quarta-feira, 21 de julho de 2010

Assunto sobre vídeo com goleiro Bruno e Pânico na TV é coisa muita séria

Quando o meu telefone tocou, ontem, às 6h30m, achei que ainda era a função soneca do despertador que estava ativada. Ledo engano. Era a Sara com uma voz meio aflita:

Adalberto: O que a senhora faz acordada a uma hora dessas?

Sara: Tá podendo falar?

Adalberto: Tô dirigindo pro trabalho.

Sara: Já leu o jornal de hoje?

Adalberto: Não. Ganhou na mega-sena?

Sara: Desde quando sorteio de mega-sena acontece na terça?

Adalberto: Sei lá. Não entendo dessas coisas.

Sara: De mais a mais, se fosse pro resultado sair hoje no jornal, o sorteio teria que ter acontecido ontem.

Adalberto: E qual é o dia do sorteio da mega-sena?

Sara: Quarta e sábado. A Camila e o tio Beto jogam sempre. Era pra você saber.

Adalberto: É. Minha irmã vive me pedindo seis números de 1 a 60. Não pode me ver. Meu pai já não me pede tanto.

Sara: Ai, Adal, vamo deixar um pouquinho a mega-sena de lado? Depois, eu te explico como se joga. Eu tô desesperada.

Adalberto: O que é que aconteceu?

Sara: Lembra da Lelê e da Aninha?

Adalberto: Não.

Sara: As meninas que estudaram comigo pro concurso de delegado lá em Minas.

Adalberto: Garota, tô pra te falar isso mó tempão. São elas que estão conduzindo o caso do goleiro Bruno.

Sara: Não são mais.

Adalberto: Como assim? Eu vi na televisão Alessandra Wilke e Ana Maria Santos. Não é isso?

Sara: Não são mais. Tá no jornal. Elas foram afastadas do caso.

Adalberto: Por quê?

Sara: Por causa de mim.

Adalberto: Como assim? Você ainda tem contato com elas?

Sara: Não tinha mas reativei. Queria agradar o Oswaldo.

Adalberto: Ai, meu Deus... Medo.

Sara: Você sabe que o Oswaldo é fã número 1 do Bruno, né?

Adalberto: Sabia que ele gostava do Bruno. Mas o que foi que você fez?

Sara: Eu pedi pras meninas gravarem um vídeo durante a transferência do Bruno pra Minas.

Adalberto: E elas fizeram isso?

Sara: Fizeram. Eu falei que não estava muito bem com o Oswaldo e queria fazer uma suspresa pra ele.

Adalberto: E a surpresa era um vídeo de um suspeito por um assassinato horrendo?

Sara: Para. Não fala assim do Bruno. Não consigo sentir raiva dele.

Adalberto: Sara, você é uma louca. E mais louca do que você são essas delegadas. Como é que pode uma coisa dessa? Elas achavam que ninguém ia descobrir?

Sara: Mas ninguém ia descobrir. A culpa foi do Marcão.

Adalberto: Qual Marcão?

Sara: Marcão. Daqui, do 607.

Adalberto: Ah, tá. O que é que tem ele?

Sara: O Oswaldo contou pra ele do vídeo, mas ele não acreditou.

Adalberto: O Oswaldo também tem merda na cabeça. Aprovou essa tua insanidade?

Sara: Aí, ele mandou pro Marcão e a besta encaminhou pra Deus e o mundo.

Adalberto: O vídeo?

Sara: É.

Adalberto: Que merda.

Sara: Pois é.

Adalberto: Eu nunca ia descobrir esse vídeo. Não sou desbravador de internet.

Sara: Mas o vídeo saiu no Fantástico no domingo, Adal. Não viu?

Adalberto: Não. Eu estava vendo o Pânico na TV, mas não fala pra ninguém.

Sara: Francamente, né, Adal. Um cara inteligente como você, assistindo a esse programa bobo na hora do Fantástico?

Fiquei sem ter o que falar por meio segundo.

Adalberto: Sara, e você que, em vez de se ocupar com coisa séria, fica pedindo vídeo de assassino?

Sara: Mas isso é coisa séria.

Realmente. Aliás, era coisa muito séria.

Adalberto: É séria mas, também, arriscada!

Sara: Mas era o meu casamento que estava em jogo. Isso é sério.

Adalberto: Sara, eu vou entrar na garagem da empresa. Vai cair o sinal.

Mentira. Faltavam ainda uns cem metros pra eu chegar, mas eu já não estava mais aguentando ouvir aquilo tudo. E depois ainda de ser chamado a atenção por assistir ao Pânico na TV, em vez do Fantástico, eu não conseguia mais me articular direito. Na verdade, acho que era isso que estava me intrigando mais.

Passei a acompanhar o caso pelos jornais. Não pegou nada pra Sara nem pro Oswaldo nem pro Marcão do 607. Aliás, falando em Marcão do 607, tomara que ele nunca descubra que, às vezes, na hora do Fantástico, eu troco de canal pra assistir ao Pânico na TV. Isso é muito sério.

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