Quinta-feira, a Marjorie me ligou desesperada.
Marjorie: Adal, eu preciso tomar um caldo de cana com pastel.
Adalberto: Por quê?
Marjorie: Porque eu estou com desejo.
Adalberto: Mas quem está grávida é a Sara.
Marjorie: Ah, então, só as grávidas podem ter desejo?
Adalberto: Não. Mas elas têm prioridade.
Marjorie: Então, eu preciso te falar uma coisa.
Adalberto: Já sei. Você está grávida.
Marjorie: Acertou.
Adalberto: Mentira.
Marjorie: Sério.
Adalberto: Quem é o pai?
Marjorie: O Rubinaldo. E você vai ser padrinho.
Adalberto: Eu não tenho tanto dinheiro assim. Já chega os três da Sara.
Marjorie: Chega nada. Pode fazendo bastante hora extra no trabalho. Quero presente do bom e do melhor para o seu afilhadinho.
Adalberto: Então, você vai mesmo querer tomar caldo de cana com pastel?
Marjorie: Quero. Você vai me acompanhar.
Adalberto: Só no passeio. Eu vou tomar outra coisa.
Marjorie: O quê?
Adalberto: Rivotril. Preciso me acalmar. É muita gravidez nessa família para pouco dinheiro.
Marjorie: Eu dou para outra pessoa batizar, então.
Adalberto: Não. Eu iria morrer de inveja.
Marjorie: Então, já abre uma poupança para o meu filho.
Uma hora depois, estávamos numa feira livre, no Humaitá, tomando caldo de cana. Eu aderi ao caldo de cana, depois de muita insistência.
Adalberto: Amore, diz que é mentira a sua gravidez.
Marjorie: É mentira.
Adalberto: Jura. Marjorie: Juro.
Adalberto: Então, por que você mentiu?
Marjorie: Para você me acompanhar nesse programa de índio.
Adalberto: E por que tanta vontade em tomar caldo de cana?
Marjorie: Porque o Rubinaldo me convidou para tomara caldo de cana no sábado. Eu precisava experimentar essa merda antes para não fazer vergonha.
Adalberto: Você nunca tomou caldo de cana?
Marjorie: Não.
Adalberto: O Rubinaldo ainda existe?
Marjorie: Ainda. Acho que ele é o homem da minha vida.
Adalberto: Mas ele antecede quase tudo o que fala com “primeiramente”.
Marjorie: E daí?
Adalberto: Cansativo.
Marjorie: Vai se acostumando. Pretendo me casar com ele.
Tomei mais um Rivotril para aceitar a dura realidade.
O bom foi que esse relacionamento, que parecia durar para toda a vida, não sobreviveu nem ao caldo de cana. Ufa!
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário