Eu estava assistindo a um filme na minha casa com a Marjorie, quando a Lu chegou esbaforida e nervosa.
Lu: Gente!
Adalberto e Marjorie: Aaaaaaaahhhhh
Marjorie: Que susto, garota!
Adalberto: Eu vou tomar a chave da minha casa de todas vocês!
Marjorie: De mim, não. Eu sempre te ligo para avisar que estou chegando.
Adalberto: Ah, mas se eu tirar de uma, vou tirar de todas. Dona Sara e Dona Ane também vão perder.
Lu: Gente, me dá atenção, eu estou acabada.
Adalberto: O que foi que aconteceu?
Lu: Sabe o Vantuildo?
Marjorie: O teu bom partido?
Lu: Aí é que está. Ele não é um bom partido. Muito menos meu.
Adalberto: Ué, você me alugou ontem duas horas no telefone para ficar falando desse homem. Eu queria dormir, e você não parava de falar de Vantuildo, Vantuildo,Vantuildo... Como assim ele não é mais teu? O cara é dono de uma empresa de ônibus. Está maluca? Ele é teu, sim! Nem que você não queira, ele vai ser teu, sim.
Lu: Não vai, ele não é dono de empresa de ônibus. Ele é trocador de ônibus!
Marjorie: Ele mentiu para você.
Lu: Não.
Adalberto: Como não? Ele não disse que era dono de uma empresa de ônibus?
Lu: Não.
Marjorie: Ué, o que ele disse, então?
Lu: Ele falou que trabalhava com negócio de ônibus. Só que o cara só anda na beca, e a gente só andava de táxi com ele pagando. Eu não dava um centavo para ele. Vocês sabem que eu sou contra mulher dividindo conta. Fora os jantares caros...
Adalberto: E como é que você descobriu a mentira?
Lu: Da pior maneira possível: pegando o ônibus em que ele trabalha. Está bom para você?
Marjorie: Por que é que o cara não te disse logo no primeiro encontro, que era trocador de ônibus? Não vejo problema nenhum nisso.
Lu: Nem eu. O problema é que eu não ia ficar numa expectativa de que o cara tem grana.
Marjorie: Mas esse é o seu problema. Você espera muito dos outros.
Adalberto: Jojô, até eu já estava esperando pegar uma rebarba desse namoro da Lu. Estava achando ótimo a ideia de ter uma prima milionária, desculpa. Planejei mundos e fundos com a grana do Vantuildo.
Lu: Coitado de você. O Vantuildo mal tem onde cair morto.
Marjorie: E de onde ele tirou tanto dinheiro para gastar com você.
Lu: Da caderneta de poupança que a mãe dele fez para ele, quando ele era bebê.
Adalberto: Ai, quero chorar. Ele gastou o dinheiro da caderneta de poupança, que a mãe fez para ele. Isso é demais para o meu coração, vou enfartar agora. Me segura, gente.
Lu: Para de bobeira! Quem vai enfartar sou eu, se vocês não em salvarem.
Marjorie: Salvar? Salvar por quê?
Lu: Na hora da raiva, eu virei o caixa TODO em cima dele, e o dinheiro voou TODO para fora do ônibus.
Marjorie: Mentira!
Adalberto: E agora?
Lu: Preciso que vocês me emprestem quinhentos e quarenta e sete reais. O Vatuildo e o motorista do ônibus estão aqui embaixo, na portaria, esperando por esse dinheiro. Disseram que se eu não pagar, vão prestar queixa de mim na delegacia.
Marjorie: Sério isso?
Lu: Sério. Olha só pela janela. Tem um ônibus parado aqui, em frente ao prédio do Adal.
Adalberto: Eu não quero nem ver.
Marjorie: Lu, você precisa tomar jeito.
Lu: Eu vou tomar, tomo o que vocês quiserem, mas me emprestem esse dinheiro, por favor. Antes que algum vizinho do Adal queira sair com carro. O ônibus está parado em frente à garagem.
Adalberto: Não acredito! Que vergonha! Eu não tenho um centavo aqui comigo, o meu carro está na oficina e a Marjorie não veio de carro. Será que o eles podem me dar uma carona de ônibus até o mercado lá da frente? Vou ter que tirar dinheiro no caixa eletrônico.
Lu: É sério isso? Você não tem o Riocard do teu trabalho? Paga pelo menos a passagem, né?
Adalberto: Você é folgada, hein.
Marjorie: Gente, não vamos piorar as coisas. Toma aqui,. Lu Tem seiscentos reais. Quita lá a sua dívida com o seu peguete.
Lu: Obrigada, prima. Eu vou te amar para a vida toda.
Marjorie: Falsa.
Adalberto: Ó, Lu!
Lu: Fala, garoto.
Adalberto: Traz o troco.
E ela bateu com a porta na minha cara.
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