Falei ontem com a Ane ao celular. Ela estava inconsolável.
Adalberto: Por que você quer se matar, Ane? Não começa.
Ane: Porque o meu carnaval foi uma merda.
Adalberto: Ué, mas não foi isso que você me falou na segunda.
Ane: Claro! Eu só conheci o Jorgecson na terça.
Adalberto: Quem é Jorgecson?
Ane: O amor da minha vida.
Adalberto: E os outros quinze, que você me disse que tinha pegado? Não rola de trocar o Jorgecson por um deles?
Ane: Não. Os outros quinze foram só uma limpezinha de pele.
Adalberto: E o Jorgecson é o quê? Um tratamento intensivo de estética?
Ane: O Jorgecson é tudo. É o sol, o mar, as estrelas, o ar, a terra, a fauna, a flora, o real, o virtual, o surreal, o infinito...
Adalberto: Ah, para, Ane! Como é que alguém pode ficar completamente apaixonada, por uma pessoa que conheceu na farra de carnaval?
Ane: Basta essa pessoa ser incrível. Adal, eu quero o Jorgecson para a vida toda. O que eu faço.
Adalberto: Não sei. Liga para ele.
Ane: Eu sou uma idiota e não peguei o telefone dele. Estava trêbada, louca e saí da casa do cara sem nenhum contato dele.
Adalberto: Ué, então, vai até a casa dele.
Ane: Eu fui, rodei o Méier inteiro, mas não consegui achar.
Adalberto: Qual é o nome da rua? De repente eu conheço.
Ane: Eu não sei, Adal. Nem isso eu vi. Mas eu achei que eu lembrasse como chegar. Gastei um tanque inteiro de combustível e nada.
Adalberto: Procura ele no Facebook. Não acho que devam existir muitos Jorgecson no mundo.
Ane: Existem um milhão de Jorgecson no Facebook, Adal. Cheguei no duzentos e noventa e cinco mil e cansei de procurar. Desisti.
Adalberto: Ah, então, se você desistiu, parte para outra.
E isso soou como o melhor conselho da vida dela. Ela desencanou do Jorgecson num átimo.
Ane: Obrigada, primo. Já nem sei mais quem é Jorgecson. Te amo.
Hoje, ela me ligou com uma boa notícia.
Adalberto: Ah, fala logo, porque ue sou péssimo para adivinhações.
Ane: Estou namorando o Jorgecson.
Adalberto: Jura? Como é que você conseguiu encontrá-lo?
Ane: No Facebook.
Adalberto: Ué, continuou com a busca.
Ane: Não. Ele é um daqueles duzentos e noventa e cinco mil.
Adalberto: Como assim, Ane? Que coincidência!
Ane: Coincidência por que, Adal? Enquanto eu buscava o Jorgecson naquela lista de um milhão de Jorgecson, eu, que não sou boba nem nada, cutuquei alguns Jorgecson, que achei gatinhos.
Adalberto: Que danadinha você, hein...
Ane: Não estou morta, meu bem.
Adalberto: Que bom. Tomara que dê tudo certo.
Ane: Já deu, primo. O Jorgecson é o amor da minha vida.
É... Enquanto há Jorgecson, há esperança.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário