quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Os fins justificam os meios ou Quilos ganhos na ceia de Natal vão parar na São Silvestre

Só hoje o meu ano começou de fato. O período entre Natal e Ano Novo foi mais intenso do que tudo o que vivi em 2011. Para começar o nosso amigo-oculto de Natal, na casa dos meus pais, foi um fiasco.

A brincadeira começou com a minha mãe.

Neide: Eu tirei uma pessoa muito chata, gorda, feia, mas que eu amo muito.

Camila: Meu pai!

Neide: Acertou.

Adalberto (pai): E eu tirei uma gordinha, que também é muito chato e feia, mas que eu também amo muito.

Sara: Tia Neide!

Adalberto (pai): Acertou.

E assim, começava o amigo-oculto mais sem graça do mundo.

Ane: Alguém tem que recomeçar.

Sara: Posso, primo?

Adalberto: Por mim...

Sara: Olha, gente, eu desconfio muito da pessoa que eu tirei. É que ele não me dá satisfação de tudo o que faz, não me liga para dizer se vai chegar mais tarde, toda sexta-feira tem futebol com os amigos, não repara quando eu corto o cabelo, esquece o nosso aniversário de casamento...

Adalberto: Sara, você vai mesmo lavar roupa suja no dia do Natal?

Sara: Ué, você já sabe quem eu tirei?

Marjorie: Ai, Sara, pelo amor de Deus.

Lu: Oswaldo, vai lá pegar o seu presente.

O melhor foi saber quem o Oswaldo tirou.

Oswaldo: Eu só queria que ela desconfiasse menos de mim.

Marjorie: Ah, não acredito que o Oswaldo tirou a Sara!

Eu acreditei. Afinal, tratava-se de um amigo-oculto da minha família. Não podia ser normal.

Na sequência, a minha irmã tirou o Eduardo, seu marido. E adivinhem quem ele tirou.

Eduardo: Eu tirei a Camila.

A Camila é a minha irmã. Olha só que emocionante foi essa brincadeira!

Adalberto: Agora, eu recomeço. Eu tirei o cara mais gato, lindo, inteligente, charmoso, interessante, gostoso do mundo.

Marjorie: Adal, você se tirou?

Adalberto: Sim.

Lu: E quem disse que você é isso tudo?

Adalberto: Eu não sou isso tudo. A gente não diz o contrário do que a pessoa é, quando vai revelar quem tirou?

Lu: Ah, tá. Então, você falou a verdade.

Adalberto: Cretina!

Marjorie: Adal, por que você não trocou de nome, quando viu que se tirou?

Adalberto: Porque eu não aguento mais receber presente, que eu não vou usar de vocês. Quem recomeça?

Ane: Eu. Tirei a pessoa mais horrorosa, xexelenta, escrota e burra da face da Terra.

Lu: Bom, se você também falou o contrário do que a pessoa é, você só pode ter me tirado.

Ane: Não. Eu me tirei.

Marjorie: Ah, gente, que coisa mais sem graça.

Essas foram as palavras mais sábias da noite de Natal.

Adalberto: Aproveita que você está indignada e descasca a pessoa que você tirou. Recomeça.

Marjorie: Eu me tirei.

Ane: Ué, por que você também não trocou de nome, quando viu que se tirou, meu bem?

Marjorie: Porque eu fui a última a pegar o papelzinho com nome. Não tinha como eu trocar.

Lu: Gente, posso recomeçar?

Adalberto: Vai, Lu.

Lu: Eu acho que houve alguma coisa errada. No meu papelzinho está escrito Du. Du é o Eduardo, não?

Camila: Ué, no papel que eu tirei estava escrito Eduardo mesmo. Não Du.

Sara: Isso mesmo. A Lu que fez confusão. Eu escrevi Lu. Não Du.

Adalberto: Ou seja, ela tirou a si mesma e perdeu uma ótima oportunidade de se dar um presente incrível.

Eduardo: Lu, passa para cá o meu presente, então.

Lu: Droga! A tua sorte é que eu não gosto de bermuda de tactel.

O Eduardo foi o que mais se deu bem nesse brincadeira. E olha que ele nem tem o sangue da família...

Marjorie: Foi a Sara que escreveu os nomes nos papeis?

Adalberto: Foi. A letra dela é horrível.

Lu: É. E eu me ferrei nessa, porque comprei um presente para o Eduardo.

Adalberto: Não liga, não, lindona. Eu me ferrei em todos os amigos-ocultos que eu participei até hoje. Esse foi o primeiro que eu recebi algo que vou usar.

Tenho que confessar: foi completamente sem graça. Mas eu me dei um presente que eu queria. Eu me amo por isso!

Neide: Meninos, vamos comer?

Adalberto: Vamos!

Comemos tudo e bebemos todas. Essa foi a melhor parte do evento, que esse ano, não contou com a chegada do Papai Noel.

O meu pai bebeu tanto, que à meia-noite, não tinha a menor condição de vestir aquela roupa vermelha quente.

Sara: Os meus filhos não vão ver o Papai Noel no primeiro ano de vida deles.

Neide: Ah, minha filha. Eles só têm três meses. Deixa para o ano quem vem. Já vão estar maiores e vão curtir mais.

Camila: É mãe, mas o meu filho também não viu Papai Noel. Ele já tem 4 anos.

Neide: Camila, o Diego já está até dormindo. E, de mais a mais, ele tem pavor de Papai Noel.

É... O Diego tem mesmo pavor de Papai Noel. E se ele visse como o avô dormindo no chão, roncando como um porco, e descobrisse que ele cara era o Papai Noel da família, ele teria ainda mais razão em não gostar de Papai Noel.

Nos dias seguintes, que antecederam o Ano Novo, não tive como trabalhar, tamanha era a minha ressaca. E no dia 31, participei da Corrida de São Silvestre, à tarde, para tentar perder de uma só vez os três quilos que ganhei de presente de Natal.

Desmaiei no meio do percurso.

E quando acordei no hospital, depois de algumas horas, já era Ano Novo.

Feliz 2012!

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