sábado, 7 de abril de 2012

Primeiro de abril não passou despercebido

Domingo passado foi dia primeiro de abril, e eu fui almoçar com as minhas primas na casa da minha mãe. No caminho alertei a elas, que minha mãe odeia as brincadeiras da data.

Adalberto: Então, vocês, por favor, não vão ficar contando mentiras para a minha mãe.

Lu: Primeiro de abril sem uma mentirinha não é primeiro de abril.

Ane: Concordo.

Marjorie: Ai, gente, então vão comer num restaurante.

Adalberto: Falou a voz da sabedoria!

Já na mesa do almoço, com os meus pais, a Lu foi provocadora.

Lu: Tio Beto, o senhor não acha que as datas têm que ser celebradas, conforme a tradição?

Adalberto (pai): Acho.

E olhando para mim como se fosse me atirar com uma AR-15:

Lu: Muito obrigada.

Marjorie: A comida está tão gostosa, tia.

Neide: Gostou?

Marjorie: Adorei.

Ane: Está muito boa mesmo.

Marjorie: Esse arroz tem frango?

Frango, não! Eu não como ave por nada nesse mundo! Tenho trauma de infância e minha mãe sabe muito be disso!

Neide: Não, garota, isso é carne desfiada.

Ufa!

Lu: Ah, eu ia adorar se tivesse frango. Pelo menos, ia ter cena de humor INFANTIL aqui nessa mesa.

Adalberto: Sem graça!

Depois de mais dois horas, entre almoçar, comer sobremesa e tecer alguns comentários sobre vidas alheias, minhas primas decidiram ir embora. Eu já não aguentava mais ouvir tanta besteira. Meu pai, então... Estava dormindo sentado, tadinho.

Ane: Tia a senhora tem a receita dessa comida? Quero pedir para a minha empregada fazer.

Neide: Tenho mas está la no computador.

Ane: Me manda por e-mail?

Neide: Ih, minha filha, a internet daqui de casa está com problema. Vai lá e copia rapidinho.

Ane: Está bem.

Adalberto: Não! Eu tenho um pen drive aqui. Vai rápido, salva e pode tirar o pen drive sem segurança.

Marjorie: Pra que isso?

Adalberto: A vida é muito curta para se tirar pen drive de computador com segurança.

Lu: Maluco você!

Adalberto: Vou esperar vocês no carro. Tchau, mãe.

Neide: Tchau, meu filho. Vai com Deus.

Finalmente, no carro voltando para casa:

Adalberto: Nem acredito que vocês se comportaram direitinho e não contaram nenhuma mentira de primeiro de abril. Merecem uma maçã cada uma.

Lu: Ah, garoto, cala a boca. Vou entrar no Facebook agora pelo celular para contar alguma merda. Eu preciso mentir no Dia da Mentira. É mais forte do que eu.

Adalberto: Ah, é? E no Dia do Meio Ambiente? Você fica assim, toda ensandecida para plantar uma árvore.

Lu: Você é ridículo, sabia?

Ane: Ai, gente, por favor, vamos ficar de boquinha calada? Quero dormir.

Marjorie: Boa ideia. Também vou dormir.

Nem acreditei quando cheguei em casa, depois de rodar o Rio de Janeiro inteiro para deixar minhas primas em seus respectivos lares. Só queria a minha cama e mais nada.

Mas o telefone tinha que tocar, quando já estava pegando no sono.

Adalberto: Fala, Ane.

Ane: Adal, eu deixei o pen drive cair no banco do seu carro.

Adalberto: Ok. Amanhã, eu te mando a receita por e-mail.

Ane: Amanhã, não. O Astrovaldo vai vir jantar aqui comigo, e eu queria pedir para a empregada fazer a receita da tia Neide. Pega lá, agora, primo.

Depois de um segundo ponderando se o Astrovaldo merecia mesmo todo o meu esforço, decidi ir buscar a porra do pen drive. O Astrovaldo, definitivamente, não merecia o meu esforço. O problema é que a Ane ia me infernizar, enquanto eu não pegasse o bendito pen drive.

Liguei o computador, abri a receita e o meu olho bateu direto na palavra FRANGO. A porra da receita levava, sim, frango! A minha mãe mentiu descaradamente!

Mandei por e-mail para a Ane e, em seguida, liguei para a minha mãe.

Adalberto: Mãe, você me fez comer frango hoje? É isso mesmo? Mentiu para mim.

Neide: Meu filho, a proteína das aves é importante para a nossa saúde.

Adalberto: Mãe, caguei para essa proteína. Quero mais que ela se exploda!

Neide: De mais a mais, hoje é primeiro de abril. Não é pecado mentir para um filho no Dia da Mentira.

Desliguei o telefone com ódio mortal da minha mãe e fui para o banheiro correndo. Fiquei forçando o vômito a madrugada toda.

Logo a minha mãe...

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