domingo, 16 de junho de 2013

Lu erra o alvo no crime do Dia dos Namorados

Na quarta-feira, foi Dia dos Namorados e, logo pela manhã, fui surpreendido por uma situação.

Lu: Adal, cadê você?

Adalberto: Eu estou me arrumando para ir trabalhar.

Lu: Você não vai trabalhar hoje.

Adalberto: Eu vou. Por que não?

Lu: Porque eu fiz uma merda e só você pode me salvar.

Novidade!

Adalberto: O que você andou aprontando, fala?

Lu: Eu paguei para o teu porteiro sequestrar o Julimário, mas ele pegou outra pessoa.

Adalberto: Como assim? Você sequestrou alguém?

Lu: Sequestrei. E daí?

Adalberto: Lu, você pirou! A minha portaria está sem gente agora?

Lu: Não, garoto. Foi o porteiro da noite, aquele idiota!

Adalberto: Você é doida, maluca, surtada...

Lu: Não sou nada disso. Sou romântica. Era para ser um sequestro de amor, uma surpresa do Dia dos Namorados.

Adalberto: Mas você não namora. E pelo que eu sei, o Julimário não quer saber de você nem pintada de ouro.

Lu: Eu sei. Mas depois dessa surpresa, duvido que ele não voltaria para mim. Só que a anta do teu porteiro é mais imbecil do que eu imaginava. Só serve para abrir e fechar porta mesmo. Agora, eu estou com uma pessoa algemada aqui na cama da Marjorie e eu fiz o favor de perder a chave da algema.

Adalberto: Você está com um homem algemado na casa da Marjorie?

Lu: O Julimário trabalha aqui perto, esqueceu?

Adalberto: Mas você não pode fazer isso. Essa aí não é a sua casa!

Lu: Mas é a casa da minha prima. E ela me deu a chave, porque confia em mim.

Adalberto: Mas depois dessa, ela vai te tomar essa chave.

Lu: Ela está viajando. Só volta amanhã. Nem vai ficar sabendo de nada.

Adalberto: Lu, não é assim. Você sabia que isso não é...

Lu: Primo, eu não quero saber de nada agora. Eu estou desesperada. Você pode passar num sex shop, comprar várias algemas e trazer a chave aqui, por favor. De repente, uma delas vai servir para abrir a do rapaz aqui. Coitado, está desacordado até agora.

Adalberto: Lu, você é doida, e eu não vou mais te socorrer nessas suas loucuras. Estou indo para o meu trabalho. Tchau!

Eu não devia ter feito isso. A louca ligou para pedir ajuda ao policial, que a presenteou com a algema numa situação que... deixa para lá, é coisa muito íntima. O inconveniente foi que ele deu um tiro na algema para poder abri-la. Detalhe: a Marjorie mora no Leblon e todos os vizinhos ficaram assustados com o estampido. Saíram do prédio aos gritos, chamaram a polícia e, em pouco tempo, tinha um carnaval montado na porta do prédio. Com direito à imprensa, claro. Se não fossem os querido jornalistas, eu não teria visto tudo isso pela televisão.

Corri para a lá.

Quando cheguei, o Julimário estava dando entrevista. A Lu estava sem coragem de sair da casa da Marjorie. E o policial já tinha fugido.

Julimário: Um baixinho, com cabeça grande, uniforme azul. Ele jogou um spray em mim e, depois disso, eu não lembro de mais nada. Acordei com o barulho do tiro e com essa algema.

Disfarcei.

Adalberto: Ahahahahahahahahahaha. O amigão aqui é um gaiato. Tudo bem, pessoal da imprensa querida? Olha, eu queria contar com o apoio de vocês para não divulgar nada do que aconteceu aqui. Ele é casado com uma outra pessoa. Não sabe o que está falando. Essa algema faz parte de uma fantasia sexual, que ele não concluiu com a minha prima, devido a altas doses de comprimidinhos que ele tomou e acabou tendo uma overdose. Ahahahahaha. Não teve nada de spray, coitado. Ele está constrangido, não é, meu caro? Ahahahahaha. A minha prima me ligou, eu sou médico...

Mentira! Tenho pavor de sangue, jamais poderia estudar Medicina.

Adalberto: ...vim correndo aqui socorrê-lo, mas pelo que vejo, graças ao meu bom Deus, está tudo bem. Vocês podem ir embora. Ah, mas se quiserem antes passar lá em cima, no apartamento onde eles estavam, vocês poderão conferir a minha prima, fantasiada de diabinha e com uma coleirinha no pescoço, com o nome dele gravado, tipo o que a Luma fez para o Eike Batista num desses carnavais da vida, vocês lembram? Ahahahahahaha. Claro que lembram, são jornalistas... Sabem de tudo, não é mesmo? Ahahahahahaha.

Meu maxilar gritava de dor. Rir forçado é uma bosta.

Bom, no dia seguinte, quando recebi jornal em casa e vi a Lu sendo ridicularizada em duas páginas, lembrei de dar uma advertência no meu porteiro. Até que a Lu não saiu tão mal de diabinha. Devem ter passado Photoshop, não tinha uma celulite. Antes sair no jornal com fantasia sexual do que atrás das grades. Ela poderia estar presa, agora, pelo sequestro.

Fui correndo à casa da Marjorie sumir com o jornal que ela assina. E quando ela chegou, tudo já estava na santa paz. O bom do prédio dela é que os vizinhos passam uns pelos outros e fingem que não se conhecem. Ela nunca ia saber o que aconteceu, enquanto esteve fora.

Ufa!

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