terça-feira, 27 de março de 2012

O (quase) batismo dos trigêmeos da Sara - Tentativa 1

Ontem, depois de seis meses depois do nascimento dos trigêmeos da Sara, foi o dia do batismo. Estava marcado para às nove, mas ansioso que sou, cheguei uma hora mais cedo.

Meia-hora depois, chegou a Sara esbaforida, com o Oswaldo e os bebês.

Sara: Ai, primo, estou mega atrasada.

Adalberto: Sara, a igreja ainda não está aberta. O batismo vai começar daqui a meia-hora.

Sara: Então, eu preciso ir ao banheiro retocar a maquiagem, tirar a oleosidade do rosto. O pessoal da filmagem já deve estar chegando.

Foi ela falar e eles chegaram já filmando tudo.

Adalberto: Eles já estão filmando a gente mesmo ou é impressão minha.

Sara: Ai, que vergonha, Adal. Vou correr para o banheiro.

Oswaldo: A Sara pediu para o pessoal gravar desde a nossa chegada até o fim do batismo. Se solta, Adal, você está muito travado.

Se eu me soltasse, eu ia me cagar todo.

Adalberto: Eu estou solto.

Meu pai, minha mãe, minha irmã, o Eduardo e o Diego chegaram e dividiram comigo o foco do cinegrafista.

Neide: A igreja ainda está fechada?

Adalberto: Estranho. Faltam só dez minutos para começar...

Neide: Eu vou lá abrir.

Camila: Não, mãe, por favor.

Adalberto: É, mãe, não inventa de tomar esporro do padre.

Adalberto (pai): Eu vou aqui no bar ao lado tomar uma cachaça para poder aguentar a ladainha do padre.

Adalberto: Pai, o cara está filmando.

Meu pai não sabia onde enfiar a cabeça.

Adalberto (pai): Eu achei que ele estivesse testando a filmadora.

Camila: Eu também não sabia que estava filmando, não.

Neide: Eu também não sabia que estava filmando.

Adalberto: Mas está. A Sara pediu para ele fazer registros da gente aqui fora também.

E todos ficaram nitidamente sem graça.

Camila: A Sara é surreal.

Sara: Quem é surreal?

Camila: Ih, estava onde, mulher?

Sara: Retocando a maquiagem. Cadê as madrinhas desnaturadas do meu filho, hein?

Adalberto: Olha ali. Estão chegando.

Ane, Lu e Marjorie já chegaram brigando.

Neide: Que cara é essa, Marjorie?

Marjorie: Tia, essas duas... Só matando.

Lu: Ah, garota, cala a boca. Não marco mais nada contigo.

Marjorie: Nem eu com você.

Ane: A gente nem está atrasada.

Marjorie: Estamos, sim, o batismo estava marcado para meia-hora atrás.

Caraça! A gente nem se deu conta de que a hora tinha passado e ninguém abriu a igreja.

Eduardo: Ninguém vai abrir a igreja, não?

Sara: Oswaldo, vai lá ver isso.

Oswaldo: Eu, não. Vai você.

Adalberto: Deixa que eu vou.

Dez minutos depois, voltei com novidade.

Adalberto: Gente, tinha uma beata lá dentro fazendo faxina, que me disse que o padre viajou para um encontro com o Papa.

Sara: Como assim?

Ane: E a gente só fica sabendo disso agora?

Lu: Sacanagem.

Adalberto: Ela disse que o padre ligou para todas as mães, cancelando o batismo.

Neide: Mas, pelo visto, esqueceu da Sara. E a gente que se ferrou com isso.

Adalberto: Sara, você... Nada, deixa.

Marjorie: Vamos embora, gente. Eu tenho mil coisas para fazer. Só vim mesmo, porque eu sou madrinha.

Ane: Ainda não é. Não batizou.

Lu: Tia Neide posso voltar com a senhora?

Marjorie: Acho melhor mesmo.

Neide: Pode, minha filha.

Eduardo: Cadê o Diego?

Neide: Deve estar aprontando. Está muito quieto.

Lu: Está lá em cima daquela árvore, arrumando ideia de se arrebentar.

Eduardo: Vou lá bater nele.

Camila: Eduardo, fala com ele direito. A gente assistiu tanto à Supernanny, antes de ter esse garoto, mas não adiantou nada.

Adalberto: Gente, e o meu pai, hein?

Eduardo: Está lá fora bebendo até agora.

Ane: Tio Beto também esqueceu do batismo.

Lu: Esqueceu nada. Duvido que ele não está de conchavo com o padre. Tio Beto não é santo, não, gente.

Neide: Não é mesmo, minha filha. Nem te conto.

Ane: mas essa história de padre ter ido se encontrar com o Papa não me convenceu.

Marjorie: Esse padre é um filho da mãe!

Não é, não. Pela cara de sem graça da Sara e o olhar cúmplice do Oswaldo, eu já podia imaginar tudo: o padre ligou, mas como ela não atende número de celular que não conhece, ignorou a chamada. Com certeza, ela não tem o telefone do padre salvo e acabou não atendendo o pobre coitado, que levou a culpa.

Caramba, os caras da filmagem são muito sem noção! Continuaram filmando a discussão da minha família na porta da igreja.

Adalberto: Ei, vocês aí! Tem como dar uma paradinha na filmagem?

Que saco!

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