sábado, 13 de julho de 2013

Ane recebe um stand up comedy em casa nada engraçado

No domingo passado, recebi uma ligação estranha da Ane. Do outro lado da linha, uma voz robótica falava comigo.

Adalberto: Alô.

Ane: Adal, preciso que você venha aqui na minha casa agora.

Adalberto: Ane, é você?

Ane: Sim, sou eu. É que estou usando um aplicativo do meu celular, que transforma texto em áudio. Estou completamente sem voz, muito gripada, com dores fortes no corpo.

Adalberto: Ah... Mas por que você quer que eu vá aí agora?

Ane: Estou muito mal. Preciso da sua ajuda.

Adalberto: Tudo bem. Estou saindo agora. Beijo.

Ane: Beijo.

Muito estranho falar com um robô, como se fosse a minha prima, mas, enfim... Cheguei na casa dela meia-hora depois.

Adalberto: Oi, amore, o que você tem?

E antes que ela colocasse o celular para falar comigo...

Adalberto: Ah, não. Chega de falar com esse celular. Faz um esforço, vai. Eu saí da minha casa...

E ela escreveu: "eu não consigo falar ".

Adalberto: Então, escreve num caderno. Não quero mais falar com o seu celular. Peguei implicância.

Ane no caderno: "tudo bem"

Adalberto: O que você quer?

Ane no caderno: "preciso que você ligue para o Vinielson"

Adalberto: Como assim? Esse é algum carinha, que você está ficando?

Ane no caderno: "sim. ele não vale nada. vi no facebook, que ele saiu daqui de casa ontem e foi para uma festa. marcaram ele numa foto. quero que você ligue para ele e fale um monte"

Foi meio sem ritmo a minha conversa com a Ane. Eu ficava cansado em ter que esperar ela terminar de escrever para saber o que ela queria falar. Queria discutir, contra-argumentar, dizer que não ia fazer o que ela estava me pedindo, que o cara não valia a pena, não merecia a atenção dela, mil coisas... Mas fiquei com preguiça. Isso ia levar horas.

Fiz o que ela mandou. Liguei para o filho da mãe. Mas ignorei o texto que ela preparou para eu falar para ele. Improvisei. Aproveitei que estava em pé e fiz o meu stand up... comedy.

Vinielson: Oi, meu amor.

Adalberto: Olha só, meu amigo, aqui não é a Ane que está falando, não. É o Jujuba de Açaí. Já comeu Jujuba de Açaí?

Vinielson: Não.

Adalberto: É porque não existe Jujuba de Açaí para vender. Mas se tu quiser conhecer como é uma Jujuba de Açaí, é só você voltar a procurar a minha mulher. Eu sou casado com a Ane e descobri que vocês dois estava tendo um caso. Se tu voltar a aparecer na vida dela, eu te mato. Ouviu? Se tu encontrar com ela onde quer que seja, tu vai conhecer o sabor de uma Jujuba de Açaí. Mas vai ser só uma vez. Me fala se tu ouviu.

Vinielson: Ouvi.

A Ane, se tivesse com voz e força para levantar da cama, me xingaria de tudo e me colocado para fora de casa a vassourada.

Adalberto: Agora, tu me faz um favor. Deleta o telefone dela do teu celular.

Vinielson: Pode deixar, vou fazer isso.

Adalberto: Estou de olho em você, sei onde tu mora. Tchau.

Deliguei o telefone, deletei o número dele do aparelho da Ane e deixei uma caixinha de Tylenol na cama, ao lado dela.

Adalberto: Fiz isso porque te amo. Esse idiota não te merece. Depois, você vai me agradecer.

Ane no caderno: "você é um escroto. eu te odeio!!!"

E fui embora.

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