Hoje não fui trabalhar, porque a Sara disse que precisava de um favor urgente meu. Disse que era um caso de vida ou morte.
Eu sei que a Sara é exagerada, mas ela tem três filhos ainda bebês e que são meus afilhados. Associei o “caso de vida ou morte” a eles, fiquei preocupado e decidi que era melhor nem ir trabalhar. Acordei cedo e fui direto para a casa dela. Nem banho tomei.
Lá, recebi a revelação bombástica.
Sara: Precisamos decidir agora o que fazer no aniversário das crianças.
Adalberto: Sara, depois a gente decide isso. Qual favor que você precisa de mim.
Sara: É isso. Que você me ajude a decidir o que a gente vai fazer no aniversário dos trigêmeos.
Adalberto: Eu faltei o trabalho para isso? Sara, o aniversário dos bebês é no fim de setembro. Não dá para a gente pensar nisso daqui a uns seis meses?
Sara: Festa de um ano é coisa cara. A gente já tem que decidir o que fazer para já começar a pagar.
Eu não sabia se o que ela falou estava com erro de sintaxe ou se ela, de fato, me inseriu no “começar a pagar”. Na dúvida, fiz uma pergunta evasiva.
Adalberto: Como assim?
Sara: Adal, acorda! Nem eu nem você somos ricos. A gente precisa começar a pagar essa festa.
Ela me inseriu!
Adalberto: Já sei. Vamos fazer uma festa de palhaço.
Sara: Ah, não. Todo mundo faz festa de um aninho de palhaço.
Adalberto: Claro. Palhaço é alegria, é festa. Fora que as crianças ainda nem entendem o que é aniversário.
Só os palhaços dos pais, que gastam rios de dinheiro com festa.
E os padrinhos...
Sara: Vamos fazer de uma desses desenhos japoneses. Eles estão na moda.
Adalberto: Ah, não. Detesto boneco de olho grande. Se não for palhaço, eu não ajudo a pagar.
Achei que essa fosse a melhor maneira de dizer que eu não ia pagar a festa. Mas fui surpreendido.
Sara: Está bem, Adal! A gente faz a festa de palhaço.
Como a Sara é fácil! Que decepção.
Passei o dia todo com ela, rodando o Rio de Janeiro inteiro, atrás de enfeites, brindes, toalhas de mesa, aluguel de mesas e cadeiras, salão de festa, recreador, balão de gás, roupa de festa, bala, chiclete, chocolate, biscoito, serviço de buffet, grupo de teatro infantil... E mais outras milhões de coisas, que só passa pela cabeça das mulheres. Como, por exemplo, frutas cristalizadas.
Adalberto: Sara, onde a gente vai colocar frutas cristalizadas numa festa de um ano, de palhaço?
Sara: É verdade. Não faz muito sentido.
E quando eu achava que a tinha convencido...
Sara: Mas vamos lá ver as frutas cristalizadas mesmo assim. Qualquer coisa, a gente compra e, depois, pensa como usar. Você é criativo. Logo, logo descobre como usá-las numa festa de um ano.
E, assim, ela conseguiu me fazer não apenas comprar frutas cristalizadas, mas um montde de outras besteiras, que a minha criatividade jamais terá a capacidade de associá-las à festa dos trigêmeos.
Depois desse programa de índio, não tinha como eu não me identificar com o tema da festa...
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