Lu: Eu mexi no celular do Roanilson. Ele manda mensagem de texto para tudo o que é mulher. Tem até uma conhecida nossa.
Adalberto: Mentira! Quem?
Lu: A Ane. Eles estão saindo.
Adalberto: Sério?
Lu: Sério.
Adalberto: E o que você vai fazer com eles?
Lu: Com ela nada. Ela não tem culpa. Nem sabia que eu estava ficando com o Roanilson.
Adalberto: Ah, tá. que susto. Achei que ela estivesse furando o teu olho.
Lu: Não. Uma periguete jamais fura o olho de uma amiga. Ainda mais sendo prima. Essa é a nossa lei.
Que bom que existe essa lei!
Adalberto: Mas e aí? Você vai terminar com ele?
Lu: Não. Mas eu combinei com a Ane um jantar na sua casa. Com a desculpa de que eu quero apresentar a minha família para ele, vou colocar esse safado frente a frente com a Ane. Quero ver a cara desse safado.
Adalberto: E eu tenho que aceitar isso na minha própria casa?
Lu: Não precisa, primo. A gente obriga você a isso.
Eu, claro, cedi à armação das minhas primas.
Quando o Roanilson chegou a minha casa e deu de cara com a Ane, começou a sua copiosamente. De nervoso, claro.
Lu: O que foi, amor? Que cara é essa? Parece que viu bicho...
Roanilson: Eu não estou muito bem. Acho melhor a gente ir para casa.
Ane: De jeito nenhum. Vai fazer desfeita? Eu cozinhei especialmente para você. Estava ansiosa para conhecer o meu mais novo priminho. O que você está sentindo primo?
Roanilson: Enjôo.
Ane: Vamos lá no quarto do Adal. Vou pegar um Plasil para você.
Lu: Vê lá o que você vai fazer com o meu namorado no quarto, hein.
Ane: Fica tranquila, prima. Eu não esqueço da nossa lei.
Lu: Acho bom mesmo.
No quarto, a Ane tentou seduzir o Roanilson.
Roanilson: O que você está fazendo, sua maluca?
Ane: Tirando a roupa, ué.
Roanilson: Está doida? Coloca isso!
Ane: Só se você me der um beijo.
Roanilson: Que beijo? Comeu merda?
Ane: Eu, não. Me beija, senão eu tiro a roupa e grito. Digo que foi você que mandou.
Roanilson: Não. Eu não posso terminar com a Lu. Graças a ela, eu estou para fechar um contrato bom entre a minha empresa com a rede de salões, em que ela trabalha. E a minha comissão vai ser muito boa.
Ane: É mesmo?
Roanilson: Fora que, por causa disso, o meu chefe disse que vai me promover. Mas se Lu descobrir alguma merda minha, eu estou ferrado. Ela pode cancelar o negócio.
Ane: É mesmo?
Roanilson: Fora que, por causa disso, o meu chefe disse que vai me promover. Mas se Lu descobrir alguma merda minha, eu estou ferrado. Ela pode cancelar o negócio.
Ane: Então, me beija, anda!
Roanilson: Então, vem cá, sua vagabunda. Anda logo.
E, enquanto o beijo rolava, a Ane, com uma das mãos fotografou a infração do Roanilson com o celular.
Quem foi que disse que o celular veio para facilitar a vida das pessoas?
Roanilson: Pronto, está bom assim?
Ane: Não.
Roanilson: Quer mais um beijo?
Ane: Não. Chega de beijo. Eu quero brincar de "o mestre mandou".
Roanilson: Como assim? Que palhaçada é essa?
Ane: Eu fotografei a gente se beijando pelo celular. Olha aqui. E nem adianta tomar o telefone da minha mão e deletar a foto. Eu já enviei para o meu e-mail. Portanto, você vai fazer tudo o que eu mandar ou eu mostro para a Lu, que você é um safado.
Roanilson: Mas ela vai ver que você também é uma safada, se você mostrar essa foto para ela.
Ane: E se eu mostrar essa foto, mais as milhões de mensagens que você me enviou, de quando você já estava ficando com ela e eu nem sabia? Hein?
Roanilson: Está bem. O que você quer que eu faça?
Ane: Por ora, você não pode dar um beijo sequer na Lu.
Roanilson: Mas ela é minha namorada.
Ane: Problema é seu. Eu não sou obrigada a ver essa cena. Ou ela também verá você me beijando. Escolhe.
Roanilson: Tudo bem.
O clima do jantar foi fúnebre. Eu estava tão nervoso quanto o Roanilson.
Lu: Ai, vocês estão tão sérios. Conta uma piada, amor. O Roanilson é ótimo para piadas.
Roanilson: Eu ainda estou meio mal. Vamos deixar a piada para depois, está bem?
Ane: Ah, não, Roanilson. Eu quero rir. Conta uma piada... Deixa eu ver... Sobre traição.
Depois de uns quinze segundos de silêncio, que pareceram durar toda uma vida, ele se pronunciou.
Roanilson: O Joãozinho entrou no quarto dos pais e pegou eles se beijando. Aí, ele disse: pai, vou contar para a empregada, que você está beijando a mamãe.
Ane: Ah, muito boa. Adorei. Ainda bem que foi com a empregada, né? Imagina se fosse com a prima?
Eu calado estava. calado fiquei. Enquanto isso, por debaixo da mesa, a Ane, esfregava a sua perna na do Roanilson.
Lu: Amor, me dá um beijo.
Roanilson: Lu, eu estou comendo. Isso é não é higiênico.
Lu: Nossa, você não é assim. Não tem nojo de nada.
Roanilson: Não é questão de nojo.
Adalberto: Estou com sede. Vou pegar um refrigerante.
Ane: Não. Deixa que o Roanilson pega. Querido, pega o guaraná para a gente na geladeira, por favor?
Roanilson: Está bem.
Lu: O que é isso? O meu namorado é seu escravo agora?
Ane: Não. É meu priminho fazendo favor para mim.
Lu: Sei... Parece que você já se conhecem de antes.
Ane: Não, prima. Nunca vi o Roanilson mais gordo. Até porque ele de gordo não tem nada.
O clima estava tenso e eu estava me sentindo em Avenida Brasil. Não na via perigosíssima do Rio, mas na novela do João Emanuel Carneiro.
Ane: Lindão, agora me serve. Não adiantar trazer o guaraná e deixar em cima da mesa.
Roanilson: Ah, desculpa. Mais alguma coisa?
Ane: Sim. Agacha no chão e cacareja.
Roanilson: O quê?
O Roanilson olhou para a Lu tentando algum apoio, mas ela estava impassível.
Ane: Agacha no chã e cacareja, seu galinha safado.
Adalberto: Gente, por favor, isso é sério?
Ane: Cala a boca, Adal. Não se mete.
Lu: Você vai fazer o que ela está te mandando?
Roanilson: Eu? O que agachar no chão e cacarejar? Isso aqui, olha...
E ele agachou no chão e cacarejou para o meu maior espanto!
Roanilson: Isso, eu não faço de jeito nenhum... Na casa de estranhos!
Ane: Ai, Roanilson, você é muito espirituoso. E espirituoso deriva de espírita e os espíritas recebem santo. Recebe aí um santo para eu ver, anda.
Roanilson: Mas eu não sei.
Ane: Finge, anta.
Roanilson: Eu não sei, olha só...
E não é que o cara fingiu que estava recebendo santo?
Lu: Amor, eu sabia que você era engraçado, mas não superengraçado. Me dá um beijo aqui.
Roanilson: Depois.
Lu: Mas você já acabou de comer. Me beija.
Roanilson: Não, amor, isso é falta de educação. Na frente dos outros.
Lu: Ué, você me beijou na frente da sua família.
Roanilson: Mas era minha família. Eles já estão acostumados comigo.
Lu: E a minha família já está acostumada comigo, ué. Me dá um beijo.
A campainha tocou.
Adalberto: Ué, quem será?
Ane: Deve ser a farmácia. Eu pedi Plasil para o Roanilson. Não tinha no seu quarto.
Lu: Eu abro a porta.
Ane: Não. Deixa que o Roanilson abre. É para el o remédio. Ele recebe o carinha da farmácia, aproveita e paga. Ah, eu pedi uns xampus, uns condicionadores e uns cremes. São meus. Paga pra amim, que depois eu te dou.
Roansilson: Tudo bem.
Essa Ane é uma Nina mesmo.
E enquanto o Roanilson recebia o carinha da farmácia, a confabulação rolava a solta na mesa.
Lu: Você está se saindo muito bem, hein, sua cachorrinha.
Ane: Eu pedi tudo em dobro para você também, prima. Não vamos gastar dinheiro com xampu, condicionador, creme e hidratante tão cedo. Fiz uma boa compra, prima.
Lu: Obrigada, Nina.
A nossa risada despertou a atenção do menino da farmácia.
Ane: Olha só como ele é gatinho.
Lu: Pois é, eu gostei. E ele está me olhando.
Ane: Sério? Quer dar um beijo nele?
Adalberto: Ah, não, gente. Isso é muita maldade.
Lu: Ah, eu quero.
Meu Deus!
Ane: Roanilson, já pagou?
Roanilson: Acabei de passar o cartão. Prontinho! Tudo pago.
Ane: Agora, chama o menino da farmácia, por favor.
O rapaz entrou cheio de si, como se estivesse em casa.
Ane: E aí, bonitão. Eu reparei que você ficou olhando para a minha prima lá de fora. Está a fim de dar um beijo nela.
E o garoto nem respondeu. Lançou um olhar 43 para a Lu e tascou-lhe um beijo. A Ane, óbvio, fez uma foto de beijo com o Roanilson, ao fundo, olhando tudo com cara de babaca.
Ane: Obrigado, querido. Pode ir. E leva esse corno sabido com você. Vai lá, Roanilson.
Roanilson: Eu? Mas...
Lu: Não ouviu o que a sua mestra falou? Vai embora, corno sabido! Eu não quero mais você.
Ane: E se você aprontar alguma coisa contra ela, eu mostro os vídeos que eu fiz de você recebendo santo e agachado cacarejando na sua vizinhança, naquela pobreza de lugar que você mora.
Lu: Tchau, amor. E não me aparece lá no salão. O contrato com a sua empresa já foi cancelado. Ou seja, eu não precisa olhar nessa sua cara safada nunca mais.
Ane: Tchau, bem. Deixa as minhas encomendas aí nessa poltrona e mete o pé.
E quando ele ia tirando o plasil do saco plástico...
Ane: Ah, o Plasil também. A gente sabe muito bem que o seu enjôo não era de verdade. Você é um péssimo ator. Deixa o remédio aí, que eu vou dar para o Adal de presente. O meu priminho querido também merece ganhar alguma coisa de você, né, otário? Agora, rala!
E quando ele ia tirando o plasil do saco plástico...
Ane: Ah, o Plasil também. A gente sabe muito bem que o seu enjôo não era de verdade. Você é um péssimo ator. Deixa o remédio aí, que eu vou dar para o Adal de presente. O meu priminho querido também merece ganhar alguma coisa de você, né, otário? Agora, rala!
E ele saiu batendo a porta.
Lu: Toca aqui prima. Você arrasou.
Ane: Nós arrasamos.
Adalberto: Meninas, vocês são muito más. Vocês não vão fazer nada com essas fotos e vídeos do Roanilson, né? Chega de atazanar a vida do coitado.
Lu: Não sei. Vamos pensar sobre esse assunto depois.
Ane: É... Por enquanto, eu estou gostando de brincar de ser atriz de Avenida Brasil.
Lu: Eu também.
Eu prefiro assistir pela televisão. Mas até que me diverti com a atuação das minhas primas...
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