sábado, 27 de outubro de 2012

Lu vive emoções que dariam um capítulo de novela daqueles ou Salve Jorge!

Eu estava atrasado para o casamento da Paty, minha amiga do Segundo Grau, quando a Lu me ligou.

Lu: Adal, eu vou me suicidar.

Adalberto: Ai, Lu, não faz drama. Eu sei que você e as outras primas morrem de ciúmes das minhas amigas do Martins, mas eu não posso deixar de ir ao casamento de uma amiga.

Lu: Adal, é sério Elidnelson terminou comigo.

Adalberto: E daí? Ele é feio para caramba.

Lu: Eu sei mas ele tem dinheiro, né?

Adalberto: Lu, que coisa feia!

Lu: Adal, eu nunca tive a sorte de ter um namorado rico.

Adalberto: Já, sim. Você é que não lembra.

Lu: Mas esse é rico e me dá mesada. Tem coisa melhor do que isso? O meu salário fica limpinho só para mim. Com o dinheiro que ele me dava, eu pagava todas as contas. Já estava até pensando em parar de trabalhar.

Adalberto: Você é maluca. E ter que abaixar a cabeça para homem? Que mulher do século XXI é você?

Lu: Caguei pra mulher do século XXI. Eu quero é ganhar dinheiro sem ter que fazer esforço.

Adalberto: E ficar com Elidnelson não é um esforço para você?

Lu: Esforço, não. Caridade.

Adalberto: Então!

Lu: Mas Deus me recompensava por essa caridade. Você tem noção do último cheque que o Elidnelson me deu?

Adalberto: Tenho. Você me ajudou a pagar o conserto do meu carro.

Lu: Então, Adal. Vem aqui agora. Ele está lá embaixo pedindo o cordão que a avozinha deu para ele. Eu disse que vou me jogar junto com o cordão.

Adalberto: Por que isso, Lu?

Lu: Em vez de trazer uma recordação boa da vozinha dele, esse cordão vai fazer ele lembrar do meu suicídio. Vem logo para cá, para você ver eu me jogando.

Adalberto: Sua louca. Está falando sério?

Lu: Adal, eu vou me matar. O meu homem me deixou.

Adalberto: Eu estou indo aí. Me espera, então.

Lu: Está bem.

Eu sei que 95% dessa tentativa de suicídio era um drama da Lu. Mas os 5% de verdade é que fazem ter medo. Fui correndo para encontrar com ela ainda viva.

Não consegui estacionar na porta do prédio dela, porque todos os vizinhos estavam assistindo o escândalo que ela estava fazendo com o Elidnelson. Sabe, eu nunca fui com o cara dele, mas fiquei com pena da vergonha que a Lu estava fazendo o pobre coitado passar. Me meti na discussão.

Adalberto: Ô, Lu. Para de palhaçada. O cara só quer o cordão que a vozinha deu para ele. Ele não tem responsabilidade por nada que diz respeito a você, sua maluca!

Lu: Tem, sim. E você sabe que tem.

Adalberto: Eu? Eu não sei de nada. Bebeu cachaça?

Lu: Adal, eu vou me jogar daqui.

Adalberto: Que se jogar daí, o quê? Vamos nos jogar numa pista de dança, beber a noite toda...

Lu: Com que dinheiro. Eu gastei o meu dinheiro todo desse mês, contando com o ovo no rabo da galinha.

A Lu não disfarça que é interesseira. que coisa mais feia.

Adalberto: Amore, deixa eu te falar uma coisa. Sabe aquele meu amigo, que você cutucou no Facebook?

Lu: Aquele que já casou três vezes, em cinco filhos, mora no Flamengo, tem dois bulldogs franceses, casa em Cabo Frio, jet ski, uma Ferrari e gosta de fazer trilha.

Adalberto: Isso, o Soriolano! Ele disse que gostou de você.

Lu: Legal... Mas eu não gosto de fazer trilha.

Adalberto: E daí? Duvido que você seja completamente compatível com o Elidnelson. Só pela cara dele, eu já vejo que vocês não tem muito a ver.

Lu: Mas você sabe se ele vai se apaixonar por mim, vai querer namorar comigo, vai fazer o que o Elidnelson faz por mim?

Morri de vergonha de destacar ainda mais o lado interesseiro da Lu. Mas se tratava de um casa de lucro ou morte.

Adalberto: Claro que vai. Gata, o Soriolano tem bala. Confia em mim.

Lu: E como eu faço para encontrar com ele?

Adalberto: Ele vai ao casamento da Paty.

Mentira.

Lu: Então, eu vou com você, posso?

Adalberto: Claro.

Lu: Vou me arrumar. Me espera.

Adalberto: Então, joga o cordão do Elidnelson. Deixa ele ir embora.

Lu: Não. Só depois que eu tiver um feedback do Soriolano.

Eu tenho a chave da casa da Lu, então, enquanto ela se arrumava, sorrateiramente, peguei um cordão com com cara de cafona da década de 30, que ela deixou em cima da mesinha da sala, e fui correndo entregar para o Elidnelson. A essa altura, o povo que estava lá embaixo concentrado durante o escândalo, já havia se dispersado.

Quando saímos, a Lu estava tão focada no seu novo "projeto de vida", que nem sentiu falta do cordão do Elidnelson. Ufa!

Chegamos no fim do casamento da minha amiga. Uma pena. Pelo menos, tive a brilhante ideia de dizer que o Soriolano me passou um torpedo, dizendo que já tinha ido embora. A Lu ficou decepcionada, mas quando viu que a minha amiga ia jogar o buquê, foi correndo tentar pegá-lo. Mas não conseguiu.

A menina que buquê, no entanto, fez o favor de ostentar o seu namorado para toda a festa, enchendo-o de beijos, feliz e confiante na superstição de que, por ter conseguido tal feito, seria a próxima a subir ao altar.

Só que ela não imagina que isso fosse acontecer tão rápido. Eu estava cumprimentando os noivos, que não dei conta da Lu se atracando com o namorado da menina que pegou o buquê, atrás da imagem da São Jorge. O cara devia estar se achando o guerreiro, por ter conseguido dar um balão na namorada depois de uma cerimônia de casamento. Coitado, com São Jorge na área, não tem para ninguém

A baixaria ganhou um tom de humor, quando descobri que a tal menina que pegou o buquê era a atriz Nanda Costa, a protagonista da novela "Salve Jorge". Ela ficou em estado de choque, quando viu o seu namorado aos beijos com a Lu, atrás da imagem santa.

As donas-de-casa que estavam na igreja, fãs de Morena, personagem de Nanda, tomaram as dores da atriz e partiram para o ataque.

Até que a Lu não foi tão agredida. O alvo principal da mulherada foi o namorado da Nanda. Enquanto ele era espancado pela mulherada, eu só ouvia os gritos da atriz: Salve o Jorge! Salve o Jorge! Por um momento, achei que aquela era uma grande ação de marketing da novela. Tentei fazer um link da minha amiga Paty com a Glória Perez, mas, depois que o rosto do namorado da atriz começou a sair sangue e ela começou gritar: "Por favor, parem de bater no Jorge! O rosto dele está sangrando!", descobri que Jorge era o nome do cara. Caraca! Que coincidência!

Depois de expulsa do local, a Lu, humilhada, foi embora para casa. Eu fui com ela. Coitada, ela estava arrasada.

Lu: Eu quero apagar esse dia da minha vida. Fiquei sem o Elidnelson, sem o Soriolano e sem o namorado da Nanda Costa.

Adalberto: Sabia que a minha irmã é a nutricionista dela?

Lu: De quem?

Adalberto: Da Nanda Costa.

Lu: Sério? Eu vou falar para a Camila passar veneno para ela tomar.

Adalberto: Está maluca? A minha irmã adora ela. É mais fácil ela passar veneno para você tomar.

Lu: Ela não é doida...

E com a mesma astúcia que um mágico tira um coelho da cartola, a Lu me surpreendeu sacando o buquê do casamento da minha amiga, da sua bolsa.

Adalberto: Esse é o buquê?

Lu: Arram.

Adalberto: Lu, você roubou o buquê da Nanda Costa? Como é que foi isso?

Lu: Ninguém reparou. Foi antes da confusão. Eu tinha roubado o buquê e, depois, o namorado dela. O namorado ela recuperou, mas a sorte de ser a próxima a se casar, não.

Adalberto: Você é doida.

Lu: Eu sei. Por isso que você gosta de mim.

Adalberto: Pior que é mesmo.

Lu: Jura que não conta para a Camila? Ela vai querer que eu devolva para a pacientezinha. Eu não quero perder a minha sorte, primo.

Adalberto: Juro. Mas com uma condição: vamos para um bar encher a cara e esquecer esse dia famigerado. Pode ser?

Lu: Claro que não. vamos encher a cara para comemorar porque, em breve, o homem da minha vida vai aparecer e me pedir em casamento. Eu tenho um buquê de casamento em mãos, Adal!

Adalberto: Fechado!

Saímos, bebemos a noite inteira e, no fim do dia, por mais incrível que isso possa parecer, um mendigo bêbado, com cara de maluco, que estava sentado no chão, na esquina da rua, veio a nossa mesa na maior cara de pau e disse que ficou o tempo todo admirando a beleza da Lu. E, para completar, a pediu em casamento.

A Lu disse não para o mendigo, jogou o buquê no lixo e saiu sem nem pagar a conta. E eu fui atrás...

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