sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Trigêmeos de Sara nascem no dia de gêmeos famosos

Acabei de ver os meus afilhadinhos. Por mais surreal que isso possa parecer, foram eles que me visitaram no hospital. Eles nasceram na terça-feira passada, no dia de Cosme e Damião, 27 de setembro. E eu só pude conhecê-los hoje.

É que eu resolvi preparar 500 saquinhos de doce e distribuir numa creche de igreja. Mandei mal. Fiquei preso na função da caridade, enquanto a Sara dava à luz aos trigêmeos.

Quando o meu celular tocou, com uma chamada do Oswaldo, pensei: vou ter que inventar uma dor de barriga. Eu tinha certeza que a Sara estava a caminho da maternidade.

Oswaldo: Estamos a caminha da maternidade. A bolsa da Sara estourou.

Eu não sabia se ficava feliz, triste ou muito triste.

Adalberto: Oswaldo, eu estou aqui numa creche, num evento de Cosme e Damião. Vou tentar dar uma fugida.

Fui falar com a madre superiora.

Adalberto: Madre, eu precisava ir embora.

Madre superiora: Falou certo. Precisava. Você se voluntaria para ajudar e, agora, quer pular fora do barco? De jeito nenhum.

Adalberto: Mas madre...

Madre superiora: Nem mais nem menos madre. Vai logo vestir a sua fantasia de Mickey!

Cara, o problema dessas madres superioras é que elas se acham superiores.

Não sei o que tem a ver a data cristã com o ratinho da Disney, mas obedeci a ordem que me foi dada.

Enquanto esperava para entrar no palco, comi vários doces que, inicialmente, eram só para as crianças. Fui eu que tinha comprado mesmo!

Umas duas horas depois, quando fui chamado ao palco, constatei que o castigo divino existe. Levantei e e uma fortíssima dor de barriga impediu o meu altruísmo. A madre superiora achou que era desculpa para não me apresentar com aquela roupa ridícula e me deu o maior esporro.

Madre superiora: Para de frescura e entra naquele palco agora! Senão, Deus vai te castigar.

Adalberto: Acho que Ele já tinha me castigado.

Mas o pior ainda estava por vir. No meio da dança, não consegui segurar e me caguei todo. As risadas das crianças suscitaram um sentimento de arrependimento, por ter gastado tanto dinheiro com doce de Cosme e Damião.

Fiquei com uma raiva que não cabia dentro de mim. E, quando isso acontece, eu não respondo pelos meus atos. Pisei em todos os saquinhos de Cosme e Damião que eu havia levado três dias e duas noites preparando. Na hora, achei que JAMAIS iria me arrepender daquilo, mas quando as crianças, trocaram o riso pelo choro copioso, senti remorso e raiva de mim mesmo.

Foram tantos sentimentos, além do fedor de merda, que só fez piorar a minha saúde. Desmaiei, bati com a cabeça feio no chão e fui parar no hospital.

Quando acordei num quarto com cheiro de éter e uma enfermeira na minha frente, estranhei.

Adalberto: O que eu estou fazendo aqui?

Enfermeira: Longa história... Tem visita para você.

Adalberto: Sério?

Nisso, a Sara entra com os meus três afilhados num carrinho para três.

Adalberto: Sara, o que você está fazendo aqui?

Sara: Se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé.

Adalberto: Garota, esse Maomé aqui é um bundão.

Sara: E eu não sei. Te conheço desde que nasci. Por isso que te escolhi para ser padrinho dos meus filhos. Olha como eles são lindos.

Adalberto: São as coisas mais lindas desse mundo. E os nomes? Eles já têm nomes ou nasceram indigentes?

Sara: Nada. O menino é o Gero, em homenagem ao vovô Jerônimo. E as meninas são Lina, em homenagem a vovó Sudolina, e Liana, em homenagem à bisa Perciliana.

Adalberto: Ah, que lindo. Quero chorar. Estou com inveja da sua criatividade.

Está certo que Lina e Liana são muito parecidos e vão causar confusão na família, mas mesmo assim, adorei os nomes dos meus afilhados.

Adalberto: Quando é o batizado?

Sara: Eu ainda vou marcar. Mas vou te avisar com bastante antecedência para você não furar. Seu cagão! Que mau exemplo para os seus afilhados, hein!

Fiquei ainda com mais remorso. Não pela dor de barriga incontrolável, mas pelos saquinhos de doce destruídos. Será que a Sara também ficou sabendo dessa minha loucura? Morri de medo de perguntar. E não perguntei.

Amanhã, eu preparo mil saquinhos e convido ela para entregar na creche da igreja comigo. Eu sei que ela não vai poder me acompanhar. Mas eu quero que ela saiba que eu vou fazer isso. E, mais do que isso, quero ser um bom exemplo para os meus afilhados.

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