sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Os blocos de rua que não vi passar

Ontem, começou oficialmente o carnaval. Eu estava de folga em casa e acabei dormindo mais que a cama. É sempre assim: quanto mais a gente dorme, com mais preguiça a gente fica. Acordei na hora do último bloca de rua. Liguei para a Marjorie assustado.

Marjorie: Adal, eu não consigo te ouvir. Vem para cá. Aqui, está tudo de bom.

Adalberto: Mas e se eu não te encontrar? E se eu não conseguir chegar a tempo? E com qual fantasia eu vou?

Eram tantas questões e ele sequer podia me ouvir...

O fato é que eu tinha me programado para ir a quatro blocos no mesmo dia e, em cada um deles, eu usaria uma fantasia diferente. Agora, eu estava com roupas de pirata, pierrot, marinheiro e sheik. E uma dúvida cruel: qual delas usar?

Resolvi que a Sara era a pessoa que me daria o veredicto. Liguei imediatamente para ela.

Sara: Adal, quem sou eu para fazer essa escolha de Sofia? Eu não fui capaz de decidir a fantasia dos meus filhos.

Adalberto: Mentira que os trigêmeos não vão curtir o primeiro carnaval da vida deles.

Sara: Ah, eles vão curtir como o pai deles: assistindo aos desfiles pela televisão.

Adalberto: Que decadência isso, hein... Não gostei.

Sara: Você bem que podia ter me ajudado a escolher a fantasia deles. Você não é o padrinho?

Interpretei isso como um repasse de responsabilidade e achei melhor bater com o telefone na cara dela. Era o que eu podia fazer de mais sutil naquele momento.

Liguei par a Lu, achando que, talvez, ela pudesse me salvar.

Lu: Olha, você me desculpa, mas eu não tenho capacidade para opinar nessa caso.

Adalberto: É muito difícil, não é?

Lu: Difícil? Isso é muito fútil, Adalberto Monteiro Neto. Muita falta com o que se preocupar. Faz o seguinte: se veste de faxineira e vai lá para a minha casa lavar louça.

Eu queria matar a Lu. Ela já me importunou com problemas muito mais fúteis do que esse meu. E, para falar a verdade, não vejo futilidade nenhuma da minha parte.

Liguei para a Ane, só para cumprir o ciclo das primas, mesmo sabendo que de lá não sairia nada de muito inteligente.

Ane: Adal, joga as fantasia para o alto de olhos fechados e veste a que você pegar.

Caramba, achei ótima a ideia. A parte ruim foi que eu fiz isso com o ventilador de teto ligado, e destruí quase todas as fantasias. Mas o bom foi que eu fiz um mix com o que sobrou e o resultado ficou entre o exótico e o engraçado.

Pena que não cheguei a tempo de sair com o bloco de rua. Quando cheguei no local, o que vi foi uma rua vazia e completamente suja de confetes, serpentinas e latinhas de cerveja. Mas isso era o que menos importava. Eu estava tão feliz por ter conseguido usar, pelo menos, parte de todas as fantasias, que eu tinha planejado, que nada era capaz de me abalar.

Voltei para a casa com a sensação de missão cumprida.

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