Ontem, a Ane me ligou literalmente perdida.
Ane: Adal, eu estava indo para Vila Valqueire para conhecer um carinha da internet, mas vim parar em Belford Roxo.
Adalberto: Como assim? Por que isso?
Ane: Aquele GPS do Paraguai que eu comprei...
Adalberto: Eu já te falei para parar com essa mania de comprar tudo do mais barato. O barato, às vezes, sai muito caro.
Ane: É... E esse me saiu pela hora da morte. Eu estou num lugar muito sinistro.
Adalberto: Sério?
Ane: Sério, primo. Estou morrendo de medo, primo. Estou rodando por aqui a esmo, porque acho que se eu parar o carro nesse lugar que eu estou, vão levar até a minha calcinha.
Adalberto: Esse GPS de merda não fala português?
Ane: Diz no manual que sim. Mas é um portunhol muito confuso. Aí, preferi colocar no espanhol e me ferrei.
Adalberto: É por isso que eles vendem o produto barato. Economizaram no tradutor...
Ane: O seu carro já voltou do mecânico?
Adalberto: Já, sim. Voltou hoje.
Ane: Ai, primo, vou te pedir um favor, então, porque sozinha eu não vou conseguir sair daqui.
Ah, não! Ela ia pedir para ir lá Belford Roxo resgatá-la. Mas, para a minha sorte, o meu telefone convencional tocou. Essa era uma ótima desculpa para eu desligar e sair pela tangente.
Adalberto: Anita, vou atender o telefone daqui de casa. Estou esperando uma ligação importante de lá do trabalho.
Ane: Está bem. Eu espero.
Putz!
Adalberto: Alô.
Lu: Primo, eu acabei de terminar com o Idelfonso.
Adalberto: E aí?
Lu: E aí que eu estou um caco e queria te pedir um favor.
Adalberto: Fala, meu amor.
Lu: Você pode vir aqui em Belford Roxo me buscar, porque o cachorro do Idelfonso é tão cretino, que não vai nem me levar em casa? E eu não tenho um centavo aqui. Nem para a passagem de ônibus, primo.
Belfordo Roxo! Eu não estava acreditando! Deus existe! Antes que eu tivesse a brilhante de promover o encontro das duas, um milagre aconteceu: a Ane atropelou a Lu.
Não foi nada demais. A Lu estava atravessando a rua desatenta, falando ao celular comigo. E a Ane, que já é meio avoada, estava completamente desorientada, por estar num lugar perigoso e que ela não conhecia. Graças a isso, a Ane passou de raspão pela Lu, que caiu num buraco de lama. Fora o fato de ter ficado completamente suja, a Lu estava inteirinha.
Viu como é a vida? Uma estava indo conhecer um carinha da internet em Vila Valqueire, se perdeu, foi parar em Belford Roxo, num lugar perigoso e estava morrendo de medo. A outra perdeu o namorado, ficou na rua da amargura e não tinha como voltar para casa de Belford Roxo.
Uma precisava de ajuda para sair de lá e a outra, de um meio para sair de lá.
Uma atropelou a outra, por sorte não foi nada grave, e eu não precisei sair de casa.
Deus existe.
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