travestida de politicamente correta

Na sexta, à noite, a Marjorie resolveu me ligar para contar uma novidade.

Marjorie: Estou namorando um dos filhos do Bolsonaro.

Adalberto: Bolsonaro é o deputado federal homofóbico?

Marjorie: Isso.

Adalberto: E está legal? Você nem me contou...

Marjorie: Foi falta de tempo, Adal. O cara me dá mole há meses, mas eu não dava a menor bola para ele.

Adalberto: Amor à segunda vista?

Marjorie: Não. Vingança alheia.

Adalberto: Como assim?

Marjorie: Eu vou me vingar do pai dele, em nome de todos os estilistas amigos e clientes.

A Marjorie, para quem ainda não sabe, é designer de bolsas.

Adalberto: Mas por que isso?

Marjorie: Você acha certo as asneiras que o Bolsonaro fala?

Adalberto: Não. Mas eu não sou ninguém para castigar o cara, só porque ele é um idiota.

Marjorie: Ai, Adal, você anda tão politicamente correto. Que coisa chata!

Adalberto: Ué, não era você que me criticava, quando eu roubava bala nas Lojas Americanas?

Marjorie: O que eu quero fazer é mostrar para os meus amigos, que eu estou do lado deles, que eu repudio preconceito. Isso é politicamente correto.

Adalberto: Mas a vingança é politicamente incorreta.

Marjorie: Mas ser politicamente correto em excesso é ser um chato de galocha!

Adalberto: É? Então, vamos beber uma cerveja e falar mal da Dilma? Melhor: vamos beber myuitas cervejas e falar muito mal da Dilma. Estou melhor assim?

Marjorie: Bem melhor. Mas eu não posso. O Flá está vindo me buscar.

Adalberto: Quem é Flá?

Marjorie: O filho do Bolsonaro. Flávio Bolsonaro.

Adalberto: Ah, tá.

A Marjorie armou a maior arapuca para o coitado. Disse que ia a uma festa de uma grife de modas num motel luxuoso do Rio. Até aí, ele não desconfiou de nada. Festa em motel virou coisa tão comum nessa cidade, que já está até perdendo a graça.

Quando chegaram na porta do local, ele inventou uma história triste para não entrar.

Marjorie: Amor, sobe lá e pergunta para a promoter Silvinha se ela convidou a Thaís Sofia.

Flávio: Por quê? Vamos lá comigo.

Marjorie: Não. Eu não falo com essa pessoa. Ela também é designer de bolsas e tem roubado todos os meus clientes. Eu pedi para a Silvinha não convidá-la, mas quero ter certeza. Você faz isso por mim, meu amor?

Flávio: Tá bom.

Coitado.

Quando ele chegou no quarto onde aconteceria a festa, não havia nenhuma Silvinha, mas um monte de homem vestido de mulher. Em poucos segundos, Flávio Bolsonaro era apenas um pontinho aflito entre os montes de cachecóis que o rodeavam.

Mas essa situação não demorou muito. Em poucos minutos, ele passou a ser um pontinho aflito do lado de fora do motel.

Foi aí que a legião de fotógrafos amigos da Marjorie, de revistas e jornais de fofoca, registraram o grande momento.

No sábado, a "fugidinha" de Flávio Bolsonaro foi a notícia do dia.

A Marjorie me ligou feliz da vida.

Marjorie: Viu só, primo.

Adalberto: Você é doida. Sacaneou o filho para atingir o pai...

Marjorie: E consegui o que eu queria. Resgatei um monte de cliente.

Adalberto: Então, essa não foi uma vingança alheia propriamente dita. Foi mais uma isca para atrair seus ex-clientes.

Marjorie: Adal, foi tudo isso e mais um pouco.

Fiquei com medo de perguntar o que significaria a parte “mais um pouco”. Mas não me aguentei.

Adalberto: Como assim mais um pouco?

Marjorie: Eles me pagaram uma viagem para o Tahiti, me deram vários vestidos, camisas, calças, sapatos, perfumes, cordões e pulseiras presente e, ainda, me levaram para jantar num restaurante incrível, primo. Tem coisa melhor.

Não!

Eu faria o mesmo.

Ou pior.

Definitivamente, a Marjorie mandou MUITO bem.

Aliás, ela me fez chegar a uma conclusão: melhor do que ser politicamente correto e ter fama de chato de galocha é ser politicamente incorreto travestido de politicamente correto e se dar bem com isso.

Fica a dica.

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