sábado, 22 de outubro de 2011

Puyehue frustra "Projeto Traição na Argentina" de Lu e ninguém chora pelo leite derramado

Na segunda-feira, o meu celular me despertou com o toque de chamada telefônica. O cansaço era tanto que passou batido. Mas quando estava prestes a entrar no banho, de novo o mesmo toque.

Adalberto: Ué, eu não acionei a função soneca...

Era uma ligação! Fui correndo atender.

Adalberto: Que número estranho é esse? Alô.

Lu: Primo, me salva.

Adalberto: Lu, de onde você está ligando?

Lu: Da Argentina.

Adalberto: Como assim? Você não tinha ido para Cabo Frio, para a casa da Aninha?

Lu: Era mentira. Eu vim para a Argentina com o José Damião.

Adalberto: E você fala isso como se estivesse passando o sal. Quem é esse?

Lu: Um engenheiro que eu conheci na sexta-feira num barzinho.

Adalberto: Você não é normal, não. Como é que vai para outro país com um cara que acabou de conhecer.

Lu: Argentina é aqui do lado, Adal.

Adalberto: Então, toma um chá de vergonha e vem logo embora.

Lu: As cinzas do Vulcão Puyehue não deixam.

Adalberto: Mas esse vulcão não fica no Chile?

Lu: O vulcão fica. Mas as cinzas dele, não. Por causa da erupção dessa bosta de vulcão, eu estou ferrada.

Adalberto: Ah, ok. Agora, o fenômeno natural tem culpa pela sua falta de vergonha na cara...

Lu: Por que falta de vergonha na cara?

Adalberto: Você não tinha um encontro hoje, com um carinha que você já vinha paquerando há tempos?

Lu: Por isso que eu estou te ligando, amore.

Amore no fim da frase = vou te pedir para me quebrar um galhão.

Adalberto: Lu, pede logo.

Lu: Liga para o Eliandro e inventa qualquer coisa trágica.

Adalberto: Eliandro é o tal carinha do encontro de hoje?

Lu: Isso.

Ela me passou o celular e eu fiz o que me foi mandado.

O telefone do Eliandro caía direto na caixa postal. Claro! Eram menos de sete horas da manhã e eu achando que todo mundo tem a obrigação de estar com o celular ligado a essa hora.

Liguei outras vezes ao longo do dia e nada.

Quando a Lu me ligou à noite, eu não tinha novidade. Mas ela, sim.

Lu: Adal, você vai morrer com o que eu vou te falar.

Adalberto: Está bem, mas antes eu vou logo te avisando que eu não consegui falar com o Eliandro.

Lu: Garoto, eu encontrei o Eliandro ainda há pouco, perto da Casa Rosada, com uma mulher com a maior cara de piranha. Você acredita nisso? Esse cara é um safado.

Adalberto: Safado que trai safada tem cem anos de perdão...

Lu: Perdão? Eu enfiei a porrada nos dois.

Adalberto: Sua maluca! O José Damião estava perto?

Lu: Estava. E, agora, ele não quer me ver nem pintada de ouro.

Adalberto: Claro. Nem eu ia querer te ver pintada de ouro se estivesse no lugar dele. Como é que você dá ataque de ciúmes por um cara na frente do outro que você está saindo?

Lu: Adal, eu não vou ficar chorando pelo leite derramado.

Adalberto: Você não chora por nada! Nem pelo leite derramado, nem pela cinza do Vulcão Puyehue, nem pelo safado que estava te traindo, nem pelo coitado que você desprezou... Parece que não tem sentimento. Só fogo no rabo.

Lu: Para de falar assim comigo. Queria ver um negócio com você, amore.

Amore no fim da frase de novo... Droga!

Adalberto: O que foi, Lu?

Lu: Eu não tenho onde cair morta. Vim sem um centavo para a Argentina.

Adalberto: Você é maluca. Quer que eu te mande dinheiro?

Lu: Como? Eu não trouxe nem cartão.

Adalberto: Me liga daqui a uns dez minutos. Vou ver o que eu faço.

E desliguei o telefone na cara dela de raiva.

Sorte que eu tenho amigos que argentinos. Liguei para um que se prontificou a buscá-la no aeroporto, recebê-la em sua cawsa e emprestar dinheiro para ela vir embora. Ufa!


Mas a Lu nunca mais me ligou. Fiquei morrendo de preocupação, sem dormir direito até quarta-feira, quando ela resolveu aparecer na minha casa, antes do celular me despertar para o trabalho.

Depois de três tentativas em desligar o celular, que eu fui perceber que era a campainha que estava me acordando. Fui ver quem era com a cara do diabo.

Adalberto: Lu?

Lu: Eu quero te matar.

Adalberto: Por quê?

Lu: Você desligou o telefone na minha cara e eu não tinha mais créditos para te ligar, seu cachorro.

Adalberto: Ah, então, depois do Vulcão Puyehue, eu sou o culpado pelos seus atos impensados?

Lu: É. Alguém tem que levar a culpa. Eu estou fora!

Adalberto: Você não existe, sua doida. Agora, me conta como foi que você se virou para sair da Argentina?

Lu: Mas você já me faz a pergunta com a resposta dentro...

Adalberto: Como assim?

Lu: Quer saber mesmo, nos mínimos detalhes, como foi que eu me virei?

Adalberto: Não, deixa para lá. Eu também não vou ficar chorando pelo leite derramado...

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