sábado, 18 de agosto de 2012

Lu desiste de vaga de quinta mulher do Mr. Catra ou Para ser cachorra é preciso ser adulta

A Lu voltou na quinta-feira para casa em polvorosa, depois de uma incursão a um famoso baile funk do Rio. E ela não esperou o dia seguinte para me ligar e contar a boa nova.

Lu: Eu sou a mais novo primeira-dama do funk, meu bem. Estou namorando o Mr. Catra.

Adalberto: Lu, isso são horas de me contar uma bomba dessas?

Lu: Bomba, eu vou ser rica, não vou mais precisar de trabalhar, Adal. Quer coisa melhor do que isso?

Adalberto: Quero ver você conseguir um solteiro da MPB.

Lu: Ai, Adal, você é preso a esses modelos que a sociedade cria, né? Casamento, fidelidade...

Adalberto: Não. Eu sou prático. Você não assistiu ao Profissão Repórter de terça-feira, não?

Lu: Não.

Adalberto: Lindona, o Mr. Catra é casado com quatro mulheres e tem mais de vinte filhos. Já pensou como deve ser difícil administrar isso tudo com os zilhares de shows que ele faz por ano? Para para pensar.

E depois de três segundos eternos de silêncio...

Lu: As mulheres podem fazer o mesmo com ele?

Adalberto: O mesmo o quê? Ter outros maridos? Nem pensar. Ele exige fidelidade.

Lu: É...

Adalberto: É o quê?

Lu: Estava pensando numa coisa.

Medo.

Adalberto: Que coisa?

Lu: Eu vou pagar com a mesma moeda para esse cachorro. Ele vai ver como é bom para tosse o que ele faz.

Adalberto: Sua maluca, comeu banana? Não me faça uma coisa dessas. Está cansada de viver? 

Lu: Como assim? Ele vai me matar por fazer a mesma coisa que ele faz?

Adalberto: Lu, não é isso. Essas coisas a gente não fala por telefone. Tem como você vir aqui em casa? 

Lu: Agora?

Adalberto: Não. Vamos esperar o sol nascer, toma o teu café tranquila, depois, vem.

Lu: Ai, Adal, agora fiquei ansiosa. Eu vou fazer o seguinte. Eu vou aí agora. Mas espero você acordar. Eu não vou conseguir dormir.

Adalberto: Está bem. Você tem chave, entra sem fazer barulho e fica me esperando no quarto de hóspedes, na sala, onde você quiser. Só não me acorda, por favor.

Lu: Prometo.

Quando ela chegou, a primeira coisa que ela fez foi me acordar.

Adalberto: Porra, não falei que não era para me acordar?

Lu: Adal, eu vou morrer de ansiedade. Eu estou prestes a roer as minhas unhas. Eu não quero ficar com cotoco de unha. Por isso, preferi te acordar.

Adalberto: Não acredito nisso. E quem vai reparar nas suas unhas?

Lu: Todas as mulheres do mundo. E vão falar horrores de mim. "Como é que ela tem coragem de sair com aquelas unhas? Nem para colocar unha postiça...".

Adalberto: E por que você não coloca unha postiça?

Lu: Alergia.

Adalberto: Ai, meu Deus, vamos lá na sala para eu te mostrar uma coisa.

Eu gravo toda a programação noturna para assistir quando não estou em casa. Coloquei o Profissão Repórter para a Lu assistir.

Adalberto: Assiste do início ao fim. E não desvia a tua atenção para nada.

Quando ela viu um punhado de futuras enteadas rebolando até o chão, ela chegou a uma brilhante conclusão.

Lu: Sabe, Adal, eu acho que eu vou pular fora desse barco. 

Adalberto: É?

Lu: É... Eu curto baile funk, mas isso foi uma decisão minha. Não sei se quero uma filha rebolando igual a uma cachorra desde pequena. Eu acho que a pessoa tem que ter o direito ao livre arbítrio

Adalberto: O que você está querendo dizer? Que ser cachorra tem que ser uma escolha e não a ordem natural da vida?

Lu: Claro, Adal! Para ser cachorra é preciso ser adulta.

Filosofou!

Adalberto: Você está certíssima. Que bom que mudou de opinião e não vai ser mais aspirante à vaga de quinta mulher do Mr. Catra.

Lu: Vamos fazer alguma coisa hoje?

Adalberto: Podemos. O que você sugere?

Lu: Um show de MPB. Mas de um cantor solteiro, hétero e sem filhos.

Saquei o que ela quer...

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