segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sara tem seu dia de Gisele Bündhen aos seis meses de gravidez

Na última quinta-feira, tive que resolver um problema na Receita Federal. Como tenho mais medo de fila de órgão público do que bicho papão, tive uma brilhante idéia: convidar a minha prima Sara e a sua gravidez de seis meses para entrar comigo na fila de idosos, deficientes e gestantes:

Sara: Mas por que você quer tanto que eu vá com você à Receita Federal, Adal?

Adalberto: Ah, sei lá. Eu acho que vai ser maneiro. Vamos?

Sara: Está bem.

Adalberto: Então, eu vou para o trabalho agora e, depois do almoço, a gente se encontra lá. Vou mandar um táxi te pegar aí, na sua casa, por volta de uma da tarde, pode ser?

Sara: Pode.

Coitadinha. Ir à Receita Federal resolver problema não tem nada de maneiro. Menos maneiro ainda foi vê-la completamente sem barriga.

Adalberto: Sara, cadê a sua gravidez de seis meses?

Sara: Está atrás da minha cinta.

Adalberto: Como assim? Tira isso agora!

Sara: Eu, não. Você acredita que o Oswaldo teve a cara de pau de dizer que, depois que eu tiver meus nenéns, quer que eu fique gostosa como a Deborah Secco, em Insensato Coração?

Adalberto: E daí?

Sara: E daí? Você ainda me faz essa pergunta, Adal? Isso quer dizer que ele não me acha gostosa.

Adalberto: Mas, Sara, você está grávida.

Sara: Grávida dos filhos dele. Ele tem que me achar gostosa de qualquer jeito. Até com uma barriga de mioma.

Porra, que drama...

Adalberto: Amore, o negócio é o seguinte: eu preciso da sua barriguinha de seis meses intacta para gente poder usufruir da fila de idosos, deficientes e gestantes.

Sara: Ah, você me chamou aqui só pra isso?

Adalberto: Não. Mas também por isso.

Sara: Adal, você está se mostrando pior do que o Oswaldo, hein!

Adalberto: Olha aqui, Sara, quem está sendo pior é você, que tá sufocando os meus afilhados, por causa de um capricho medíocre. Solta essas crianças aí agora!

Sara: E você vai resolver o meu problema com o Oswaldo?

Adalberto: Vou.

Sara: Vai mesmo?

Putz, que responsabilidade...

Adalberto: Vou.

Sara: Então, está bem. Vou ao banheiro tirar essa cinta.

Ela demorou uma meia-hora só para tirar uma cinta. E o pior: quando ela voltou, todo mundo que estava na fila achou que a gente estava de picaretagem, dando o golpe da barriga no serviço público.

Ou seja, a emenda saiu pior que o soneto. Uma senhora de muito baixo nível chegou ao ponto de dizer para  a Sara levantar o vestido pra provar se estava mesmo grávida.

Adalberto: Ah, minha senhora, mas ela não vai fazer isso mesmo.

Sara: Eu sou uma mulher casada. Não vou ficar levantando o meu vestido aqui, na frente de todo mundo. Olha bem para a minha cara. Vê se eu pareço uma qualquer, sua desclassificada!

A Sara mal imaginava que a senhora desclassificada estava acompanhada de duas filhas mais desclassificadas ainda. Ela tentaram agredir a minha prima. O pior é que elas tinham umas caras tão medonhas, que até eu fiquei com medo. MUITO MEDO.

Adalberto: Sara, vamos embora daqui, antes que essas mal encaradas tentem fazer alguma coisa contra você e os meus afilhados.

Não adiantava insistir. Não ia ter santo que fizesse aquelas meninas acreditarem, que a Sara não estava grávida. Vazamos para fora daquele lugar e em passos rápidos.

A uns bons metros do cartório, já mais tranquilos, estávamos caminhando esbaforidos atrás de água, quando passamos em frente a uma obra. Percebemos uma movimentação absurda de operários e nos cagamos de medo.

Para a nossa sorte, eles só queriam admirar a mulher que estava passando por ali. E para a sorte da Sara essa mulher era ela. Isso mesmo, com aquele barrigão de seis meses, ela foi ovacionada pela classe operária. Eram gritos e mais gritos de gostosa, que até eu queria que me beliscassem pra ter certeza que aquilo era verdade.

E era verdade. A Sara estava tirando onda de Gisele Bündchen. E eu lá, me achando o cara que estava pegando a top model. Adorei esse nosso momento Garoto e Garota da Construção Civil.

Por fim, bebemos água, comemos um resto de uma carne assada deliciosa de uma quentinha que sobrou e ainda tomamos um refrigereco, que eu tive o ímpeto de perguntar o nome, mas a minha vaidade não me permitiu. Estava tudo MUITO bom.

Pena que eles tomaram um baita esporro, quando o encarregado de obras chegou e viu o burburinho de operários em volta da gente. Eles tiveram que voltar pro trabalho árduo. E nós, para a nossa dura realidade de reles mortais.

Quando deixei a Sara em casa, o Oswaldo estava com um buquê de rosas esperando por ela. Ufa! Ele me poupou de qualquer esforço para tentar ajudá-los a fazerem as pazes. A Sara, facinha, facinha, parecia ter esquecido de tudo o que aconteceu no dia e voltou às boas com ele.

Bom, acho que do momento Gisele Bündchen ela jamais vai se esquecer...

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