segunda-feira, 18 de julho de 2011

Dieta dos pontos e Jorge Foreman Grill desencorajam o audacioso projeto "Verão 2012"

Depois de me dar conta de que estava duas semanas sem falar com a Ane, liguei no sábado para ela para saber das novas.

Adalberto: Você sumiu de mim.

Ane: Eu estou de dieta.

Ela disse assim, curta e grossa. E eu demorei alguns poucos segundos, tentando relacionar a minha companhia com algo engordativo. E me veio à cabeça o bombom Serenata de Amor.

Ane: Adal, o problema não é só o Serenata de Amor. Você não para de comer e isso, para mim, é muito tentador.

Adalberto: Então, o problema está em você, que não consegue se controlar.

Ane: Você também, não.

Adalberto: Quem disse que eu quero me controlar? Eu não preciso emagrecer.

Ane: Quem disse?

Putz, que pergunta difícil. Eu sei que a minha mãe me acha bonito. Lindo para ser mais preciso. Mas, de fato, não sei se ela me acha magro.

Adalberto: Você não acha que eu estou bem?

Ane: Claro que não. Você tem uma gordurinha lateralizada, que não é legal, Adal.

Adalberto: Sério?

Ane: É. Eu estou para te falar isso há um tempão.

Adalberto: E por que não disse?

Ane: Porque não tive oportunidade.

Adalberto: Ah, não? E quantas vezes a gente foi à praia juntos?

Ane: Se eu te falasse na praia, você ia tentar o suicídio em alto mar.

Ela tem razão.

Adalberto: OK. Mas o que você acha que eu devo fazer?

Ane: A dieta dos pontos. Eu posso comer 565 pontos por dia. Quer que eu faça os seus cálculos? Você, por ser homem e mais alto, vai poder comer bem mais.

Não pensei duas vezes. Para mim, nem precisava fazer os meus cálculos. Na minha cabeça, 565 pontos já estava de bom tamanho.

Adalberto: E, quantos dias fica pronto?

Ane: Agora.

Passei altura, peso e outras poucas informações para ela e, em questão de segundos, recebi a minha sentença: minha dieta diária teria que compreender, no máximo, 743 pontos. De cara, á arredondei para 750 pontos. Quem me conhece sabe que eu tenho TOC e não consigo lidar com números quebrados.

Ane: Vamos almoçar, então?

Adalberto: Claro. Meu projeto “Verão 2012” acabou de começar.

Tive acesso à lista com a pontuação de cada alimento no restaurante. Ou seja, só na hora de comer, eu descobri que 750 pontos não são capazes de me manter em pé em um dia.

Adalberto: Ane, eu só vou poder comer um bife? É isso mesmo?

Ane: Não. Se você tirar o arroz à piamontese, você pode pegar mais um. Pequeno.

Adalberto: De jeito nenhum! Ninguém toca no meu arroz à piamontese!

Ane: Então, você só vai comer um bife.

Eu queria chorar. Gritar. Pular. Dar um surto de histeria. Chamar a minha mãe. Mas não fiz nada disso. Comi aquela migalha de comida, no caso 375 pontos de bife com arroz à piamontese e três tomates para deixar os outros 375 para o jantar.

Ane: Adal, você não pode esquecer, que o café da manhã entra nessa contagem.

Adalberto: Ah, mas a minha dieta dos pontos exclui o café da manhã. Só começar a contar no almoço.

Ane: Como assim?

Adalberto: O café da manhã não conta, ué. É café com leite.

Ane: Mas café com leite tem 187 pontos.

Café com leite, nesse caso,foi só um trocadilho. O que eu tomo no café da manhã é muito mais heavy metal. Mas deixei passar. Não quis polemizar.

Adalberto: Ane, se o meu café da manhã entrar nessa contabilidade, eu vou morrer.

Ane: Está bem. Por ora, deixa assim. Mas promete que, em um mês, você coloca o café da manhã nessa contagem?

Cruzei os dedos sem que ela visse, enchi o peito de coragem e respondi com toda a convicção de um mentiroso:

Adalberto: Prometo.

Ane: Assim que se fala. Vamos, então, agora comprar o nosso Jorge Foreman Grill.

Adalberto: Ah, não! Tudo menos isso. É caro, é pesado e deixa a carne sem sabor.

Ane: E sem gordura. Adal, pensa na sua banha.

Ela tinha que cutucar a ferida?

Adalberto: Vamos. Eu vou pagar o meu à vista.

Passei o domingo inteiro comendo carne grelhada. Eu não podia desperdiçar meus pontos com uma alface. Na hora do jantar, quando eu já estava quase vomitando carne, e tomei a decisão de suspender a minha dieta e ficar sem falar com a Ane por, pelo menos, mais duas semanas, a Marjorie me ligou.

Marjorie: Adal, você não sabe quem eu conheci?

Adalberto: Pior é que eu não estou nem com cabeça para pensar. Comi carne grelhada o dia inteiro. Chego a estar com tonteira.

Marjorie: Cara, que coincidência! Você não vai acreditar. Eu conheci o Jorge Foreman.

Adalberto: Como assim?

Marjorie: Ele veio ao Brasil fechar um contrato de lançamento de uma coleção de carteiras com o nome dele. O legal é que a carteira vai ser produzida com um couro que não pesa muito.

Adalberto: Claro! Se o bife dele não pesa, imagina o couro da carteira desse homem!

Marjorie: E detalhe: é da loja que é minha cliente. E sou eu que vou desenhar as carteiras do Jorge Foreman. Não é legal isso?

E cada vez que eu ovia o nome desse homem, o meu estômago embrulhava. Até que chegou a um ponto, que eu não pude mais segurar.

Marjorie: Eu vou me arrumar agora para ir jantar com ele. Quer conhecer o Jorge Foreman?

Vomitei toda o que havia de carne no meu organismo. CO-PI-O-AS-MEN-TE! Eu já conhecia o Jorge Foreman muito bem. Sujei o tapete, o piso, o telefone, a minha roupa... E, quando acabei, asa única coisa que fiz foi jogar o meu Jorge Foreman Grill na lixeira. E, com ele, foi embora tudo o que havia de folha, legume e fruta na minha geladeira, claro!

E assim, coloquei um ponto final na minha dieta dos pontos e no meu projeto "Verão 2012", com um nocaute bem dado no Jorge Foreman Grill.

Nenhum comentário:

Postar um comentário