sábado, 14 de abril de 2012

Ovo de Whey Protein faz a diferença na Páscoa

Fiquei a semana todo ansioso para chegar o domingo de Páscoa. Minhas primas estavam vindo almoçar comigo e iam trazer um ovo de chocolate imenso, que elas compraram juntas. Eu adoro chocolate e mal podia esperar.

Eu não comprei nada para elas, porque estavam todas em dieta. Fiquei com a imcumbência de fazer o almoço, que eu não fiz, claro. Comprei tudo num buffet baratinho da mãe de uma amiga minha.

No domingo, quando elas chegaram lá em casa, abri a porta com a maior expectativa do mundo e...

Adalberto: Ovo de Whey Protein...

Ane: Não gostou?

Adalberto: Não.

Aquilo era uma ignorância quase do meu tamanho e com metade do meu peso. Eu cabia lá dentro confortavelmente.

Ane: A ideia foi minha.

Adalberto: Porra, Ane...

Lu: Boa tarde, ingratidão.

Adalberto: Ingratidão nada.

Marjorie: Ingratidão, sim. Achei que a nossa presença fosse mais importante, que um ovo de Páscoa.

Claro que não!

Sara: Adal, quer que eu veja se tem como trocar?

Lu: Que trocar? Está maluca? Ele vive tomando esse negócio para ir para a academia... Está fazendo doce.

Adalberto: Não é doce. Eu só queria poder chutar o balde na Páscoa.

Ane: Da próxima vez, eu compro um Kinder Ovo.

Adalberto: E eu vou adorar.

Lu: Mas é para criança.

Adalberto: E daí? As besteiras que são feitas para as crianças são as melhores.

Marjorie: Isso é verdade.

Sara: Adal, o que a gente faz com esse ovo, então?

Adalberto: Coloca ali na sala, Sarita. Ele é tão grande que, pelo menos, serve para enfeitar.

Ane: Ah, seu cachorro!

Lu: Ih, falando em cachorro, o safado do Edésio vem me buscar daqui a pouco para a gente ir ao cinema. Eu tenho que comer rapidinho.

Adalberto: Olha, gente, a comida está na geladeira numas vasilhas de plástico laranja. São vários tipos de salada.

Lu: Está de sacanagem...

Adalberto: Não.

Lu: Salada no almoço de domingo, que a gente pode enfiar o pé na jaca?

Adalberto: Ah, e ovo de Whey Protein na Páscoa? Isso não é sacanagem?

Ane: Adal, você toma Whey Protein para ir para a academia.

Adalberto: Ane, eu nem tomo mais esse negócio. Maldito dia que eu fui com você àquela loja de suplementos comprar essa porcaria... Eu tomei esse troço, no máximo, umas três vezes. Depois, ficou encostado, estragou e eu jogeui fora.

Sara: Não é bom primo?

Adalberto: Não. É horrível. Estou falando...

Marjorie: Adal, as saladas são lindas. Eu adorei.

Ane: Eu também gostei, mas acho que falta alguma coisa para dar liga.

Lu: Gente, se tivesse arroz com feijão, para mim, já estava de bom tamanho.

Sara: Mas domingo comer arroz com feijão? Isso é comida de dia de semana.

Lu: Melhor do que salada com salada. Olha ali o prato da Marjorie. Nada com nada. Prefiro morrer de fome.

Adalberto: Não vai comer?

Lu: Eu como no shopping com o Edésio. Já era para ele estar aqui mesmo... Meu estômago aguenta mais um pouco.

Adalberto: Beleza.

Cinco minutos depois, nós ainda estávamos almoçando à mesa, com exceção da Lu, que assistia à televisão, quando o Edésio chegou.

Edésio: Está me achando com cara de palhaço?

Lu: Como assim?

Edésio: Eu estou te ligando há meia-hora, porque não estava achando esse merda de rua e você não atendia a bosta do celular.

Lu: Ih, amor, desculpa. Eu botei ele no vibra, ontem, quando estava com a tia Neide na igreja. A gente foi na adoração de Cristo, do Sábado de Aleluia.

Edésio: Você é uma imbecil.

Ele não ia ofender a minha prima na minha frente!

Adalberto: Vem cá, a banana que tu comeu estava estragada?

Edésio: Quem é você para falar assim comigo?

Adalberto: O dono desse apartamento e primo da Lu.

Edésio: Ah, é? Caguei para você.

Ane: É mas eu não caguei para você, não.

E com um golpe de mestre, a Ane deu com o ovo de Whey Protein na cabeça do Edésio, que caiu desmaiado.

Lu: Gente, o que eu faço com esse homem agora?

Marjorie: Mata! Estou brincando. Sei lá. Adal, dá uma ideia.

Adalberto: Vou chamar o zelador para levar o lixo embora.

Lu: Como assim, Adal? É sério.

Adalberto: Eu também estou falando sério.

O meu zelador deixou o Edésio deitado no capô do carro dele. Quando a gente desceu para tomar um chopinho no bar da rua paralela a minha, não havia nem sinal daquele sem vergonha.

Esse não se mete mais com a família Monteiro.

E, no final das contas, o meu presente foi muito bem-vindo.

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