No domingo passado, recebi uma ligação estranha da Ane. Do outro lado da linha, uma voz robótica falava comigo.
Adalberto: Alô.
Ane: Adal, preciso que você venha aqui na minha casa agora.
Adalberto: Ane, é você?
Ane: Sim, sou eu. É que estou usando um aplicativo do meu celular, que transforma texto em áudio. Estou completamente sem voz, muito gripada, com dores fortes no corpo.
Adalberto: Ah... Mas por que você quer que eu vá aí agora?
Ane: Estou muito mal. Preciso da sua ajuda.
Adalberto: Tudo bem. Estou saindo agora. Beijo.
Ane: Beijo.
Muito estranho falar com um robô, como se fosse a minha prima, mas, enfim... Cheguei na casa dela meia-hora depois.
Adalberto: Oi, amore, o que você tem?
E antes que ela colocasse o celular para falar comigo...
Adalberto: Ah, não. Chega de falar com esse celular. Faz um esforço, vai. Eu saí da minha casa...
E ela escreveu: "eu não consigo falar ".
Adalberto: Então, escreve num caderno. Não quero mais falar com o seu celular. Peguei implicância.
Ane no caderno: "tudo bem"
Adalberto: O que você quer?
Ane no caderno: "preciso que você ligue para o Vinielson"
Adalberto: Como assim? Esse é algum carinha, que você está ficando?
Ane no caderno: "sim. ele não vale nada. vi no facebook, que ele saiu daqui de casa ontem e foi para uma festa. marcaram ele numa foto. quero que você ligue para ele e fale um monte"
Foi meio sem ritmo a minha conversa com a Ane. Eu ficava cansado em ter que esperar ela terminar de escrever para saber o que ela queria falar. Queria discutir, contra-argumentar, dizer que não ia fazer o que ela estava me pedindo, que o cara não valia a pena, não merecia a atenção dela, mil coisas... Mas fiquei com preguiça. Isso ia levar horas.
Fiz o que ela mandou. Liguei para o filho da mãe. Mas ignorei o texto que ela preparou para eu falar para ele. Improvisei. Aproveitei que estava em pé e fiz o meu stand up... comedy.
Vinielson: Oi, meu amor.
Adalberto: Olha só, meu amigo, aqui não é a Ane que está falando, não. É o Jujuba de Açaí. Já comeu Jujuba de Açaí?
Vinielson: Não.
Adalberto: É porque não existe Jujuba de Açaí para vender. Mas se tu quiser conhecer como é uma Jujuba de Açaí, é só você voltar a procurar a minha mulher. Eu sou casado com a Ane e descobri que vocês dois estava tendo um caso. Se tu voltar a aparecer na vida dela, eu te mato. Ouviu? Se tu encontrar com ela onde quer que seja, tu vai conhecer o sabor de uma Jujuba de Açaí. Mas vai ser só uma vez. Me fala se tu ouviu.
Vinielson: Ouvi.
A Ane, se tivesse com voz e força para levantar da cama, me xingaria de tudo e me colocado para fora de casa a vassourada.
Adalberto: Agora, tu me faz um favor. Deleta o telefone dela do teu celular.
Vinielson: Pode deixar, vou fazer isso.
Adalberto: Estou de olho em você, sei onde tu mora. Tchau.
Deliguei o telefone, deletei o número dele do aparelho da Ane e deixei uma caixinha de Tylenol na cama, ao lado dela.
Adalberto: Fiz isso porque te amo. Esse idiota não te merece. Depois, você vai me agradecer.
Ane no caderno: "você é um escroto. eu te odeio!!!"
E fui embora.
sábado, 13 de julho de 2013
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