Adalberto: Oi, minha linda.
Sara: Adal, eu estou sendo presa.
Adalberto: Você? Como assim?
Sara: Eu vim na manifestação de Copacabana.
Adalberto: Mas você nunca foi disso. Na época do "Fora, Collor!", que era a hora de você participar disso, você não quis, lembra? Eu, Ane, Lu e Marjorie de cara pintada, e você debochando da gente.
Sara: Claro que lembro. Por isso, que eu estou aqui. O Oswaldo jogou na minha cara, que eu nunca me mexi para mudar o país, que eu não sou uma boa cidadã para o país e blablablá.
Adalberto: Só por isso você foi às ruas?
Sara: É.
Adalberto: Mentira, não acredito. Fala a verdade.
Sara: Ah, ele disse também que a Aldenice, aquela ex-namorada dele, era muito envolvida em causa social e que, hoje, ela deve ter muita história para contar para os filhos dela.
Eu sabia que, por trás daquele blablablá, tinha alguma coisa.
Adalberto: Onde é que você está agora?
Sara: Chegando na delegacia daqui de Copa. Vem para cá.
O Oswaldo nem sabia, que a Sara estava na manifestação. Ela disse que ia comprar ovos para fazer um bolo, quando saiu de casa.
Adalberto: Por culpa sua, a minha prima foi se embrenhar no meio de manifestação. Você sabe que a Sara não nasceu para essas coisas, Oswaldo!
Oswaldo: Eu não falei para ela se sentir mal.
Adalberto: Você disse que ela não era uma boa cidadã para o país e não queria que ela se sentisse mal?
Oswaldo: Não. Eu estava brincando.
Adalberto: Legal. Agora, ela está presa.
Oswaldo: O quê?
Adalberto: Vamos lá comigo agora resolver isso. E leva as crianças.
Parece que a Sara tinha sido confundida com uma mulher, que jogou uma pedra no Copacabana Palace. Eu não sei como desfizeram o mal entendido. Só sei que, na porta da delegacia, depois que ela prestou depoimento, estávamos eu, Oswaldo, os trigêmeos e uma meia-dúzia, que eu arregimentei da manifestação, fazendo uma minimanifestação pela liberdade dela.
Adalberto, Oswaldo, os trigêmeos e os manifestantes: Ina, ina, ina! Liberte a heroína! Ina, ina, ina! Liberte a heroína! Ina, ina, ina! Liberte a heroína!
E, quando a Sara saiu, foi recebida por aplausos. Não chegávamos nem a dez pessoas, mas, na cabeça dela, éramos uma multidão.
O Gero, a Lina e a Liana não tinham ideia do que estavam fazendo ali. Eles só têm dois aninhos. Mas, para a Sara, a presença dos filhos, naquele momento, fazia o maior sentido.
Foi como lavar a alma.
Foi como lavar a alma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário