sexta-feira, 29 de julho de 2011

Quem bate, às vezes, não esquece ou Ane leva pito em rede nacional

Lembro como se fosse hoje de um ataque que a Ane deu com um auxiliar de serviços gerais, que trabalhava na empresa do pai dela. Eu estava em férias e tinha ido visitá-la. Passei a manhã toda com ela e, na hora do almoço, quando saímos para comer, aconteceu a cena fatídica.

Ane: Beraldino, que música é essa que você está cantando?

Beraldino: Ah, dona Ane, é um pagodinho do meu grupo.

Ane: Pois fique sabendo você, que eu odeio pagode com todas as forças que um ser humano pode ter. E não quero ninguém cantando pagode aqui nessa empresa.

Beraldino: Por quê?

Ane: Porque, aqui, quem manda sou eu. Se quiser cantar, canta uma música da Maria Bethânia, da Vanessa da Mata ou da Elis Regina. Até para varrer chão, nessa empresa, é preciso decência.

Depois disso, o cara pediu demissão e jamais tivemos notícias dele.

Agora, sabe aquela máxima de que quem bate esquece? Há controvérsias. No domingo, estávamos eu e Ane COMPLETAMENTE entediados na minha casa, assistindo ao Domingão do Fautão, quando fomos acometidos pela presença do Beraldino e seu grupo de pagode no programa.

Tive uma sensação de que já tinha ouvido uma das músicas que o grupo cantou. Conheço muitos pagodes, graças ao meu porteiro, que não dá trégua com o seu radinho.

A Ane ficou PAS-SA-DA.

Ane: Adal, eu estou passada.

Adalberto: Garota, eu não dava nada por esse menino.

Ane: Nem eu. Mas, agora, eu dou. E dou fácil.

Adalberto: Interesseira.

Ane: Interesseira, não. Ele está mais bonito.

Adalberto: Ele está rico e famoso.

Ane: Ai, Adal.

Adalberto: Ane, você esqueceu do esporro que você deu no cara?

Ane: Eu estava estressada. Ele deve ter entendido. Tenho certeza. Ele é um fofo.

Adalberto: Cala a boca, o Faustão está falando com ele.

Eu não consegui ouvir o que o Faustão perguntou para o Beraldino, mas a resposta parecia que estava engasgada.

Beraldino: ... Muito obrigado pela oportunidade e pelo apoio, Faustão. É de pessoas como você, que dão oportunidade para o samba, pagode, funk, axé, MPB, RAP, rock que o Brasil precisa. Preconceito não leva ninguém a lugar nenhum. Eu posso não conhecer muito bem o trabalho da Maria Bethânia, da Vanessa da Mata ou da Elis Regina, mas isso não me impede de ser um artista competente e comprometido com o meu trabalho e o meu público.

Ane: Adal!

Adalberto: Isso foi para você.

Ane: Estou passada. O cachorro não esqueceu.

De fofo, o Beraldino foi rebaixado para cachorro.

Adalberto: Boa memória ele tem.

Ane: Esse cara é um ingrato, trabalhou lá na empresa, tinha carteira assinada, tíquete refeição, vale-transporte, décimo terceiro...

Ou seja, tudo o que ela deu para o Beraldino não passou de uma obrigação do empregador.

Adalberto: Ane, vamos trocar de canal?

Eu estava com MUITO medo de ela arremessar alguma coisa na minha televisão de LCD. Ainda faltavam duas prestações para eu terminar pagar. E uma das coisas que mais me irrita nessa vida é ter que pagar por algo que eu não estou usufruindo.

Ane:Adal, vamos para um bar agora, senão eu vou tacar uma pedra nessa sua televisão.

Adalberto: Não!

E, imediatamente, desliguei a TV. Precisava calar a boca do Beraldino.

Ane: Esse grupo nunca vai fazer sucesso verdade. Depois dos quinze minutos de fama, ninguém mais vai ouvir falar deles.

Calei a boca e fiquei na minha para não contrariar a minha prima. Pelo pouco que vi, a plateia INTEIRA do Faustão sabia de cor e salteado TODAS as músicas do grupo do Beraldino.

Já no bar, depois de mais de dez chopes que tomamos cada um, peguei a Ane dançando uma das músicas do grupo do Beraldino. A tal que o meu porteiro sempre ouve.

Eu estava bêbado, mas ainda tinha discernimento.

Filmei tudo com o meu celular, mas ainda não tive coragem de mostrar o vídeo para ela. Até queria vê-la roxa de raiva de si mesma ao ver a filmagem, mas ainda tenho quatro prestações para pagar do meu celular...

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