sábado, 20 de julho de 2013

Primas aproveitam a Jornada Mundial da Juventude para fazer peregrinagem...

Hoje, acordei bem cedo, porque combinei de ir correr com a Marjorie. Maior programa de índio ir correr num sábado de manhã, pensei em desistir, mas sabia que, se fizesse isso, a Marjorie ia me matar. Ela é toda certinha com as coisas e, quando marca, é raro furar.

Antes de sair de casa, liguei para ela, para avisar que estava a caminho.

Adalberto: Oi, Jojô!

Marjorie: Primo.

Adalberto: Que voz é essa? Está passando mal?

Marjorie: Não. Estou bem. Na verdade, estou passando muito bem. Mas não vou poder correr com você, não.

Adalberto: É? Está bem. 

Marjorie: Então, beleza.

Adalberto: Eu vou nessa, então.

Marjorie: Ok, lindão.

Adalberto: Se você quiser, mais tarde, eu posso esperar.

Marjorie: Não, primo, não vai dar hoje mesmo.

Eu estava morrendo de curiosidade em saber o motivo, e acho que ela me devia explicação, já que estava furando comigo. Enrolei ao máximo para a Marjorie me falar, mas como ela não fez isso, perguntei na careta de pau.

Marjorie: Um beijinho, Adal.

Adalberto: Um beijinho, nada! Posso saber por que você não vai?

Marjorie: Primo, é uma longa história.

Adalberto: Longa história? Resume, que ela fica pequena. Olha, se você não me contar, eu vou me plantar na porta da tua casa até você sair.

Marjorie: Conheci um peregrino da Itália, que é estilista num bazar. 

Adalberto: E o que é que esse peregrino estava fazendo num bazar, em vez de estar rezando? Fora que o cara vem da Itália para o Brasil, para ver o Papa... Que estranho.

Marjorie: Ué, não pode? O cara é estilista, veio ver o Papa e aproveitou para visitar um bazar. Peregrino também se diverte, vai à praia, sai para comer. Não reza o tempo inteiro, não.

Adalberto: É, mas os peregrinos que eu tenho visto pela cidade, só rezam e cantam o tempo inteiro, sim. Acho que eles nem comem. Bom, vou ligar para outra prima. Agora que levantei da cama, quero fazer alguma coisa. O dia está lindo.

Marjorie: Beijo.

Não respondi. Estava chateado. Liguei para a Lu. Ela atendeu, mas estava uma barulheira de gente cantando, que eu não conseguia entender nada do que ela falava.

Adalberto: Lu, eu não estou te ouvindo! Grita para eu poder te entender!

Lu: Eu estou num ônibus, com um grupo de peregrinos. Estou ficando com um peregrino da Bahia, Adal. Cheio de suingue. Virei peregrina também. Depois te conto tudo. Beijo!

Também não me despedi dela. Liguei para a Ane.

Ane: Oi, primusco!

Adalberto: Oi, lindona, tudo bem?

Ane: Tudo e você? Está bem?

Adalberto: Mais ou menos. 

Ane: Por quê?

Adalberto: Quero companhia para fazer alguma coisa. Acordei cedo e preciso sair de casa. Me acompanha numa caminhada na praia ou qualquer outra coisa?

Ane: Eu estou indo para a missa de sétimo dia da prima da cunhada da amiga da tia da mãe de consideração do melhor amigo do peregrino, que eu estou abrigando na minha casa.

Adalberto: Como assim abrigando? Você não se cadastrou.

Ane: Mas esse menino estava na casa da Adrielly, aquela minha amiga do Méier, dividindo quarto com mais dois outros. Ele estava dormindo no chão. Aí, eu ofereci para ele ficar na minha casa.

Adalberto: E já vai com ele para a missa de sétimo dia da prima da cunhada da sogra? Por que isso?

Ane: Acho que a gente vai namorar. Ele é de Minas. Veio para essa missa de sétimo dia da prima da cunhada da amiga da tia da mãe de consideração do melhor amigo e para ver o Papa. Depois da jornada, a gente ficou de conversar.

Adalberto: Mas o que você está pensando em fazer? Sustentar marmanjo aqui?

Ane: De jeito nenhum!

Adalberto: Ah, bom.

Ane: Eu vou para Minas e marmanjo é que vai ter que me sustentar lá.

Adalberto: Você é doida. Mas tudo bem. Depois que a jornada acabar, a gente se fala, então. pelo menos, para eu me despedir de você.

Ane: Não fala assim, que eu já fico pensando na despedida. Mas você vai me visitar lá em Minas, hein...

Desliguei com raiva, sem nem me despedir. Todas as minhas primas fazendo peregrinagem! Que coisa! Fiz minha última tentativa: a Sara. Essa é a casada, não vai me decepcionar.

Sara: Oi, meu priminho lindo.

Adalberto: Oi, amore, está podendo falar?

Sara: Posso, claro.

Adalberto: Está fazendo o quê?

Sara: Eu estou aqui na paróquia, perto de casa, fazendo uns pompons para a gente receber o Papa com muita animação e cor. Eu vou com o meu grupo em Copacabana, esperar ele passar no papamóvel.

Adalberto: Legal. Posso ir aí ajudar você a confeccionar os pompons?

Sara: É sério isso? Você quer vir ajudar a fazer pompom a uma hora dessas?

Adalberto: É. Acordei cheio de energia e preciso gastar, fazendo com qualquer coisa. Até pompom.

Sara: Ah, que bom. Então vem para cá ajudar a gente. Assim, você vai estar se doando. 

Adalberto: Me doando, não. Vou aí para ajudar. Quem está se doando é Ane, Lu e Marjorie. Não querem outra vida. Só na peregrinagem...

Sara: Ai, senhor! Essas meninas são fogo, viu. Adal, vem para cá, então, ajudar a gente, e Deus vai te retribuir em dobro.

Amém!

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