segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Viva o meu pai no Dia dos Pais!

Ontem, foi o Dia dos Pais, e eu caí na besteira de perguntar para o meu pai, se ele queria que eu levasse alguma coisa para o almoço na casa dele. Meu pai sempre diz que não precisa de nada, nem uma garrafa de Coca-Cola ele me pede para levar. Eu, que só oferecia por educação, me arrumei um problema tamanho-família. Ainda bem que a Ane, a Lu e a Marjorie tinham dormido na minha casa. Só elas podiam me tirar dessa.

Adalberto: Vocês não tem ideia do que o meu pai me pediu!

Marjorie: O quê?

Adalberto: Não, eu estou chocado.

Ane: O que foi?

Adalberto: Não consigo nem falar.

Lu: Ah, para! Se não consegue falar, então, não fala. Mas não fica fazendo draminha, não. Estou sem paciência, acabei de acordar.

Adalberto: Ele quer que eu prepare um salmão, com molho de maracujá, arroz integral com alcaparras e purê de espinafre.

Marjorie: Ah, legal.

Adalberto: Legal? Ele surtou!

Marjorie: Pelo menos, ele está aprendendo a comer. O tio Beto, desde que eu me entendo por gente, só comia arroz, feijão, bife e batata frita. Ou churrasco.

Adalberto: Que saudade da época que ele só comia essas coisas!

Ane: É, mas de tanto que a Camila insistiu, ele acabou aprendendo a comer.

Adalberto: Que droga! A pior coisa que a minha irmã fez foi ter estudado Nutrição.

Lu: Mas e aí? Você vai fazer o quê?

Adalberto: Ligar para um bufê agora. E vocês vão me ajudar nisso.

Nem preciso falar que TODOS os bufês estavam com encomendas até o talo, e que nenhuma alma caridosa pôde me ajudar.

Adalberto: Estou ferrado. Eu e vocês. A gente vai ter que meter a mão na massa.

Lu: É ruim, hein! Está maluco?

Ane: Adal, eu não sei nem fritar batata frita.

Marjorie: Eu também sou um desastre na cozinha, primo.

Adalberto: Mas a gente vai aprender. O que não falta é aplicativo de celular para ensinar a gente a fazer as coisas. Vamos para o mercado agora!

A etapa mercado nós tiramos de letra. Em menos de meia-hora compramos tudo. Só demoramos um pouco para encontrar o espinafre, porque ninguém sabia como ele era fisicamente. Mas com a ajuda de uma senhorinha, a gente se safou.

A etapa cozinha é que foi o problema. Ainda bem que comprei uma quantidade grande de tudo, porque já previa alguns erros. Mas foram muitos.

Por fim, conseguimos, com louvor, preparar um pedaço pequeno de salmão, com quase nada de acompanhamento. Dava para o meu pai comer. Só para ele. Mesmo assim, não ia matar a fome. Era muito pouco. Levei uns biscoitos para não passar tanta vergonha.

E quando, finalmente, chegamos à casa dos meus pais, demos com a cara na parede.

Ane: Como assim não tem ninguém em casa?

Adalberto: Estranho.

Lu: A campainha está boa?

Adalberto: Não sei, deve estar.

Marjorie: Liga para ele.

Liguei. E ele, realmente, não estava em casa.

Adalberto: Eles levaram o Diego no hospital.

Lu: O que é que aconteceu?

Adalberto: Ele caiu, bateu com o nariz, ficou sangrando, minha mãe ficou nervosa e foi a família inteira para o médico.

Ane: A tia Neide ama esse neto.

Adalberto: Nossa, ele é a vida dela. Nem preciso falar que ele roubou o meu lugar de reizinho da família.

Marjorie: Vamos lá no hospital?

Adalberto: É?

Marjorie: Claro! Eu não fiquei horas na cozinha com você a troco de nada.

Lu: Nem eu. Vamos lá agora!

Meu pai não entendeu nada, quando a gente chegou ao hospital com um pratinho de comida para ele. Ficou rindo.

Adalberto (pai): Você achou que eu estava falando sério?

Adalberto: Pai, como assim? Você não estava falando sério?

Adalberto (pai): Não. A Sara não avisou a vocês, que ia ter um churrasco lá em casa?

Adalberto: Não, a Sara foi almoçar na casa do sogro com o Oswaldo e os trigêmeos. A gente nem falou com ela hoje.

Que raiva!

Lu: E agora? O que a gente faz com essa comida?

Adalberto (pai): Me dá aqui.

Meu pai levou o salmão com molho de maracujá, arroz com alcaparras e purê de espinafre, que eu tive um trabalhão de fazer, para um ex-colega de trabalho, que ele descobriu que estava internado, e não aguentava mais comer aqueles pratos sem graça de hospital.

Só ele mesmo. Onde vai, tem algum conhecido. Bom, pelo menos, a comida que eu fiz com as primas serviu para alguma coisa.

E viva o meu pai!

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